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Editorial: A lição do deserto

A peregrinação dos hebreus pelo deserto rumo ao Monte Sinai é uma história bastante conhecida. Porém, por vezes não damos conta de como este evento se assemelha com a vida e a trajetória dos cristãos neste mundo, pois o trabalho do Senhor na vida dos israelitas não difere daquilo que Ele faz nos dias de hoje.

A libertação da escravidão do Egito representa a obra da graça divina em nos libertar do espírito mundano e de nossa natureza humana, que nos escravizavam em uma vida contrária aos propósitos de Deus. Porém, este livramento tem por objetivo fazer com que sejamos um povo santo, dedicado ao Senhor e que abençoa as pessoas.

Após o Mar Vermelho, os israelitas foram levados ao deserto de Sim, onde aprenderam a lição do espinho e do barro. As nossas lutas internas (contra a nossa natureza humana) e externas (as provas que desafiam a nossa fé) são como espinhos para nós, à medida que vamos sendo moldados pelo Oleiro para agirmos à semelhança de Cristo.

Ao chegarem a Refidim, que significa “lugar de descanso” e “apoio”, os hebreus se queixaram da falta de água, revoltando-se contra Moisés e colocando Deus à prova.  Em meio ao trabalho do Senhor em moldá-los, eles deveriam descansar Nele e confiar que o Eterno lhes supriria o necessário.

Posteriormente, Deus fez jorrar água da rocha e saciou a sede dos hebreus, porém àquele lugar foi dado o nome de Massá (desespero, tentação) e Meribá (conflito, contenda, briga), um memorial ao fracasso da fé e à incompreensão do trabalho da Graça de Deus em suas vidas. 

Os milagres de Deus não devem ser o alvo final de nossas vidas. Eles são muito mais do que intervenções sobrenaturais, mas trazem consigo um caráter pedagógico, em que somos levados a refletir sobre o nosso relacionamento com Ele e a maneira como estamos vivendo. Jesus deixou isso claro em algumas passagens (Mt.11:20,21; Jo.6:26; Mt. 13:13).

Os hebreus experimentaram um milagre, mas foram reprovados quanto à sua fé em Deus, ou seja, não confiaram no Senhor e não foram confiáveis a Ele. Além de não compreenderem o objetivo de terem sido libertos da escravidão, esqueceram-se dos milagres que já haviam presenciado e de sua própria história.  

Como povo de Deus, estamos em uma peregrinação rumo à pátria celestial. Somos chamados para fazer a diferença como nação santa, dedicada aos propósitos do Eterno, amando a Deus acima de tudo e ao próximo. Jesus prometeu que estaria conosco enquanto estivermos engajados neste propósito. 

Diante disso tudo, aceitaremos o trabalho do Senhor em nosso ser e viveremos para Ele, ou O trataremos como nosso subserviente, interessados apenas no que Ele pode oferecer? Nossas vidas serão como um memorial ao fracasso ou um monumento à vitória do Senhor sobre a incredulidade de nossa alma? 

Por André Dipold

Comunidade Hebrom