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No vale da sombra da morte

📖 Ainda que eu ande por um vale escuro como a morte, não terei medo de nada. Pois tu, ó SENHOR Deus, estás comigo; tu me proteges e me diriges. (Sl.23:4 NTLH)

📖 Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu [estás] comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam. (Sl.23:4 ACF)

O texto nos fala de um homem que “precisa” atravessar um vale, o qual é obscurecido pelas sombras. Estas, na sua cultura, representam a presença da morte. No entanto, confiando na presença de Deus, ele resiste ao medo de que algum mal venha lhe acontecer, pois o bordão e o cajado do Pastor Eterno lhe dão apoio e o fazem se sentir seguro.

Em meio às incertezas e desafios, onde o medo e a angústia ameaçam nos consumir,
podemos encontrar refúgio na certeza de que não estamos sozinhos. Assim como um farol guia os navios em noites escuras, Jesus, o nosso Pastor, ilumina a nossa alma nas adversidades, a fim de alcançarmos um porto seguro, conforme Suas promessas.

Em Israel, existe um vale profundo conhecido como o Vale da Sombra da Morte, situado na estrada que liga Jerusalém a Jericó. É possível que Davi tenha guiado as ovelhas de seu pai, Jessé, por essa estrada. Ao longo do caminho, há cânions com mais de 200 metros de profundidade, onde a luz do sol só alcança o fundo ao meio-dia.

Na Bíblia, os vales frequentemente servem como metáforas para tempos difíceis, simbolizando escuridão, desespero, derrota ou desânimo. No entanto, aprendemos que Deus nos acompanha tanto nos momentos bons quanto nos desafiadores.

Ao passarmos por esses “vales”, o que nós devemos lembrar?

1. Os vales sempre estarão presentes em nossas vidas

Na sua última pregação ao povo de Israel, Moisés disse:

📖 10 A terra que vai ser de vocês não é como o Egito, de onde saíram. Ali, depois de semearem a terra, vocês precisavam trabalhar muito [vocês eram obrigados forçosamente a trabalhar] para regar o chão, como se fosse uma horta. 11 Porém A TERRA QUE VOCÊS VÃO POSSUIR É UMA TERRA DE MONTES E VALES, onde nunca falta chuva. 12 O SENHOR, nosso DEUS, CUIDA DAQUELA TERRA E NUNCA A
ESQUECE, desde o começo até o fim do ano. (Dt.11:10-12 NTLH)

Façamos uso das palavras de Moisés como uma metáfora ao nosso dia a dia. Assim como o povo de Israel, nós vivemos entre “montes e vales”, os quais representam nossos momentos de “altos e baixos” (cp. 2 Co.4:8,9).

Escravos do Faraó, os hebreus, além de semear, eram obrigados a prover água necessária para o chão seco do deserto. As palavras de Moisés não isentam o povo de Deus do “trabalho”, dos “montes” e dos “vales”, mas que Ele, o “Provedor da Vida”, daria a água necessária (cf. Is.44:1-3).

Por meio de Seus profetas, Deus pediu ao Seu povo que O ouvisse, que confiasse Nele, que fosse fiel a Ele e não tivesse medo. A nossa resposta positiva à iniciativa divina é o que traz equilíbrio entre a Graça de Deus e a liberdade humana.

A graça preveniente é a ação de Deus que precede a resposta humana. É
nossa a responsabilidade de confiarmos e sermos fiéis a Deus que, pela Sua Graça, aponta e prepara o caminho para desfrutarmos de Suas bênçãos temporais e eternas.

Reflita: (1) De que maneiras práticas posso aplicar a metáfora dos “montes e vales” na minha vida diária, para manter a fé e a esperança em Deus, mesmo quando enfrento dificuldades? (2) Como posso equilibrar a ação da Graça de Deus com a minha responsabilidade de confiar e ser fiel a Ele, para desfrutar das Suas bênçãos temporais e eternas? (3) De que forma a metáfora da terra de “montes e vales” ilustra a interação entre a graça de Deus e a responsabilidade humana?

2. Os vales são inevitáveis e aparecem a todos

Os vales são imparciais, pois estão diante de todos, tanto dos bons como dos maus.
Lembremo-nos que vivemos em um mundo decadente e quebrado, e que por isso temos problemas. Ninguém está imune à dor, sofrimentos e aflições. O seguidor de Cristo e que por Ele se tornou filho e amigo de Deus não possui a garantia de uma vida isenta de problemas.

O sábio disse:

📖 Os bons [os que confiam em Deus e são fiéis a Ele] passam por muitas aflições, mas o SENHOR os livra de todas elas. (Sl.34:19 (NTLH)

Jesus disse:

📖 Eu digo isso (cf. Jo.16:32) para que, por estarem unidos comigo, vocês tenham paz.
No mundo vocês vão sofrer; mas tenham coragem [sejam fiéis a Deus, corajosos e não desanimem]. Eu venci o mundo [Eu tenho vencido o sistema mundano, portanto, sigam o meu exemplo de confiança e fidelidade ao Pai]. (Jo.16:33 NTLH)

Reflita: como posso manter minha fé e esperança em Deus, mesmo quando enfrento dificuldades que parecem injustas ou inexplicáveis? De que maneira posso usar minhas próprias experiências de dor e sofrimento para desenvolver empatia e ajudar outras pessoas que estão passando por situações semelhantes?

A vida de fé com Deus é composta de “montes e vales”, ou de “alegrias e tristezas”. A verdade é que mal saímos de uma e logo nos encaminhamos para outra, porque a vida é assim. Apesar do esforço de querermos permanecer nos “montes”, não é possível evitar os “vales” e, por isso, precisamos aprender a confiar e ser fiéis a Deus quando estivermos dentro deles.

O desafio está em manter a confiança e a fidelidade a Deus mesmo nos momentos difíceis. É nos “vales” que a nossa fé é testada e fortalecida. Os “vales” podem ser momentos de aprendizado e crescimento espiritual. Eles nos ensinam a dependermos de Deus e a encontrarmos força Nele.

Reflita: como posso manter minha fé e confiança em Deus durante os “vales” da vida, sabendo que eles são inevitáveis e fazem parte do meu crescimento espiritual? De que maneiras práticas posso aplicar o aprendizado dos “vales” para fortalecer minha fé e me preparar para os desafios futuros da vida?

3. Os vales são imprevisíveis

A vida é imprevisível e, geralmente, os desafios (“vales”) surgem nos piores momentos, sem aviso prévio. Seria ideal poder planejá-los para quando estivéssemos mais preparados, mas isso não é possível. É impossível marcar os problemas para a semana seguinte!

Assim disse o sábio:

📖 Não conte vantagem a respeito dos seus planos para o futuro, pois você não sabe o que vai acontecer amanhã. (Pv.27:1 NTLH)

Nós tentamos levar a vida da melhor forma possível, planejando e nos preparando, mas aí, do nada, vem um baque, um daqueles “vales” que a gente não espera. E, para piorar, parece que eles sempre escolhem a pior hora: quando estamos cansados, sem dinheiro, amigos e com a cabeça cheia de outras coisas.

Ao nos vermos dentro dos “vales”, chorar e nos amargurar não é a melhor opção, pois eles fazem parte da nossa jornada com Deus. A melhor atitude é compreendê-los como instrumentos divinos para nos ensinar, fortalecer e denunciar nossos pontos fortes e fracos.

Reflita: como posso identificar e usar os “vales” da vida como oportunidades de crescimento pessoal e espiritual em vez de apenas momentos de sofrimento? De que maneiras práticas posso fortalecer minha resiliência para enfrentar os “baques” inesperados da vida, sem me sentir sobrecarregado pelas circunstâncias?

Compreendamos que os “vales” revelam a profundidade do nosso conhecimento e
comprometimento com o Eterno, o nosso Deus Único. Nos “vales”, mantendo-nos sob a mão divina, crescemos na fé, ou seja, aprendemos como confiar e ser confiáveis a Deus por meio da força que Cristo Jesus nos dá. Quando você sabe o que esperar dos vales da vida, saberá como se preparar para eles.

Reflita: como posso usar os momentos difíceis da vida para aprofundar minha confiança e fidelidade a Deus, e como isso pode influenciar minhas decisões e ações diárias? Neste momento, em qual situação você se encontra? Em um “vale” ou saindo dele? Em algum lugar entre um vale e o topo de uma montanha ou no topo dela?

Por meio da presença e da força que Jesus lhe dá, prepare-se espiritual, mental e fisicamente para os vales que lhe sobrevirão. Resista ao medo e seja corajoso, sabendo que Deus permite que você passe por vales e não apenas por topos de montanhas para fins momentâneos e eternos.

Que Deus nos abençoe!

Walter de Lima Filho