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Olhos abertos para dois destinos

Texto base: Gênesis 3:7; Lucas 24:31

📖 Nesse momento os olhos dos dois se abriram, e eles perceberam que estavam nus. Então costuraram umas folhas de figueira para usar como tangas. (Gn.3:7 NTLH)

📖 Aí os olhos deles foram abertos, e eles reconheceram Jesus. Mas ele desapareceu. (Lc.24:31 NTLH)

Introdução:

Eu gostaria que vocês refletissem comigo sobre duas aberturas de olhos, muito diferentes na Bíblia, mas que guardam lições profundas para a nossa vida diária. Vamos falar sobre a abertura de olhos no Jardim do Éden e a abertura de olhos no caminho de Emaús.

No Éden: os olhos de Adão e Eva se abriram para o conhecimento do bem e do mal. Eles ganharam um conhecimento que os separou de Deus. Em Emaús: Cléopas e seu companheiro de viagem tiveram seus olhos abertos para um reconhecimento espiritual e uma compreensão profunda da identidade de Jesus e Seu objetivo de vida para eles.

A vida é como uma sala com duas janelas. No Éden, a janela se abriu para uma “luz”, a qual trouxe fraqueza, escassez, vergonha e medo, revelando a fragilidade da alma e a mente humana. Em Emaús, num entardecer sereno, a janela se abriu suavemente e a “Luz” – que por ela penetrou – revelou um amigo, trazendo esperança e propósito. Aprendamos que o que vemos nem sempre é o que deveríamos enxergar.

Reflita: pensando no que aconteceu no Éden e em Emaús, como o jeito que “enxergamos” a vida, ou o que nela aprendemos, pode mudar completamente nosso estado de alma e propósitos?

Ações: diante de um desafio, que eu seja prudente e não me contente com a primeira impressão, a fim de não me desconectar da graça divina, mas que, com a ajuda de Deus, eu enxergue a Sua verdade e propósitos em cada situação.

1. Olhos abertos para a realidade amarga do pecado e sua ruína

📖 Nesse momento os olhos dos dois se abriram, e eles perceberam que estavam nus. Então costuraram umas folhas de figueira para usar como tangas. (Gn.3:7 NTLH)

No Éden, Adão e Eva viviam em perfeita harmonia com Deus e com toda a criação divina. Eles eram felizes, ou abençoados e nada lhes faltava, pois havia fartura e riquezas. Eles não conheciam a vergonha, a culpa, a insegurança e o medo. Eles andavam nus, sem malícia e sem constrangimento, devido à pureza e transparência de suas almas diante de Deus, o Criador.

Reflita: qual era a condição de vida de Adão e Eva no Éden em relação a Deus e à Sua criação? Que aspectos emocionais e psicológicos Adão e Eva não conheciam enquanto viviam no Éden? Por quê?

Ações: que eu busque uma vida de pureza, a fim de que eu desfrute da vida abundante, prometida por Jesus. Essa atitude fará com que eu via em harmonia com Deus, livre da vergonha, culpa, insegurança e medo, como também aliviará minhas cargas emocionais que podem me afligir e obstruir minha conexão com Deus.

Então, veio a desobediência. Eles escolheram ignorar a voz de Deus e seguir outra voz. E o que aconteceu? O versículo 7 nos diz: “os olhos dos dois se abriram“. Mas não foi uma abertura para algo bomfoi uma abertura para a realidade devastadora do pecado. Eles, que antes viviam em inocência, agora viam a si mesmos com vergonha, com um profundo senso de inadequação, culpa, medo, insegurança e falsas justificativas pelo erro espiritual e moral cometido (pecado).

Reflita: o que Adão e Eva escolheram ignorar e qual foi a consequência imediata dessa escolha? Para que tipo de realidade os olhos de Adão e Eva foram abertos após a desobediência? Quais sentimentos Adão e Eva passaram a ter sobre si mesmos quando trocaram a inocência (a pureza) pelo mal, isto é, pelos maus desejos da alma?

Ações: que eu não ignore a Palavra de Deus, a fim de caminhar em humildade e eficácia sob a mão do SENHOR – impedindo que meu ser interior seja devastado pelo espírito do pecado – e não viva de modo inadequado, sob sentimento de culpa, medo e insegurança, mas eficaz em todas as áreas da minha vida, iluminado pela presença e poder de Cristo Jesus.

Pensem comigo: é como se, antes, eles estivessem em um quarto escuro e aconchegante, sem perceber as manchas nas paredes. Ao acenderem a luz do conhecimento do mal, viram tudo de repente: a desordem, a impureza. E a primeira reação foi tentar cobrir, disfarçar, esconder. Eles fizeram “aventais de folhas de figueira”, uma tentativa humana e frágil de encobrir um problema espiritual e moral gigantesco.

Nota: a figueira que produz frutos, na cultura bíblica, representa paz (amizade e cooperação com Deus, a fim de lhe dar prazer e saciar Sua fome por justiça), sabedoria (a capacidade bíblica e sobrenatural para olhar a vida com os olhos de Deus) e prosperidade (uma vida bem-sucedida sob as bênçãos e os propósitos de Deus). A figueira, quando não produz frutos, representa ineficácia, a causa para muitas tristezas e sofrimentos. Caso assim continue, ela deverá ser cortada e lançada no fogo. A figueira produz frutos abundantes a partir do mês de junho, mas seus primeiros frutos já aparecem desde o período da Páscoa judaica, e, portanto, meses antes de junho. (cf. Lc.13:6-9A figueira é uma representação do povo de Deus.

É assim que o pecado age em nossas vidas: ele faz com que enxerguemos a vida de modo embaçado, sem discernimento, a fim de não percebermos a sujeira. Ao ignorarmos Deus, cedemos às tentações (aos maus desejos da alma / natureza humana – cf. Rm.7:18,21-23; Gl.5:24,25) e, então, “nossos olhos se abrem” para uma realidade negativa e amarga, à falta da percepção de Deus e ao afastamento Dele, mesmo acreditando Nele. É o primeiro degrau ladeira abaixo, uma descida que nos afasta da plenitude que Deus planejou.

Esse “abrir de olhos” para o pecado pode se manifestar no nosso dia a dia de muitas formas:

  • Quando percebemos que a mentira que contamos gerou uma cadeia de problemas.
  • Quando a raiva nos domina e destruímos relacionamentos.
  • Quando a ambição desmedida nos leva a caminhos antiéticos e mundanos.

Reflita: como o pecado age em nossa vida, afetando nossa percepção e discernimento? Para qual realidade nossos olhos se abrem quando ignoramos Deus e cedemos às tentações? O que acontece com nossa percepção de Deus e nosso relacionamento com Ele, quando iniciamos a “descida” que nos afasta da plenitude divina?

Ações: que eu seja cuidadoso com a natureza trapaceira do pecado, pois ele distorce minha percepção da realidade divina, procurando me afastar de Deus e do prazer de viver em harmonia com Ele. Além disso, ele pode me cegar quanto à sujeira espiritual e moral existente neste mundo, procurando me enredar em seus pensamentos e estilo de vida mundano. Agindo desse modo, não viverei sob as nocivas consequências da mentira, da raiva e das ambições desmedidas.

Sobre essa realidade, a Bíblia, a Palavra de Deus, nos alerta: 📖 Todos pecaram e estão afastados da presença gloriosa de Deus [da pureza divina]. (Rm.3:23 NTLH – cp. Mt.5:8)

2. Olhos abertos para a esperança e a realidade de Cristo

📖 Aí os olhos deles foram abertos, e eles reconheceram Jesus. Mas ele desapareceu. (Lc.24:31 NTLH)

Agora, vamos mudar de cenário. Estamos no caminho para a aldeia de Emaús (“lugar de fontes termais ou quentes”), poucos dias depois da crucificação de Jesus. Dois discípulos caminhavam tristesdesanimados, com as esperanças frustradasJesus ressuscitado se une a eles, mas eles não O reconhecem. Ele caminha com elesexplica as Escrituras, mas seus olhos ainda estão vendados para a maior verdade da história: Jesus havia ressuscitado!

Somente quando assentado à mesa com eles, Jesus “pegou o pão e deu graças a Deus. Depois, partiu o pão e deu a eles” (cf. Lc.24:30), é que o milagre acontece: “os olhos deles foram abertos e eles reconheceram Jesus” (cf. Lc.24:31)! Nesse exato momento, a tristeza se transformou em alegria, a desesperança, em fé (confiança e o desejo de ser fiel a Deus); a confusão, em clareza. Eles reconheceram o Senhor ressuscitado e, mesmo que ali não O vissem fisicamente, creram e decidiram retornar a Jerusalém, onde permaneceriam até a descida do Espírito Santo. (cf. Lc.24:49)

Reflita: no caminho para Emaús, quais eram os sentimentos dos dois discípulos e o que os impedia de reconhecer Jesus? Em que momento específico os olhos dos discípulos foram abertos e eles finalmente reconheceram Jesus? Após reconhecerem o Senhor ressuscitado, como a tristeza e a desesperança dos discípulos se transformaram?

Ações: que eu dê mais atenção à abertura e o fechamento dos meus olhos espirituais em relação ao que Deus me orienta nas Escrituras Sagradas. Que eu atente à verdade: a desobediência e o pecado podem me cegar para a verdade e para Deus, enquanto o reconhecimento de Jesus em minha vida pode abrir meus olhos para uma nova realidade de fé e alegria em Deus, por meio da Sua verdade.

Perceba a diferença: no Éden, os olhos se abriram para a escuridão do pecado. Em Emaús, os olhos se abriram para a luz da presença de Cristo, para a realidade da Sua ressurreição, que traz esperança e vida! É como se a lâmpada da fé, que estava apagada pelo desânimo e pela falta de compreensão, acendesse-se de repente, iluminando todo o entendimento e o coração.

Essa segunda experiência (a de Emaús) é a manifestação da misericórdia de Deus, que corrige a primeira. É a chave para que nos reergamos a Deus. Ele, em Sua infinita bondade, encontra-nos nas nossas desilusões, nas nossas dores, nas nossas falhas, e nos revela a Si mesmo, para que confiemos Nele, na Sua presença e nos reajustemos aos Seus planos.

Reflita: qual a principal diferença entre a abertura dos olhos no Éden e em Emaús, e o que cada uma revelou? Como a experiência em Emaús é uma correção da primeira, e o que ela representa para a nossa fé? De que forma a misericórdia de Deus se manifesta em nossas dores e falhas, e qual o propósito de Sua revelação?

Ações: que eu reflita sobre o erro de permanecer na escuridão – na ignorância de Deus, de Suas orientações e no prazer de viver com Ele. Que eu clame pela bondade ou graça divina, a fim de que meus olhos espirituais se mantenham focados na “Luz”, que é Cristo, pois, assim, seguindo Seus ensinamentos, serei capaz de ver as coisas do jeito de Deus e manter a minha fé (confiança e fidelidade) Nele.

3. No cotidiano, fiquemos atentos ao trabalho de Deus

Saibamos que a “abertura de nossos olhos” para Cristo e à Sua esperança pode vir de maneiras muito simples e inesperadas:

Em uma palavra de encorajamento: alguém que você nem esperava diz algo que ilumina seu dia e te faz enxergar a mão de Deus. Em uma dor ou decepção: quando tudo parece ruir, é justamente nesse momento de fragilidade que, muitas vezes, nossos olhos se abrem para a necessidade de Deus e para o Seu sustento. Em uma oração respondida: uma situação impossível se resolve, e você percebe, claramente, a intervenção divina.

Seja qual for a situação, lembremo-nos das palavras de Davi: 📖 17 Quando as pessoas honestas [os justos – os que são aprovados e aceitos por Deus] chamam o SENHOR, ele as ouve e as livra de todas as suas aflições. 18 Ele fica perto dos que estão desanimados e salva os que perderam a esperança. 19 Os bons [os justos] passam por muitas aflições, mas o SENHOR os livra de todas elas. (Sl.34:17-19 NTLH)

Essa abertura de olhos para Jesus permite que subamos o primeiro degrau da rampa da restauração. A partir daí, como ensina Paulo, ingressamos no processo divino de sermos “transformados de glória em glória” (cf. 2 Co.3:18), isto é, em cada uma de nossas ações, refletimos a grandeza de Cristo, a qual vai se tornando mais brilhante e nos tornando mais parecidos com Jesus – o Próprio Deus.

Conclusão:

Muitas vezes, a vida nos apresentará a primeira experiência: a abertura de olhos para as consequências do pecado, para as nossas falhas, para as dores do mundo. Mas que essa não seja a nossa única realidade! O Deus Todo-Poderoso e de infinita misericórdia nos oferece a segunda experiência: a abertura de nossos olhos para Jesus, que está vivo!

É Ele Quem corrige a nossa visão distorcida pelo pecado e de uma vida inadequada para Deus. É Nele que encontramos perdão, força, esperança e a capacidade de nos recuperarmos de todo o estrago espiritual e moral que sofremos. Que, em meio aos desafios do nosso cotidiano, nossos olhos se abram cada vez mais para a presença de Jesus, para o Seu poder, Sua vontade e aos objetivos que Ele deu a nós.

Confiemos em Deus. Entreguemos a Ele o nosso coração. Tenhamos fé, pois Deus é fiel aos que são fiéis a Ele. Recebamos o encorajamento que vem do alto, e a esperança que nunca morre, porque Jesus, o nosso SENHOR, ressuscitou e está conosco todos os dias!

Que Deus nos abençoe!

Walter de Lima Filho