Texto base: Salmos 10:1
📖 Ó SENHOR Deus, por que ficas aí tão longe? Por que te escondes em tempos de aflição (angústia)? (Sl.10:1 NTLH)
Introdução: a natureza de nossas dúvidas
Deus, em Sua soberania e amor, criou-nos com a capacidade de pensar, questionar e buscar um relacionamento com Ele, de modo espontâneo, ou voluntário. Ele nos convida a nos aproximar, e não a nos afastar por medo de nossas dúvidas. Então, nós podemos exercer o desejo pessoal de nos aproximarmos de Deus ou de nos afastarmos Dele.
Deus não Se importa que O questionemos e estará sempre pronto a nos ouvir, desde que O busquemos com humildade e respeito. Todos nós carregamos muitas dúvidas e Ele espera que O questionemos, assim como as crianças questionam seus instrutores bíblicos.
Reflita: Deus nos criou com certas capacidades, e quais são elas? Qual a liberdade que temos ao usá-las? Qual compreensão devemos ter sobre a atitude de Deus em relação às nossas dúvidas e questionamentos? Quais são as condições para que Deus nos ouça quando O questionamos? Quais são as atitudes ou ações que devemos tomar para confiarmos e sermos mais fiéis a Deus em relação ao nosso modo pensar, falar e agir?
Durante o período em que fui professor da Escola Bíblica Dominical, fui questionado com muitas perguntas, feitas por meus alunos. Abaixo cito algumas:
- “Deus quis que a girafa tivesse essa aparência ou foi um acidente?”
- “Eu, por um ‘tempão’, pedi a Deus por um cachorrinho. Fiquei muito contente com a vinda de um irmãozinho, mas triste por Ele não me ter dado um cachorro.”
- “Por que Deus não inventou nenhum bicho novo ultimamente e só temos os antigos?”
- “Como é que Deus consegue amar todas as pessoas do mundo, se eu não consigo gostar de quatro membros da minha família?”
- “Quem criou, de fato, a luz? Foi Deus ou Thomas Edison?”
Essas perguntas infantis servem como um lembrete vívido de que a curiosidade e a busca por compreensão são inatas, não apenas para crianças, mas para todo aquele que se relaciona com tudo o que ultrapassa a sua compreensão natural. Mesmo o mais experiente cristão ainda tem seus questionamentos.
1. A liberdade de questionar Deus é um clamor genuíno
O Salmo 10:1 nos mostra que os salmistas, homens de fé profunda, expressavam suas angústias e questionamentos a Deus de forma direta e sincera. Davi, “um homem segundo o coração de Deus” (cf. 1 Sm.13:14; At.13:22), não temeu expor diante do SENHOR as dúvidas de sua alma. Em outro Salmo, Davi diz:
📖 Ó SENHOR Deus, até quando esquecerás de mim? Será para sempre? Por quanto tempo esconderás de mim o teu rosto? 2 Até quando terei de suportar este sofrimento? Até quando o meu coração se encherá dia e noite de tristeza? Até quando os meus inimigos me vencerão? (Sl.13:1,2 NTLH)
Reflita: como o exemplo de Davi nos encoraja a expressarmos nossas angústias e dúvidas a Deus? O que a atitude dos salmistas nos ensina sobre a sinceridade e a profundidade na nossa comunicação com Deus? Quais são as atitudes ou ações que devemos tomar para confiarmos e sermos mais fiéis a Deus em relação ao nosso modo pensar, falar e agir?
Deus não Se ofende: Ele sempre acolhe nossas perguntas. Ele não se ira nem nos pune por questioná-Lo, mas responde com compaixão e compreensão. Por quê? Porque Ele deseja ter um relacionamento profundo conosco e nos revelar Seus propósitos.
Sabedoria e Paz: diante dos nossos desafios, Deus Se dispõe a nos oferecer “sabedoria e amizade”. Deus abre nossos olhos para que vejamos a vida do modo como Ele a vê e atuemos conforme a Sua vontade. Agindo assim, mantemos a nossa amizade e cooperação com Ele, por meio de verdades espirituais que não conseguimos ver por nós mesmos. Nossas dúvidas são como um convite à dependência e à busca pela revelação divina.
Reflita: como podemos descrever a atitude de Deus ao lidar com nossas dúvidas e questionamentos? O que nossas dúvidas podem nos ensinar sobre nosso relacionamento e dependência de Deus? Quais são as atitudes ou ações que devemos tomar para confiarmos e sermos mais fiéis a Deus em relação ao nosso modo pensar, falar e agir?
2. As respostas de Deus às nossas dúvidas são um convite a confiarmos na Sua sabedoria
A revelação da Sua sabedoria é uma promessa divina e uma base fundamental para uma vida cristã bem-sucedida. Tiago, o meio-irmão de Jesus, ensinou o seguinte:
📖 Mas, se alguém tem falta de sabedoria, peça a Deus, e ele a dará porque é generoso e dá com bondade a todos. Porém peçam com fé e [para confiar na Sua resposta e agir fielmente a Ele] não duvidem de modo nenhum [não desprezem a Sua resposta], pois quem duvida [quem oscila entre os seus interesses pessoais e a vontade de Deus] é como as ondas do mar, que o vento leva de um lado para o outro (Tg.1:5,6 NTLH)
Sobre o caráter de Deus, Tiago fala afirma que Ele é generoso, ou seja, o Eterno demonstra Sua disposição para nos tratar com misericórdia, revelando-nos a Sua sabedoria, a fim de nos guiar por caminhos sábios e corretos. Mediante a revelação da Sua sabedoria, Deus espera que a abracemos e a retenhamos em nosso coração (alma), a fim de que andemos em amizade e fidelidade a Ele, para que, em todas as situações, cooperemos com Seus planos e assim, guardemos a fé e alcancemos a Vida Eterna (cf. 2 Tm.4:6-8).
Reflita: qual é a finalidade da promessa divina em nos dar a Sua sabedoria? Leia Tiago 1:5,6. Nesses versos, o que Tiago fala sobre o caráter de Deus e a razão de Ele desejar que sejamos sábios? Qual é o significado de pedirmos a sabedoria divina com fé e não duvidar? Sobre quando nos sentimos perplexos e, por medo, duvidamos e desprezamos a resposta divina? Tenha em mente que a sabedoria divina significa “olhar a vida ou situações com os Seus olhos e agirmos conforme a sua vontade.” Quais são as atitudes ou ações que devemos tomar para confiarmos e sermos mais fiéis a Deus em relação ao nosso modo pensar, falar e agir?
Jesus ensinou que o Espírito de Deus nos fará lembrar sobre o que aprendemos e guardamos dos Seus ensinamentos, a fim de nos mantermos em amizade (paz) e cooperação (fidelidade) com Deus, diante de nossos desafios.
📖 [A promessa de Jesus aos Seus seguidores] Mas o Auxiliador, o Espírito Santo, que o Pai vai enviar em meu nome, ensinará a vocês todas as coisas e fará com que lembrem de tudo o que eu disse a vocês. Deixo com vocês a paz. É a minha paz que eu lhes dou; não lhes dou a paz como o mundo a dá. Não fiquem aflitos, nem tenham medo [resistam às dúvidas e à timidez com paciência ou perseverança]. (Jo.14:26,27 NTLH)
Portanto, quanto mais aprendemos e guardamos no coração (na alma) os ensinamentos divinos, Deus fará com que recordemos e compreendamos a Sua vontade e objetivos eternos para que a nossa fé (confiança e fidelidade) se fortaleça cada vez mais. Esta é uma verdade poderosa que encoraja a busca contínua e o compromisso com o crescimento espiritual.
Reflita: Leia Jo.14:26,27. Conforme o verso 26, o Espírito de Deus nos ensina a praticar o quê? Quando praticamos o que aprendemos, o que recebemos de Jesus, conforme o verso 27? Lembremos que essa “paz”, a qual somente Jesus pode nos dar, significa ausência de guerra ou de conflitos contra Deus. Qual é o sentido das palavras de Jesus: “Não fiquem aflitos, nem tenham medo”? O que devemos fazer para que cumpramos a vontade Deus e cooperemos com os Seus objetivos eternos? Qual é a finalidade divina para cremos nessas verdades poderosas? Quais são as atitudes ou ações que devemos tomar para confiarmos e sermos mais fiéis a Deus em relação ao nosso modo pensar, falar e agir?
3. Nossos questionamentos a Deus não representam falta de fé, mas o desejo de amá-Lo e sermos fiéis a Ele
- Sejamos plenamente sinceros. Não tenhamos medo de ser autênticos com Deus. Ele conhece integralmente nossos corações (almas). O compromisso de um relacionamento real com Deus inclui a liberdade de expressar nossas dúvidas e medos. É como um filho que confia plenamente em seus pais e apresenta a eles suas aflições, sem medo de repreensões.
- O amor verdadeiro persiste na busca incessante. Se o nosso amor a Deus é verdadeiro, seremos impulsionados a conhecê-Lo mais profundamente, e isso inclui questionar. O amor não se satisfaz com o superficial. Jesus ensinou que devemos amar a Deus “com toda mente ou entendimento de alma” ( Mt.22:37). Amar com a mente ou entendimento, implica buscar compreender e fazer com que a alma confie e descanse em Deus.
- Mantenhamos a confiança na fidelidade de Deus. Mesmo quando as respostas não vêm imediatamente, nossa confiança na fidelidade de Deus nos sustenta para continuarmos fiéis a Ele ( 2 Co.7:5). Sabemos que Deus é imutável e Seu caráter é digno de total dependência. A verdade de Jesus é a base da nossa confiança (cf. Jo.14:6).
- Não percamos a esperança em meio à angústia. As perguntas podem surgir de momentos de profunda angústia ( Sl.13:1-2). No entanto, a esperança cristã não é uma negação da dor, mas a certeza de que Deus está presente e operando, mesmo nas sombras (cf. Jo.16:33). Jesus reconhece as aflições, mas nos dá a promessa de força para resistirmos até a vitória final.
- Que nossas orações sejam persistentes. O ato de perguntar ou questionar a Deus é, em si, uma forma de oração e um ato de fé (de confiança), a fim de sabermos como devemos agir fielmente a Ele em determinadas situações ( Pv.3:1-8). Consideremos nossas indagações como um estímulo sincero a um diálogo contínuo com Deus.
Reflita: se, em certos momentos, nossos questionamentos a Deus não significam a ausência de fé, o que eles, de fato, representam? Ao nos dirigirmos a Deus, em momentos de dúvidas, de que modo devemos proceder? Quais são as atitudes ou ações que devemos tomar para confiarmos e sermos mais fiéis a Deus em relação ao nosso modo pensar, falar e agir?
Concluindo: por meio da sua busca, a sua fé será fortalecida.
Questionar a Deus não é sinal de falta de fé, mas um caminho para o aprofundamento dela. A jornada de fé é dinâmica, repleta de crescimento e aprendizado. Sintamo-nos encorajados a questionar a Deus com humildade e a buscá-Lo com confiança e amor, sabendo que Ele é fiel para responder e fortalecer a nossa esperança. Sejamos pacientes!
Entendamos que Deus sempre estende a Sua mão àquele que o busca com honestidade e humildade. A resposta humana à Sua ajuda é o que Ele espera. Portanto, respondamos com um coração comprometido e sincero quando buscamos Suas verdades em meio às nossas dúvidas.
Que Deus nos abençoe!