Crônica de Walter de Lima Filho – Baseada na meditação do dia 21/09/2025 – “O autoexame bíblico e sua importância”
O sol já tinha se posto, mas a janela da cozinha ainda refletia a pouca luz da rua. Era um bom momento para tomar um café e pensar. Olhei para a xícara, o vapor subindo, e me peguei pensando em como a gente se olha no espelho. Não o do banheiro, que mostra o cabelo bagunçado, mas para o espelho que reflete a alma. Aquele que a gente tenta evitar, mas que a vida insiste em colocar na nossa frente.
Vivemos em um mundo que grita para a gente se autoavaliar. São listas de “faça isso para ser mais feliz e ganhar mais dinheiro”, testes de personalidade e filosofias que prometem o segredo do sucesso. Consumimos tudo isso, buscando uma fórmula mágica para consertar o que parece quebrado dentro de nós. E é fácil cair na armadilha de achar que a resposta está em alguma técnica nova, ou nas redes sociais que mostram a vida “perfeita” dos outros.
Mas, e se a gente parasse de procurar do lado de fora e olhasse para o verdadeiro manual de vida, a Palavra de Deus?
O texto de Romanos 12:3 nos dá uma pista poderosa: “…cada um julgue a si mesmo conforme a fé que Deus lhe deu.” Não é sobre nos compararmos com o vizinho, o colega de trabalho ou a pessoa que posta fotos incríveis nas redes sociais. É sobre olhar para o nosso próprio caminho, à luz da fé que recebemos. É um convite para uma avaliação honesta e humilde, não com a lente do mundo, mas com a poderosa lente da Palavra de Deus.
Pense em Pedro e Judas. Ambos erraram. Um negou Jesus, o outro O traiu. A tristeza de Pedro o levou a um arrependimento genuíno. Ele, após ter negado Jesus por três vezes, chorou amargamente, mas, no mar da Galileia, no seu reencontro com Jesus reconheceu seu erro e aceitou ser restaurado. Deus usou a sua dor como um espelho, que refletia a necessidade de mudança e perdão. A dor dele era, como diz 2 Coríntios 7:10, a tristeza que Deus usa para “produzir o arrependimento que leva à salvação.”
Já Judas se perdeu na tristeza do mundo, aquela que “produz a morte”. A autocrítica dele foi cruel, sem esperança e destrutiva. Ele não buscou o perdão. Ele não se voltou para o Mestre, mas apenas para o seu próprio erro, e a culpa o esmagou. O espelho que Judas usou foi o do remorso, não o do trabalho divino que o conduziria ao arrependimento.
Essa é a diferença crucial: o autoexame bíblico não é uma sessão de tortura. Não é para nos afundar em culpa e desespero. É um exercício de humildade e dependência. É olhar para dentro, mas com a ajuda de um espelho perfeito: a Palavra de Deus.
A Palavra de Deus nos mostra quem realmente somos, mas também quem podemos ser. Ela acusa e revela nossas falhas sem nos condenar. Ela aponta para a Verdade divina e o caminho para nos submetermos à Sua graça transformadora em Cristo. Quando nos vemos nela, percebemos que não precisamos de autopunição ou autossabotagem, mas de um compromisso renovado.
A vida pode ser um labirinto e a gente pode se sentir pequeno, incapaz. Mas a nossa história não nos define. Quem nos define é Aquele que nos recria e nos aperfeiçoa em Cristo, para propósitos elevados e eternos. Confiar na Palavra de Deus e não nas filosofias do mundo, nos liberta para sermos como uma planta em solo adequado, que cresce, dá sombra, frutos e sementes. Que não vive só para si, mas para ser um canal de refrigério e esperança.
Então, ao invés de buscar a próxima dica de autoajuda, que tal confiar na Bíblia? Deixar que ela seja o seu espelho. Deixar que as suas páginas acalmem a alma, guiem o pensamento e, mais importante, inspirem você a viver uma vida de fé, humildade e serviço. O caminho pode ser desafiador, mas a luz da Palavra de Deus é a mais segura de todas.
Vamos orar?
Querido Deus e Pai de nosso SENHOR Jesus Cristo. Bendito sejas Tu e o Teu santo NOME, ó Rei e Criador de todo o Universo, que sempre nos dá a Tua Palavra:
Nós Te agradecemos pela Tua imensa bondade e por todo o amor que nos demonstras. Agradecemos por Jesus, que, por meio da Sua morte e ressurreição, nos ofereceu o caminho para uma vida plena, superando o peso do nosso passado e as nossas fraquezas no presente.
Reconhecemos, SENHOR, que em Tua graça, nos convidas a uma vida de humildade e autoexame. Ajuda-nos a não nos compararmos uns com os outros, mas a olhar para dentro de nós, com sinceridade, à luz da Tua Palavra. Capacita-nos a enxergar as nossas falhas, não com o peso da condenação que leva ao desespero, mas com a tristeza que nos guia ao arrependimento verdadeiro e à mudança.
Sabemos que Tu nos deste a liberdade de escolher, e que o Teu Espírito Santo nos capacita a dizer “sim” ao Teu chamado. Ajuda-nos a usar essa liberdade para nos alinharmos à Tua vontade, rejeitando o orgulho e o egoísmo. Que sejamos como Pedro, que, ao cair, escolheu se arrepender e voltar para Ti, permitindo ser restaurado e usado para o Teu propósito.
Fortalece-nos para que, em vez de agirmos com autossabotagem e autopunição, vivamos em cooperação Contigo, confiando que a Tua graça é suficiente para nos sustentar em todos os desafios. Que a nossa vida seja um testemunho do Teu poder transformador, inspirando outras pessoas a também encontrarem em Ti a fonte de vida, esperança e paz. Em nome de Jesus, Amém.
Seu irmão em Cristo, Walter.