Crônica baseada na última meditação, compartilhada pelo irmão Walter, na Comunidade Hebrom em São Paulo, a qual teve por tema: “VOCÊ É PEÇA-CHAVE”. Que essa crônica abençoe a sua vida.
Hoje é 20 de outubro de 2025. O espelho, às vezes, é um mentiroso. Olho para o meu reflexo depois de uma semana exaustiva e vejo só mais um: mais um no trânsito, mais um pagando boleto, mais um na multidão. Aquele sentimento, o de ser insignificante, é um vírus silencioso da alma. A gente vê gente “grande” fazendo coisas “grandes”, e a voz interior sussurra: “Eu? Eu sou só a poeira.”
É nesse chão de incerteza que a Palavra de Romanos 12.4-8 chega, não como um sermão, mas como um bilhete escrito à mão por “Aquele” que realmente nos conhece. O apóstolo Paulo, inspirado por Deus, nos tira do espelho individual e nos coloca na imagem de uma obra de arte maravilhosa, mas complexa: o Corpo de Cristo – a sua Igreja sobre a Terra.
Pense sobre a identidade que mora na unidade.
A primeira lição é um choque de realidade: você não é uma ilha espiritual. A sua identidade, meu amigo, está no “nós”.
Pense num relógio suíço, precioso e caro. O ponteiro de ouro brilha, chama a atenção e expressa o esplendor da sua glória, claro. Mas e a mola minúscula lá dentro? Se ela, no seu canto escuro, disser: “Não sou importante”, e parar, o que acontece? O ponteiro congela. O relógio, que é a soma de suas partes, para – morre.
Na vida, na igreja, na vizinhança, somos essa mola, esse ponteiro, esse parafuso ou uma engrenagem única. Meu dom de organizar algo só faz sentido se o seu dom de ensinar puder fluir sem interrupções. Ninguém na “família de Deus” e na vida em geral, pode dizer ao outro: “Eu não preciso de você.” Jesus combateu o “individualismo” quando disse que o mundo nos conheceria pelo amor e pela união que dedicamos “uns aos outros”.
Se vivemos isolados, nosso testemunho é uma luz fraca e, quase imperceptível, perdemos a coragem de vivermos para os propósitos de Deus. Conforme os pensamentos e o desejo do Eterno, deixamos de ser quem devemos ser. A coragem de ser “peça-chave” depende da confiança, fidelidade e da nossa dependência de Deus, o Todo-Poderoso.
Pense nessa verdade: o seu serviço espiritual é o seu tesouro eterno
Superada a ilusão de ser “só mais um”, Paulo nos chama para o campo da prática. Ele lista verbos do dia a dia: servir, ensinar, animar, repartir, liderar, ajudar. Não são superpoderes, mas eles são recursos provenientes da graça e da misericórdia de Deus, nos capacitando para abençoar pessoas, enquanto cuidados de nossas tarefas cotidianas.
O ponto-chave é este: O dom não é para o seu destaque, mas para o seu desempenho, a fim de tornar Deus conhecido. O foco não é o tipo de dom que queríamos, mas a diligência e o zelo no que Deus diz ser necessário para um momento específico.
O dom é o recurso divino, a capacitação sobrenatural que o Espírito nos dá. O zelo e a atitude correta são a nossa parte humana e é aí que mora o nosso tesouro, pois o modo como agimos tem peso eterno – ajuntamos tesouros no Céu:
Com Zelo e Cuidado: Se é para liderar, que seja “com todo o cuidado”, com excelência. Se é para servir, que seja como se estivéssemos fazendo para o próprio Cristo. A persistência de fazer o melhor, mesmo no invisível, é um ato de fé.
Com Generosidade: Se é para repartir, que seja “com generosidade”. Não é sobre o tamanho da moeda, mas sobre a alegria do coração desprendido ou abnegado.
Com Alegria: O serviço de ajudar não pode ser um peso, uma obrigação mal-humorada. Deve ser feito com o prazer de estar participando da Missão Eterna. O fardo fica leve quando a esperança é o nosso combustível.
Creia: você é peça-chave
Não precisamos ser super-heróis com capas e super-força. Precisamos apenas ser a peça-chave que Deus nos chamou para ser. Seja a mola que dá a força, o encaixe que segura a estrutura. Seu serviço, por mais simples que pareça, tem valor eterno nas situações e no tempo que Deus o chama a cooperar com Ele.
O nosso tesouro não está no que acumulamos, mas no serviço espiritual que prestamos. É um ciclo lindo: a fé gera coragem para a unidade, e a unidade nos impulsiona ao serviço, que nos enche de esperança.
Olhe para o seu cotidiano. Para qual desses verbos — servir, ensinar, animar, repartir, liderar, ajudar — é o seu chamado específico neste momento da sua vida? Comece hoje, com zelo e alegria. Cada pessoa que cruzar o seu caminho, dentro ou fora da igreja, precisa de você. Atenda ao chamado de Deus, seja a peça-chave para abençoá-la e torne a realidade do Altíssimo conhecida.
Vamos orar:
Deus Amado e Soberano, Pai de toda a criação. Bendito sejas Tu, ó Rei do Universo que sempre nos dás a Tua Palavra! Te agradecemos por nos tirar da ilusão de sermos “só mais um”. Reconhecemos que nossa verdadeira identidade reside em Ti e na unidade da Tua Igreja. Perdoa-nos pelo individualismo e pela falta de coragem, que nos fazem sentir insignificantes.
Ajuda-nos a enxergar que somos peças-chave, como a mola essencial no relógio, e que dependemos uns dos outros para cumprir o Teu propósito. Capacita-nos, com a Tua graça, a praticar os verbos do serviço — servir, ensinar, animar, repartir, liderar e ajudar — com zelo, generosidade e alegria, como se fizéssemos diretamente a Ti. Que nosso serviço, por mais simples que pareça, acumule tesouros eternos e torne a Tua realidade conhecida a cada pessoa em nosso caminho. Em nome de Jesus, Amém!
Tenha uma semana abençoada e aproveite cada oportunidade que Deus lhe der, a fim de juntar tesouros na Eternidade. Seu amigo e irmão em Cristo, Walter.