Existe um fenômeno curioso na forma como nos comportamos em ambientes de entretenimento secular versus ambientes de culto espiritual. É uma discrepância gritante que diz muito sobre nossas prioridades, e vale a pena analisar ponto a ponto.
Você já percebeu como as pessoas se comportam quando vão ao cinema? Elas compram o ingresso com antecedência, escolhem o melhor lugar, chegam cedo para não perder nem o trailer, desligam o celular e ficam totalmente concentradas na tela. Entretanto, quando o destino é a igreja… a história muda completamente.
No cinema, ninguém quer perder o início. Já no culto, muitos chegam atrasados e acham normal perder o louvor — como se a adoração fosse apenas uma “introdução” e não parte essencial do encontro com Deus.
No cinema, ninguém se levanta para ir ao banheiro ou buscar água, com medo de perder uma cena importante, mas no culto, levantar-se várias vezes parece não incomodar.
No cinema, o silêncio é respeitado. Todo mundo sabe que conversar atrapalha a experiência, mas na igreja, quantas vezes deixamos de ouvir a voz de Deus porque estamos distraídos com conversas paralelas ou olhando o celular?
E por falar em celular, no cinema ele fica no modo avião, completamente desligado. Já no culto, ele continua ativo — notificações, mensagens, redes sociais, tudo compete pela nossa atenção.
No cinema, ninguém sai antes do fim, porque às vezes tem uma cena extra depois dos créditos. Mas no culto, há quem vá embora antes da bênção final — como se o encerramento da adoração não fosse também parte da comunhão com Deus.
Essa comparação não é para demonizar o cinema. O lazer é uma bênção. A questão é: Por que o nosso entretenimento temporário recebe mais foco, reverência e pontualidade do que o nosso encontro com o Eterno? A Bíblia não fala sobre filmes, mas fala muito sobre prioridade, reverência e fervor. O comportamento que demonstramos no cinema é, ironicamente, muito próximo do que a Bíblia espera de nós na adoração.
Essas comparações revelam algo importante: não é uma questão de tempo, é uma questão de valor. Damos prioridade, atenção e respeito àquilo que consideramos importante. O problema é que, muitas vezes, tratamos o entretenimento com mais reverência do que tratamos o Criador.
A Bíblia fala sobre isso. Em Malaquias 1:6-8, Deus repreende o povo por oferecer-lhe o que é imperfeito — sobras, restos, tempo cansado. E em Isaías 29:13, o Senhor diz: “Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.”
Deus não se impressiona com nossa presença física na igreja, mas com a postura do nosso coração. Ele não quer apenas que estejamos no templo — quer que estejamos presentes de verdade.
Jesus também confrontou esse tipo de comportamento. Ele disse: “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas as coisas vos serão acrescentadas.” (Mateus 6:33) Buscar primeiro é colocar Deus no topo da lista, é dar a Ele o mesmo — ou mais — valor que damos às coisas que amamos fazer.
Quando tratamos o culto como algo comum, estamos, sem perceber, diminuindo a presença de Deus. Mas, quando nos preparamos, chegamos com antecedência, desligamos o celular e nos concentramos em adorá-Lo, demonstramos honra. E honra, na Bíblia, é sinônimo de adoração verdadeira.
O apóstolo Paulo nos lembra: “Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens.” (Colossenses 3:23) Isso significa que até o simples ato de chegar no horário ou evitar distrações é uma forma de adorar.
Talvez o problema não seja o cinema — mas o quanto deixamos que o entretenimento se torne mais importante do que o encontro com o Deus vivo.
No cinema, assistimos a uma história. Na igreja, vivemos uma história eterna.
Se damos o nosso melhor ao cinema, ao trabalho, aos estudos… por que não à igreja? Deus merece mais que pontualidade, atenção e respeito — Ele merece nosso coração inteiro. Não se trata de religiosidade, mas de prioridade. O culto não é um evento qualquer. É um encontro com o Criador. E esse encontro merece o nosso melhor.
Então, da próxima vez que for à Casa de Deus, vá com a mesma expectativa de quem vai assistir ao melhor filme da vida — só que, nesse caso, o protagonista é o próprio Senhor, e o final é sempre cheio de graça, transformação e vida nova.