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Salmos 14:3
Nos últimos anos, nunca assistimos a tantas reportagens, noticiários, filmagens de pessoas envolvidas em práticas de corrupção, suborno, lavagem e desvio de dinheiro, enfim, em crimes diversos, gerando na sociedade e nas pessoas de bem um sentimento de indignação, vergonha, repúdio e tristeza, por saber que estas atitudes se alastram no campo político, público, privado, empresarial, atingindo diversos setores da sociedade como um todo.
Quando achamos que já assistimos a tudo o que poderíamos ver, surge sempre um novo escândalo de corrupção com “esquemas” ainda maiores surpreendendo a todos nós.
Sem dúvida, a palavra do momento e a que mais ouvimos nos últimos tempos é: CORRUPÇÃO!
Mas o que está por trás da pessoa que se corrompe? Qual a sua motivação?
Não se preocupem que não vou dar aqui nenhuma aula de Direito Penal.
Da última vez que eu preguei aqui, umas duas semanas atrás, eu falei sobre o Livro de Tiago, Capítulo 1, artigo 22, algumas pessoas riram e eu achei que elas estavam gostando da minha pregação, mas depois vieram falar comigo num tom amistoso sobre meu engano. Depois fui ouvir no site e realmente constatei minha falha. Peço desculpas aos irmãos e vou procurar ser mais atento da próxima vez. Imaginem eu pedir pra vocês: “abram seu Código Penal Sagrado no Livro de Juízes”.
Mas o que está por trás da pessoa que se deixa corromper? Qual a sua motivação? Senão o desejo de satisfazer seus interesses pessoais, egoístas, suas vaidades, seu orgulho?
Não devemos esquecer que o pressuposto necessário para a instalação da corrupção que assistimos nos noticiários, telejornais e outros meios de comunicação, é a ausência de interesse ou compromisso com o bem comum. A pessoa mostra-se incapaz de fazer qualquer coisa que não lhes traga uma gratificação ou vantagem pessoal.
Quando não há interesse ou compromisso com o bem comum, quando não há desejo de ajudar pessoas, a corrupção encontra um terreno fértil para se instalar.
Guarde bem essas ideias.
É muito comum ouvirmos pessoas dizendo: ”por que tenho que fazer isso, qual vantagem eu vou ter? “Por que tenho que me preocupar em ajudar as pessoas, o que eu ganho com isso?”
Isto é um princípio, um estilo de vida, que rege as pessoas deste mundo onde o “EU” é mais importante, não interessando se aquilo que faço vai prejudicar uma ou milhares de pessoas com a minha atitude. O que importa é não contrariar meus interesses pessoais.
Mas por que estou falando sobre este tema?
Porque quero usar esses comportamentos vergonhosos, tristes, que assistimos diariamente, como exemplos negativos, para dizer que podemos corromper também a nossa vida espiritual por meio de uma atitude egoísta, orgulhosa, negligente, apática, omissa, desobediente, rebelde, avarenta, materialista, com intuito de satisfazer os meus interesses pessoais em detrimento ou prejuízo do meu próximo e da minha igreja.
Quando agimos assim, motivados pelo nosso orgulho e egoísmo, que são o alicerce de todas essas atitudes negativas, para satisfazer nossos interesses pessoais, corrompemos sim a nossa vida espiritual e nossa comunhão com o Pai e com a Igreja.
Eu posso estar dentro de uma igreja, participando de um ministério, orando, lendo a Bíblia, cantando, tocando, me envolvendo em grupos pequenos, praticando todas essas coisas com um único intuito de obter reconhecimento e satisfação pessoal, sem me submeter ao governo de Deus, e em conseqüência corrompendo minha vida espiritual e moral, além de ser um péssimo exemplo em minha Igreja por possuir uma vida infrutífera no Senhor.
Vamos ler o Livro de Provérbios capítulo 29:18:
“Não havendo profecia, o povo se corrompe; mas o que guarda a lei, esse é feliz” (Pv 29:18 ARA).
Os termos “Não havendo profecia” se referem tanto à falta da Palavra de Deus, como à falta de ouvir a Palavra de Deus, que levam as pessoas à rebeldia e à corrupção.
Sem o conhecimento e a orientação da Palavra de Deus, o povo se corrompe e se perde em suas ilusões e desejos egoístas, mas o povo que guarda os Seus Mandamentos e teme o Senhor, a característica desse povo é que ele é feliz.
Se eu não tenho comunhão com a Palavra de Deus diariamente, se eu não busco conhecer os mandamentos, as promessas e os Planos de Deus para minha vida, se eu não evangelismo, nem discípulo o meu próximo, se eu não fortaleço a minha igreja, se eu não ouço corretamente a Palavra de Deus, como procurei ensinar a vocês em minha última pregação, eu fatalmente vou me corromper em meus pensamentos e em minhas atitudes.
Olha o que disse o Apóstolo Paulo:
“Portanto, abandonem a velha natureza de vocês, que fazia com que vocês vivessem uma vida de pecados e que estava sendo destruída pelos seus desejos enganosos” (Efésios 4: 22 NTLH).
Paulo inicia esse versículo com uma conjunção conclusiva, “Portanto”, porque ele está concluindo um pensamento anterior. Qual pensamento é esse?
Paulo diz que uma vez que vocês aprenderam a viver como seguidores de Cristo Jesus e conheceram a Verdade que está nEle, não vivam mais como pagãos, como pessoas ignorantes acerca dos propósitos divinos, interesseiras, egoístas, orgulhosas, duras de coração, indecentes, imorais, então Paulo conclui, abandonem essa natureza pecaminosa desgastada, inútil, corrompida pelo engano e renovem sua mente e coração, para que sejam revestidos com a nova natureza, criada por Deus, para viver uma vida correta e dedicada a Ele.
Irmãos, o Senhor nos deu vestes novas, uma nova natureza que Ele mesmo criou, para vivermos à semelhança dEle, uma vida correta, digna e dedicada a Ele. Não queiram se vestir novamente com aquelas roupas desgastadas, rotas, puídas, pela natureza pecaminosa e corrompida que antes vivíamos.
Infelizmente, ainda dentro das igrejas existem pessoas que querem se vestir com os trapos da velha natureza humana, que resistem à ação do Espírito Santo e se apegam às imoralidades que o mundo oferece. Conversando com elas você nota facilmente os interesses por trás de suas palavras, suas ambições egoístas, sua falta de humildade, seu prazer pelas coisas do mundo.
Vamos ler o que diz 2 Pedro 2:20-21:
“Portanto, aqueles que chegaram a conhecer o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo e que escaparam das imoralidades do mundo, mas depois foram agarrados e dominados por elas, ficam no fim em pior situação do que no começo. Pois teria sido muito melhor que eles nunca tivessem conhecido o caminho certo do que, depois de o conhecerem, voltarem atrás e se afastarem do mandamento sagrado que receberam” (2 Pedro 2:20-21 NTLH).
Alguém pode estar pensando aqui, “mas eu não estou fazendo nada de errado”.
Então devemos ler 1 João 1:8
“Se dizemos que não temos pecados, estamos nos enganando, e não há verdade em nós” (1 João 1:8 NTLH).
Parem um pouco e avaliem honestamente sua vida espiritual diante de Deus.
Pelo tempo que você tem de igreja, já contabilizou seus frutos para o Reino de Deus? Você tem cuidado de pessoas para tornar sua igreja forte?
Você já confrontou suas maiores fraquezas e dificuldades com a Palavra de Deus e assumiu uma postura de obediência em relação à Verdade?
Nós sempre temos que nos examinarmos, porque esse processo de afastamento dos caminhos do Senhor ocorre lentamente, quase de modo imperceptível, como uma erosão que corrói pouco a pouco o solo silenciosamente e sutilmente.
Assim também ocorre em nossa vida espiritual, os efeitos vagarosos, silenciosos e sutis da erosão vão desgastando os alicerces, a base, os fundamentos de nossa fé, de nossa crença, e se não estivermos atentos sofreremos a queda inevitável e a ruína de nossas vidas.
Nenhum ser humano se torna vil, maldoso, de uma hora para outra, ao contrário, a corrosão espiritual ocorre em etapas, de maneira lenta e destrutiva. Pode suceder a indivíduos e, certamente, pode ocorrer também com a Igreja.
C.S. Lewis, em sua criativa obra intitulada Cartas de um diabo a seu aprendiz, escreveu: “Com efeito, a estrada mais segura para o inferno é aquela ladeira gradual e suave de chão macio, sem curvas acentuadas, sem marcos de quilometragem e sem placas de sinalização”
Você vai conduzindo sua vida aparentemente confortável, sem tomar uma atitude de obediência, de submissão à Palavra de Deus, então você vai se conformando com seus erros, suas atitudes vazias de propósitos divinos, até quando você se der conta aí já é tarde, você desceu a ladeira e não tem mais forças para subir.
Mas se nós como igreja cuidarmos de nossas vidas espirituais, colocando-as sob o crivo da Palavra de Deus, obedecendo aos Seus Mandamentos, e seguindo os exemplos dos primeiros cristãos descritos no Livro de Atos 2:42 podemos sim desviar do caminho da desobediência, da apatia, da ignorância, da rebeldia, que nos leva a corromper nossa vida espiritual e nos conduz para longe de Deus.
Vamos ler então Atos 2:42:
“E todos continuavam firmes, seguindo os ensinamentos dos apóstolos, vivendo em amor cristão, partindo o pão juntos e fazendo orações” (Atos 2:42 NTLH).
Vejam que quando os primeiros cristãos se reuniam, eles se dedicavam a quatro tarefas essenciais. Quais eram essas tarefas?
Os ensinamentos dos apóstolos, o viver em amor cristão (comunhão), o partir o pão juntos e a oração.
Esse versículo não apenas descreve o que fazia a igreja primitiva, mas também prescreve o que todas as igrejas devem fazer.
Para que um grupo de pessoas se torne o tipo de igreja que Jesus prometeu construir é necessário haver ensinamento. Infelizmente muitas igrejas estão abandonando o ensino da Palavra de Deus, para se ocupar em dar shows de bandas famosas, testemunhos de milagres, curas, ou uma apresentação de mensagem motivacional recheado de técnicas de pensamentos positivo.
Segundo consta no texto em que lemos, esse ensino se refere aos ensinamentos dos apóstolos. Hoje a igreja tem acesso a todo ensinamento dos apóstolos por meio da Bíblia, a Palavra de Deus. Uma igreja para ser forte precisa se dedicar continuamente ao Ensino das Sagradas Escrituras.
Para uma igreja estar em conformidade com a vontade de Deus, também é necessário haver o “viver em amor cristão”, ou seja, a comunhão. O ensino sem comunhão transforma a igreja em uma escola, um lugar para adquirir informação e nada mais.
O termo original para comunhão é Koinonia e se refere a relacionamentos íntimos e mútuos nos quais as pessoas compartilham coisas em comum e permanecem envolvidas umas com as outras. Não são encontros sociais, mas se refere a relacionamentos em que pessoas compartilham a vida umas com as outras, dividindo tanto as dificuldades quanto as alegrias.
Por isso incentivamos todos a participar de Grupos Pequenos porque gera comunhão, crescimento espiritual e fortalece a igreja.
Na igreja, a Palavra de Deus não é apenas aprendida por meio da pregação; mas também é vivenciada por meio da comunhão.
O partir do pão está incluso no ensino e na comunhão e se refere à Ceia do Senhor, procedimento observado durante as reuniões dos primeiros cristãos. Uma vez que o batismo foi mencionado imediatamente antes desse versículo, eu entendo que a igreja primitiva se dedicava aos dois mandamentos deixados por Jesus: o Batismo e a Ceia. O primeiro representa nossa conversão a Cristo e o segundo, nossa vida de comunhão com Ele.
Por fim a igreja também se dedicava à oração. Eles passavam tempo em adoração ao Senhor, confessando seus pecados, intercedendo pelos outros, pedindo sustento a Deus, e agradecendo-lhe as bênçãos recebidas, exatamente como Jesus os ensinou a orar.
Certa vez Charles Spurgeon declarou o seguinte:
“Por que alguns cristãos, apesar de ouvirem mil bons sermões não tem avanço na vida espiritual? Porque eles negligenciam sua obrigação, seu quarto fechado, a solidão com Deus…eles não meditam no que ouviram. Eles “amam” o trigo, mas não querem moê-lo. Eles teriam o milho, mas eles não irão ao campo colhê-lo. O fruto está pendurado, mas eles não vão estender a mão. A água está fluindo em seus pés, mas eles não vão se inclinar para beber…irão reclamar porque outros não fazem isso para eles…de tal loucura livrai-nos, ó Deus!” (Charles Spurgeon).
Você pode estar a anos numa igreja e ouvir quantas pregações quiser e sua vida espiritual ser um fracasso, por que?
Porque lhe falta o desejo pelo conhecimento e submissão à Palavra de Deus;
Porque lhe falta “o viver em amor cristão”, a comunhão, o viver “uns para os outros”, com intuito de fortalecer a Igreja nos propósitos divinos;
Porque lhe falta a conversão verdadeira, a morte do “Eu” e o comprometimento com o Reino de Deus;
E por último, porque lhe falta uma vida de oração e comunhão com o Pai.
Portanto, se nós queremos ter uma vida cristã saudável, que agrada a Deus e imune aos efeitos da corrupção e da erosão espiritual, que observemos então esses conselhos para que um dia possamos falar como o Apóstolo Paulo disse ao final de sua carreira:
“Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé” (2 Timóteo 4:7 ARA).
Que Deus os abençoe!