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Na terça-feira passada, eu dei início a uma mensagem cujo tema é: “VIVA PARA AGRADAR A DEUS!”, e o texto Bíblico que escolhi está em 1 Tessalonicenses 4:1ª:
“Finalmente, irmãos, vocês aprenderam de nós como devem viver para agradar a Deus…” (1Ts 4:1 NTLH).
Antes, vamos relembrar alguns pontos do que foi compartilhado na semana passada:
1) O alvo maior na vida cristã é viver para agradar a Deus.
Esse deve ser o nosso maior objetivo como filhos e filhas de Deus. Antes de qualquer coisa que eu faça, eu devo primeiro me preocupar em agradar a Deus.
Qualquer que seja a decisão que eu venha a tomar, eu devo primeiro perguntar a mim mesmo se o que desejo fazer agrada ou não a Deus. Se não agrada o Senhor, então eu descarto essa possibilidade, mesmo sendo contra a minha vontade.
Para isso, eu tenho que avaliar, honestamente, se a minha intenção está ou não agradando a Deus e colocá-la sob o crivo da Palavra de Deus. Então:
O que eu estou desejando ou planejando para minha vida coopera para que os propósitos divinos se cumpram?
Vamos supor que você tenha recebido uma proposta de emprego, ou mesmo uma oportunidade de uma promoção no seu trabalho. Você tem que avaliar se aquele novo trabalho interferirá negativamente no cumprimento dos propósitos de Deus em sua vida, se te deixará mais ocupado e sem tempo para se dedicar a Deus e à comunhão com Sua igreja, ou se aquela oportunidade é uma direção de Deus abençoando a sua vida. Isso não é fanatismo; você simplesmente está colocando o Reino de Deus como prioridade em sua vida. Nenhum interesse pessoal pode substituir a busca pelo Reino de Deus. Se não, o Senhor não teria ordenado que buscássemos, em primeiro lugar, o Reino de Deus e o modo de vida que agrada a Ele. Isso é viver para agradar a Deus!
O que eu estou desejando ou planejando para minha vida me tornará uma pessoa mais semelhante ao caráter do meu Senhor?
O que eu estou desejando ou planejando me tornará uma pessoa mais temente a Deus, mais generosa, amorosa, obediente e menos egoísta, materialista e orgulhosa? Nós sabemos que o nosso coração é enganoso, está doente demais para ser curado, e que ele desejará aquilo que a nossa natureza humana, pecaminosa, deseja e quer se alimentar, que basicamente é o orgulho e o egoísmo, onde reside a luta interior em avaliar as nossas intenções e não ceder aos apelos da carne, dos desejos egoístas, além de buscar ser semelhante ao caráter de Cristo Jesus.
O que eu estou desejando ou planejando para minha vida fortalecerá a minha família espiritual, a igreja?
Nunca devemos nos esquecer que somos Igreja em qualquer lugar ou circunstância, e por isso, devemos dar bons exemplos a quem faz parte de nossa família espiritual, buscando edificar e fortalecer a fé de nossos irmãos em Cristo, sem nos esquecermos daqueles que são de fora, com o intuito de trazê-los para dentro da igreja. Nós sabemos que as nossas atitudes dizem mais do que nossas palavras, portanto, que cuidemos para que demos bons exemplos onde quer que estejamos.
Portanto, se a minha resposta for negativa a todas essas questões, então eu devo reformular os meus planos para se adequar à vontade de Deus. E por quê? Porque eu quero viver, antes de tudo, para agradar a Deus, e não a mim mesmo.
Não são poucos os exemplos de pessoas cristãs, que tomam decisões alicerçadas em emoções pessoais ou em sentimentos egoístas, sem ao menos consultar se a decisão que estão tomando agrada ou não a Deus, se afetarão a sua comunhão com Ele ou não. O resultado dessa má escolha será sentido logo à frente, com sintomas de frieza espiritual, apatia, confusão mental e vida sem propósitos divinos.
É incrível, mas muitos cristãos vivem sem esse entendimento básico de viver, antes de tudo, para agradar a Deus, e conduzem suas vidas sem nenhum senso de propósitos.
Em sua vida diária, eles simplesmente acordam, se alimentam, trabalham, estudam, relacionam-se com outras pessoas e voltam a dormir. Na verdade, eles apenas sobrevivem, porque, embora sendo conhecedores de Cristo Jesus e de Sua Verdade, vivem presos aos seus interesses pessoais e àquilo que é terreno!
Eu citei uma passagem onde Jesus faz uma advertência. Vejamos:
“Prestem atenção! Tenham cuidado com todo tipo de avareza porque a verdadeira vida de uma pessoa não depende das coisas que ela tem, mesmo que sejam muitas” (Lc. 12:15 NTLH).
Se cremos nesta Verdade que, “a verdadeira vida de uma pessoa não depende das coisas que ela tem”, então, por que a vida de muitos cristãos reflete exatamente o contrário? Por que a maioria investe tanto da sua vida em busca do que é material e tão pouco em busca do que é espiritual?
Se tivéssemos um pouquinho mais de senso de propósito, nos questionaríamos acerca daquilo que é mais importante. Para que existimos? Para que fomos criados? Nós existimos e fomos criados para agradar a Deus!
Quando entendemos o propósito de Deus para as nossas vidas, podemos focar nossa energia e dedicação no que é realmente importante e prioritário.
2) Para vivermos uma vida que agrada a Deus, precisamos, antes de tudo, buscá-LO, procurá-LO.
O Apóstolo Paulo instruiu os irmãos colossenses acerca do que realmente importa, as coisas de cima e não as que são da terra:
“Vocês foram ressuscitados com Cristo. Portanto, ponham o seu interesse nas coisas que são do céu, onde Cristo está sentado ao lado direito de Deus. Pensem nas coisas lá do alto e não nas que são aqui da terra. Porque vocês já morreram, e a vida de vocês está escondida com Cristo, que está unido com Deus” (Cl. 3: 1-3 NTLH).
Muitos cristãos interpretam esta ordem como se Paulo recomendasse o desprezo pelas coisas físicas, pela sociedade, pela cultura, pelo trabalho, apenas aguardando a volta de Cristo. Não é verdade!
Quando Paulo diz: “Pensem nas coisas lá do alto”, ele quer dizer uma vida espiritual elevada, que busca agradar a Deus, conhecendo os Seus Propósitos para viver conforme a Sua vontade, e não se evadir do mundo concreto, deixando de trabalhar, de se divertir, de estudar, mas negar-se a si mesmo e viver para Cristo neste mundo, deixando que Ele governe a sua vida enquanto espera no Senhor a Sua volta.
Quando o Apóstolo Paulo diz: “Pensem nas coisas do alto”, pode ser traduzido também por “disponha a sua mente” ou “tenha essa disposição interior”, “determine a si próprio para buscar as coisas do alto”, ou seja, tem que haver um esforço de sua parte, uma determinação em buscar as coisas do alto, pois isso agrada a Deus.
Apesar dessa ordem tão explícita sobre o foco correto do cristão, o que encontramos, na prática, é algo bem diferente. Buscar a Deus, no entendimento de muitos cristãos, é, na melhor das hipóteses, cumprir suas obrigações de ir aos cultos semanalmente, não faltar em dia de Santa Ceia, conhecer o mínimo do que a Bíblia ensina, orar um pouco todo dia, louvar, mas sem se permitir ser transformado por Deus.
É evidente a razão pela qual o nosso amor pelo Senhor tem se mostrado tão pobre. Se gastamos a maior parte do nosso dia correndo atrás dos nossos interesses e das coisas desta vida, com certeza, essas coisas serão mais reais para nós do que o próprio Deus. Por isso, a nossa busca pelo Senhor ainda é muito fraca.
3) É necessário compreendermos não apenas que fomos criados para buscarmos o Senhor e vivermos para agradá-Lo, mas também como deve ser essa busca.
Ao falar acerca dessa busca, as Escrituras Sagradas nos revelam que ela não pode acontecer de qualquer forma. Há um padrão de busca que Deus determinou para nós. Esse padrão é alcançado quando ele se torna mais importante do que qualquer outra coisa em sua vida.
O Senhor, através do profeta Jeremias, revelou qual é o tipo de busca que nos levará a encontrá-Lo:
“Vocês vão me procurar e me achar, pois vão me procurar com todo o coração” (Jr. 29:13 NTLH)
O interesse de Deus não está apenas no fato de O buscarmos, mas em como fazemos isso. Ele não aceita nada menos que nossa inteira dedicação e paixão nessa busca. Essa é a razão pela qual o Senhor não está interessado na busca, em si, mas no motivo que nos leva a buscá-Lo.
Observe também que, ao falar sobre buscar a Deus, o profeta Jeremias usou a expressão “com todo o coração”. Essa expressão foi usada na Bíblia tanto para falar da intensidade de nossa busca ao Senhor como para determinar a intensidade do nosso amor para com Deus:
“Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma, com toda a mente e com todas as forças”. (Mc. 12:30 NTLH).
O que Deus espera de nós é nada menos do que o amor total. O maior mandamento determina que não só o amemos, mas que façamos isso com toda a intensidade possível!
E o mesmo é verdadeiro em relação à nossa busca: com todo o coração. Essa é a única forma aceitável: com todo o nosso ser, com tudo o que há em nós (coração, alma e entendimento), com toda a força (dedicação, empenho, determinação, energia e entrega).
Sejamos sinceros: nós amamos a Deus com toda a intensidade possível? E O buscamos com todo o nosso ser, com tudo o que há em nós e com toda a nossa força? Pois o que Deus espera de nós é nada menos que isso.
Citei ainda uma declaração de C. S. Lewis:
“O cristianismo, se é falso, não tem nenhuma importância, e, se é verdadeiro, tem infinita importância. O que ele não pode ser é de moderada importância”.
Contudo, constatamos que a maioria dos cristãos parece estar vivendo como se a vida crista fosse de moderada importância!
O problema de muitos de nós é que ainda que aleguemos estar buscando a Deus, estamos fazendo isso com pouca intensidade. E a razão da falta de empenho nessa busca não é o fato de que não queremos Deus, senão nem mesmo buscando-O estaríamos. Penso que um dos nossos inimigos, depois do pecado, sejam as distrações.
Diferentemente do cristão que está travando uma luta acirrada contra o pecado, o crente que costuma ser enredado pelas distrações é, em geral, alguém que não necessariamente tem cedido ao pecado, mas perde o alvo maior da vida cristã ao distrair-se com coisas que talvez sejam até lícitas, mas roubam-lhe o foco de buscar intensamente o Senhor.
Então, citei a parábola da grande festa, contada por Jesus, em Lucas 14: 16-24.
Naquela época, era comum enviar dois convites: o primeiro para anunciar a festa, e o segundo para dizer aos convidados que tudo estava pronto. Os convidados, na história contada por Jesus, insultaram o anfitrião, dando desculpas por ocasião do segundo convite.
Na história de Israel, o primeiro convite de Deus foi feito por intermédio de Moisés e dos profetas; o segundo, por intermédio do próprio Filho de Deus. Os líderes religiosos aceitaram o primeiro convite. Creram que Deus os havia chamado para ser o Seu povo, porém insultaram a Deus, recusando-se a aceitar o Seu Filho.
Deste modo, assim como o senhor nesta parábola, enviou o seu servo pelas ruas, a fim de convidar os necessitados para o seu banquete, Deus enviou o Seu Filho ao mundo de pessoas necessitadas, para dizer-lhes que o Reino de Deus havia chegado e que estava pronto para elas.
Então, vimos que muitos perdem a consciência do convite de Deus por causa das distrações geradas por coisas que são legítimas, verdadeiros exemplos de bênçãos, como aquisição de propriedades, a melhoria da capacidade de produção, ou até mesmo a constituição de uma família! Estas foram as três desculpas dadas nesta parábola contada por Jesus.
Penso que temos feito exatamente a mesma coisa em nosso relacionamento com Deus. Pedimos a Ele algumas coisas que desejamos tanto, e então, Ele, em Sua infinita bondade, nos atende, dando o que Lhe pedimos. Então, aquelas coisas boas, lícitas, que não têm nada de errado em si mesmas, começam a nos distrair do Senhor.
Isso já aconteceu em sua vida?
Nós paramos exatamente aqui!
É impressionante como coisas boas, de valor, não só aos nossos olhos, mas até aos olhos de Deus, podem tornar-se um motivo de distração para a nossa comunhão com o Senhor. Isso é tão sério e, ao mesmo tempo, passa tão despercebido!
Até mesmo o nosso próprio serviço prestado ao Senhor pode se tornar uma distração! Quer um exemplo? Os irmãos da igreja de Éfeso perderam o seu primeiro amor (Ap. 2: 4), ainda que não tivessem parado de trabalhar para Deus (Ap. 2: 2,3). Avaliem seu trabalho no Senhor, se Deus está se agradando ou não, pois talvez você possa estar se distraindo com suas vaidades e orgulho próprio.
Encontramos também uma clara advertência do Senhor no relato bíblico da Sua visita à casa de Marta e Maria. Enquanto Maria estava aos pés de Jesus, Marta se queixava pelo fato de haver ficado sozinha servindo e arrumando a casa. Não creio que Marta estivesse trabalhando somente para manter em ordem. Penso que ela tinha uma boa motivação. Certamente, pelo respeito para com Jesus, o que era de esperar, ela queria ser uma boa anfitriã, queria receber e servir bem ao Senhor!
No entanto, até mesmo os bons motivos podem se tornar distrações; por isso, Jesus disse o seguinte a Marta:
“Aí o Senhor respondeu: Marta, Marta, você está agitada e preocupada com muitas coisas, mas apenas uma é necessária! Maria escolheu a melhor de todas, e esta ninguém vai tomar dela.” (Lc.10: 41,42 NTLH).
Observem o que Jesus disse: “mas apenas uma (coisa) é necessária!”
4) Nada, absolutamente nada, é mais importante do que a nossa concentração em buscar a Deus sem distração alguma!
Muitos aqui, leram um artigo que o Rogério enviou sobre o poder da oração, e neste texto, há uma frase que diz assim:
“O Diabo não precisa destruir o líder, só precisa distraí-lo”.
Satanás não precisa destruir você; basta tirá-lo do foco de viver para agradar a Deus.
Não é errado divertir-se, contudo, é muito fácil alguém se envolver de tal forma com o entretenimento que acabe se esquecendo de Deus. Penso ser essa uma das possíveis razões que levou Leonard Ravenhill a afirmar que:
“O entretenimento é o substituto diabólico da alegria”.
Um exemplo disso é o registro bíblico acerca de Noé e sua vinha. Logo depois do dilúvio (quando a terra estava mais regada do que nunca), ele plantou uma vinha. Quando chegou a hora da colheita, que era um tempo de festa e celebração pela benção dada por Deus, Noé exagerou na celebração e bebeu vinho demais, a ponto de embriagar-se e tornando-se um mau exemplo para os seus filhos:
“Noé era agricultor; ele foi a primeira pessoa que fez uma plantação de uvas. Um dia Noé bebeu muito vinho, ficou bêbado e se deitou nu dentro da sua barraca”. (Gn. 9:20,21 NTLH)
Perceba que o vinho ingerido por Noé era fruto da benção de Deus que era comum se celebrar em razão de ter havido uma boa colheita.
Já afirmei que o que nos di
stancia do Senhor e da Sua presença não é apenas o pecado, mas também as distrações. Já vimos que elas podem ser coisas lícitas, que poderiam até mesmo ser classificadas como bênçãos divinas, mas que acabam nos afastando de Deus.
Nem toda embriaguez mencionada na Bíblia tem apenas o sentido literal. Jesus mencionou um tipo de embriaguez que diz respeito à vida espiritual:
“Fiquem alertas! Não deixem que as festas, ou as bebedeiras, ou os problemas desta vida façam vocês ficarem tão ocupados, que aquele dia pegue vocês de surpresa” (Lc. 21: 34 NTLH)
Às vezes, nos deixamos embriagar com o pecado e, em outras ocasiões, chegamos a ponto de nos embriagar até mesmo com as bênçãos divinas.
Clemente, bispo de Roma, do primeiro século, e um dos chamados pais da igreja, advertiu do perigo de um relacionamento errado com as bênçãos de Deus:
“Tomem cuidado, amados, para que as múltiplas bênçãos não se tornem nossa condenação, o que pode acontecer se não levarmos uma vida digna Dele, se não vivermos em harmonia e se deixarmos de fazer o que é bom e agradável a Ele”.
Nós sempre estamos falando aqui de pessoas que estão na igreja somente atrás de bênçãos, do culto da benção, da irmã que ora e é uma benção, das promessas de bênçãos, mas nunca procuram conhecer para obedecer ao Autor da benção. Seria como se eles estivessem embriagados, espiritualmente falando.
5) Há diferentes tipos de embriaguez na vida espiritual que afetam o seu relacionamento com o Senhor. São eles:
Prazeres carnais:
É uma forma de embriaguez que, de forma clara e indiscutível, diz respeito ao pecado. É a entrega aos prazeres carnais. Exemplo: Davi que pecou contra o Senhor quando, no caso de Bate-Seba, cometeu não somente adultério, como também um homicídio, o de Urias. Davi se deixou embriagar pelo apelo e tentação da carne ao observar uma mulher casada se banhando.
Prosperidade financeira:
Muitos têm se deixado embriagar pela prosperidade material e financeira. Esse foi o caso de Uzias:
(2 Cr. 26: 5, 16).
O próprio Senhor fez o rei Uzias, de Judá, prosperar enquanto este O buscava. Porém, o resultado dessa busca, a prosperidade que Deus lhe deu, acabou sendo aquilo que o embriagou e o levou a pecar contra o Senhor. As conquistas materiais não podem, em si mesmas, ser classificadas como pecado. Porém, sem o devido cuidado, podem nos embriagar e, portanto, nos levar a pecar contra o Senhor.
Não é raro o fato de pessoas, não somente apáticas, mas também aquelas que amavam a Deus, depois de serem abençoadas por Ele na área financeira, se distanciarem daquele que O abençoou.
Posição:
Uma outra área que não é pecado em si mesma, mas pode levar-nos a pecar, diz respeito às posições que podemos alcançar. Até mesmo aquelas que dizem respeito ao Reino de Deus.
O Apóstolo João fala acerca de certo Diótrefes que, além de não receber João ou seus enviados, ainda expulsava da igreja os que os recebessem. E a razão dessa atitude era uma só: tratava-se de alguém que gostava de exercer a primazia entre eles. Só Diótrefes podia brilhar, ninguém mais podia estar “sob os holofotes”. Vejam o texto bíblico:
(3 João 9,10).
Muitos não têm maturidade para assumir determinado lugar de posição, seja na vida secular, ou na igreja. Essa é a razão pela qual Paulo aconselha a seu discípulo Timóteo que, na hora de separar os presbíteros (os que exercem governo na igreja), ele deveria escolher alguém que não fosse neófito (novo na fé). E o motivo era um só, para que ele não se orgulhasse: “O bispo não deve ser alguém convertido há pouco tempo; se for ele ficará cheio de orgulho e será condenado como o Diabo foi”. (1Tm 3: 6 NTLH).
O ativismo ministerial:
Essa é uma outra área em que nos deixamos embriagar pelo desequilíbrio no serviço do Senhor. Entendo como desequilíbrio não a quantidade de trabalho em si, mas aquele nível de dedicação ao serviço que nos impede de desfrutar um tempo de comunhão com o Senhor. Foi o que aconteceu com Marta, irmã de Maria. Certamente, Marta tinha a melhor das intenções de agradar a Jesus e recebê-Lo bem. Sua motivação não seria questionada por ninguém, especialmente, em uma cultura que valorizava tanto a hospitalidade como a dela. Porém, o Senhor lhe declarou que “uma só coisa” é necessária, e que Maria é quem havia feito a escolha correta.
Conheço muitos ministros que, pela correria do próprio ministério, não conseguem ter tempo devido com Deus. Embriagaram-se com o ativismo de tal maneira que, simplesmente, não conseguem parar.
A família:
A família é ideia e criação de Deus. Quando o Senhor presenteou Adão com uma esposa, não o fez para substituir o já estabelecido relacionamento do homem consigo. Ele viu que Adão estav
a só. E solidão, neste caso, diz respeito à área emocional, e não espiritual. Lembre-se de que este fato se deu antes da queda, ou seja, Adão não havia pecado ainda, e tampouco encontrava-se separado de Deus. Mesmo depois de criar Eva, o Senhor ainda visitava o casal na viração do dia. É evidente que a mulher, e o mesmo se aplica à família, não foi dada ao homem para afastá-lo de Deus, mas para, com ele, buscar o Senhor. Portanto, nem mesmo a nossa própria família pode tornar-se um motivo de embriaguez espiritual.
Conheço muita gente que buscou o Senhor por um casamento e, depois de contrair núpcias, esqueceu-se de Deus e de Seus propósitos. Nossa família deveria estar envolvida em nossa busca ao Senhor. Mas, em caso onde isso não acontece, devemos agir de modo que nada, nem mesmo nossa família, nos impeça de nos relacionarmos com Deus.
“Quem quiser me acompanhar não pode ser meu seguidor se não me amar mais do que ama o seu pai, a sua mãe, a sua esposa, os seus filhos, os seus irmãos, as suas irmãs e até a si mesmo” (Lc 14: 26NTLH).
6) Como evitar a embriaguez
Uma cena que acredito que muita gente já viu é a de um bêbado querendo convencer outros a beber com ele. O problema de quase todo bêbado é que, além de sua própria embriaguez, ele se torna o causador da embriaguez de outros. Penso que espiritualmente falando a coisa não é tão diferente. Se eu me embriago, alem de perder o melhor de Deus, também acabo atrapalhando os outros também.
Foi exatamente isso que aconteceu com o exemplo do Rei Davi e com a Marta. Em certo sentido, podemos dizer que o mesmo Rei Davi, que se embriagou com os prazeres carnais e depois planejou embriagar Urias. E Marta, além de não estar aos pés de Jesus como sua irmã Maria, ainda queria tirá-la de lá!
Portanto, precisamos fugir da embriaguez. Pelo nosso bem e pelo dos outros! Por isso a advertência bíblica direcionada a cada cristão para que sejam sóbrios. Vejamos:
“Portanto, não durmamos como os demais, mas estejamos atentos e sejamos sóbrios; pois os que dormem, dormem de noite, e os que se embriagam, embriagam-se de noite. Nós, porém, que somos de dia, sejamos sóbrios, vestindo a couraça da fé e do amor e o capacete da salvação” (1Ts 5: 6-8 NVI).
A embriaguez espiritual é um estado de dormência, de incapacidade para qualquer tipo de resposta a Deus, em que a pessoa se torna inútil. A sobriedade é o oposto disso; tem a ver com estar atento, pronto, útil, indicando assim, facilidade de resposta a Deus.
Este texto nos mostra que, além de evitar a embriaguez espiritual, há cuidados que devemos ter para garantir a sobriedade. E o apóstolo Paulo menciona a importância da fé, do amor e da esperança da salvação.
Além desses valores mencionados, quero compartilhar alguns princípios e práticas espirituais que nos auxiliarão a mantermos a sobriedade.
Três práticas que podem guardar nosso coração da embriaguez:
a) Enchendo-se da Palavra:
Colossenses, capítulo 3:16, diz assim:
“Habite ricamente em vocês a Palavra de Cristo…” (Cl 3: 16 NVI).
Embora os primeiros cristãos tivessem acesso ao Antigo Testamento, mas ainda não tinham acesso ao Novo Testamento ou quaisquer outros livros cristãos para estudar. Suas histórias e ensinos sobre Cristo eram memorizados e passados de pessoas para pessoas. Às vezes, os ensinos eram postos em músicas. Assim, a música se tornou uma parte importante da adoração e educação cristãs.
Mas hoje temos todos os acessos possíveis, toda a liberdade, toda facilidade de obter a Palavra de Deus, os Seus ensinos e, no entanto, desobedecemos a esta ordem divina.
Gosto muito de ouvir quando o Walter diz que somos um povo que se reúne em volta de um Livro, porque as Escrituras Sagradas devem permear cada aspecto da vida do cristão e controlar todo o seu pensamento, palavra e ação. Devemos nos encher da Palavra de Deus! Ela tem o poder de realizar uma obra sobrenatural em nosso íntimo, porque por meio dela aprendemos a temer o Senhor.
Uma relação intensa com a Palavra de Deus nos guardará da embriaguez espiritual. O evangelista D. L. Moody, referindo-se à Bíblia, declarou:
“Ou este Livro me afastará do pecado ou o pecado me afastará deste Livro”.
Se você meu irmão, não tem o costume de ler e meditar em alguma porção da Palavra de Deus, diariamente, com certeza o seu pecado está te afastando deste Livro Sagrado.
O salmista declara: “Escondi a tua Palavra no meu coração, para eu não pecar contra Ti” (Sl. 119:11 ARC).
Guardar a Palavra de Deus em nosso coração é a melhor arma do cristão para se defender contra a invasão do pecado. Isso deveria inspirar-nos a memorizar as Escrituras, mas só isso não nos guardará do pecado, também devemos colocar em prática a Palavra de Deus, fazendo dela um guia vital para tudo o que fazemos.
b) Enchendo-se do Espírito:
Uma outra coisa a ser feita para evitar a embriaguez é encher-se do espírito Santo:
“Não se embriaguem, pois a bebida levará vocês à desgraça; mas encham-se do Espírito de Deus” (Ef 5: 18 NTLH).
Não adianta apenas deixar de fazer aquilo que é errado; precisamos ir além e ainda fazer o que é certo!
Evitar a embriaguez literal e ainda espiritual, ou seja, de esquecer-se do Senhor por conta dos prazeres terrenos, não é suficiente. Precisamos garantir que, mais adiante, o nosso coração não seguirá pelo mesmo caminho que agora estamos evitando.
Então, precisamos nos encher do Espírito Santo. Observem o verbo no imperativo “encham-se”; portanto, Paulo está dando uma ordem aos cristãos para viverem continuamente sob a influência do Espírito Santo, deixando a Palavra controlá-los, buscando uma vida pura, confessando todo pecado conhecido, morrendo pra si mesmos, rendendo-se à vontade de Deus e dependendo do Seu Poder em todas as coisas.
c) Tempo de qualidade:
O relacionamento com Deus envolve intimidade. A Bíblia diz que “a intimidade do Senhor é para os que O temem” (Sl. 25:14 ARA).
Deus oferece sua íntima comunhão aos que O honram e reverenciam, aos que têm por Ele a mais alta consideração e submissão ao Seu caráter. Por isso, não devemos nos aproximar Dele de qualquer jeito, sem o devido conhecimento e respeito necessários.
Há dois momentos em nossa vida espiritual de oração, a adoração pública, congregacional, quando estamos reunidos em comunhão com nossos irmãos, e a relação íntima, a sós, que devemos manter com o Senhor em um ambiente que Jesus denominou de “lugar secreto”. Vejamos:
“Mas você, quando for orar, vá para o seu quarto, feche a porta e ore ao seu Pai, que não pode ser visto. E o seu Pai, que vê o que você faz em segredo, lhe dará a recompensa”. (Mt.6: 6 NTLH).
Observe a expressão que Jesus usou, “quarto”. Além de um quarto privado, significa também “despensa”, um recinto escondido, secreto, que ficava na parte mais íntima da casa, para que os suprimentos ficassem bem protegidos de ladrões e animais selvagens. Essa câmera de provisões não possuía janelas e era a única parte da casa que podia ser trancada. Portanto, é duplamente apropriada para ilustrar o Pai, o Deus Onisciente, que tudo vê o que é secreto, porque ninguém pode entrar nem olhar para dentro.
O Senhor nos conhece profundamente, e somente Ele sabe o que é melhor para nós, e por isso nos oferece uma vida cheia da Palavra de Deus e do Espírito Santo para nos mantermos longe da embriaguez carnal e pecaminosa.
Portanto, não deixe que sua mente e seu espírito fiquem entorpecidos por um viver descuidado, pela embriaguez gerada pelos prazeres deste mundo. Não permita que os cuidados desta vida lhe deixem prostrados e estejam sempre prontos para viver uma vida que agrada a Deus!
Que Deus nos abençoe!