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Juízes 11:29-31
Texto bíblico base:
& 29 Então o Espírito do SENHOR (o Próprio Deus) dominou (capacitou divinamente) Jefté, e ele atravessou Gileade e Manassés e voltou para Mispa, em Gileade. Dali foi para Amom 30 e prometeu (declaração votiva, um voto) ao SENHOR o seguinte: — Se fizeres com que eu vença os amonitas, 31 eu queimarei em sacrifício aquele que sair primeiro da minha casa para me encontrar quando eu voltar da guerra. Eu o oferecerei em sacrifício a ti. (Jz.11:29-31 NTLH)
Várias pessoas me indagaram se eu não iria comentar sobre o sacrifício da filha de Jefté, pois é um assunto muito complicado. A filha de Jefté foi morta em holocausto ou não pelo seu Pai? Como Jefté agiu pela fé em relação à sua filha?
Além do mais, que tipo de votos nós podemos oferecer a Deus? Quando um voto ou promessa feita a Deus é uma tolice? É o voto uma decisão humana que revela incredulidade? Muitos de nós já fizemos promessas a Deus e não as cumprimos? Por que não?
1. Cuidado com as suas decisões, pois elas podem mudar o seu futuro e o de outras pessoas.
Eu li uma história bem trágica em uma revista estrangeira:
Havia quatro amigos, sendo que um deles era piloto de avião. Este prometeu aos seus amigos que chegariam logo em casa voando com ele. Os três estavam muito preocupados com o clima e disseram ao amigo piloto que as condições do tempo não inspiravam confiança, porém, o piloto lhes disse que tudo estava bem e que eles confiassem nele e se acalmassem.
O dia estava nublado e isso não impediu o piloto de decolar. O problema é que ele não tinha treinamento necessário para voar em condições que o impediam de ver o horizonte, mas não disse nada aos outros três.
Enquanto fazia a sua decolagem, ele estava imerso em nuvens. Não sendo capaz de ver o horizonte, ele ficou confuso e vítima de vertigem. De repente, ele não sabia se estava subindo ou descendo, reto e nivelado. A conversa de rádio gravada entre o piloto e a torre, pontuada por sua voz em pânico, indicava que ele estava em apuros.
Logo após essa troca de rádio, o avião mergulhou no chão, matando instantaneamente o piloto e as outras três pessoas a bordo. Foi trágico! Essa tragédia poderia ter sido facilmente evitada. Se o piloto não tivesse decolado, se ele tivesse simplesmente decidido esperar até o momento do esclarecimento, ele e mais três pessoas estariam vivos hoje. O julgamento tolo daquele piloto custou a ele e a seus três amigos suas vidas!
As decisões erradas se devem, na maioria das vezes, à ignorância e ao orgulho. Ninguém deve exercer fé com base na ignorância ou no orgulho pessoal. Nossas atitudes ou decisões podem trazer bênçãos ou tragédias, tanto a nós como a outras pessoas!
Benjamim Franklin, certa vez, disse: “Toma conselhos com o vinho, mas toma decisões com a água.”
& A pessoa orgulhosa (que se eleva ou exalta a si mesma) está a caminho da desgraça, mas a humilde é respeitada (vista como digna). (Pv.18:12 NTLH)
Satanás, nos “Céus”, foi um anjo de grande esplendor e valor, pois, coberto de fulgência ou brilho, conduzia os outros anjos na adoração e louvor a Deus. Todavia, devido ao orgulho e egoísmo, ele tomou a decisão de destronar o SENHOR. O anjo reluzente caiu em desgraça e consigo uma terça parte dos outros anjos foi lançada fora da presença do Deus Todo-Poderoso.
Jesus agiu de modo contrário e, mesmo sendo humilhado, não ousou agir como Deus (ainda que possuísse a natureza divina), mas deu exemplo de lealdade e obediência; por isso, foi honrado por meio da ressurreição e está sentado à direita de Deus Pai nos “Céus”.
Quando eu tomo decisões erradas é porque estou avaliando apenas o que eu quero, o meu bem-estar ou o lucro pessoal, o imediatismo, e desvalorizo o que é mais importante – Deus, Sua direção e propósitos. Não foi justamente isso o que Ló fez? (cf. Gn.13:8-10) Ele não buscou a Deus, mas as terras e um futuro que ele julgava ser melhor para ele, sua família e seus empregados. O resultado foi a tragédia!
Há muitos exemplos na Bíblia de pessoas que tomaram péssimas decisões e destruíram não só a
si mesmos, mas a vida de muitos que viviam à sua volta. Porém, vamos nos ater à tolice de Jefté, ao fazer um voto ou promessa a Deus.
2. O problema que envolve o estúpido voto de Jefté – não permita que a tolice se associe à sua fé!
2.1. Jefté estava tão preocupado com a sua missão, que pouco valor deu à capacitação divina em sua vida. (v.29)
& 29 Então o Espírito do SENHOR (o Próprio Deus) dominou (capacitou divinamente) Jefté (…). (NTLH)
Jefté se preocupou mais com a sua vitória do que pelos motivos ou razões divinas para a mesma. Se ele estava sendo capacitado por Deus, a sua atitude mais correta seria a de confiar e obedecer a Deus, ou seja, agir pela fé (fidelidade e obediência). Porém, lá no fundo da sua alma havia uma dúvida e ele tenta “barganhar” com Deus!
& 30 e prometeu (declaração votiva, um voto) ao SENHOR o seguinte: — SE fizeres com que eu vença os amonitas, 31 eu queimarei em sacrifício aquele que sair primeiro da minha casa para me encontrar quando eu voltar da guerra. Eu o oferecerei em sacrifício a ti. (NTLH)
Com Deus não se faz barganha, pois o que Ele espera de mim e de você é que confiemos Nele e na Sua ajuda. Nada do que prometemos a Ele pode mudar os Seus desígnios, mas os nossos destinos mudam!
2.2. Depois da vitória sobre os inimigos, Jefté voltou para a sua casa e quem ele viu saindo de lá ao seu encontro? (vs.34,35)
& 34 “Quando Jefté voltou para a sua casa, em Mispa, a sua filha saiu ao seu encontro, dançando e tocando pandeiro. Era filha única; ele não tinha mais nenhuma filha ou filho.” 35 Quando Jefté a viu, ficou desesperado, rasgou as suas roupas e disse: — Ah! Minha filha! Você está partindo o meu coração! Por que tem de ser você quem me vai fazer sofrer? Eu fiz uma promessa a Deus, o SENHOR, e não posso voltar atrás. (Jz.11:34-35 NTLH)
2.3. Jefté submeteu a sua filha à morte e ofereceu o seu corpo em holocausto ao SENHOR? (v.31)
& 31 eu queimarei em sacrifício aquele que sair primeiro da minha casa para me encontrar quando eu voltar da guerra. Eu o oferecerei em sacrifício a ti. (NTLH)
2.4. Há duas maneiras de traduzir e interpretar o texto original hebraico do versículo 31, no qual Jefté faz o voto ao Senhor:
- & 31 “eu queimarei em sacrifício aquele que sair primeiro da minha casa para me encontrar quando eu voltar da guerra. Eu o oferecerei em sacrifício a ti.”
- Segunda. Esta é a versão que estudiosos bíblicos dizem ser possível ao termo original do hebraico: & 31 “Se totalmente deres os filhos de Amom na minha mão, aquilo que, saindo da porta de minha casa, me vier ao encontro, voltando eu dos filhos de Amom em paz, isso será do Senhor, eu oferecerei um holocausto a ti.”
Minha opinião é que a segunda é a mais próxima do texto hebraico, devido ao caráter de Deus. A pessoa que saísse da casa de Jefté ao seu encontro seria oferecida por promessa ao Senhor, e, então, a vida dessa pessoa seria perpetuada à obra exclusiva ao Senhor.
A filha de Jefté chora por dois meses a sua vida de castidade. O versículo 34 mostra que foi a filha de Jefté a primeira pessoa que lhe saiu ao encontro
e esta era a única filha dele. Porém, ele não podendo voltar atrás na sua promessa, relatou a ela o que fizera. (v.35) Ela, entendendo a questão, deu-se como um holocausto ao Senhor (v.36). E, de acordo com os próprios versículos posteriores, ela pediu a seu pai que a deixasse vagar e chorar com suas amigas pelas colinas por um período de dois meses, pois jamais sabia que jamais se casaria e teria filhos, dando a seu pai uma descendência.
Deus detestava, proibia e condenava o sacrifício humano, bem como outras práticas pagãs. (cf. Dt.18:9-14; 12:30,31) De modo algum Deus aceitaria tal voto, ou seja, a morte da sua filha! Deus castigou o Seu povo, permitindo que fosse levado cativo pelos assírios pelo fato de sacrificar vidas humanas. (cf. 2 Re.17:16,17)
O holocausto ou sacrifício de uma pessoa imperfeita e pela escolha de outro ser humano não representava a morte futura de Jesus, pois Ele tinha esse plano divino em Sua vida e não lamentou a Sua morte, mas ofereceu a Si mesmo para morrer na cruz. Pela “vontade de Deus”, Jesus (que era perfeito) deu a Sua vida para tomá-la de volta. (cf. Mt.10:28; Jo.10:10; 18; 1 Tm.2:6)
Jefté não era totalmente ignorante às leis de Deus, o que nos mostra que quase certamente ele não sacrificaria uma vida humana como um voto, contrariando a Palavra escrita e a vontade de Deus (como já vimos), pois ele aparece na “galeria dos heróis da fé” de Hebreus 11:32.
A cultura judaica entendia a castidade como sacrifício. Na cultura daquela época, quando uma moça não se casava e era prometida a viver somente para a obra do Senhor, isso era visto como um sacrifício, já que o sonho de uma moça era casar e gerar filhos, assim como o sonho do seu pai era ver sua descendência se multiplicar e crescer forte.
2.5. Jefté cumpre o seu voto ao SENHOR e sacrifica a sua filha à castidade para o serviço da Casa de Deus. (vs39,40)
& 39 Depois dos dois meses, ela voltou para o pai. E ele fez o que havia prometido a Deus. Assim (ao longo da sua vida) ela morreu virgem (nunca chegou a se casar). Daí veio o costume de as mulheres israelitas. 40 saírem durante quatro dias, todos os anos, para chorar pela filha de Jefté, o gileadita. (Jz.11:39,40 NTLH)
3. O que Deus espera de mim é a fé (fidelidade, lealdade) e não barganhas ou comércio.
Eu creio que Deus está sempre dirigindo a minha vida, isto é, se dou a Ele essa permissão! Então, se eu faço uma promessa a Deus, isso é produto da minha fé, do meu profundo relacionamento com Ele ou da minha ignorância teológica ou bíblica?
Geralmente, como ser humano que sou, tenho a tendência de fazer uma promessa a Deus com a expectativa de alguma retribuição. Isso se parece mais com uma relação comercial, em vez de devoção a uma amizade. Promessas a Deus são feitas para reforçar a amizade, a aliança ou a comunhão entre o ser e o Criador.
Eu não negocio a minha amizade com você nem você comigo. Imagine: “Fulano de tal, eu gostaria de ser seu amigo, mas para que essa amizade continue, você poderia se encontrar comigo todas as semanas, às quintas-feiras, e depositar certa quantia na minha conta bancária?” Você acha isso engraçado? Entretanto, isso não é feito por meio de “correntes, campanhas e novenas”?
Eu faço uma promessa que estarei no “culto de libertação”, no dia e hora marcados, para cumprir o meu voto. Isso fortalece a minha amizade com Deus? Isso me torna mais parecido com Jesus? Claro que não! Então, eu estou fazendo um sacrifício tolo! Eu creio em Deus, creio no Seu poder, mas, em vez de andar com confiança no caráter divino, eu estabeleço uma “relação comercial” com Ele: “Eu faço isso e Tu me darás o que eu quero!”
Eu substituo a minha hora devocional, a leitura da Bíblia, minhas orações, meu desejo de fortalecer pessoas no SENHOR por sacrifícios tolos! A sabedoria divina nos diz o seguinte:
& 1 QUANDO VOCÊ ENTRAR no templo de Deus, abra bem os ouvidos 2 e feche bem a boca! Não seja tolo a ponto de pensar que fazer promessas apressadas (tolas, arrogantes, simplórias, estúpidas) a Deus não é pecado. Ele está lá no céu e você cá em baixo, na terra; por isso, fale bem pouco. (Ec.5:1,2 NTLH)
Como cristão, eu devo sempre preferir a obediência a uma tentativa de suborno, pois Deus anseia ver a tanto a fé como a minha obediência, em vez da tolice das minhas promessas.
4. Que eu seja uma pessoa de fé e me esforce para ser obediente, segundo a Palavra de Deus.
Quantos não fazem promessas a Deus quando estão doentes, financeiramente quebrados, enfrentando problemas conjugais ou diante de exames escolares? Eles prometem tudo, como por exemplo, frequência ininterrupta às reuniões, dar dízimos e ofertas, ler a Bíblia em um ano, ajudar os necessitados etc.
Eu conheci pastores que prometeram a Deus, que se Ele enchesse a igreja, dariam todo o seu tempo aos estudos e a uma vida plenamente dedicada ao SENHOR! Vários deles continuam com igrejas pequenas, enquanto outros estão fora dos caminhos de Deus.
Eu devo entender que o meu coração é mau, traiçoeiro e extremamente ganancioso, a ponto de querer armar maquinações, a fim de obter interesses pessoais. Muitas promessas feitas são verdadeiras tentativas de manipulações.
A sabedoria divina ensina que é muito melhor não prometer e fazer alguma coisa do que prometer e depois não cumprir. (cf. Ec.5:5; veja também Dt.23:21-23)
Quando eu enfrento desafios, sou tentado a negociar com Deus, e isso é pecado! Isso revela que não conheço a Deus, Sua voz, Sua direção, Seus propósitos e a minha ignorância sobre que caminho eu estou andando! O profeta Oséias, inspirado por Deus, disse o seguinte:
& “Eu quero que vocês me amem e não que me ofereçam sacrifícios; em vez de me trazer ofertas queimadas, eu prefiro que o meu povo me obedeça.” (Os.6:6 NTLH)
Eu não devo tentar manipular a Deus. Imagine “o imperfeito” (eu) tentando conduzir “Aquele que é Perfeito” em todos os Seus caminhos! Não é uma tolice?
Se eu quiser fazer uma promessa a Deus, que ela exista para fortalecer o meu relacionamento com Ele e os Seus objetivos na Terra, e nunca para os meus benefícios pessoais. Porém, é melhor não fazer promessas a Deus, a fim de não pecar pela falta de palavra.
Que eu confie no chamado de Deus à minha vida e que, humildemente, me disponha a ser aperfeiçoado por Ele em tudo. Que eu procure conhecer a maneira sobre como Ele quer que eu atue em cada circunstância, e não escolha caminhos idiotas, os quais me transformarão em um tolo!
Que eu não cometa o erro de Jefté, o qual, falando demais, roubou a alegria da sua filha e ficou sem descendência. Que eu saiba que o meu futuro é construído por minhas decisões diárias e cada decisão influencia outras pessoas e o meu destino! CUIDADO, POIS A FÉ E A TOLICE PODEM ESTAR ANDANDO JUNTAS! Que eu não seja tolo, mas uma pessoa de fé, disposta a obedecer ao meu SENHOR!
Que Deus nos abençoe!