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O sofrimento humano e os propósitos de Deus – Parte 1

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Jó 1:8

Há semanas, eu tenho compartilhado que nada nos acontece sem a permissão divina. Então, tudo o que ocorre neste mundo não é obra do acaso. Até as maldades que presenciamos não acontecem sem a permissão de Deus, a fim de que Seus planos sejam realizados.

O fato de o SENHOR permitir que o mal se espalhe, não O torna Autor da maldade e do pecado. Em verdade, Deus não constrange (i.e. não violenta) a vontade dos seres humanos, pois deu a eles a liberdade da escolha e da decisão – o livre-arbítrio. Você tem de decidir entre “amá-Lo ou deixá-Lo”, nas diferentes situações da sua vida – nas alegrias ou nas tristezas.

Nós sabemos que tanto a alegria quanto a tristeza fazem parte da vida, mas é óbvio que ficamos mais chocados com os momentos de tristeza, pois ela nos faz sofrer. Então, é necessário que aceitemos o fato de que o sofrimento é inerente à vida humana. Outra coisa muito importante é que nunca conseguiremos obter respostas para todas nossas indagações. Além dessas coisas, Satanás não pode nos afligir com destruição física e financeira sem a permissão de Deus. Deus tem poder sobre o que Satanás pode e não pode fazer.

O livro de Jó trata sobre o que eu acabei de dizer. Nos seus capítulos, aprendemos sobre a vida de um homem que perdeu tudo em questão de horas! O livro mais antigo da Bíblia traz em sua essência a dor humana em todos os seus sentidos. O sofrimento de Jó o atingiu nas seguintes áreas:

  • Psicológica: Jó teve que lidar com a morte dos filhos;
  • Financeira: Jó perdeu tudo o que tinha;
  • Familiar: a mulher de Jó pede para ele amaldiçoar a Deus antes de morrer;
  • Social: os amigos de Jó o criticam e põem em dúvida a sua integridade;
  • Física: Jó ficou coberto de úlceras e com o corpo coberto de pus;
  • Espiritual: teve que lidar com as argumentações teológicas de seus amigos.

1. A proteção de Deus não o isenta de sofrer.

Há aqueles que pensam que a proteção divina os blinda ou os reveste com uma couraça que os protege de todos os males. Todavia, a Bíblia não admite tal pensamento ou crença como verdade.

Outra crença muito comum dentro da igreja é que se uma pessoa for boa, honesta e dedicada a Deus, Ele a livrará de todos os males e adversidades. Essa crença também não se ajusta às verdades que são ensinadas na Palavra de Deus e, portanto, ela é mais um equívoco.

O livro inicia com uma cena no Céu, onde Satanás é indagado por Deus acerca de onde estava vindo. Satanás disse que estava dando uma volta pela Terra. Então, Deus o questionou:

Você notou o meu servo Jó? No mundo inteiro não há ninguém tão bom e honesto como ele. Ele me teme e procura não fazer nada que seja errado. (Jó 1:8 NTLH)

Neste verso, nós aprendemos quem era Jó como pessoa e como servo de Deus, e essa observação descreve a exposição divina sobre a pessoa e a vida de Jó. Entretanto, Satanás, cinicamente, disse a Deus que Jó simplesmente O servia por interesses próprios, pois recebia toda a proteção e bênçãos divinas.

9 Satanás respondeu: — Será que não é por interesse próprio que Jó te teme? 10 Tu não deixas que nenhum mal aconteça a ele, à sua família e a tudo o que ele tem. Abençoas tudo o que Jó faz, e no país inteiro ele é o homem que tem mais cabeças de gado. (Jó 1:9,10 NTLH)

2. O intento satânico é que você rejeite e amaldiçoe o seu relacionamento com Deus.

Satanás fez um desafio a Deus:

Mas, se tirares tudo o que é dele, verás que ele te amaldiçoará sem nenhum respeito. (Jó 1:11 NTLH)

Portanto, Deus concedeu a Satanás a permissão de atacar todas as possessões de Jó e, depois, a sua saúde. (Jó 1:12; 2:6)

Deus sempre declarou que Jó era um homem justo, íntegro, honesto e, mesmo assim, permitiu que ele sofresse todos aqueles horrores.

Jó era um homem justo e Deus permitiu que ele sofresse injustamente, a fim de que a fé de muitos, no futuro, pudesse ser fortalecida pelo seu exemplo. A vida de Jó se assemelha à vida de Jesus, onde o “Justo” sofreu pelos injustos, o “Bom” pelos maus!

Jó recebe a notícia de que seus empregados haviam sido atacados pelos “Sabeus” (descendentes de Sabá ou de Cuxe – etíopes), os quais mataram todos os lavradores e roubaram o gado. (Jó 1:15) Logo em seguida, outro empregado de Jó lhe diz que os “Caldeus” roubaram todos os camelos de Jó e mataram todos os seus empregados. (Jó 1:17)

NOTA: Tanto os “Sabeus” como os “Caldeus” “já” eram ladrões de gado e de camelos. Eles tinham uma raiva invejosa e cobiçosa de Jó. Satanás usa as características desses povos para manipulá-los, a fim de alcançar o seu intento contra Jó e contra Deus. Entretanto, a única coisa que, por anos, os manteve longe dos currais de Jó foi a cerca protetora (a Sua mão poderosa), que Deus colocara ao redor de Jó. Portanto, havia alguma harmonia (ou respeito) entre Jó e esses dois povos e Satanás. Finalmente o Diabo conseguiu colocar na mente dos dois povos a visão do caminho aberto e o desejo de atacar as terras de Jó, para roubar todo o seu gado e camelos.

Além dessas notícias, Jó recebe a informação de que a casa, dentro da qual seus filhos e filhas estavam, desabou sobre eles e os matou! (Jó 1:18,19) Depois que Jó ficou coberto de feridas infecciosas (Jó 2:7), então, a sua esposa lhe pediu para amaldiçoar a Deus antes de morrer! (Jó 2:9)

A resposta de Jó demonstra o seu amor, sua submissão e sua fé (fidelidade) a Deus:

Você está dizendo uma bobagem! Se recebemos de Deus as coisas boas, por que não vamos aceitar também as desgraças? Assim, apesar de tudo, Jó não pecou, nem disse uma só palavra contra Deus. (Jó 2:10 NTLH)

Tudo o que Satanás queria era que Jó amaldiçoasse a Deus e O rejeitasse. Satanás conseguiu manipular a mente dos “Sabeus” e dos “Caldeus”, mas não conseguiu seduzir Jó a se afastar do SENHOR!

3. Deus permite o sofrimento com propósitos elevados.

Deus está por trás de todos os seus dramas e, ao permitir a sua dor, saiba que Ele tem objetivos eternos. Jó sofreu tudo o que já vimos pela “permissão” de Deus. Mas o “propósito” divino era defendê-lo das acusações injustas de Satanás, bem como justificar a sua própria vida dedicada a Deus.

Você e eu não podemos deixar de considerar os propósitos e desígnios de Deus em toda a situação de Jó. A vida justa de Jó não lhe dava o direito de exigir ou determinar que Deus sempre guardasse os seus bens.

Nós devemos nos lembrar de que Jó era um pecador. Ele não tinha direito de posse eterna daqueles camelos. Todas as coisas que Jó possuía eram dons da graça de Deus à sua vida e o SENHOR tinha o direito sobre a vida e as posses de Jó, a fim de realizar Seus planos e propósitos santos.

É importante notar que Deus agiu corretamente, enquanto Satanás e os povos que ele usou para prejudicar Jó agiram com maldade.

4. Cuidado com os que prometem o que Deus não promete.

Há muitos pregadores que prometem em suas falas sobre a tal da “restituição em dobro”! Deus não é obrigado a devolver o que você ou eu perdemos. Ele fez isso com Jó, mas não fez com o apóstolo João, Paulo, Estevão e, talvez, não faça com você!

O sofrimento de Jó não tinha como objetivo a disciplina, mas defendê-lo e mostrar um homem exemplar, que sofreu duramente sem merecer, sem entender as razões do seu sofrimento, mas que não perdeu a sua fé em Deus.

Como pode ser disseminada a crença que um cristão, sem nenhum compromisso com as exigências de Jesus, deve ingressar em tal “Campanha da Vitória” para obter a “restituição em dobro” de tudo o que perdeu? Que falta de conhecimento bíblico e de conversão, tanto da pessoa como de quem está pregando para ela!

Eu quero terminar lendo as palavras de Jó:

“Pois eu sei que o meu defensor vive; no fim, ele virá me defender aqui na terra.” (Jó 19:25 NTLH)

Que Deus nos abençoe!

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