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Texto base:

Gênesis 45:4-8

4 E José disse: — Cheguem mais perto de mim, por favor. Eles chegaram, e ele continuou: — Eu sou o seu irmão José, aquele que vocês venderam a fim de ser trazido para o Egito. 5 Agora não fiquem tristes nem aborrecidos com vocês mesmos por terem me vendido a fim de ser trazido para cá. Foi para salvar vidas que Deus me enviou na frente de vocês. 6 Já houve dois anos de fome no mundo, e ainda haverá mais cinco anos em que ninguém vai preparar a terra, nem colher. 7 Deus me enviou na frente de vocês a fim de que ele, de um modo maravilhoso, salvasse a vida de vocês aqui neste país e garantisse que teriam descendentes. 8 Portanto, não foram vocês que me mandaram para cá, mas foi Deus. Ele me pôs como o mais alto ministro do rei. Eu tomo conta do palácio dele e sou o governador de todo o Egito. (Gn.45:4-8 NTLH)

Estamos no término de mais um ano, no qual vivenciamos meses de grandes dificuldades e perdas. Pessoas perderam entes queridos, amigos, negócios, empregos e a liberdade, devido ao surgimento de uma pandemia. Por acaso, nós temos razões para comemorar o fim deste ano e o início do “Ano Novo”?

Eu ouvi uma declaração que ficou reverberando em minha mente ao longo da semana. A frase é a seguinte: “Celebrar o quê? Há alguma razão para celebrarmos o fim deste ano e o início do Ano Novo?”. Eu pensei e indaguei a mim mesmo: por qual razão a pessoa está pensando desse modo? A razão do seu pensamento é porque a sua mente e o seu olhar estão fixados em tudo o que de ruim aconteceu ao longo do ano. Esse pensamento está em quem não consegue enxergar os acontecimentos sobre a Terra, à luz da perspectiva dos olhos de Deus, ou dos Seus propósitos eternos.

O nosso texto base fala de um jovem chamado José que, por razões de ódio e inveja por parte de seus irmãos, foi vendido a uma caravana que se dirigia ao Egito, onde foi comprado por Potifar, um membro importante da corte do Faraó, para ser seu escravo.

No nosso texto base, vemos José, já Governador de todo o Egito, celebrando a mão invisível de Deus na história da sua vida, juntamente com os seus irmãos. Ele compartilhou com serenidade a reinterpretação que fez do seu passado em relação ao futuro dos seus dias, à luz da soberania divina. Ele comemora a sua condição de poder ajudar e salvar pessoas, assim como compartilhar as ações de Deus, que aos olhos humanos são misteriosas, mas poderosas para realizar os Seus propósitos sobre a Terra.

Entretanto, o que José agora podia compreender e ver no que se refere aos propósitos de Deus, ele não os discernia nos seus dias de grandes aflições. Contudo, ele sempre se manteve fiel a Deus, confiante Nele e pronto para fazer a vontade de Deus, a fim de fortalecer e abençoar seu próximo.

1. Nem sempre o que Deus faz é compreensível àqueles que O amam, mas estes se mantêm fiéis e confiantes Nele

Houve um momento em que José só via o ódio e as injustiças que sofreu e não conseguia discernir a mão de Deus sobre a sua vida. Ele estava encarcerado injustamente em uma prisão egípcia e, certa vez, por revelação divina, disse a outro preso que este recuperaria a sua liberdade em três dias e lhe pediu o favor de interceder por ele junto ao rei (Faraó), assim que estivesse em liberdade. Observemos as suas palavras:

14 Porém, quando você estiver muito bem lá, lembre de mim e por favor tenha a bondade de falar a meu respeito com o rei, ajudando-me assim a sair desta cadeia. 15 “A verdade é que foi à força que me tiraram [i.e. fui roubado, raptado, levado à força] da terra dos hebreus e me trouxeram para o Egito; e mesmo aqui no Egito não fiz nada para vir parar na cadeia.” (Gn.40:14,15 NTLH)

O texto nos mostra José narrando ao prisioneiro sobre os seus infortúnios, sem nenhuma noção dos planos de Deus para a sua vida. O seu presente injusto era o futuro do seu passado, o tempo em que sofreu tremendas injustiças (de ódio e inveja) por parte de seus irmãos. No Egito, ele foi acusado injustamente de assédio sexual pela esposa de Potifar. Mais uma vez eu digo que o seu presente era o futuro de uma injustiça do passado. Injustamente, foi levado à força para o Egito e injustamente, foi colocado na prisão.

Humanamente falando, no coração de José não havia nada para se comemorar, pois ele havia perdido a companhia de seus pais, o conforto da sua casa, sua família, suas terras e a liberdade! Em sã consciência, o que ele poderia comemorar?

Para José, a sua história era de inveja, ódio, rapto e injustiças. Em meio a tanta aflição, como ele poderia discernir a mão divina nos bastidores da sua vida? Ele estava em uma condição que não escolheu, mas, mesmo sem entender toda a situação, preferiu confiar em Deus e não permitiu que a amargura tomasse o lugar da sua fé ou fidelidade a Deus. Ele vivia com os seus olhos focados na misericórdia e na justiça divina, mas sem a compreensão de tudo.

A sabedoria divina nos ensina o seguinte:

Deus marcou o tempo certo para cada coisa. Ele nos deu o desejo [i.e. a vontade, a determinação pessoal] de entender as coisas que já aconteceram e as que ainda vão acontecer [i.e. o passado e o futuro, o princípio e o fim de tudo, a eternidade], porém não nos deixa compreender completamente o que ele faz [i.e. no princípio e no fim]. (Ec.3:11 NTLH)

2. O presente é o futuro de um passado que deve ser reinterpretado à luz dos propósitos de Deus

Nós podemos encontrar exemplos atuais, tanto de homens quanto de mulheres que souberam compreender no tempo presente o que lhes aconteceu no passado. Entretanto, nem todos eles conseguiram entender o chamado divino para suas vidas e deixaram este mundo sem darem um testemunho público de terem entregado suas vidas a Cristo, a fim de obedecerem a Deus.

Eu gostaria de usar o exemplo de Steve Jobs. Ele fez um discurso na Universidade Stanford (2005), no qual disse ter sofrido três golpes esmagadores em sua vida: (1) foi retirado da faculdade; (2) foi despedido da Apple (empresa fundada por ele) e (3) sendo diagnosticado com câncer.

Como veremos, Steve declarou que cada um desses golpes o levou para algo importante e positivo:

  • Ao sair da faculdade, Steve disse que iniciou um curso de caligrafia, o qual o inspirou a inserir em seus primeiros computadores um estilo de fontes mais elegante, que só existiam em impressores profissionais.
  • Contou que, ao ser despedido da Apple, começou uma nova empresa de computador: a NeXT. Nessa empresa, ele desenvolveu capacidades tecnológicas, as quais foram levadas para a Apple. Além do mais, ele adquiriu outra empresa, a Pixar Animation, o estúdio mais criativo de filmes de animação para computador.
  • Relatou que o diagnóstico de câncer o levou a entender o seguinte: “Seu tempo é limitado; portanto, não o desperdice vivendo a vida de outra pessoa.”

Steve Jobs soube fazer uma releitura de tudo o que lhe ocorreu no passado, para se reerguer no futuro com coragem e ânimo; porém, ele não compreendeu que os seus dias estavam planejados ou escritos no livro de Deus, segundo o que podemos aprender no Salmo 139:16. Ele não compreendeu que tudo o que passou foi para que vivesse em Cristo e glorificasse a Deus.

Como exemplo de alguém que soube reinterpretar o seu passado à luz dos propósitos de Deus, nós encontramos José, que disse aos irmãos:

6 Já houve dois anos de fome no mundo, e ainda haverá mais cinco anos em que ninguém vai preparar a terra, nem colher. 7 Deus me enviou na frente de vocês a fim de que ele, de um modo maravilhoso, salvasse a vida de vocês aqui neste país e garantisse que teriam descendentes. 8 Portanto, não foram vocês que me mandaram para cá, mas foi Deus. Ele me pôs como o mais alto ministro do rei. Eu tomo conta do palácio dele e sou o governador de todo o Egito. (NTLH)

3. Não permita que o passado o domine, mas viva o futuro caminhando com Deus no presente

Nossas mentes aceitam com certa racionalidade o passado e o futuro, mas o mesmo não acontece com o presente, pois ele é sempre pior. Quando queremos entender o passado, que observemos nossas vidas no presente pelo nosso comprometimento com Cristo e, por meio Dele, saberemos construir o futuro com a sabedoria divina.

José abençoou o Egito com a sua administração, o que quer dizer que ele beneficiou todas as pessoas ao seu redor. José perdoou as maldades de seus irmãos e os acolheu, dando a eles as melhores terras do Egito. José salvou pessoas e deu o seu testemunho pessoal a todos sobre a grandeza de Deus!

Em relação a este mundo, não há muito que comemorar, mas podemos celebrar a nossa fé e comunhão com Deus. Nós estamos sendo uma bênção às pessoas? Estamos aprendendo a perdoar os que nos ofendem? Estamos acolhendo pessoas que estão à procura de respostas e conduzindo-as a Deus, por meio de Cristo? Estamos vivendo para a Glória de Deus?

Caso estejamos vivendo desse modo e a exemplo de José, por que não comemorarmos mais um ano de vitória espiritual, moral e de serviço ao Reino de Deus? José não permitiu que o passado o dominasse, mas viveu o seu futuro caminhando com Deus no seu presente. Por esta razão, ele conseguiu discernir a mão invisível de Deus sobre a sua vida.

Mesmo em meio às aflições, ele continuou sendo obediente aos preceitos divinos e nunca deixou de obedecê-Lo. Em vez de se amargurar, José decidiu ser obediente e olhar para a Eternidade. Que nós sigamos o seu exemplo e façamos o mesmo!

Nós chegamos até aqui com a ajuda do SENHOR! (1 Sm.7:12) Talvez, não compreendamos tudo sobre as razões de tantos sofrimentos, mas que sejamos submissos e obedientes a Deus! No momento certo e estabelecido por Deus, seremos honrados, porque nos Seus propósitos está o futuro do nosso passado!

Portanto, sejam humildes debaixo da poderosa mão de Deus para que ele os honre no tempo certo. (1 Pe.5:6)

Que Deus nos abençoe!

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