Salmos 19:1
Texto base:
O céu anuncia a glória de Deus e nos mostra aquilo que as suas mãos fizeram. (Sl.19:1 NTLH)
Eu pretendo compartilhar com você uma curta série de meditações, nas quais poderemos obter a claridade sobre onde percebemos a realidade e a Pessoa de Deus. O SENHOR quer e precisa ser notado ou percebido por todos nós, pois essa percepção nos leva a permanecer Nele, a vencermos uma guerra entre o que útil e inútil, a respeitá-Lo e a sermos amados e abençoados por Ele.
1. Deus é percebido em toda a Sua criação
Olhe para tudo o que Ele criou, para a natureza, mas não a tenha por Deus, como fazem os panteístas, que divinizam elementos naturais como o vento, a água, o fogo, os animais e muito mais. Deus é o Criador da natureza e a criou para Se revelar por meio dela.
Davi declarou esta verdade:
O céu [i.e. o Universo] anuncia [i.e. relatando, narrando, contando exatamente] a glória de Deus e nos mostra aquilo que as suas mãos fizeram [i.e. prova a capacidade que Deus tem para criar as coisas]. (Sl.19:1 NTLH)
A natureza não é produto do acaso ou da sorte. Pelo contrário, por si mesma, ela revela a existência de uma “causa anterior”, que é Deus, o Criador. A natureza é uma expressão do poder de Deus e ela glorifica o Criador. Os Salmos 104, 148 e 150 exemplificam bem isso.
Essas palavras estão no tempo presente, isto é, o “céu” (todo o Universo) “anuncia” (está constantemente anunciando) a obra criadora de Deus. Portanto, é uma exibição contínua. O que vemos na natureza é para nos mostrar constantemente que Deus existe e nos dizer quão poderoso e maravilhoso é o Criador.
Toda a criação divina é um trabalho deliberado (intencional, decidido, premeditado, proposital) e inteligente; por isso, essa verdade lança fora o argumento da casualidade, aleatoriedade ou sorte. A humanidade estuda o Universo e toda a natureza, porque ela lhe traz informação e a informação sempre é um produto da inteligência. Portanto, sempre que vemos um arranjo de coisas que exibe informações, reconhecemos que foi o trabalho de uma mente, não um mero acaso.
Quanto mais aprendemos sobre o Universo, mais claramente podemos ver a obra de Deus. Um exemplo perfeito disso é a cosmologia (Ciência que trata das leis gerais que regem o Universo) moderna do “Big Bang”. Antes desta teoria, cientistas e ateus acreditaram que o Universo era eterno. A combinação das teorias de Einstein e os avanços da física deixaram claro que, na verdade, o Universo realmente teve um “começo”.
A princípio, essa ideia foi rejeitada pelos cientistas como sendo teologia, não ciência. Com o tempo, no entanto, tornou-se impossível negá-la. O fato de que o Universo “começou” é algo que podemos claramente ver quando observamos os céus e o firmamento – exatamente como diz o Salmo 19:1.
2. A falta de percepção de Deus na criação gera conflitos e confusões mentais
Tudo o que Deus fez é bom. (Gn.1:10,12,18,21,25,31) O termo “bom” tem um significado muito amplo: tudo o que Deus criou é excelente, agradável, rico, apropriado, útil, traz benefícios, felicidade e de boa compreensão. Em comunhão com Deus, o homem era capaz de ver a bondade e a Glória divina em toda a criação.
Após terem se afastado de Deus, Adão e Eva perderam a pura comunhão com Deus por causa da desobediência. O conhecimento que possuíam da Glória divina, expressada pela natureza, no Éden, teria agora que ser alcançada pelo esforço do intelecto (pela análise, investigação, ciência, raciocínio), até chegarem à fé e viver por meio dela, como está escrito em Hebreus:
É pela fé que entendemos [i.e. pelo uso do intelecto, do raciocínio, da percepção mental] que o Universo foi criado pela palavra de Deus (Deus é a causa) e que aquilo que pode ser visto foi feito daquilo que não se vê (a criação é o efeito). (Hb.11:3 NTLH)
Depois da queda, o homem passou a “duelar” com a natureza, a fim de retirar dela o que lhe era útil e agradável. O plantio era uma guerra contra o solo e que exigia inteligência, esforço e muito “suor” humano (Gn.3:19).
Para que se obtenham resultados satisfatórios na lavoura, informações precisam ser obtidas acerca da semente, do solo, das estações e dos equipamentos usados para a lavoura. Depois de tudo isso, é necessário que se tenha fé em Deus, que Ele enviará chuva e sol em boa medida! (Sl.104:10-17)
Depois do pecado, tudo virou um assunto de guerra ou de muita luta para o ser humano. A perda da comunhão com Deus trouxe ao mundo um espírito de insegurança, inimizades e um clima de conflito ou guerra em todos os âmbitos da vida humana. Por exemplo:
- O aprendizado é uma guerra, pois quando estamos diante da Bíblia (ou de qualquer outro livro) para adquirirmos conhecimento, precisamos guerrear contra o desânimo defronte aos textos e crer que eles nos serão úteis no futuro, de alguma maneira.
- Engrandecermos a Deus, tê-Lo em primeiro lugar em nossas vidas e expressarmos a Sua glória é uma guerra contra o nosso orgulho, egoísmo e interesses pessoais.
- Vivermos uma vida de fidelidade a Deus (ou pela fé Nele) é uma guerra entre o prazer pela santificação (uma vida dedicada ao Seu serviço) e os prazeres terrenos.
- Darmos crédito e veracidade à Palavra de Deus é uma guerra contra as filosofias humanas instaladas em nossas mentes.
- Aceitarmos que o mundo em que vivemos jaz no Maligno e a vida elevada, a pureza e a glória (o esplendor, a grandeza) de Deus é uma guerra em nosso íntimo.
- Crer na volta de Jesus e na Eternidade é uma guerra contra a ideia e a sensação de que a Terra é o nosso paraíso.
- O receio de um encontro sincero com Deus, por meio de Jesus, é uma guerra entre o medo de nos depararmos com a Verdade e a falsa satisfação de permanecermos na mentira.
O tempo todo nós estaremos nessa guerra, entre a fé e a incredulidade; entre a obediência e a rebeldia em expressar a imagem e a semelhança de Deus ou a suficiência humana; entre a Verdade e a mentira. É uma guerra invisível, espiritual e também psicológica, pois muitos rejeitam a Deus pela razão de vê-Lo como o “inimigo” dos seus prazeres mundanos.
De acordo com o sentimento do apóstolo Paulo, com lágrimas nos olhos, ele afirmava que havia muitos que andavam pela estrada cristã, mas que na realidade eram inimigos da mensagem da cruz de Cristo. (Fp.3:18)
A não percepção de Deus na criação faz com que o ser humano deixe de ser agradecido a Deus, distorça e rebaixe a Sua glória, o poder que é devido somente a Ele, tornando-se tolo e confuso, por causa de sua mente vazia e coberta de escuridão. (Rm.1:18-32)
3. A falta de percepção de Deus na criação é a causa de todo tipo de idolatria, perversidades e desregramentos
O apóstolo Paulo disse o seguinte:
Desde que Deus criou o mundo, as suas qualidades invisíveis, isto é, o seu poder eterno e a sua natureza divina [i.e. as ações visíveis da Sua Glória], têm sido vistas claramente. Os seres humanos podem ver tudo isso nas coisas que Deus tem feito e, portanto, eles não têm desculpa nenhuma. (Rm.1:20 NTLH)
Em outras palavras, nós poderíamos entender o verso bíblico desse modo: desde os primeiros tempos, os homens viram a Glória divina ao observarem a Terra, o Universo e tudo o mais que Deus fez. A Sua existência e o Seu grande e eterno poder se tornaram conhecidos. Portanto, quando estiverem diante de Deus, no Dia do Juízo, eles não terão como se desculpar por não terem usado o intelecto (o raciocínio) por não terem crido no Criador.
Deus revelou o suficiente de Si mesmo na natureza de tal forma que ninguém tem uma desculpa para rejeitá-Lo ou para fazer o que está errado.
Precisamos da ciência para explorar o mundo ao nosso redor. Quanto mais aprendermos sobre esse mundo, mais glória nós daremos a Deus. Quanto mais descobrirmos, mais evidências nós teremos de que Ele é o Único responsável pela criação da natureza e suas leis.
Nós precisamos da Bíblia e da fé pessoal em Cristo para termos um relacionamento adequado com Deus, pois basta que olhemos honestamente para o mundo ao seu redor, a fim de percebermos que Deus existe e que pode ser percebido ou notado.
Quanto mais O notamos, mais O admiramos e quanto mais O contemplamos, mais O tememos. Quanto mais O respeitamos, mais prazer nós temos em cooperar com Ele no que concerne aos Seus propósitos eternos!
Sejamos perseverantes, “a Deus demos Glória com grande fervor” e não desprezemos a Sua nova criação, a qual foi por Ele realizada em nossas vidas, em Cristo (2 Co.5:17; Ef.2:10; Gl.6:15), até que, segundo o apóstolo João, sejam criados novos céus e uma nova Terra, para que nela habitem os que foram ressuscitados em Jesus Cristo!
Então vi um novo céu [i.e. um novo Universo] e uma nova terra. O primeiro céu e a primeira terra desapareceram, e o mar sumiu. (Ap.21:1 NTLH)
Que Deus nos abençoe!