Texto Base:
Mas Deus nos ensina por meio do sofrimento e usa a aflição para abrir os nossos olhos. (Jó 36:15 NTLH)
O mundo em que vivemos é cheio de adversidades e aflições. Quando nos encontramos aflitos, para onde devemos olhar? Geralmente, olhamos para a solução ou livramento. Entretanto, quando não encontramos caminhos tanto para a solução como para um livramento, procuramos muitas vozes de conselheiros, pois assim é que aprendemos pela Bíblia.
Sem conselhos os planos fracassam, mas com muitos conselheiros há sucesso. (Pv.15:22)
Todos nós desejamos o sucesso, mas como avaliamos as palavras dos conselheiros que escolhemos? Por que os procuramos? Para que, de algum modo, eles nos ajudem a enxergarmos algo, mas o quê? Para onde eles conduzem o nosso olhar? Para as soluções e livramentos simplistas ou eles cooperam com Deus para que nossos olhos sejam abertos ao que precisamos observar?
A Palavra de Deus diz que Ele faz o Sol brilhar tanto sobre os bons como aos maus, assim como as chuvas. Todos nós gostamos e precisamos do Sol, pois os seus raios são essenciais à nossa saúde, mas não queremos que as explosões solares atravessem a nossa atmosfera e nos causem problemas. Do mesmo modo, precisamos das chuvas, mas não pedimos a Deus que nos envie dilúvios!
Sempre pedimos a Deus que nos livre de intempéries, tanto climáticas como das adversidades do dia a dia, pois ninguém quer sofrer! Podemos até aceitar algumas pequenas provações, para depois falar sobre como elas agiram a nosso favor, mas nós não imploramos por uma dor que venha alterar nossas vidas.
Nós clamamos a Deus que nos livre desses momentos de pressão, pedimos alívio, resgate e libertação, embora saibamos que os sofrimentos vêm a todos os seres humanos. Ninguém acorda e se dirige a Deus pedindo situações agonizantes e perdas profundas, mas elas surgem!
O nosso texto base nos ensina uma grande verdade: “Deus nos ensina por meio do sofrimento e usa a aflição para abrir os nossos olhos.” Qual é o sentido claro destas palavras?
“Deus tem uma maneira de agir: por meio do sofrimento, Ele educa o sofredor a ter os seus olhos abertos à realidade.”
Esse ensinamento nos parece plausível ou aceitável? Como a aflição pode abrir os nossos olhos à realidade, tanto pessoal como global? Na verdade, tudo o que queremos é a libertação do que está nos incomodando! No entanto, nem sempre Deus nos livra de passarmos por aflições, mas, em meio a elas, Ele abre os nossos olhos para a Sua Palavra, a fim de que confiemos na Sua Sabedoria.
- Em meio a muitas vozes, confie na Palavra de Deus e não a trate com desprezo
Quando estamos sob pressões ou aflições, nós vivemos rodeados por muitas vozes e cada uma delas nos fala sobre caminhos distintos. Vivemos a nossa dor sob muito “ruído confuso”! Ouvimos tudo, mas não encontramos sentido e uma esperança viva. Nas situações dolorosas, somos estimulados a buscar soluções e livramentos e nunca algum significado em relação ao trabalho de Deus em nossas vidas.
A Bíblia foi escrita para que o ser humano conhecesse o caráter, a grandeza e os propósitos de Deus em todas as situações da vida. Ela, a Bíblia, deve ocupar o primeiro lugar na lista de nossas leituras e meditações. A meditação bíblica tem o sentido de compararmos a verdade divina com nossos procedimentos usuais. Por exemplo:
- Eu aprendo na Bíblia que devo pensar nas coisas do “Alto” e não nas que são da Terra, pois estou em Cristo e Ele é a minha vida verdadeira (com o caráter da Verdade). Jesus sempre me leva à verdade divina (Cl.3:2-4). Então, eu medito: Pois bem, para eu pensar mais nas coisas do “Alto” do que nas da Terra, eu preciso avaliar a minha comunhão com Cristo e se por meio Dele estou conhecendo melhor o caráter, a grandeza e os propósitos de Deus para a minha vida. Eu estou praticando algo que não vem do “Alto” (de Deus)? Eu estou praticando a Verdade ou a mentira? Os versos 5 e 6 do Colossenses 3 me dão uma breve lista de atitudes por meio das quais posso ser castigado ou disciplinado por Deus. Em suma, a meditação deve me levar a contrastar o que Deus espera de mim com a influência mundana sobre a minha mente. Repare que o foco não está no problema, mas no meu relacionamento com Deus e, quando oro para me ajustar com o Criador, Ele irá me ajudar a enfrentar a situação aflitiva com a Sua força e orientações (vd. Mt.6:33).
Quando eu fico preocupado em ouvir muitas vozes, isso significa que estou desprezando a voz que realmente deveria buscar, isto é, a voz de Deus, a Palavra de Deus, a Bíblia! As vozes da Terra sempre procurarão fazer com que eu encontre alguma solução para o meu bem-estar terreno e estarão sempre recheadas de clichês, princípios mundanos e métodos sedutores.
Por outro lado, as coisas do “Alto” (a Palavra de Deus), conduzirão a minha vida a uma condição de harmonia e amizade com o Criador, a fim de que eu não seja desaprovado por Ele e receba toda a Sua ajuda. Este é o verdadeiro passo de fé!
Eu não estou afirmando que não precisamos de pessoas boas ao nosso lado e que nos dêem orientações aceitáveis. Contudo, nós, como cristãos, precisamos de pessoas que nos ajudem a discernir entre a verdade e o engano, entre os propósitos de Deus e os nossos interesses mesquinhos ou terrenos.
Nós precisamos de pessoas sábias que nos ensinem a crescer e amadurecer em Cristo e a praticarmos os Seus ensinamentos nas diferentes situações do nosso dia a dia, a fim de mantermos a nossa harmonia com Deus. Nós precisamos de conselheiros prudentes!
- Conselheiros prudentes são necessários nas aflições
A sabedoria divina nos diz o seguinte:
Um governo onde faltem homens sábios [i.e. a falta de homens prudentes e instrutores segundo o modo como Deus vê vida] destrói uma nação, mas se há conselheiros prudentes o povo vive em segurança [i.e. há o livramento divino]. (Pv.11:14 NTLH)
Então, de acordo com o que acabamos de ler e trazendo para o lado pessoal, nós só viveremos seguros quando formos instruídos pela verdadeira sabedoria, a qual nos dá o conhecimento dos propósitos divinos nas situações, e aprendermos a viver nelas com obediência e prudência.
No entanto, muitos confundem a prudência como sendo um sinônimo do medo ou timidez. Outros confundem a prudência com a esperteza, isto é, a ocultação dos seus interesses escusos, a fim de usar as pessoas para ganhos pessoais. Este tipo de gente vive para “enrolar” os outros.
A prudência serve para que não nos desviemos da presença de Deus, da Sua sabedoria e dos Seus propósitos, os quais nos ajudarão a discernir tanto a vida como os momentos que nela passamos. Quando somos prudentes com a finalidade de agradar a Deus, viveremos com um sentimento de segurança interior – confiança, fé.
- A sua insegurança revela que lhe falta uma voz de sabedoria que o ensine a viver
A insegurança é um sentimento de quem se sente desamparado e desprotegido. Quando nos sentimos assim em relação a Deus, nós estaremos propensos a procurar muitas vozes, inclusive as imprudentes! Não temamos os conselheiros prudentes, os quais, por meio dos seus conselhos bíblicos, nos ajudam a observar se estamos apenas buscando o que desejamos e tratando com desleixo os princípios da Palavra de Deus.
Em tempos de aflição, ao ouvirmos um conselheiro prudente, aceitemos o fato de que ele tanto nos corrigirá como nos instruirá à vida com Deus e não inventará métodos sedutores, os quais colocam em primeiro lugar somente o que desejamos (vd. Mt.6:33). A sabedoria divina declara:
As suas instruções são uma luz brilhante, e a sua correção ensina a viver. (Pv.6:23 NTLH)
- Na aflição, Deus o chamará para perto Dele, para a Sua Palavra e à Sua sabedoria
A aflição deve nos conduzir a Deus, porque sabemos e observamos que tudo neste mundo está desmoronado. O nosso mundo está sendo arruinado a cada dia e não haverá vozes que o conserte. Nada está acontecendo como deveria ser, pois o pecado, o orgulho, o egoísmo e os interesses pessoais estragaram tudo e toda a criação está gemendo! (Rm.8:22-25)
O Salmo 119 nos mostra que a aflição pode tornar a Palavra de Deus mais eficaz em nossas vidas:
66 Dá-me sabedoria [i.e. o bom juízo, a Tua maneira de enxergar a vida] e conhecimento [i.e percepção, discernimento, compreensão, habilidade], pois confio nos teus mandamentos. 67 Antes de me castigares, eu andava errado, mas agora obedeço à tua palavra. (Sl.119:66,67 NTLH)
O salmista expressa o seu desejo pela sabedoria e o conhecimento após ter passado pela aflição. Ele entendeu que a Palavra de Deus abriu os seus olhos, a fim de adquirir sentido e esperança, ao enfrentar as suas aflições. Ele teve os seus olhos abertos para Deus, à Sua Palavra e a uma vida de obediência ao Criador.
Ele entendeu que a sua vitória se daria por meio de uma vida de comunhão e respeito ao Criador, bem como a tudo o Ele diz. O salmista disse que confiava nas ordens divinas e, deste modo, superaria a sua insegurança!
Repare o que ele diz a seguir:
Foi bom que eu tivesse sido castigado [i.e. afligido, humilhado, sentir-me menosprezado], pois assim aprendi os teus mandamentos [i.e. fui ensinado, treinado a colocar os Teus mandamentos em prática]. (Sl.119:71 NTLH)
Portanto, tomemos cuidado, pois os nossos olhos podem se abrir para conselheiros fraudulentos, os quais nos estimulam a buscar o que é do nosso interesse e a vivermos na esfera do orgulho, egoísmo e desejos pessoais.
Que nós permitamos que o Espírito de Deus abra os nossos olhos para a Sua Palavra, pois ela é toda a sabedoria divina que nos ensina a viver nas diferentes situações. É por meio da prática dos princípios da Palavra de Deus que nos sentiremos completamente satisfeitos, que alcançaremos o sentido de nossas vidas e teremos uma esperança viva nas promessas divinas para a Vida Eterna!
Que Deus nos abençoe!