João 2:3-5
Texto Base:
3 Quando acabou o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: — O vinho acabou. 4 Jesus respondeu: — Não é preciso que a senhora diga o que eu devo fazer. Ainda não chegou a minha hora. 5 Então ela disse aos empregados: — Façam o que ele mandar. (João 2:3-5 NTLH)
Vamos ler o mesmo texto, no qual eu acrescento alguns comentários:
3 Quando acabou o vinho, a mãe de Jesus lhe disse [i.e. tentando exercer a sua autoridade de mãe sobre Jesus, intimou-O a trazer alguma solução]: — O vinho acabou. 4 Jesus respondeu: — Não é preciso que a senhora diga o que eu devo fazer. [i.e. Eu não devo fazer o que “a senhora” determina, pois…] Ainda não chegou a minha hora [i.e. é Deus Quem determina o momento certo para que Eu realize milagres]. 5 Então ela disse [i.e. aconselhou com veemência ou voz de comando] aos empregados: — Façam [i.e. estejam prontos para agir conforme] o que ele mandar [i.e. “sigam à risca as Suas orientações ou o modo como tudo deve ser feito”].
1. O casamento em Caná serve de comparação à união que existirá entre Cristo e Sua Igreja na Eternidade
- Um casamento, na época de Jesus, tinha algumas particularidades culturais
Ele tinha a duração de vários dias. Nele, diferente do Ocidente, a noiva não era o destaque, mas o noivo, que juntamente com a sua família, custeavam toda a celebração. A falta de alimentos e vinho era motivo de vergonha ao noivo, à sua família e uma desonra aos convidados. Por isso, um dirigente era contratado para organizar a festa e calcular o consumo, a fim de que tanto o noivo como a sua família não fossem humilhados pelos participantes da festa.
Além dessas coisas, em um ambiente rural era comum que amigos e conhecidos da família aparecessem para cumprimentar o noivo e acabavam permanecendo na festa. Impedir a entrada deles também era motivo de desonra à família. Portanto, o cálculo do consumo de alimentos e vinho deveria atender tanto aos convidados como aos amigos e conhecidos.
- No Reino de Deus, o destaque é Cristo (o Noivo) e não a Igreja (a noiva de Cristo)
No Reino de Deus, tanto a Igreja como seus métodos e estilos de reuniões não devem se sobressair à Pessoa e aos objetivos de Jesus. (Apocalipse 3:17,18) Jesus decidiu estar naquele casamento e iniciar os seus sinais naquela festa, porque aquele evento significava a união perene, que acontecerá na Eternidade, entre Cristo e a Igreja. (Apocalipse 19:7-9)
O dirigente dessa celebração será o Próprio Deus, o Pai do “Noivo” e nela, tanto “amigos” como “conhecidos” serão impedidos de participarem dessa união, mas somente os que se esforçaram para fazer a vontade de Deus. (Mateus 7:21-23) Nessa celebração eterna haverá abundância de vida. (João 10:10; Salmos 23:1,5,6)
2. Em tempos de crise, vá a Deus, mas seja respeitoso, submisso e disposto a aprender
Muitos comentaristas bíblicos dizem que Maria deveria ser uma parenta do noivo, devido à sua preocupação quanto ao término do vinho e esta seria a razão de ela ter intimado a Jesus, para que solucionasse o problema. Outros dizem que a festa se referia ao casamento de um de seus filhos com José, mas o texto não dá base sólida a essas opiniões.
- Maria foi escolhida para ser a mãe da humanidade de Jesus e não uma influenciadora às suas ações divinas
Há também os que afirmam que Maria presenciou vários milagres feitos por Jesus na Sua infância e, por isso, O intimou a realizar mais este milagre. Esta ideia contradiz o texto bíblico, pois ele nos diz que Jesus “iniciou os Seus sinais” naquela festa.
Jesus fez esse seu primeiro milagre [i.e. desse modo, transformando a água em vinho, Jesus principiou os Seus sinais] em Caná da Galileia. […]. (Jo.2:11a NTLH)
No entanto, a atitude de Maria é compreensível, mas ingênua, ao determinar que o Filho de Deus realizasse um milagre para salvar a reputação tanto do noivo como de sua família. Sem dúvida alguma, ela tinha gravado em sua mente as palavras do anjo Gabriel acerca de Jesus: Ele seria “Emanuel”, que quer dizer: “Deus Está Conosco”. (Mateus 1:23; Isaías 7:14) Ela sabia que Jesus é Deus, pois Ele havia sido gerado em seu ventre pelo Espírito Santo! Naquele momento, somente ela sabia que Jesus é Deus encarnado – “Emanuel”.
Além do mais, não sabemos se Maria estava no batismo de Jesus no rio Jordão, porém ela soube que o céu se abriu, que Ele viu o Espírito de Deus pousar sobre Si e que ouviu uma voz dizendo: & Este é o meu Filho querido [i.e. no grego agapetos – “merecedor do Meu amor”, ou “digno de ser amado e estimado por Mim”], que me dá muita alegria! (Mt.3:17b NTLH)
- O que Maria aprendeu é o que nós precisamos aprender também
Maria foi à Pessoa certa! Ela não foi desrespeitosa, mas agiu de modo ingênuo, incorreto e teve que aprender três verdades: (1) Ninguém pode se tornar o senhor de Deus, mas Ele é o SENHOR de tudo e de todos, portanto, nós fomos chamados para sermos Seus servos e não influenciadores Dele. (2) Os milagres divinos não se dão a resolver os problemas sociais (Lucas 12:13,14), mas para manifestar a Sua glória divina. (João 1:14) (3) O tempo e o modo de Deus agir não estão sujeitos à vontade dos homens.
3. O tempo de Deus tem propósitos eternos, portanto, aprenda a esperar e confie Nele
3 Quando acabou o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: — O vinho acabou. 4 Jesus respondeu: — Não é preciso que a senhora diga o que eu devo fazer. Ainda não chegou a minha hora. (Jo.2:3,4 NTLH)
Esperar não é fácil, mas é um tempo em que Deus trabalha em nosso caráter. A Palavra nos ensina que precisamos aprender a confiar e esperar em Deus. (Tiago 5:7,8) Que aprendamos a esperar tanto pelas Suas promessas eternas como pelas Suas ações poderosas sobre a Terra.
- Não confunda os relógios! O tempo de Deus é diferente do nosso. Portanto, confie Nele!
Muitas vezes, nós confundimos “o nosso tempo” (no grego: “chronos”) com “o” de Deus (no grego: “kairós”). O nosso relógio não corresponde aos períodos determinados por Deus e confiar no tempo divino é uma escolha pessoal, na qual, tanto a submissão como a cooperação com Ele são exigidas. Nessa espera, há a necessidade de sermos humildes e corajosos (enchermo-nos de bom ânimo e não desanimar). Davi disse:
13 Estou certo de que verei, ainda nesta vida, o SENHOR Deus mostrar a sua bondade. 14 Confie no SENHOR. Tenha fé e coragem. Confie em Deus, o SENHOR. (Sl.27:13,14 NTLH)
O tempo de Deus sempre chega e, confiantemente, nós precisamos tomar posse dessa verdade, em um espírito de submissão ao Seu modo de agir, enquanto, ousadamente, nós nos esforçamos para fazermos a Sua vontade no nosso dia a dia. (Salmos 27:11)
- Jesus não foi desrespeitoso para com Maria, a sua mãe, mas mostrou-lhe a “Quem” Ele deveria se submeter
Jesus não foi desrespeitoso para com Maria, segundo as versões mais antigas da Bíblia, quando a chamou de “mulher” ou de “senhora” (como na versão da Bíblia que estamos usando – NTLH), mas, em meio à crise de ansiedade de Maria, Jesus queria que ela “aprendesse” que Deus não Se limita a agir de acordo com as determinações, desejos e orientações humanas, mas para implantar os Seus propósitos eternos no coração de cada ser humano.
- Jesus veio para manifestar a glória e a vontade de Deus por meio de Suas ações
Sabemos então, que Jesus não veio para solucionar problemas, pessoais, sociais e familiares, mas, para que, por meio deles, a Sua divina presença gloriosa seja revelada. Através Dele, as pessoas deveriam aprender a crer em Deus como fazer a Sua vontade. (Mateus 6:10)
Maria entendeu que a relação entre mãe e filho tinha uma limitação: “a vontade e os propósitos de Deus”. Maria recuperou a lucidez e colocou a divindade soberana de Jesus acima dos seus anseios. Portanto, Jesus não Se submeteu a Maria, mas sujeitou a Sua humanidade à vontade e aos propósitos “Daquele” a Quem Ele era submisso, isto é, ao Todo-Poderoso e Eterno Deus. Que nós aprendamos a andemos nestas verdades!
4. Que Jesus Se sobressaia na sua vida e, por meio Dele, influencie pessoas a agirem segundo a Sua vontade
5 Então ela disse aos empregados: — Façam o que ele mandar. (João 2:5 NTLH)
Nós podemos afirmar que todas as pessoas aceitarão a nossa atitude de cooperação com Deus, quando lhes anunciamos a Verdade divina e o estilo de vida aprovado por Ele? Penso que não! Entretanto, os que se submetem à Sua Palavra, experimentarão do “Alto” a capacidade para uma nova maneira de viver, por estarem unidos com Jesus! (2 Coríntios 5:17)
A vida dessas pessoas passará a ser influenciada e regida “de dentro para fora”, onde estiverem. Elas não agirão segundo a mentalidade deste mundo (de fora para dentro), mas segundo a mente de Deus, conforme a Sua Palavra que nelas habitam. Elas compreenderão Quem é Jesus, quem elas são, o que deve ser feito para engrandecer a Deus e aguardarão com confiança as Suas ações poderosas, por meio do Espírito de Cristo.
Essa foi a que experiência de Maria, pois em vez de se amargurar, por não ter sido atendida de imediato, ela fez o que deveria ser feito: colocou Jesus em destaque em sua vida e falou da sua vontade a outras pessoas! Recobrando a sua realidade de serva de Deus (Lucas 1:38), humilhou-se sob a poderosa mão de Deus, à divindade de Jesus, falou com impetuosidade aos empregados que fizessem tudo conforme Ele mandasse e a sua fé foi honrada! (1 Pedro 5:6,7)
Em outras palavras, Maria pregou sobre a autoridade de Jesus, colocando-o em destaque aos servidores. Nós fomos chamados para fazermos o mesmo: colocar Jesus em destaque diante das crises que nós e outras pessoas passamos.
Maria, naquele momento, foi bênção nas mãos de Deus, pois, sendo obediente a Jesus, deu a Ele a oportunidade de salvar a reputação do noivo, de sua família e aumentou a deu todos os presentes, a surpreendente alegria de experimentaram o “segundo vinho”, o melhor e o mais excelente. Maria fez o que a Igreja precisa fazer!
Maria, ao dar a ordem aos empregados, poderia ser contestada como aquela que teve um filho antes de coabitar com José! O seu passado poderia ser contestado, mas, naquele momento e, nisso eu creio, todos viram que a sua convicção e autoridade era sobrenatural. Eles seguiram seus conselhos e Jesus foi exaltado. O que era velho passou e veio à luz a experiência com o que procedia do “Novo”!
No nosso caso e não no de Maria, que não nos importemos com a pessoa que nós fomos e sim na que somos no presente. Que as pessoas vejam em nós que o passado se foi e que bebemos do “Vinho Novo”, restaurados para uma nova vida em Jesus, para a glória de Deus!
Que Deus nos abençoe!