João 7:37,38
Texto base:
37 O último dia da festa era o mais importante. Naquele dia Jesus se pôs de pé e disse bem alto: — Se alguém tem sede, venha a mim e beba. 38 Como dizem as Escrituras Sagradas: “Rios de água viva vão jorrar do coração de quem crê em mim”. (Jo.7:38,39 NTLH)
Qualquer que seja a festa, ela é uma interrupção à realidade das pressões do cotidiano. Seja qual for a celebração, ela nos força a esquecermos dos problemas e aflições, a fim de que desfrutemos das alegrias que ela nos propõe. Sempre que desejamos por um evento sazonal é porque ele nos desconecta da nossa dura realidade e, para ele, preparamo-nos adequada e ansiosamente.
Todavia, toda festa tem o seu último momento. Ao sairmos dela, as alegrias do momento se dissipam e a dura realidade a elas se sobrepõe. Então, pensamos: “como seria bom se pudéssemos encarar as circunstâncias com uma alegria duradoura e não momentânea! Seríamos mais fortes, mais eficazes e menos estressados.”
A vida real é dura e o ser humano a tornou assim (vd. Gênesis 3:17-19). O que nos parece abstrato (a alegria interior, a força, o sossego da alma e a abundância de vida) pode se tornar real, mas essa realidade só é possível por meio de uma vida de comunhão com Deus, pela fé em Cristo e na Sua Palavra (vd. Marcos 9:23,24). Tudo o que está ao nosso redor e o que nos acontece deve fazer com que olhemos para “Cima”, para o “Alto”, e com que aprendamos e dependamos de Deus.
O nosso texto base fala de uma festa religiosa, na qual o nosso SENHOR Jesus se encontrou presente. Era uma festa dedicada a Ele, pois ela falava Dele e, por isso, procuremos conhecer o contexto dessa festa e com a ajuda do Espírito de Deus extrair algumas ações.
1. A festa era obrigatória e deveria ser celebrada por motivos divinos
Essa celebração se tratava da Festa dos Tabernáculos (“Sucot”, Festa das Barracas, das Tendas, como também Festa das Colheitas), uma das três Grandes Festas obrigatórias, estabelecida por Deus. (vd. Deuteronômio 16:13-16) Por essa razão, Jerusalém se encontrava repleta de pessoas, vindas de todas as partes de dentro e de fora de Israel.
As ruas estavam cheias, pessoas cantando, dançando, abraçando-se e vivendo em pequenas barracas cobertas com folhas de palmeiras e frutos, lembrando o tempo em que os Hebreus peregrinaram no deserto e viveram em tendas. Os frutos que eram pendurados com os ramos de palmeiras sobre as barracas significavam a confiança na futura prosperidade ou a bênção divina.
Rituais religiosos eram realizados no Templo, no qual todos celebravam a salvação, a esperança de uma vida próspera e o fim da peregrinação sobre a Terra e, em especial, à expectativa da libertação do domínio romano.
As Festas estabelecidas por Deus deveriam ser celebradas com muita alegria, desde que não se perdesse o sentido ou o significado que Deus dava a elas. As Festas judaicas traziam ao povo de Deus ensinamentos e os Seus propósitos futuros, que deveriam ser aprendidos, lembrados e compartilhados. Essas Festas transmitiam uma mensagem de fé no Messias que haveria de vir. Portanto, elas representavam uma mensagem profética de Deus ao Seu povo.
Em qualquer celebração, encontre motivos para exaltar a Deus e celebrar a sua alegria constante em Deus, pois ela não é sazonal, mas perene ou eterna.
1. O último dia da festa era o mais importante, e por quê?
A Festa tinha a duração de 7 dias, e por isso o sétimo dia da celebração era o mais importante. O número 7, na Bíblia, transmite a ideia de perfeição, interação, totalidade, conclusão e consumação das ações e do tempo que Deus determina para a existência ou extinção de algo.
Nesse dia da Festa, cânticos messiânicos (referentes ao Messias, o Cristo) eram entoados pelos Levitas e as pessoas comuns balançavam folhas de palmeiras, recitando Salmos (113-118) e dizendo em voz alta: “Salva-nos!”, referindo-se à “Grande Hosana” (Hoshana Rabbah). Essa era também uma oração por salvação do pecado e a chance final pelo perdão divino, aos desvios espirituais e morais cometidos durante o ano.
Nesse momento, um sacerdote especial trazia em suas mãos um jarro de ouro com água retirada do tanque de Siloé (que significa “O Enviado”), situado em um local “bem abaixo” em relação à base do Templo em Jerusalém. O jarro era entregue ao sumo sacerdote, que o derramava em uma bacia, aos pés do altar, e o que isso simbolizava?
Simbolizava uma oração por chuvas a partir do dia seguinte (o oitavo dia), a fim de que houvesse muita prosperidade e colheitas. Essa oração também apontava para o derramamento do Espírito Santo (Ruach HaKodesh) sobre o povo de Israel. (vd. Joel 2:23-28)
O israelita não possuía a experiência que temos de sermos habitados pelo Espírito Santo. Deus derramava do Seu Espírito sobre reis, sacerdotes e profetas, para que, a partir deles, o povo conhecesse Seus planos e andasse sob o Seu Governo.
Os professores religiosos (rabinos, mestres do Judaísmo) associavam essa prática às palavras do profeta Isaías:
1 Naquele dia, todos cantarão assim: “Eu te louvo, ó SENHOR! Tu estavas irado comigo, mas a tua ira já passou, e agora tu me consolas. 2 Deus é o meu Salvador; eu confiarei nele e não terei medo. Pois o SENHOR me dá força e poder, ele é o meu Salvador. 3 Cheios de alegria, todos irão até as fontes e beberão da água que os salvará.” 4 Naquele dia, todos cantarão esta canção: “Louvem o SENHOR! Gritem pedindo a ajuda de Deus! Digam a todos os povos o que ele tem feito e anunciem a sua grandeza. (Is.12:1-4 NTLH)
No entanto, a alegria dos que celebravam a Festa era o resultado de um teatro religioso, isto é, uma ação que obedecia a um momento no ritual. Enquanto a jarra com a água do Tanque de Siloé vinha às mãos do sumo sacerdote, todos deveriam recitar Salmos, abanar as folhas de palmeiras e, assim que a água fosse derramada sobre a base do altar, todos deveriam gritar: “Deus, dá-nos a salvação!”
A Festa poderia lhes oferecer alguma alegria, mas não, propriamente, as bênçãos de Deus, pois a alegria deveria se apresentar como fruto da fé, do desejo verdadeiro de ver a consumação da promessa de Deus e não de rituais ou hábitos rotineiros, previamente ensaiados, quando a água do jarro era derramada aos pés do altar.
Que nós, segundo a vontade de Deus (vd. Hebreus 10:25), sejamos constantes em nossas celebrações religiosas e que tomemos todo o cuidado para não as transformamos em um hábito rotineiro e vazio da fé genuína.
2. Jesus é a Fonte inesgotável de “águas que dão a Vida abundante”
37 O último dia da festa era o mais importante. Naquele dia Jesus se pôs de pé e disse bem alto: — Se alguém tem sede [i.e. aquele que estiver sofrendo de sede, da ajuda divina que revigora a alma, que a sustenta e a fortalece], venha a mim e beba [i.e. Eu Sou a resposta às suas orações e, portanto, supere tudo que o impede de vir a Mim, a fim de beber da água que dá refrigério, poder e a vida]. 38 Como dizem as Escrituras Sagradas: “Rios de água viva vão jorrar do coração de quem crê em mim”. (Jo.7:38,39 NTLH)
O jarro de ouro que continha a água do Tanque de Siloé era uma representação do Messias, de Jesus. O ouro, na Bíblia, é o símbolo da Sua pureza e é Dele que vem a água que nos mantém vivos em Deus.
O Tanque de Siloé foi uma obra realizada pelo rei Ezequias (vd. 2 Crônicas 32:30), um túnel e um tanque para conter o fluxo das águas da “Fonte da Virgem” ou “Fonte de Giom”, a fim de que Jerusalém não tivesse o seu suprimento de água interrompido, caso a cidade fosse sitiada.
Muitas vezes, nós nos sentimos como que sitiados pelo sentimento avassalador do vazio interior, pelo cansaço emocional, solidão e abandono, fraqueza, perplexidade e a ruína. Algo em nosso interior nos diz que essa não é a vida que deveríamos ter e que devemos ter sede pela Vida Verdadeira, a qual só é dada aos que creem em Cristo. (vd. João 14:6; 1 João 5:12)
Jesus não veio para oferecer uma porção limitada de vida, representada pela água que um jarro pode conter, mas “rios das Águas que dão a Vida” aos que creem Nele, aos que estão sedentos,
- Pela vida aprovada por Deus e abençoada por Ele (vida justa – vd. Provérbios 8:20; 12:28);
- Pelo descanso e confiança da alma no Eterno ( Salmos 116:7; Mateus 11:28,29);
- Pela ação e o poder do Seu Espírito ( Efésios 3:16; 6:10; 2 Coríntios 4:7,8);
- Pela Sua amizade, presença e companheirismo ( Provérbios 17;17; João 15:16);
- Pelos propósitos, orientações divinas ( Jeremias 29:11,12; 33:3).
Que desejemos essa Vida Abundante, que nos é oferecida por Jesus. Que ela flua do nosso interior, a fim de glorificar a Deus e abençoar os que das Suas bênçãos e graça necessitam, assim como ela fluiu de Pedro, na Porta Formosa do Templo, para curar um coxo de nascença. (vd. Atos 3:1-7)
Na esperança de não transformarmos a nossa fé e as nossas celebrações em hábitos rotineiros das nossas atividades semanais, eu peço a Deus que nos ajude a aprendermos como nos mantermos vivos e úteis para Ele em todos os momentos de nossas vidas!
Que Deus nos abençoe!