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Não viva uma vida de aparência!

No domingo passado (16/03/2025), nós vimos que o povo judeu caminhou pelo deserto rumo ao Monte Sinai, sob a liderança de Moisés, mas guiados e sustentados pelo Poder Soberano de Deus.

Ao longo desta jornada, Deus foi revelando o Seu poder e caráter, ao mesmo tempo em que ensinava aquele povo a abandonar sua mentalidade de escravo, com seus velhos hábitos e costumes, a fim de que assumissem uma nova identidade. No entanto, eles se recusavam a entender os ensinamentos que estavam por trás de tudo e permaneceram inflexíveis, vivendo em desobediência e rebeldia.

A trajetória daquele povo pelo deserto retrata exatamente a nossa vida, quando vamos, aos poucos, nos afastando de Deus e deixando de ouvir a Sua voz, e com isso os nossos pensamentos, escolhas e decisões vão se tornando cada vez mais egoístas, interesseiros e imorais.

O perigo é que acabamos acobertando os nossos pensamentos e intenções sob o manto da religiosidade, do ativismo religioso, das funções e cargos que a igreja oferece, mantendo a aparência de pessoas piedosas.

Jesus, em muitos momentos, combateu a hipocrisia dos religiosos da sua época, que gostavam de uma vida de aparências para encobrir o que de fato escondiam em seus corações. Isto me fez lembrar da passagem que fala da figueira sem fruto, de onde vamos extrair algumas lições a fim de ficarmos atentos e não cairmos neste pecado tão grave.

 📖 12 No dia seguinte, quando eles estavam voltando de Betânia, Jesus teve fome. 13 Viu de longe uma figueira cheia de folhas e foi até lá para ver se havia figos. Quando chegou perto, encontrou somente folhas porque não era tempo de figos. 14 Então disse à figueira: – Que nunca mais ninguém coma das suas frutas! E os seus discípulos ouviram isso. (Marcos 11:12-14 NTLH)

Este texto relata um acontecimento que sucedeu entre a entrada triunfal de Jesus em
Jerusalém e a Sua ida ao Templo para purificá-lo. Alguns dias antes da Festa da Páscoa, uns dos eventos mais importantes do calendário judeu, Jesus entra em Jerusalém, na chamada entrada triunfal (cf Mt. 21:1-11; Mc 11:1-11), montado
num jumentinho e recebido por uma grande multidão, a qual louvava a Deus, dizendo: “Hosana! Bendito o que vem em nome do SENHOR!”

“Hosana” é uma palavra hebraica que quer dizer “salva-nos agora” ou “salve, nós suplicamos”. Esse povo, que clamava por salvação e dizia: “Bendito o Reino do nosso pai Davi, que vem em nome do SENHOR”, reconhecia que Jesus estava cumprindo a profecia de Zacarias, que dizia:

📖 9 Alegre-se muito, povo de Sião! Moradores de Jerusalém, cantem de alegria, pois o seu rei está chegando. Ele vem triunfante e vitorioso; mas é humilde, e está montado num jumento, num jumentinho, filho de jumenta. (Zacarias 9:9 NTLH)

Porém, aquele povo não entendia que Jesus não veio como um conquistador político para libertá-los do poder de Roma, mas como o Redentor da humanidade, para libertar o homem da escravidão do pecado e tornar conhecido o Seu Reino espiritual sobre a terra.

Diz a Bíblia que a multidão lançava suas vestes pelo caminho e erguiam as palmas, uma espécie de folhagem, para que Jesus passasse, enquanto exaltavam o nome de Deus com alegria. Ao entrar em Jerusalém, Jesus vai ao Templo. A Bíblia faz questão de registrar que Ele olha ao redor, observando atentamente tudo o que estava acontecendo (Mc.11:11).

Ele viu toda aquela multidão afluindo, as cerimônias acontecendo, os mercadores e cambistas explorando o povo, cobrando altas taxas na compra de animais para o sacrifício e tudo isso sob a aprovação dos líderes religiosos. Os sacerdotes, os escribas e os mestres da religião estavam todos corrompidos pela ganância ao dinheiro e pelo poder.

Porém, já era tarde e Jesus sai de Jerusalém e vai para uma cidade chamada Betânia, que ficava a mais ou menos três quilômetros dali. Jesus então passa a noite em Betânia e no dia seguinte retorna ao Templo para purificá-lo.

Naquela noite em Betânia, depois de ter visto tudo o que acontecia no Templo, Jesus
certamente deve ter pensado em tomar uma atitude drástica. O Evangelho de João diz que Ele chegou a fazer um chicote (Jo. 2:15).

Então, no dia seguinte, Jesus retorna ao Templo e expulsa aquelas pessoas que compravam e vendiam, derrubando as mesas dos que trocavam dinheiro e as cadeiras dos que vendiam pombas e profanavam o Templo, denunciando que eles haviam transformado a Casa de Deus em um esconderijo de ladrões.

Com isso, Jesus expõe os disfarces da religião judaica, que vivia de uma falsa piedade e devoção a Deus, mas que na verdade estava corrompida pela ganância ao dinheiro, pelo poder e pela imoralidade tanto de seus líderes como daqueles que os acompanhavam.

Esse era o contexto em que o nosso texto base está inserido. Jesus sabia que aquela figueira representava a multidão que o recebeu no dia em que entrou em Jerusalém montado num jumentinho, pois aquela mesma multidão, que estava louvando a Deus por Ele, dali alguns dias estaria gritando: “Crucifica-o!”

Essa mesma multidão, que jogou sua capa pelo caminho, que lançava palmas para Jesus e adorava o Nome de Deus, dizendo: “Glória a Deus nas alturas”, dali uns dias estaria diante de Pilatos dizendo:

📖 25 E o povo todo respondeu: Cai sobre nós o seu sangue e sobre os nossos filhos! 26 Então Pilatos lhes soltou Barrabás; e, após haver açoitado a Jesus, entregou-o para ser crucificado. (Mateus 27:25,26 NTLH)

Jesus sabia que tanto os religiosos como aquele povo que o recebeu em Jerusalém viviam apenas de aparência, pois eram hipócritas. Naquela figueira estava a representação e as atitudes de todos aqueles que Jesus havia encontrado dentro e fora do Templo.

📖 12 No dia seguinte, quando eles estavam voltando de Betânia, Jesus teve fome. 13 Viu de longe uma figueira cheia de folhas e foi até lá para ver se havia figos. Quando chegou perto, encontrou somente folhas porque não era tempo de figos. (Marcos 11:12,13 NTLH)

A Bíblia diz que, ao voltar para Jerusalém, Jesus teve fome, e enquanto caminhava com os discípulos, viu de longe, na beira da estrada, uma figueira cheia de folhas. Jesus então se aproxima da figueira em busca de figos, mas encontra apenas folhas.

Então, Jesus amaldiçoa a figueira e diz:

📖 14 Que nunca mais ninguém coma das suas frutas! (Marcos 11:14 NTLH)

Marcos diz que no dia seguinte, Jesus e os discípulos, ao passarem perto da figueira, viram que ela estava seca desde a raiz. (Mc.11:20) O fato de Jesus amaldiçoar aquela figueira por não encontrar figos, apesar da abundância de folhas, que é um indicativo da existência de frutos, não significa que Ele estava fazendo isso por alguma espécie de capricho, frustração ou descontrole emocional.

A reação de Jesus foi uma atitude muito comum na tradição entre os profetas de Israel no Antigo Testamento, pois Ele usou a circunstância para ensinar uma lição prática de aspecto dramático e profético, a fim de contar uma parábola não com palavras, mas com ações.

Esse fato retrata para nós uma denúncia que Jesus fez à nação de Israel, que tinha aparência, mas não tinha vida, que tinha propaganda, mas não tinha frutos. Tratava-se, portanto, de uma imagem do Juízo de Deus em decorrência da hipocrisia do povo judeu e dos líderes religiosos.

O hipócrita é um farsante que vive fingindo ser algo que não é. Os maiores hipócritas com quem Jesus teve de lidar foram exatamente os líderes religiosos da época, os fariseus e saduceus. Por esta razão, Jesus tirou vantagem da lição prática disponível, isto é, Ele aproveitou o momento e declarou juízo sobre a figueira por causa de sua hipocrisia.

A hipocrisia é um dos pecados mais traiçoeiros que afeta a igreja e todos nós estamos
expostos à sua sedução. Uma vez que tomamos o nome de Cristo e nos declaramos cristãos, as exigências aumentam muito mais. O mundo que nos observa espera ver bondade, pureza, humildade, misericórdia, generosidade, honestidade e justiça em nós, mas muitas vezes damos pouca demonstração de tais atributos.

É claro que não existe cristão sem pecado, mas o nosso dever é lutar contra as contínuas influências do pecado em nossa vida, e isso é algo que deve nos envergonhar. Visto que não podemos alcançar o nível de santificação que desejamos, construímos nossas próprias auréolas e passamos a fazer de conta que somos mais santos do que realmente somos, nos escondendo atrás de métodos, regras, cargos e funções, deixando de lado a vida com Deus e os frutos do arrependimento, que nos levam para a verdadeira presença Dele.

Quantas vezes as pessoas nos admiram não pelo que somos, mas por quem nós aparentamos ser? Não estou querendo dizer que pelo fato de estarmos aquém do padrão divino de justiça para nós ou por produzirmos menos frutos do que deveríamos, Deus então enviará um Juízo sobre nossas vidas e ficaremos secos como essa figueira. Não é isso!

O julgamento de Deus está reservado àqueles que não produzem fruto algum, e estes são as pessoas cujo testemunho cristão é apenas um fingimento. Se Jesus encontrasse na figueira um único figo, eu acredito que Ele não amaldiçoaria aquela árvore. Ele somente a amaldiçoou porque ela fingia possuir algo que não tinha.

1. CUIDADO COM A PROPAGANDA ENGANOSA

📖 13 Viu (Jesus) de longe uma figueira cheia de folhas e foi até lá para ver se havia figos. Quando chegou perto, encontrou somente folhas porque não era tempo de figos. Então disse à figueira: – Que nunca mais ninguém coma das suas frutas! (Marcos 11:13 NTLH)

Por que Jesus amaldiçoou a figueira por não dar frutos, sendo que nem era época de sua frutificação? Porque a figueira tem como característica primeiro produzir o fruto para depois surgir as folhagens.

Se aquela figueira estava cheia de folhas e Jesus viu isso de longe, pressupõe que ela tivesse frutos, pois ao ter folhas ela estava fazendo uma “propaganda” de que tinha frutos, pois os frutos precedem as folhas. Se não era tempo de figos, também não era tempo de folhagens, pois as folhas só nascem depois que os figos brotam, como já vimos.

Ao ter folhas e não ter frutos, ela estava fazendo uma propaganda enganosa e anunciando publicamente o que ela não possuía intimamente. Portanto, ela era uma mentira! Essa figueira era o retrato da religião judaica e dos fariseus que proclamavam: “Graças te dou porque não sou como os demais homens; eu não sou injusto, adúltero, ladrão, etc”, mas quando as pessoas se aproximavam, atraídas pela “propaganda”, não encontravam frutos.

Isso serve para nós também. Muitos estão na igreja parecendo ser cristãos, andando como cristãos e falando como cristãos, mas sem produzirem nenhum fruto, pois seus corações estão longe de Deus. Portanto, eles só possuem folhas.

2. JESUS ESPERA ENCONTRAR FRUTOS EM NÓS

📖 13 Viu de longe uma figueira cheias de folhas e foi até lá para ver se havia figos. Quando chegou perto, encontrou somente folhas porque não era tempo de figos. (Marcos 11:13 NTLH)

Jesus não se engana quando se aproxima de nós, assim como Ele não se enganou com aquela figueira, mas Ele queria ensinar uma lição pratica aos seus discípulos, que é o perigo da hipocrisia. Jesus sabe quem nós somos e para Ele não vale propaganda enganosa, pois Ele espera frutos.

Jesus não vai procurar fruto em alguém porque está curioso, mas porque tem fome de encontrar em nós santidade, piedade e obras que glorifiquem a Deus, uma vida digna do Evangelho através do nosso exemplo, postura, palavras, ações e reações.

Você não mata a fome de ninguém com folhas, mas com frutos. Quando Jesus foi ao Templo para purificá-lo, Ele encontrou homens religiosos, mas sem comunhão com Deus. Ele encontrou negociantes e mercadores, mas não encontrou homens e
mulheres de oração. Ele queria encontrar frutos dignos do arrependimento, mas encontrou um antro de corrupção, falsidade e mentiras.

Vocês acham que Jesus está satisfeito com esta geração que rejeita o sacrifício do Calvário e nega a existência Dele? Ele está satisfeito com uma geração que tenta, através da filosofia e da ciência, negar tudo o que Deus criou?

Jesus disse:

📖 16 Mas com quem posso comparar as pessoas de hoje? São como crianças sentadas na praça. (Mateus 11:16 NTLH)

Jesus está dizendo que as pessoas são imaturas, pois pensam que sabem o que dizem, mas são como crianças. Essa lição da figueira é importante para entendermos que as folhagens não são os frutos e que Jesus não está preocupado com as folhas que você produz, mas sim com os frutos de uma vida de arrependimento, que é o que de fato sustenta a sua fé.

Os frutos não são aquilo que queremos que as pessoas vejam através da nossa fachada exterior, isto é, das nossas folhagens, porque Deus vê o nosso interior e não se ilude com a nossa aparência. Portanto, o que você tem oferecido a Deus, frutos ou folhas?

Que as nossas atitudes sejam diferentes, ou seja, que sejam atitudes de relacionamento e compromisso com Deus e menos aparências, com frutos que satisfaçam a Deus.

Não negocie a sua fé! Jesus condenou aquela figueira não porque ela não tinha fruto, mas pelo poder que ela tinha de enganar, acreditando que poderia convencê-Lo através da mentira.

Que essa palavra entre no seu coração e na sua alma. Que você seja fiel Àquele que lhe chamou! Chega de viver de folhas!

Que Deus nos abençoe!

Paulo Romaneli