Crônica escrita por Walter de Lima Filho em 12/05/2025
Os séculos nos separam da história de Ana, descrita nas primeiras páginas de Samuel (leia: 1 Samuel 1,2). No entanto, sua experiência, tingida de dor, esperança e uma fé inabalável, ecoa com muita clareza nos desafios que as mulheres de hoje enfrentam. Em um mundo que não desiste de acelerar, muitas vezes, nos sufoca. A figura de Ana surge não como uma relíquia do passado, mas como um espelho que reflete as lutas e as forças da mulher de nossos dias, especialmente daquela que busca em Deus seu refúgio e fortaleza.
Ana vivia em um tempo onde o valor da mulher estava, em grande parte, atrelado à sua capacidade de gerar filhos. Sua esterilidade não era apenas uma dor pessoal, mas uma rejeição social, uma fonte de humilhação constante, principalmente pela provocação de Penina. Quantas mulheres hoje carregam dores silenciosas, pressões que vêm de fora e de dentro? A exigência por uma vida “perfeita” – carreira bem-sucedida, maternidade imaginada, beleza inatingível e isso tudo gera uma Penina moderna, sussurrando insuficiência aos ouvidos e que sangra a alma.
Mas Ana nos ensina sobre a fé e a perseverança que nascem de uma devoção profunda ao Deus Único. Ela não permitiu que o desespero a sufocasse. Não permitiu que a tristeza a definhasse por completo. Em vez disso, buscou a face de Deus. Em meio ao lamento, sua oração foi sincera e humilde, um derramar da alma perante Aquele que sempre alimentou e fortaleceu o seu íntimo.
Quantos de nós não encontramos na oração o escape, o alívio e a força para seguirmos quando o peso do mundo parece insuportável? Em salas, escritórios, cozinhas, no trânsito caótico ou na quietude do lar, dobramos nossos joelhos, literalmente ou em espírito, a Deus diante de nossas angústias (nossas “Peninas”) e esperanças. A perseverança de Ana em não desistir de clamar é um lembrete poderoso em tempos de respostas instantâneas, em que a paciência é ignorada. A fé genuína sabe esperar, confia na vontade de Deus, mesmo quando tudo parece tardar.
Sua fé inabalável, forjada na provação e na tristeza, a sustentou. Ela não permitiu que a zombaria ou a dor a afastassem da resposta divina. Da mesma forma, as mulheres de fé, na atualidade, enfrentam desafios que tentam minar suas convicções. Enquanto a cultura secular ou mundana avança, manter-se firme nos princípios e na esperança em Deus exige uma fé robusta, alimentada diariamente pelas Escrituras e pela comunhão com o Espírito do Eterno.
A história de Ana atinge seu clímax com o nascimento de Samuel, o filho da promessa. Mas o exemplo de Ana não termina na celebração do nascimento de seu filho. Ele se completa na fidelidade. Ao contrário do instinto natural de reter para si o tão desejado filho, Ana cumpre seu voto com generosidade e gratidão. Consagrar Samuel ao Senhor foi um ato de desapego e adoração, reconhecendo que o dom recebido de Deus pertencia a Ele.
Atualmente, a generosidade e a gratidão de Ana se traduzem em diferentes formas. É a mãe que dedica seu tempo e energia para educar seus filhos nos caminhos da fé, mesmo nas múltiplas tarefas do dia a dia. É a mulher que utiliza seus talentos e recursos a serviço do próximo e do Reino de Deus, reconhecendo que tudo precisa estar em Suas mãos. É a gratidão expressa em meio a rotinas exaustivas, nos pequenos milagres diários, na força para enfrentar cada novo amanhecer.
A história de Ana, escrita há tanto tempo, está viva na vida de muitas mulheres hoje. Mulheres que, como ela, experimentam dores profundas, mas encontram na fé a força para perseverar. Mulheres que ofertam seus corações a Deus em oração sincera, confiando em Seu poder e em Seu tempo. Mulheres que, ao receberem as bênçãos de Deus, respondem com generosidade e um coração transbordante de gratidão.
A vida de Ana nos inspira a não desistir, a confiar mesmo quando a visão é limitada, e a lembrar que a fidelidade a Deus, especialmente nos momentos de alegria, é o ápice de uma fé que chorou na tristeza, mas que soube esperar com esperança na Graça de Deus. Assim, a fé de Ana, atemporal e poderosa, continua a moldar e a inspirar tanto mulheres como homens em sua caminhada diária pelos princípios e valores eternos. Os que “vivem como Ana em um mundo cheio de “Peninas”, provam que a conexão com o Deus Único ultrapassa épocas e circunstâncias. Viva como Ana em um mundo cheio de “Peninas”.
Deus os abençoe em Cristo!