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Felizes em meio às dores e sofrimentos – Parte 2: Entre amigos, mas sozinho?

Jó 6:11-15

 

Texto base:

11 Onde estão as minhas forças para resistir? Por que viver, se não há esperança? 12 Será que sou forte como a pedra? Será que o meu corpo é de bronze? 13 Não sou capaz de me ajudar a mim mesmo, e não há ninguém que me socorra. 14 “Uma pessoa desesperada merece a compaixão dos seus amigos, mesmo que tenha deixado de temer ao Deus Todo-Poderoso. 15 Mas eu não pude contar com vocês, meus amigos, que me desapontaram como um riacho que seca no verão. (Jó 6:11-15)

Na semana passada, tendo Tiago 1:2-4 como o nosso texto base, nós aprendemos que:

2 Meus irmãos, sintam-se felizes quando passarem por todo tipo de aflições. 3 Pois vocês sabem que, quando a sua fé vence essas provações, ela produz perseverança. 4 Que essa perseverança seja perfeita a fim de que vocês sejam maduros e corretos, não falhando em nada! (Tg.1:2-4)

  • Em meio às asperezas da vida, temos a oportunidade de crescermos no SENHOR, e isso deve ser motivo de felicidade ao cristão. (Leia 1:2-4)
  • Deus sempre está presente para nos sustentar e nos proteger do ódio dos nossos inimigos. (v. Sl.138:7,8)
  • Nós nunca conseguiremos evitar a dor e o sofrimento (v. Jo.16:33). Portanto, que eu procure não me entregar à amargura e ao distanciamento de Deus e das pessoas. (Leia (Pv.14:12)
  • A paciência é sempre passiva, nos ajuda a esperar pelo que ainda não temos e nos dá a predisposição para aguardarmos o melhor. No entanto, para que cresçamos, é necessário mais do que paciência ao enfrentarmos adversidades. É necessário que, além de pacientes, que sejamos perseverantes, decidindo tomar as melhores atitudes (à semelhança de Jesus – v. Lc.23:34). A paciência espera e a perseverança nos leva a ações que engrandecem a Deus.

O nosso texto base fala da experiência de Jó com seus amigos. Estes o acusavam de ter cometido pecados e, por isso, perder tudo. Jó, mesmo tendo amigos, se sentia sozinho, e essa é a razão das suas palavras no verso 14: & “Uma pessoa desesperada merece a compaixão dos seus amigos, mesmo que tenha deixado de temer ao Deus Todo-Poderoso. (NTLH)

 

  1. É possível se sentir sozinho, mesmo entre muitos amigos, em meio a dores e sofrimentos?

Pela experiência, posso afirmar que sim! É comum encontrarmos pessoas mal compreendidas, sem alguém que possa entendê-las, sem imaginarem a dor que estão sentindo em um determinado momento de suas vidas. Penso eu, que isso é um dos fatores que produzem o isolamento, o distanciamento entre pessoas.

Quando a sua dor não é não é compreendida ou avaliada corretamente por quem procura ajudá-lo, você pode se tornar prisioneiro de momentos do passado e deixar de viver o presente. Essa atitude pode fazer com que você perca o desejo de manter uma conexão com seus próximos.

Ao longo do meu serviço espiritual (ministério), eu tenho aprendido que uma avaliação errada por parte das pessoas, acerca da sua dor, poderá fazer com que essa pessoa também se distancie de Deus, por achar que Ele não agiu com justiça e amor. Por exemplo:

Alguém passa por um momento extremamente traumático, como a perda de um filho, de um ente querido ou até mesmo de um bem material. Você era feliz na sua experiência com quem ou com o que possuía. De repente, a tragédia se abate sobre essa pessoa e o que ela faz? Naturalmente, ela procurará respostas com amigos chegados.

Então, em lamento, ela questiona as razões de Deus ter permitido que tal tragédia acontecesse a ela! A sua dor é intensa na mesma medida do prazer que sentia pelo que perdeu. O que diríamos a alguém nesse estado?

Geralmente, pessoas surgem com comentários superficiais, confortadores, e todos eles mais irritam o sofredor do que propriamente o ajudam. Outros são durões e partem logo para argumentos condenatórios, dizendo que essa pessoa está passando por maus momentos, devido a atitudes espirituais e morais erradas, segundo a Palavra de Deus. O que ela está enfrentando é a causa dos seus erros.

Eu entendo que somos chamados para fortalecer pessoas e também confrontá-las com a Palavra de Deus, mas é necessário saber como fazer isso. Quando estou conversando individualmente com alguém, eu peço a Deus que me dê a capacitação para entender (primeiramente) a dor e o estado de alma da pessoa.

Ela, antes de tudo, não precisa de argumentos, mas de um amigo. Ela necessita que eu a receba como alguém sem esperança, sem caminhos e prestes a se isolar de tudo e de todos, inclusive, de Deus. Eu, como pregador, preciso entender que não estou em um púlpito pregando um tema, um tópico ou um argumento, quando aponto causas e efeitos. Eu tenho à minha frente uma vida traumatizada e a única coisa que ela necessita é a minha presença e os préstimos ou a serventia dos meus ouvidos.

Eu preciso ter paciência e entender que (no momento inicial da conversa) a presença de um amigo é mais importante do que palavras! À medida que avançamos, então, procuro fazer com que a pessoa comece a pensar sobre como seria a sua vida confiando na soberania de Deus, pois, às vezes, realmente não entendemos tudo o que nos acontece.

Procuro, com calma, fazê-la entender princípios divinos como o registrado em Romanos 8:28-31, ou em outras porções da Bíblia, a fim de que sua mente se abra para a Palavra de Deus. A pessoa precisa ser ajudada e não ameaçada! Ao longo da conversa ela, se for o caso, já estará mais quebrantada e aberta para aceitar possíveis erros cometidos.

 

  1. Você está disposto a agir como Jesus, quando se encontrou com Zaqueu?

Imagine Jesus dizendo: “E então Zaqueu, você pensa que eu não o conheço e não sei o que faz? Sendo um corrupto e ladrão do povo de Deus, o que espera de Deus? Você está disposto a descer dessa árvore e dizer a todos o quanto tem roubado essa gente, ficando com parte do dinheiro e dando a porção restante aos romanos?” Porém, veja o que Jesus disse:

Quando Jesus chegou àquele lugar, olhou para cima e disse a Zaqueu: — Zaqueu, desça depressa, pois hoje preciso ficar na sua casa. (Lc.19:5 NTLH)

O que Jesus fez? Ele, primeiro, “deu a Si mesmo” a Zaqueu, “o aceitou” e depois “entrou” na sua casa. Zaqueu “O recebeu”. Já dentro da casa (acredito que comendo com Jesus) e ouvindo o Evangelho (a Mensagem da Palavra de Deus), demonstrou grande alegria, confiou na soberania divina e se dispôs a mudar de atitude.

Vamos ler o resultado desse encontro:

8 Zaqueu se levantou e disse ao Senhor: — Escute, Senhor, eu vou dar a metade dos meus bens aos pobres. E, se roubei alguém, vou devolver quatro vezes mais. 9 Então Jesus disse: — Hoje a salvação entrou nesta casa, pois este homem também é descendente de Abraão. 10 Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar quem está perdido. (Lc.19:8-10 NTLH)

Zaqueu tinha amigos, mas se sentia sozinho e, com toda certeza, angustiado pelos seus crimes! Um criminoso ou alguém corrupto pode ser aceito com confiabilidade entre os que agem como ele? Claro que não! Zaqueu sempre esteve sozinho, até esse grande dia! Deus deu a ele Jesus e, por meio Dele, a Sua Graça e perdão.

Jesus foi compassivo com Zaqueu e pediu que “descesse” da árvore, porque “precisava” ficar na casa dele. Os solitários e sofredores procurarão estar distanciado ou longe de todos, mas, para alcançá-los, é necessário ter o desejo de ficar com eles, entrar no seu mundo e arrancá-los de lá, por meio do Evangelho.

Jesus teve compaixão (pesar, ternura, dó) de Zaqueu e mesmo sabendo quem ele era, foi paciente e perseverante para conduzi-lo à pessoa que deveria ser. Jesus foi paciente, perseverante e ajudou aquele pobre homem (da Graça divina) a não lutar sozinho, mas o conduziu a uma grande transformação de caráter, para a Glória de Deus.

 

  1. Em meio à dor e sofrimentos, seja paciente, perseverante e não se isole!

Muitos que se dizem amigos irão desapontá-lo, pois alguns virão com palavras vazias, expressando um falso conforto, enquanto outros agirão duramente, demonstrando um forte orgulho espiritual e doutrinário. Porém, Deus sempre enviará um amigo que estará ao seu lado, entrará no seu mundo e que o ajudará a sair dele, pela Graça e a Verdade de Jesus.

Assim como Deus o capacita a ser paciente e perseverante nos períodos críticos, que Dele você alcance a sabedoria para escolher amigos confiáveis, que respeitam a Deus e agem com compaixão! Confie em Deus e nunca tente lutar sozinho, pois Ele sempre lhe dará um amigo! Isso não é motivo para se estar feliz em meio à dor e sofrimentos?

Temos muitos inimigos, mas nunca nos falta um amigo. (2 Co.4:9ª NTLH)

Que Deus nos abençoe!

Walter de Lima Filho