Salmos 73:1
Texto Base:
Salmo de Asafe. Na verdade, Deus é bom para o povo de Israel, ele é bom para aqueles que têm um coração puro. (Sl.73:1 NTLH)
Um dia, seis cegos decidiram ir ao zoológico. Eles contrataram um guia para contar sobre todos os animais exóticos que não podiam ver. Quando eles chegaram ao lugar onde ficavam os elefantes, o supervisor do zoológico permitiu que eles tivessem mais do que uma descrição verbal, mas que cada um sentisse o que seria um elefante. Então, ele deixou cada homem tocar uma parte do mamífero gigante. O que eles disseram acerca do animal?
Uma grande corda? O primeiro estendeu a mão e agarrou a cauda do elefante. Ele disse: “o elefante é como uma grande corda!”
Um grande tronco de árvore. O segundo tocou a enorme perna de elefante e disse: “Ele não se parece a uma corda, mas o elefante é como um grande tronco ou árvore!”
Um grande muro? O terceiro avançou direto para o animal, se chocou com o corpo dele e declarou: “o elefante é como um grande muro!”
Um grande leque ou abanador? O quarto estendeu a mão e segurou uma das orelhas do elefante. O animal a mexeu, fazendo com o homem dissesse: “o elefante é como um grande leque”.
Uma cobra enorme? O quinto decidiu que os quatro primeiros agiam com certa estupidez e, por isso, não descreviam a mesma criatura. Ele, cuidadosamente, caminhou, estendeu a mão e tocou na tromba do bicho. Então, disse: “Meus amigos, é óbvio que o elefante é como uma cobra enorme.”
Uma grande espada? Então, o sexto ficou totalmente confuso, avançou e estendeu a mão, esperando encontrar a verdade. Andando até o animal, ele tocou na presa e fez uma pausa. Por fim, declarou: “Eu vejo que o elefante é como uma espada!”
O guarda e o guia do zoológico sorriram um para o outro, sabendo que ninguém conseguiu descrever o que o elefante realmente era!
Este foi o problema que confrontou o escritor deste Salmo. Ele olhava para a sua situação do ponto de vista errado. Muitas vezes, nós temos a mesma atitude do salmista! Há momentos em que coisas terríveis aparecem no caminho de nossas vidas e, quando isso acontece, tendemos a olhar para essas situações com ótica humana, e não pela divina.
Este Salmo nos ensina a olhar para nós mesmos e para as circunstâncias, tendo os olhos do SENHOR. Asafe estava pronto para jogar a toalha e se afastar de Deus. No entanto, ele aprendeu a ver as coisas, não pela perspectiva humana defeituosa, mas pela perspectiva de Deus.
Os seis cegos descreveram o mesmo elefante, mas cada um deles deu uma definição diferente do animal. Muitas vezes, nós nos parecemos com eles ao definirmos uma situação estranha ou adversa pela nossa ótica. Eu gostaria de meditar, por algum tempo, no Salmo 73, pois ele nos ensina sobre o perigo de olharmos para as situações da vida pela perspectiva humana defeituosa.
1. Como você vê a Deus?
Na verdade, DEUS É BOM para o povo de Israel, ele é bom para aqueles que têm um coração puro. (Sl.73:1)
O que nós aprendemos acerca de Deus e do homem neste verso? Aprendemos que:
• Deus é “Bom”, ou seja, agradável, excelente, incomparável, valioso, útil, generoso, justo, correto e…
• Deus é bom para o Seu povo.
• Deus é bom para aqueles que têm um coração puro.
• Aquele que tem um coração puro experimenta toda a bondade de Deus.
• O povo de Deus sempre experimentará a Sua bondade ou graça.
De acordo com o Salmo 73:1, penso que Asafe, naquele momento, enxergava a Deus como do modo acima. Ao compreender a Deus dessa maneira, Asafe era alguém que estava pisando sobre bases sólidas, ou terra firme. Ele aprendeu que Deus é Bom e sobre a Sua bondade para com o Seu povo.
No entanto, achamos que a bondade divina é uma ação que só oferece coisas para o nosso bem-estar e não exige comprometimentos, responsabilidades, ou seja, que o SENHOR não trabalha com o nosso caráter, que cede o tempo todo às vontades. Asafe precisava aprender sobre como olhar para si mesmo e para as situações pela perspectiva divina e não pelas suas emoções e sentimentos.
2. Você é íntegro e, por isso, se considera “bom”? Como você olha para si mesmo?
Certa vez, Jesus testificou sobre a bondade de Deus a um jovem rico que O procurou, a fim de saber como poderia obter a “vida eterna”.
16 Certa vez um homem (um jovem e líder religioso muito rico – v. Mc.10:1) chegou perto de Jesus e perguntou: — Mestre, O QUE DEVO FAZER de bom (de útil, de valioso, excelente e elevado) para conseguir a vida eterna? (a vida elevada, aprovada por Deus e que nunca termina) 17 Jesus respondeu: — Por que é que você está me perguntando a respeito do que é bom? BOM SÓ EXISTE UM (a bondade Deus produz ações da Sua graça, a fim de abençoar pessoas). Se você quer entrar na vida eterna, guarde (atente cuidadosamente para) os mandamentos. (Mt.19:17 NTLH)
Jesus corrige o foco de visão do rapaz, pois, para ele (na sua ótica), o que deveria fazer de útil, valioso e excelente poderia lhe garantir a vida aprovada por Deus. Na Sua resposta, Jesus aponta para a Pessoa de Deus, e o sentido seria o seguinte: “Não é o que você pode fazer de bom (útil, valioso, excelente e elevado), mas o que Deus quer que você pratique, que é bom a partir Dele, pois só Ele é Bom.” O que Jesus expressou era que o jovem rico deveria expressar a imagem de Deus, agindo à Sua semelhança.
Na passagem paralela à que lemos (Mc.10:1), o jovem chama Jesus de “Bom”, mas o SENHOR o questiona: “Por que você me chama de bom? Só Deus é bom, e mais ninguém.” Em outras palavras: “O que você vê em Mim para qualificar-me como ‘Bom’, se somente Deus é ‘Bom’?”
A seguir, Jesus testa o seu conhecimento sobre Deus, pedindo que praticasse os Seus Mandamentos, e o jovem disse que os praticava desde criança. Entretanto, para Jesus, a prática das Leis Morais divinas não faria dele um homem bom! Faltava-lhe algo mais: além da prática dos Mandamentos, ele precisava seguir com confiança a direção específica de Deus.
Então, Jesus olha para ele com amor e lhe dá uma ordem divina, pois Jesus é Deus:
Falta mais uma coisa para você fazer (para participar da vida de Deus, seja submisso a Ele): vá, venda tudo o que tem e dê o dinheiro aos pobres e assim você terá riquezas no céu. Depois venha e me siga (como discípulo, aluno, assistente). (Mc.10:21 NTLH)
Jesus foi cirúrgico! Ele penetrou no íntimo da alma do rapaz e, com a Sua palavra, desvendou os pensamentos e intenções daquele jovem (v. Hb.4:12,13). Quando o rapaz ouviu o que Jesus lhe disse, “fechou a cara” e foi embora muito triste. (v. Mc.10:22)
Jesus viu que o rapaz estava no serviço religioso para se manter rico e para ganhar dinheiro, porém, Deus (Jesus) queria corrigi-lo, a fim de que, seguindo o conselho divino, realizasse o que, de fato, seria “bom”, ou seja, que ele expressasse a imagem de Deus e que agisse à Sua semelhança naquele momento específico da sua vida ministerial. Para o que o rapaz olhou?
3. A sua integridade lhe garante a vida eterna?
Os Dez Mandamentos nos ensinam a vivermos em integridade moral, por respeito a Deus e à sociedade, mas, ainda que os pratiquemos, não devemos nos considerar “bons”. Sim, como eles são úteis à sociedade e a nós mesmos! Porém, a observação dos Dez Mandamentos (a Lei Moral divina) é a obrigação de todos, para o bem de todos. Então, você é bom:
• Porque crê que Deus é o Único SENHOR e que deve amá-Lo?
• Porque não é idólatra?
• Porque não toma o nome de Deus em vão?
• Porque guarda o sábado?
• Porque respeita seu pai e sua mãe?
• Porque não mata pessoas?
• Porque não comete adultério?
• Porque não rouba?
• Porque não dá falso testemunho contra ninguém?
• Porque não cobiça a casa, a mulher, escravo e animais do próximo?
Quando Deus, no Monte Sinai, deu ao Seu povo os Dez Mandamentos, assim o fez para que a nação de Israel tivesse uma lei moral, pois, dessa forma, teria um comportamento diferente dos povos pagãos. Sobre essas leis morais, as mais elevadas regras do comportamento moral têm sido construídas e, portanto, praticá-las é um dever de todo ser civilizado.
Todavia, ao praticá-las, não pensemos que estamos praticando “tudo” o que Deus espera de nós como Seus filhos. Deus nos chamou para guardarmos os Seus Mandamentos e fazermos as boas obras que, desde a Eternidade, Ele planejou que fizéssemos neste mundo (v. Ef.2:10; Tt.2:14; 2 Tm.3:16,17)
Nós expressamos a grandeza de Deus e a Sua bondade, quando fazemos as coisas a partir Dele e para Ele, pois, do contrário, tudo não passa de mero esforço humano e religioso, para ganharmos vantagens divinas ou elogios das pessoas e, por que não, de nós mesmos?
Um exemplo do que estou falando está na declaração de Jesus:
Então Jesus disse a eles: — Eu afirmo a vocês que isto é verdade: O FILHO NÃO PODE FAZER NADA POR SUA PRÓPRIA CONTA, POIS ELE SÓ FAZ O QUE VÊ O PAI FAZER. Tudo o que o Pai faz o Filho faz também, 20 pois o Pai ama o Filho e lhe mostra tudo o que está fazendo. E vai mostrar a ele coisas ainda maiores do que essas, e vocês vão ficar admirados (surpreendidos, maravilhados, impactados). (Jo.5:19,20 NTLH)
A bondade de Jesus refletia os atos do Pai e, por isso, o nosso SENHOR era Bom! Jesus, sendo Deus, poderia fazer qualquer coisa, mas Ele veio para nos ensinar a obedecermos a Deus (o Pai), a fim de que quando fizéssemos algo de bom, que isso fosse útil, incomparável, excelente, elevado e causasse impacto divino nas pessoas (v. Mt.5:13-16).
Sermos “certinhos” não nos caracteriza como pessoas “boas”, pois, muitos, devido à sua honestidade moral, cobram de Deus ações a seu favor, enquanto seus corações (ou mentes) são impuros! (v. Mt.23:27-32) A bondade divina, neste caso, se transforma em correção ou punição.
Na verdade, nós precisamos aprender que não devemos apenas nos guardar do mal, mas que, por ordem do SENHOR, devemos “agir” contra ele, de acordo com os princípios do Evangelho (v. Mt.16:18; Mt.5:13-16; 1 Pe.2:12). A bondade de Deus não nos torna pessoas boas, mas nos dá recursos espirituais e morais para sermos bons (na acepção da palavra).
Que reconheçamos a bondade divina para com o Seu povo e aprendamos a confiar Nele (na Sua soberania), sabendo que Ele está no controle de todas as coisas; mesmo não entendendo tudo, declaremos que o SENHOR é Bom!
Que Deus nos abençoe!