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Na vida com Deus, passamos por vales – Parte 1: O Vale das Lágrimas

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Salmos 23:4

Texto Base:

Ainda que eu ande por um vale escuro como a morte, não terei medo de nada. Pois tu, ó SENHOR Deus, estás comigo; tu me proteges e me diriges. (Sl.23:4 NTLH)

A vida com Deus não consiste apenas em “pastos verdejantes” e “águas de descanso” (cf. Sl.23:2), mas em vários outros tipos de vales, os quais representam momentos de grandes dificuldades espirituais e morais e que exigem de nós muita perseverança, a fim de alcançarmos os objetivos divinos para as nossas vidas.

Na Igreja, nós nos acostumamos a pensar nos “vales” como lugares ou momentos na vida de grandes aflições, os quais abrangem finanças, relacionamentos problemáticos nas diferentes áreas e lutas com demônios. Todavia, os vales são “vias espirituais” preparadas por Deus, a fim de nos corrigir, fortalecer e mostrar o Seu poder e soberania. Portanto, o “vale”, na vida com Deus, é o lugar mais baixo para onde Ele nos leva para crescermos e confiarmos Nele, a fim de O servirmos com mais maturidade.

Eu gostaria de compartilhar sobre três tipos de vales, pelos quais passaremos:

  • O Vale das Lágrimas
  • O Vale das Desgraças
  • O Vale da Sombra da Morte

1. O Vale das Lágrimas. Pode haver felicidade nele?

Deus diz que sim!

5 Felizes são aqueles que de ti recebem forças [vitalidade física] e que desejam andar pelas estradas que levam ao monte Sião! 6 Quando eles passam pelo Vale das Lágrimas, ele fica cheio de fontes de água, e as primeiras chuvas o cobrem de bênçãos. (Sl.84:5,6 NTLH)

O texto bíblico fala de andarmos por estradas que nos levam ao nosso “Sião”, e o que esse lugar representa?

  • O templo – O templo de Salomão foi construído perto da fortaleza de Sião e essa zona também ficou conhecida como Sião. (v. Sl.20:2)
  • Jerusalém – Sião era o centro político e religioso da cidade; por isso, Sião às vezes é usado como sinônimo de Jerusalém; a expressão “filha de Sião” significa Jerusalém. (v. 2 Re.19:21)
  • O próprio Israel – Jerusalém era a capital de Israel e o templo de Sião era o ponto central da nação. (v. Sl.149:2)
  • O Céu e o povo de Deus – Sião era onde os judeus iam para estar na presença de Deus; no Céu, todos os salvos em Cristo estarão para sempre na presença de Deus. (v. Hb.12:22-23)

Repare que o texto nos diz que, ao andarem pelas estradas que conduziam ao Monte Sião, os peregrinos eram felizes (divinamente abençoados) por receberem forças de Deus no Vale das Lágrimas, pois o caminho não era fácil. Então, os peregrinos só poderiam atravessar esse vale pela providência divina e o reconhecimento dela é que os faziam se sentir felizes ou abençoados.

Nas várias versões da Bíblia, esse vale também é descrito como: Vale das Lamentações, Vale de Lágrimas, Vale das Balsameiras e Vale Árido ou Vale de Baca. “Baca” é uma palavra hebraica, que significa “choro”, “lágrima”. Nesse vale árido, havia balsameiras, as quais são plantas que destilam, gotejam ou “choram” um bálsamo ou resina de aroma agradável; assim, a palavra “bálsamo” adquiriu o sentido figurado de “alívio” e “conforto”.

O Vale de Lágrimas (Baca, Balsameiras, Lamentações, Árido) não era muito desejável pelos peregrinos, mas era o caminho pelo qual deveriam percorrer, segundo a vontade soberana de Deus, até chegarem a Sião. O que tornava os caminhos por esse vale tão desagradáveis?

1.1. O Vale de Lágrimas era árido.

Nesse solo árido, os peregrinos eram obrigados a cavarem poços para obtenção de água; caso contrário, nem as pessoas nem os animais o suportariam. Alguns não tinham tanto trabalho, pois encontravam poços já cavados por peregrinos que por lá haviam passado, e essas cisternas, em períodos chuvosos, retinham as águas das chuvas.

Muitos cristãos verdadeiros, os quais nos antecederam, deixaram o seu exemplo de perseverança ao passarem pela aridez desse tipo de vale e o venceram com a ajuda de Jesus, o nosso SENHOR, que nos dá a “Água Viva”.

Jesus é o “Poço” que nos dá a água (“Água Viva”, a Palavra da Verdade, veja Jo.4:1-15) que sacia a nossa sede pelo Criador e nos conserva lúcidos na nossa caminhada de fé com Deus, neste mundo que se tornou árido de princípios espirituais e morais. Portanto, a “Água Viva” oferecida por Jesus é a Palavra de Deus (a inspiração divina, as Escrituras Sagradas, a Bíblia).

Por outro lado, o manuseio da Bíblia sem a ação do Espírito Santo em nossas mentes é ineficaz à compreensão dos propósitos divinos a uma vida, tanto espiritual como moral que O agrade. Sem a Palavra de Deus e o Espírito Santo, nossas reuniões podem se tornar em festas animadas, preparadas para o nosso próprio deleite ou prazer, e nada significam para Deus.

Jesus, certa vez, disse o seguinte:

37 O último dia da festa era o mais importante [o dia de maior animação de toda a festividade]. Naquele dia Jesus se pôs de pé e disse bem alto: — Se alguém tem sede, venha a mim e beba. 38 Como dizem as Escrituras Sagradas: “Rios de água viva vão jorrar do coração de quem crê em mim”. 39 Jesus estava falando a respeito do Espírito Santo, que aqueles que criam nele iriam receber. Essas pessoas não tinham recebido o Espírito porque Jesus ainda não havia voltado para a presença gloriosa de Deus. (Jo.7:37-39 NTLH)

Infelizmente, as vidas de muitos que se dizem cristãos estão vazias da “Água Viva”, ou seja, tanto da Palavra de Deus com do Espírito Santo e, tudo o que fazem religiosamente, não é para agradar a Deus, mas a si mesmos. Muitas reuniões de louvor estão se transformando (já se transformaram) em diversão pública, em espetáculos ou “shows” de música gospel.

Muitos músicos e cantores cristãos cobram por suas apresentações e as chamam de “shows”! Esses cantores e músicos se esqueceram que receberam de graça o dom que possuem, e que do mesmo modo, deveriam se oferecer a todos, a fim de “ensinarem” o povo de Deus a engrandecer e louvar o SENHOR com profundidade. Contudo, o que eles estão fazendo? Estão dando a todos em seus “shows” o prazer da boa música, o som, as danças e, em muitos desses eventos, a histeria.

Já contaminados pelo amor ao dinheiro e por não confiarem nas provisões divinas, cobram alto por suas apresentações. O mesmo se dá na vida de muitos pregadores, os quais preferiram se tornar mestres itinerantes, abandonando a responsabilidade de pastorear, organizar e ensinar uma igreja local sobre como servir ao SENHOR.

É necessário gastar tempo com as pessoas para ensiná-las adequadamente, ter paciência e ajudá-las a superarem seus medos, a andarem pelos seus vales rumo à Eternidade. Leva tempo para ensinar os cristãos sobre a importância de lamentarem as suas fragilidades e convencê-los que esforçar-se em trabalhar para Deus não é vão. O apóstolo Paulo, após ter passado vários meses na igreja de Corinto e tendo demonstrado o seu exemplo, disse:

(…) queridos irmãos, continuem fortes e firmes. Continuem ocupados no trabalho do Senhor, pois vocês sabem que todo o seu esforço nesse trabalho sempre traz proveito [não é inútil ou sem propósitos divinos]. (1 Co.15:58 NTLH)

Não podendo estar em Corinto, Paulo escreve suas cartas para corrigi-los de erros espirituais e morais que estavam cometendo. É fácil notar que, ao longo da sua carta, ele menciona a sua autoridade apostólica, confirmada pelo seu trabalho entre eles, o qual deveria ser lembrado por todos como um exemplar trabalhador pela Verdade e pelo Evangelho de Cristo.

Os cristãos em Corinto estavam dando ouvidos a falsos mestres, os quais eram, figuradamente, como as pedras grandes (v. Jd. 4) do “Vale das Lágrimas”, as quais precisavam ser retiradas em benefício da fé dos futuros cristãos.

Para chegarmos à Eternidade, à presença eterna de Deus – o que reconheço não ser uma tarefa fácil –, é necessária muita perseverança! Teremos que vencer, antes de tudo, as lágrimas do rebaixamento do nosso orgulho pessoal, do nosso egocentrismo, o qual nos leva o tempo todo a amarmos somente a nós mesmos e menos os outros (v. Mt.22:37,38).

Nesse caminho, teremos que chorar as nossas fragilidades espirituais e morais (v. Mt.5:4), de modo a recebermos toda a ajuda, força ou consolo de Deus. Teremos que ser dependentes de Deus e confiarmos na sua promessa de nos receber em Seu Reino (v. Mt.5:5) e não perdermos a sede e a fome de fazermos a Sua vontade, pois é somente desse modo que nos sentimos satisfeitos Nele (v. Mt.5:6).

Para finalizar, os vales não representam a dor pelos sofrimentos terrenos, mas momentos divinos, preparados para despertar a sede e o desejo de amar, servir mais a Deus e de chegar à Sua presença eterna.

7 Durante a sua vida aqui na terra, Cristo, em voz alta e com lágrimas, fez orações e súplicas a Deus, que o podia salvar da morte. E as suas orações foram atendidas porque ele era dedicado a Deus. 8 Embora fosse o Filho de Deus, ele aprendeu, por meio dos seus sofrimentos, a ser obediente. (Hb.5:6,7 NTLH)

Jesus andou pelo “Vale das Lágrimas” e orou derramando lágrimas. O texto não diz que Ele pediu que Deus o livrasse da morte, mas que falava em oração com Aquele que tinha o poder para não permitir a Sua morte na cruz. Embora fosse o Filho de Deus, o Messias e Cristo, Ele aprendeu a ser obediente no “Vale das Lágrimas”.

A Sua obediência fez com que Ele ressuscitasse, subisse aos Céus, e à direita de Deus Pai, socorre aqueles que, com lágrimas, se dispõem a se desgastar para Deus, que anseiam por Ele e pela Eternidade ao lado Dele, para sempre!

Que Deus nos abençoe!

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