(Walter de Lima Filho – Terça – 17/09/2013)
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“O TESOURO ESCONDIDO E A PÉROLA DE GRANDE VALOR”
Mateus 13:44-46
Jesus sempre apresentou a fé como a completa troca de tudo o que somos por tudo o que Ele é. Então, a entrada para o Reino de Deus, por meio do Seu Evangelho, exige “entrega sacrificial” de cada indivíduo que Ele chama.
O Evangelho não pode ser parecido a um tranquilizante açucarado, cuja única finalidade é a de acalmar pessoas. O Evangelho do Reino não foi dado a pessoas entusiasmadas, que não querem ser submissas a Cristo. (cf. Lc.9:57-62) O Evangelho de Cristo não dá esperança àqueles que a Ele não se submetem. (cf. Mc.8:34-37)
Antes dessa parábola, Jesus contou a parábola do “Semeador” e depois a do “Trigo e o Joio”. Aprendemos na parábola do Semeador que pessoas podem ouvir o Evangelho com o coração endurecido, com superficialidade, falsidade, ou podem ser receptivas à Palavra de Deus.
Vimos na parábola do Trigo e o Joio que Jesus toma Seus verdadeiros seguidores e os cultiva no “mundo” como “sementes”, a fim de produzirem e propagarem o Reino de Deus em terreno hostil. Mas o Inimigo vem e semeia o engano, com a finalidade de inibir a realização e a multiplicação do Evangelho.
Então, nesta parábola, Jesus fala sobre o valor do Reino de Deus e daqueles que sacrificam tudo para possuí-lo. O Reino de Deus pode ser rejeitado, tratado com superficialidade, falsidade, mas os que o recebem verdadeiramente, colocam seus sonhos pessoais em segundo plano para obtê-lo.
No texto que lemos, Jesus fala de dois homens:
• O primeiro não estava procurando o Reino e o descobre.
• O segundo o estava procurando e encontra.
1. O Tesouro escondido – O Reino achado acidentalmente. (13:44)
Era comum naquela região que pessoas escondessem valores em lugares secretos, pois Israel sempre estava fervilhando em guerras e guerrilhas. Você poderia dizer que ao encontrar o tesouro, aquele homem faltou com a ética ao esconder novamente algo que não lhe pertencia. Mas a lei rabínica dizia que se um homem encontrasse frutas ou valores perdidos, esses seriam seus.
Tudo indica que o tesouro não pertencia ao proprietário do campo, pois, se fosse, ele o teria buscado antes de vender sua propriedade. Esse tesouro estava ali para ser achado e possivelmente, tenha pertencido a alguém que o escondeu e que havia falecido.
O homem que achou o tesouro poderia tê-lo levado embora ou tirado dele um pouquinho, ou seja, o suficiente para comprar o campo mais à frente. No entanto, ele agiu com honestidade, pois em vez de levar ou tirar um pouco do tesouro, ele o colocou de volta no esconderijo, saiu, vendeu tudo o que tinha e comprou o campo. Dessa forma, ninguém poderia acusá-lo de ter comprado a área desonestamente.
O Reino de Deus está neste mundo e muitos esbarram nele. No entanto, as pessoas que o encontram, não querem pagar nenhum preço pessoal por ele.
2. A pérola de grande valor – O Reino é encontrado após uma longa busca. (13:45,46)
Esse homem era especializado no negócio de pérolas e não fez a sua descoberta por acidente. As pérolas eram gemas caras, os ricos as adquiriam como investimento e havia algumas de valor incalculável. Os egípcios chegavam a adorar pérolas!
Esse negociante era perito em pérolas e vivia para comprá-las e vendê-las aos varejistas. Entretanto, quando ele encontra uma só pérola, valiosíssima, a melhor que já tinha visto, ele abriu mão de tudo o que tinha para possuí-la.
3. Quanto custa e quem pode comprar o Reino?
Por nascerem e crescerem em lares cristãos, muitos têm a idéia de que já são destinados ao Reino de Deus. Ninguém entra no Reino de Deus automaticamente, pois ele se destina àqueles que reconhecem o seu valor incalculável e se dispõem a sacrificar tudo para possuí-lo.
Muitos se satisfazem ao verem a demonstração do poder de Deus, vibram com a presença do Altíssimo, mas não abraçam o Reino dos Céus com o zelo e com a alegria de alguém que venderia tudo para possuí-lo.
Paulo disse: Olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam. (1 Co.2:9 NVI) Por mais que tentemos explicar a grandeza do que Deus já preparou para os verdadeiros cristãos, conseguiríamos? Paulo continua: Mas Deus o revelou a nós por meio do Espírito. O Espírito sonda todas as coisas, até mesmo as coisas mais profundas de Deus. (1 Co.2:10 NVI) Deus revela a grandeza de Seu Reino aos Seus verdadeiros filhos pelo Espírito Santo.
Isso tudo é loucura à sabedoria humana! Porém, os corações receptivos à mensagem do Reino e que estão plantados no mundo, para que a glória de Deus se manifeste, conhecem o valor incalculável do tesouro que contém as riquezas e as bênçãos do Reino Eterno.
Vamos olhar novamente o verso 44 e observar a atitude do homem ao encontrar tamanho tesouro: Ele “vendeu tudo o que possuía”, movido por pura alegria ou satisfação. A “renúncia” era o preço a ser pago, em troca de algo muito maior e mais valoroso! O preço do Reino não é dinheiro, mas a renúncia do “eu”, que quer competir o tempo todo com o Governo Divino.
Paulo é um exemplo do que estamos comentando: Mas o que para mim era lucro, passei a considerar perda, por causa de Cristo. Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por cuja causa perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar a Cristo. (Fp.3:7,8 NVI)
4. Comprar o Reino não significa fazer voto de pobreza.
A vida eterna é um dom gratuito, e, como eu já disse, ela não pode ser comprada com dinheiro. O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor. (Rm.6:23 NVI) No entanto, para se entrar no Reino, há um custo: Pois sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com Ele, para que o corpo do pecado seja destruído, e não mais sejamos escravos do pecado. (Rm.6:6 NVI)
O “custo” é não procurar viver pela vontade própria, mas assemelhar-se ao grão de trigo, que cai na terra e morre para germinar, crescer e frutificar. (cf. Jo.12:24) O custo é não permitir que as nossas possessões terrenas e o que somos concorram contra o supremo controle de Deus sobre nossas vidas. No entanto, essa experiência se aprofunda à medida que desenvolvemos entendimento espiritual.
Estas parábolas são um alerta claro àqueles que se dispõem a seguir Jesus sem calcular o custo do discipulado. Jesus falou o seguinte: Qual de vocês, se quiser construir uma torre, primeiro não se assenta e calcula o preço, para ver se tem dinheiro suficiente para completá-la? Pois, se lançar o alicerce e não for capaz de terminá-la, todos os que a virem rirão dele. (Lc.14:28,29 NVI) Você pode começar uma caminhada cristã e não terminá-la! O cristão verdadeiro tem pleno conhecimento do custo do discipulado e assume o compromisso da sua entrega a Cristo.
Moisés também é um exemplo de alguém que reconheceu o custo de servir a Deus: Pela fé Moisés, já adulto, recusou ser chamado filho da filha do faraó, preferindo ser maltratado com o povo de Deus a desfrutar os prazeres do pecado durante algum tempo. Por amor de Cristo, considerou a desonra riqueza maior do que os tesouros do Egito, porque contemplava a sua recompensa. (Hb.11:24-26 NVI)
Garanto que todos diziam que ele estava louco e foi até desprezado pelos seus; contudo, ele sabia que estava trocando o rico Egito por algo muito maior: a recompensa celestial! É esse tipo de pessoa que Deus procura: o que está disposto a se render a Ele incondicionalmente.