João 2:12,13
Texto Base:
12 Depois disso, [i.e. após ter realizado o milagre na festa de casamento em Caná] Jesus, a sua mãe, os seus irmãos e os seus discípulos foram para a cidade de Cafarnaum e ficaram alguns dias ali. 13 Alguns dias antes da Páscoa dos judeus, Jesus foi até a cidade de Jerusalém. (Jo.2:12,13 NTLH)
Nas últimas semanas, eu tenho compartilhado com vocês sobre as razões de Jesus ter ido, primeiramente, a Cafarnaum (ao “mundo” – aos povos pagãos) e depois ao Templo, em Jerusalém (aos religiosos). O que isso significa? O Seu trabalho com o “mundanismo” sempre antecede ao aperfeiçoamento ou à purificação da nossa religiosidade ou espiritualidade.
Jesus, nos Seus dias sobre a Terra, deparou-se com os religiosos vivendo “às avessas da Vida divina”, pois o mundanismo havia se infiltrado na vida da liderança religiosa e, consequentemente, na vida dos judeus religiosos. Então, como já vimos, Jesus amaldiçoou uma figueira sem frutos, a qual simbolizava tanto a religião como os religiosos. (Marcos 11:12-14)
Essa maldição não indicava que um judeu não pudesse vir a se converter a Jesus, pois todos os Seus discípulos eram judeus, pois a Igreja teve o seu início em um ambiente judaico e composta, na sua maioria, por judeus seguidores de Cristo. O sentido dessa maldição era que o sistema religioso Mosaico sem Cristo, o Messias, não atrairia mais as pessoas a Deus, pela razão de os religiosos terem excluído Jesus do seu meio.
O judaísmo continuaria com suas festas, canções, reuniões para o estudo da Torá, a Lei Mosaica, composta por 623 disposições, ordens, restrições e proibições. A religião judaica seguiria o seu curso, mas inútil aos propósitos eternos de Deus. Procuremos nos lembrar do que Jesus disse:
8 “Deus disse: Este povo com a sua boca diz que me respeita, mas na verdade o seu coração está longe de mim. 9 A adoração deste povo é inútil, pois eles ensinam leis humanas como se fossem meus mandamentos.” (Mt.15:8,9 NTLH)
Portanto, existe a possibilidade de nos reunirmos em nome de Deus, mas, ao mesmo tempo, longe Dele e em oposição a Ele! O resultado disso será a inutilidade da nossa adoração, ou seja, a falta da verdadeira reverência ou respeito a Deus. Isso acontece quando, em vez de seguirmos a Palavra de Deus, preferimos seguir ensinamentos enganosos, cuja finalidade dos mesmos é fazer uso de métodos e técnicas humanas, para que o homem não se sinta incomodado com as exigências de Deus.
1. Cuidado com o Antropocentrismo – a vida centrada no ser humano
Nós vivemos em uma época na qual a sociedade vive centrada no homem e essa filosofia de vida é chamada de “Antropocentrismo”. O Antropocentrismo é o pensamento de que o ser humano é o centro de tudo e que ele é rodeado por todas as outras coisas. O que importa são os interesses humanos. Que tudo seja feito para que o homem esteja satisfeito e feliz.
Muitos pregadores têm prometido às pessoas que Deus lhes dará o que desejam se tiverem fé. No entanto, a proposta divina é dar ao homem que tem fé o que ele precisa e não a certeza de obter a satisfação dos seus desejos terrenos ou pessoais.
Eu me lembro que livros foram escritos sobre como fazer a Igreja crescer! A ideia era tentar mostrar que o modo como o Evangelho estava sendo apresentado não atraía mais a atenção das pessoas. Portanto, seria necessário mudar o modo de a Igreja se apresentar ao público, a fim de que as pessoas se interessassem em vir para as reuniões.
Foi nesse período que muitos pregadores passaram a fazer uso de certos métodos e ciências como a sociologia, psicologia, marketing, ciência da comunicação, gerenciamento de empresa, programação neurolinguística (PNL), hipnose, espetáculos (shows) e tantas outras. Todos esses métodos passaram a ser usados para que, por meio deles, as pessoas frequentassem as igrejas e, nelas, sentissem-se emocionalmente satisfeitas e cheias de esperanças terrenas. As pessoas começaram a procurar igrejas que atendessem aos seus interesses e não aos de Deus!
Esta é a razão de não ouvirmos com frequência ensinamentos sobre pecados, a fé como o compromisso com a Pessoa de Cristo e a missão que Ele deu à Igreja em relação ao amor a Deus e ao próximo. Sobre a Eternidade e o Inferno, nem pensar! O destino da alma humana tem ficado em segundo ou terceiro plano, desde que no primeiro esteja o sucesso pessoal, a prosperidade financeira e a felicidade.
2. No Reino de Deus, a qualidade é superior à quantidade
Devido a essa prática, tanto o sucesso de uma igreja como do indivíduo é a quantidade e não a qualidade. Constantemente, ouvimos: “Vá àquela determinada igreja, porque lá, as pessoas têm recebido ‘muitas’ bênçãos!” A Igreja não é uma só? Por que referir-se a uma “determinada igreja”, que oferece “muitas” bênçãos? Isto se deve a um espírito de mercado e de competição; portanto, o homem tem transformado a Igreja em um comércio. Pense: Não foram os comerciantes que Jesus expulsou do Templo? O que Ele fará com os que comercializam o Evangelho?
Quanto a isso, observemos as palavras de Paulo, o apóstolo:
Nós não somos como muitas pessoas que entregam a mensagem de Deus como se estivessem fazendo um negócio qualquer [i.e. como mascates, ganhar dinheiro pela venda de algo, tratar o Evangelho como mercadoria a ser vendida]. Pelo contrário, foi Deus quem nos enviou, e por isso anunciamos a sua mensagem com sinceridade na presença dele, como mensageiros de Cristo. (2 Co.2:17 NTLH)
Além do mais, Paulo ainda diz:
Nós rejeitamos tudo o que é feito escondido e tudo o que é vergonhoso [i.e. rejeitamos métodos ou artifícios para iludir pessoas, o que é uma vergonha para o Reino de Deus]. Não agimos de má fé, nem falsificamos a mensagem de Deus [i.e. não deixamos de ensinar o que a Palavra de Deus ensina e não ensinamos o que ela não ensina]. Pelo contrário, agimos sempre abertamente, de acordo com a verdade, e assim as pessoas têm uma boa impressão de nós, que vivemos na presença de Deus. (2 Co.4:2 NTLH)
Diante da declaração de Paulo, a liderança da Igreja, no primeiro século da sua existência, já estava contaminada pelo “mundanismo”, uma cultura ou filosofia de vida contrária à Verdade e, portanto, ao Próprio Deus. A mentira atrai os mentirosos e os manterá na mentira. A Verdade impacta os mentirosos e lhes dá a opção de escolherem entre a Verdade e a mentira, a Vida e a morte, entre a bênção e a maldição. (Deuteronômio 30:19)
Muitos cristãos, desesperados por bênçãos e livramentos, entregam-se a ensinamentos falsos, a mestres facilitadores das bênçãos divinas. Esses cristãos não percebem que estão sendo guiados por cegos e que os farão cegos como eles. (Lucas 6:39,40)
O ser humano foi criado por Deus para andar na “Vida” por meio da Verdade, que é Jesus. Após a queda de Adão e Eva, nós somente andaremos na Vida com Deus por meio de Jesus – o Caminho, a Verdade e a Vida. (João 1:4; 14:6)
Nós não somos donos da Verdade, mas a amamos e falamos sobre ela. Nós pregamos a vida de Jesus e não a nós mesmos, pois Ele está vivo e vive entre os que desejam fazer a vontade de Deus, por meio de uma vida dedicada a Ele.
Nós desejamos tratar a todos amigavelmente, mas sem comprometer a nossa fé e a nossa posição ao lado da Vida verdadeira, pois foi esse o compromisso que fizemos com Deus quando aceitamos o Seu oferecimento de vivermos em Cristo.
Nós não podemos abrir mão da Verdade, mesmo quando ela nos acusa de a estarmos infringindo. Nós vivemos, por meio de Cristo, para agradarmos a Deus, e por isso nós não adulamos pessoas, mas queremos ser aprovados por Deus, por estarmos do lado certo da Vida, que é Jesus Cristo! (Gálatas 1:10)
Quem se encontra com Jesus, encontra a verdadeira Vida com Deus, abandona pluralismo religioso e o relativismo das ideias, pois sabe que saiu do lado avesso da Vida de Deus!
Que Deus nos abençoe!