Ah se você soubesse! (Walter de Lima Filho – 13.04.2014)
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Lucas 19 41-44
Nós estamos nos aproximando da Páscoa, quando se comemora a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Hoje, eu gostaria de compartilhar alguns aspectos da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Apesar de ser recebido como Rei, uma semana depois, Jesus seria crucificado pela maioria daqueles que celebravam Seu nome e estendiam suas capas pelo caminho por onde Ele passava. (cf. Lc.19:36)
Através do nosso texto bíblico, eu pretendo lhe mostrar nesta meditação que:
Deus sempre visita o Seu povo, seja para julgar ou para salvar.
Nós podemos ignorar as intenções da visitação Divina.
Às vezes, pode ser tarde demais para que alguém seja abençoado por Deus.
A intenção de Deus é nos dar a oportunidade de termos paz com Ele.
Permitam-me iniciar esta meditação com uma história verídica, de um médico cristão:
Casado e pai de três filhos, um médico é voluntário para uma missão perigosa de seis meses, num lugar onde havia uma epidemia de uma doença rara. Além do mais, as pessoas daquela região eram hostis a estrangeiros. Devido ao seu treinamento especial, ele assume a missão para lidar com aquele tipo epidemia.
Os dias e os meses vão passando lentamente e todos em casa sentem a falta do esposo e do pai. O dia do seu retorno se aproxima e todos se enchem de grande emoção. As crianças gritam pela casa: “O papai está voltando!” No dia seguinte, um taxi pára em frente à casa e o médico, muito magro e barbudo, desce do carro com muita dificuldade e todos atravessam a porta da frente como foguetes, para abraçá-lo. Primeiro, ele se ajoelha e abraça forte e carinhosamente as crianças e depois a sua esposa. Então, todos pedem que ele olhe para o banner exposto que dizia: “Bem vindo ao lar e como é bom tê-lo de volta.” Ele entra na casa, se assenta no sofá e começa a chorar sem parar! Todos percebem a sua emoção. A esposa corre para a cozinha, a fim de lhe trazer alguma coisa para beber e o abraça novamente.
No entanto, há um detalhe nessa história: o médico sabia de algo que a sua família não sabia. Ele tinha apenas uma ou duas semanas de vida, pois havia contraído a doença da região, para a qual foi voluntário!
Nessa história há uma mensagem de alegria e tristeza ao mesmo tempo. Se você puder imaginar na sua mente os olhos do médico ao rever a sua família, perceberá neles a maior felicidade, mas também a maior tragédia da sua vida.
1. A entrada triunfal de Jesus revela a mistura do esplendor da alegria com a tragédia da tristeza!
1.1. O povo que honrou a Jesus foi o mesmo que O rejeitou!
O nosso texto expressa a alegria de Jesus ao entrar em Jerusalém, sob a exaltação popular. Mas, ao mesmo tempo, ele nos fala da Sua tristeza, pois sabia que as mesmas pessoas que O celebravam como Rei, iriam abandoná-Lo e crucificá-Lo uma semana depois! Era uma mistura de alegria com tristeza.
Na descida do Monte das Oliveiras, Jesus era ovacionado pelas pessoas como Rei de Israel e elas louvavam a Deus tanto pela Sua chegada como por tudo o que tinham visto. (vs.37,38) Todos estavam muito alegres e até o ar se enchia de alegria, mas Jesus sabia de algo que eles não sabiam: Ele teria uma semana de vida!
1.2. É difícil entender a mente de Deus!
É muito difícil entender a mente de Deus. O modo como Ele age em certas situações, a forma como Ele governa todas as coisas no Universo, o procedimento que Ele toma para realizar os Seus planos e cuidar de Seus filhos fogem dos limites da nossa mente. Às vezes, Ele vem com uma fúria incrível e nos livra de situações terríveis e noutras, Ele permite que passemos por lutas intensas. Entretanto, só Deus sabe as razões, que nós desconhecemos.
1.3. Deus sempre está à nossa frente, pois Ele sabe de coisas que não sabemos.
Jesus sempre sabe algo que nós não sabemos e isso faz parte da Sua providência, ou seja, o modo como Deus lida com as situações e o tempo determinado para que Seus propósitos se cumpram.
O médico teve uma chegada triunfal, porém trágica! Jesus teve uma entrada em Jerusalém triunfal, mas também trágica!
É claro que há uma grande diferença entre a história do médico e a de Jesus, porém, no olhar de ambos, tanto no do médico como no de Jesus, havia uma mistura de alegria e de tristeza ao mesmo tempo.
Muitos daqueles que gritavam “Hosana” (no “Hebraico” quer dizer: “Salva-nos agora, ó Tu que habitas nas maiores alturas”), iriam gritar uma semana depois: “Crucifica-O!” Até mesmo os Seus discípulos iriam abandoná-Lo e desapareceriam no jardim do Getsêmani.
O que Jesus fez ao olhar para Jerusalém? Ele chorou porque teve pena dela e chorou, pelo menos por duas razões:
Ela ignorou a oportunidade para ter paz ou comunhão com Deus. (v.42)
Ele previu o julgamento terrível que viria sobre Jerusalém e seus habitantes. (vs.43,44)
2. Jerusalém sempre tratou a visitação Divina com descaso e violência. (v.42)
2.1. O descaso de Jerusalém para com as visitações de Deus.
O verso 44 diz que Jerusalém “você não reconheceu o tempo em que Deus veio para salvá-la.”
A ideia deste verso é a seguinte: “Jerusalém, você tratou com descaso o tempo determinado por Deus para visitá-la, a fim de estabelecer o seu futuro!”.
A Bíblia ensina que a visitação Divina pode trazer salvação ou julgamento. Certa vez, José profetizou aos seus irmãos sobre a visitação Divina e a salvação do seu povo do Egito:
Certo dia José disse aos irmãos: – Eu vou morrer logo, mas estou certo de que Deus virá ajudá-los e os levará deste país para a terra que ele jurou dar a Abraão, a Isaque e a Jacó. (Gn.50:25 NTLH)
Jesus está constantemente nos visitando, para nos lembrar do seguinte: Ele voltará e quando voltar, nos levará para si e para as moradas que já nos preparou de antemão. Nós temos tratado o Seu retorno com seriedade ou com descaso?
Quando Jesus ressuscitou o filho da viúva de Naim, a reação de todos os que estavam presentes foi a seguinte:
Todos ficaram com muito medo e louvavam a Deus, dizendo: – Que grande profeta apareceu entre nós! Deus veio salvar o seu povo! (Lc.7:16 NTLH)
As pessoas tiveram provas suficientes de que Jesus era a visitação Divina, a fim de que pudessem voltar a ter tanto comunhão com
o intimidade com Deus. Portanto, uma vez que Deus Se manifestava em Cristo, por meio de sinais, ações e palavras, as pessoas não tinham razões para desprezarem o tempo de Deus, mas assim fizeram!
Não era difícil para eles entenderem o quanto precisavam crer e confiar verdadeiramente em Deus e no Seu Governo soberano. Jesus certa vez disse:
54 Quando vocês vêem uma nuvem subindo no oeste, dizem logo: “Vai chover.” E, de fato, chove. 55 E, quando sentem o vento sul soprando, dizem: “Vai fazer calor.” E faz mesmo. 56 Hipócritas! Vocês sabem explicar os sinais da terra e do céu. Então por que não sabem explicar o que querem dizer os sinais desta época?(Lc.12:54-56 NTLH)
Jesus não está falando sobre os sinais que Ele fazia, ou seja, milagres e curas, mas dos sinais de uma época, que já tinha sido anunciada por Deus. Jesus nos alertou sobre os sinais da nossa época (cf. Mt.24:3-8) Jesus alertou sobre falsos “messias” ou “cristos”, guerras e rumores de guerras, fomes e aumento de terremotos, o crescimento da maldade, falsos profetas ou pregadores, que enganariam a muitos, a rivalidade entre filhos e pais, etc.
Entretanto, como nós estamos vendo e tratando a nossa “época”? Nós estamos reparando nos sinais? Nós estamos atentos às palavras de Jesus e de Seus apóstolos? Nós estamos tratando a Palavra de Deus com seriedade ou com descaso? Nós nunca presenciamos na história da Igreja Cristã, tanta ignorância ou desconhecimento acerca de Deus e da Sua vontade, por não estudarmos e meditarmos como deveríamos na Palavra de Deus!
2.2. O descaso de Jerusalém para com as visitações Divinas resultou em uma atitude de ignorância e violência à Palavra de Deus.
Quando nós tratamos com descaso as coisas que deveríamos tratar com seriedade, não nos aplicamos ao conhecimento cristão do que pode definir o nosso futuro. Jesus disse no verso 42: “Se hoje mesmo você soubesse o que é preciso para conseguir a paz!”
A imagem que devemos ter de Jesus chegando a Jerusalém é a de um Rei que Se aproxima pela última vez da mesma, mas que encontra um povo rebelde e resistente à Sua autoridade legítima.
Quando Jesus disse sobre o que era preciso para se conseguir a paz, Ele não estava falando que Deus nunca lhes havia feito esse pedido anteriormente, pois Ele já havia enviado vários mensageiros da Sua parte, para lhes falar sobre seus os seus erros e pecados. Jesus certa vez disse a Jerusalém:
Jerusalém, Jerusalém, que mata os profetas e apedreja os mensageiros que Deus lhe manda! Quantas vezes eu quis abraçar todo o seu povo, assim como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram! (Lc.13:34 NTLH)
O que as pessoas queriam era um Rei que pudesse livrá-las da tirania romana, que trouxesse a eles o livramento de seus mais graves problemas pessoais e não alguém que ficasse mostrando seus erros.
Isso não é diferente em nossos dias, pois vemos inúmeras pessoas indo às igrejas, pelas promessas que lhes são feitas de vários tipos de livramentos. Para essas pessoas, obter é o alvo principal e não pertencer a Deus.
2.3. O Reino poderoso de Deus, proposto por Jesus, não é um governo terreno que os olhos humanos podem ver.
Certa vez, Jesus foi interrogado pelos religiosos, sobre quando e como seria a chegada do Reino poderoso de Deus:
Alguns fariseus perguntaram a Jesus quando ia chegar o Reino de Deus. Ele respondeu: – Quando o Reino de Deus chegar, não será uma coisa que se possa ver.(Lc.17:20 NTLH)
Então Jesus complementou:
Ninguém vai dizer: “Vejam! Está aqui” ou “Está ali”. Porque o Reino de Deus está dentro de vocês. (Lc.17:21 NTLH)
O Reino de Deus não é visto por meio de sinais e milagres, pois a própria Palavra de Deus nos alerta que o Inimigo pode fazer essas coisas facilmente, a fim de produzir confusão e engano. Nós não podemos alegar que onde há abundância de sinais, ali está o Reino de Deus. O Reino de Deus está onde as pessoas reconhecem os seus erros morais e se arrependem com sinceridade, reconciliam-se com Deus e seguem a Cristo!
Jesus disse; “Ah! Jerusalém! Se hoje mesmo você soubesse ou conhecesse…”
Jesus sabe de algo que eles não sabem! Deus não aprovava a maneira como eles estavam vivendo e nem aceitava o modo como eles praticavam a religião. Certa vez, Jesus falou de um julgamento que acontecerá no futuro, onde Ele usa o verbo “saber ou conhecer” no sentido de onisciência:
22 Quando aquele dia chegar, muitas pessoas vão me dizer: “Senhor, Senhor, pelo poder do seu nome anunciamos a mensagem de Deus e pelo seu nome expulsamos demônios e fizemos muitos milagres!” 23 Então eu direi claramente a essas pessoas: “Eu nunca conheci vocês! Afastem-se de mim, vocês que só fazem o mal!” (Mt.7:22,23 NTLH)
Muitos estão vivendo dentro de uma igreja, praticando a religião de Jesus, mas com uma vida que Deus não aprova e só Deus conhece isso! Assim como Jerusalém era culpada e passível de julgamento, essas pessoas também são. Elas são culpadas por terem anulado a Verdade de Deus e não poderão negar a sua conduta diante do Grande Juiz.
Do céu Deus revela a sua ira contra todos os pecados e todas as maldades das pessoas que, por meio das suas más ações, não deixam que os outros conheçam a verdade a respeito de Deus. (Rm.1:18 NTLH)
3. O julgamento terreno e eterno de Jerusalém.
3.1. Jerusalém era indesculpável diante de Deus, pois conhecia as Suas leis morais.
O povo de Deus sabia como deveria viver perante Ele e conhecia os termos Divinos de paz, mas, em vez disso, rejeitou a Palavra de Deus, o Seu Messias, matou os mensageiros de Deus, andou no prazer das práticas imorais, se esqueceu da viúva e do órfão e escolheu o descaso, que os conduziu à ignorância. Não à toa, que Jesus disse:
Mas agora isso está oculto aos seus olhos. (Lc.19:42 NTLH)
Em outras palavras: “Ah! Jerusalém! Agora é tarde demais!”
Essa frase de Jesus significa que Deus resolveu ocultar de seus olhos a possibilidade de ver, de suas mentes a possibilidade de entender e de receber a redenção Divina. Deus, em Cristo, chorou! Foram tantos os avisos, as visitações, mas o descaso de todos fez com que celebrassem a sua própria ignorância.
Os pais deixaram de ensinar seus filhos sobre o temor ou respeito a Deus e passaram a viver pelo exemplo de seus próprios pais, que estavam afastados Dele. Em vez de buscarem a real presença de Deus, se encheram de regras tão pesadas, que até aqueles que as ensinavam não conseguiam praticá-las. Quando as Verdades de Deus deixam de ser praticadas, todo tipo de atos imorais cresce!
Por essa razão, nós lemos que: “Quando se aproximou e viu a cidade, Jesus chorou sobre ela.” O Seu choro tem um significado: “Ah! Jerusalém! Você conhecia os termos de paz que lhe dariam condições de terem uma vida presente e futura tremendamente abençoada, mas você os rejeitou!”
Leia os versos 43 e 44 novamente:
43 Virão dias em que os seus inimigos construirão trincheiras contra você, e a rodearão e a cercarão de todos os lados. 44 Também a lançarão por terra, você e os seus filhos. Não deixarão pedra sobre pedra, porque você não reconheceu o tempo em que Deus a visitaria. (Lc.19:43,44 NTLH)
Isso se deu no ano 70 d.C, quando o General Romano Tito entrou em Jerusalém com as suas tropas, matando adultos, crianças, incendiando casas e derrubando o Templo Sagrado, não ficando pedra sobre pedra!
Olhemos o mundo à nossa volta! Foi essa a vida que Deus planejou para nós, seres humanos? Claro que não! Os seres humanos estão sob um julgamento presente, o qual não se compara ao que virá no futuro. Os verdadeiros cristãos, não devem deixar de confiar no controle que Deus tem sobre as épocas. Tudo está ocorrendo dentro do Seu tempo determinado.
Jesus foi a Pessoa que mais falou sobre o “inferno” (uma dimensão eterna de afastamento de Deus e de terríveis sofrimentos), a fim de abrir os olhos das pessoas para as maravilhas de Deus e para que valorizem a Sua misericórdia.
Lucas registrou esse texto que lemos, para nos informar sobre o destino de todos aqueles que continuam sendo rebeldes a Deus e que ainda fazem-No chorar e chorar! No entanto, esse mesmo texto bíblico nos informa o quanto Jesus está ansioso e disposto a oferecer o Seu amor, vida e graça a todos que aceitarem os Seus termos de paz!
Portanto, no dia de hoje, reconcilie-se com Deus. Se você está me ouvindo ou lendo todo este texto, reconcilie-se com Deus! O apóstolo Paulo disse:
19 Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não lançando em conta os pecados dos homens, e nos confiou a mensagem da reconciliação. 20 Portanto, somos embaixadores de Cristo, como se Deus estivesse fazendo o seu apelo por nosso intermédio. Por amor a Cristo lhes suplicamos: Reconciliem-se com Deus. (2 Co.5:19,20 NTLH)