Salmos 28:7
Texto Base:
O SENHOR é a minha força e o meu escudo; com todo o coração eu confio nele. O SENHOR me ajuda; por isso, o meu coração está feliz, e eu canto hinos em seu louvor. (Sl.28:7 NTLH)
A desesperança tem sido um tema constante na vida de muitos e falar sobre o futuro é uma perda de tempo. O foco na luta contra o desânimo deve estar na causa e não nos efeitos.
1. O sofrimento emocional não é um sinal de fracasso e receber ajuda não é sinal de fraqueza
O sofrimento emocional é um sinal de que precisamos de Deus e uns dos outros, a fim de buscarmos o fortalecimento mútuo. Pensar de outro modo, isto é, deixar de admitir tais necessidades é sinal de orgulho e imaturidade espiritual.
Quando alguém necessita de conselhos legais, a pessoa procura um advogado, e se está doente, um médico. Entretanto, quando enfrenta problemas emocionais e espirituais, a pessoa reluta em procurar a ajuda divina e de irmãos piedosos.
Há uma passagem no Evangelho de Marcos que ilustra perfeitamente o que estou falando. Vejamos:
32 Jesus e os discípulos foram a um lugar chamado Getsêmani. E Jesus lhes disse: — Sentem-se aqui, enquanto eu vou orar. 33 Então Jesus foi, levando consigo Pedro, Tiago e João. Aí ele começou a sentir uma grande tristeza [i.e. terror na alma] e aflição [i.e. Ele começou a ficar deprimido, angustiado, ansioso] 34 e disse a eles: — A tristeza que estou sentindo é tão grande [i.e. esmagadora], que é capaz de me matar. Fiquem aqui vigiando. (Mc.14:32-34 NTLH)
Jesus não pode ser comparado a alguém fracassado. Ele sempre fez a vontade de Deus e a estava fazendo naquele momento no Getsêmani. Jesus estava cumprindo os propósitos do Pai e, de repente, foi tomado por uma tristeza esmagadora e que, segundo a Sua declaração, poderia matá-Lo.
Jesus admitiu espontaneamente Sua necessidade de apoio emocional, ao pedir que Seus discípulos (Pedro, João e Tiago) permanecessem ao Seu lado e vigiassem com Ele em oração. Jesus revelou sinceridade emocional e a Sua atitude não representava um sinal de fraqueza espiritual.
Ao demonstrar sinceridade acerca dos Seus sentimentos e emoções, Jesus não Se tornou fraco, mas, por meio do Seu exemplo, aprendemos o quanto precisamos uns dos outros em nossos momentos de grande angústia.
2. O desânimo ou a depressão é um sinal de advertência
Suponhamos que alguém tivesse o poder de remover as sensações de dor e nos oferecesse isso como um dom. Nós aceitaríamos? Ainda que a proposta nos pareça tentadora e não sentíssemos mais dor, o nosso corpo seria uma massa de cicatrizes em poucos dias!
O desânimo ou a depressão nos faz sentir dor e esta é uma proteção aos elementos prejudiciais do mundo em que vivemos. A depressão ou o desânimo é uma dor na alma, a qual nos avisa que há algo errado.
Quando você está dirigindo o seu carro e uma luz no painel se acende, ela indica que algo está errado. Então, você poderá optar por três atitudes:
- Ignorar o aviso, dizendo a si mesmo e aos outros que a luz não está acesa e tentar, com desonestidade, dizer a todos que tudo está bem.
- Pegar uma ferramenta e quebrar o painel, mas esse ato emocional não será saudável, tanto a você como aos outros. A Bíblia nos diz que devemos estar prontos para ouvir e demorar tanto para falar como para expressar a raiva. (Tg.1:19)
- Parar o carro, abrir o capô e tentar descobrir a causa. Caso não descubra, você poderá chamar a ajuda especializada e não um teórico, um prepotente que julga a si mesmo como o conhecedor de tudo.
O prepotente pensa ser alguém superior, que sabe sobre tudo, mas a “sua ajuda” poderá fazer com que o seu estado espiritual e emocional piore! O prepotente é o tipo de pessoa que não falta na Igreja!
O prepotente tem muitas palavras, mas nenhum fruto! Então, tome cuidado com os “faladores”. Procure pessoas piedosas e generosas, as quais produzem frutos espirituais e que vivem para expressar a grandeza de Deus. (vd. Mt.7:15,16) Os prepotentes são os fracos que gostam de se exibir como sendo fortes! (1 Co.10:12)
3. Aquele que ajuda o seu próximo não deve agir com prepotência, sentindo-se superior ao outro
Quanto a esta verdade, que nós atentemos à conduta do apóstolo Paulo, que disse:
Quando estou entre os fracos na fé, eu me torno fraco também a fim de ganhá-los para Cristo. Assim eu me torno tudo para todos a fim de poder, de qualquer maneira possível, salvar alguns. (1 Co.9:22 NTLH)
Em outras palavras, Paulo está dizendo o seguinte: “Quando estou na presença daqueles cuja fé está fragilizada, eu não ajo como se fosse superior a eles e não digo que são fracos. Por razão desta minha atitude, eles permitem que eu os ajude. Então, eu sempre procuro encontrar um terreno comum em conversa com eles, a fim de que eu lhes possa falar de Jesus e conduzi-los aos princípios do Evangelho de Cristo, assim como à salvação dos poderes que os dominam.”
Nesta vida, sempre haverá fortes e fracos. Em algum momento, devido às adversidades, o forte poderá vir a se tornar fraco e vice-versa. Então, ninguém está livre dessa condição ou verdade. Porém, quando percebemos que podemos ajudar alguém que se encontra em um momento de grande agonia, que não consideremos a nós mesmos como superiores e não julguemos o que está sofrendo como um fracassado, fraco e enterrado em pecados, pois, no futuro, poderemos estar na mesma condição em que ele está.
Só para efeito de imaginação, “suponhamos” que os discípulos (Pedro, João e Tiago) agissem com prepotência no Getsêmani e dissessem a Jesus o seguinte: “Jesus, Tu estás fazendo a vontade de Deus? Então, não há motivo para tal agonia! Creia no poder do Espírito Santo e mande a tristeza embora! Afinal, não foste Tu que disseste para não ficarmos tristes diante das pressões e não termos medo do juízo mundano? Então, esta é a Tua hora de demonstrar força e coragem!”
Nós sabemos que Jesus não estava fracassando na Sua missão, porque recebeu ajuda angelical, por ter experimentado em Sua alma grande angústia e terror, bem como tendo o Seu suor, devido à aflição, se tornado como gotas de sangue. (cf. Lc.22:42-44) Esse momento deixa clara a verdade de que, por mais que tenhamos pessoas piedosas ao nosso lado, a verdadeira ajuda sempre virá de “Cima” – dos Altos Céus!
Jesus sabia que iria ressuscitar, mas a Sua tristeza era a tristeza de Deus, o Criador. Ele criou o ser humano à Sua imagem e semelhança (para expressar a Sua grandeza), mas este resolveu matá-Lo, destruí-Lo, livrar-se Dele. O homem não deseja ver Deus no seu caminho, mas quer vê-Lo longe da sua vida, pois Nele não encontra mais prazer. A sua alegria está na desordem espiritual e moral mundana – na promiscuidade.
Você tem um filho e, repentinamente, sabe que ele está tomando decisões erradas. Você transmite a ele o que é correto, mas o que recebe em troca é uma rejeição dura! Então, você sofre, fica angustiado e aterrorizado na alma pelo comportamento que dele recebe. Ele o rejeita e faz com que sofra e, então, você entra em um estado de desânimo ou depressão.
A luz do painel da sua vida se acendeu e o que você fará? Ignorará a situação? Quebrará o seu filho ao meio? Buscará a ajuda de Deus? Esta vem por meio dos Seus anjos e de Seus filhos obedientes, generosos e que verdadeiramente O honram e O servem.
Esse estado de desânimo não pode levá-lo a abandonar os seus valores espirituais, morais e a sua fé, ou vida de fidelidade a Deus. Talvez, você tenha outros filhos que lhe dão a cooperação, o respeito e a honra, os quais não podem ser abandonados por causa da sua tristeza.
Jesus ficou profundamente triste, mas Ele tem a nós e nós O temos como o nosso Salvador, SENHOR, Mestre e Amigo inseparável. Nós O entendemos e aprendemos a participar da Sua tristeza pelos que se afastam Dele. Concordamos em cooperar com Ele, ou seja, em ir aos que rejeitam a Sua bondade, aos que estão desanimados de Deus, a fim de mostrar-lhes a causa de estarem enganados.
Jesus conhecia a causa da Sua tristeza, mas também tinha ciência da recompensa pela Sua obediência. Ele chamou a atenção dos Seus discípulos “dorminhocos” e apáticos ao Seu sofrimento, mas agarrou-Se firmemente aos propósitos de Deus à Sua vida. Ele estava disposto a fazer a vontade de Deus, independentemente das tristezas e pressões interiores.
Jesus não ignorou a Sua tristeza, não agiu com brutalidade contra Seus inimigos, mas submeteu a Sua tristeza ao consolo de Deus e, longe de procurar elogios, agiu como Servo de Deus e de todos. Jesus foi humilde, obedeceu a Deus até a morte (morte de cruz) e foi honrado por Ele.
O Seu amor nos dá força, ânimo e nos faz participar da vida do Espírito Santo. Além do mais, a Sua vida em nós faz com que sejamos bondosos e misericordiosos uns com os outros – nunca superiores. (vd. Fp.2:1-11)
Nesta vida, viveremos entre altos e baixos, passaremos por grandes tristezas e alegrias. Saibamos que nesta vida, não somos possuidores de nada, mas, pela fé, sabemos que possuímos tudo e, por isso, ajudamos as pessoas que creem em Cristo a encontrarem a “Luz” (Jesus) de Deus para suas vidas.
Às vezes ficamos tristes, outras vezes ficamos alegres. Parecemos pobres, mas enriquecemos muitas pessoas. Parece que não temos nada, mas na verdade possuímos tudo. (2 Co.6:10 NTLH)
Que Deus nos abençoe!