Texto base:
2 Coríntios 4:16
📖 Por isso nunca ficamos desanimados. Mesmo que o nosso corpo vá se gastando, o nosso espírito vai se renovando dia a dia. (2 Co.4:16 NTLH)
Introdução:
O desânimo é uma sensação persistente de falta de motivação, energia e entusiasmo pela vida. Ele pode se manifestar de várias formas, desde um cansaço constante até a perda de interesse nas atividades cotidianas.
Basicamente, o desânimo se faz muito presente naqueles dias em que sentimos os ombros pesados, uma dificuldade em sair da cama e até mesmo em realizar atividades simples, como: tomar banho, sair na rua ou cozinhar, por exemplo.
Muitas pessoas já conviveram com esse sentimento e, geralmente, ele pode estar relacionado a diversos sentimentos: frustração, rejeição, nervosismo e ansiedades.
Ele pode se apresentar de diferentes formas também, como o cansaço ou o limite da exaustão, dando vontade de largar tudo e sumir. Daí, a necessidade de sempre se manter atento à insistência desse desânimo!
Muitas vezes, a vida nos apresenta desafios que parecem sugar a nossa energia e esperança. O apóstolo Paulo conhecia bem essa realidade. Ele não tinha os confortos modernos de que desfrutamos hoje: sem óculos, sem aparelhos auditivos, sem antibióticos para curar suas feridas. Seu corpo envelhecia, suas forças diminuíam, e as marcas da vida e do serviço a Cristo ficavam visíveis. Ele sentia o peso dos anos e das dificuldades, e admitia que tudo isso poderia ser uma ameaça à sua fé, alegria e coragem.
Reflita: o que o texto descreve como desânimo e como ele se manifesta em nosso dia a dia? Quais sentimentos estão geralmente relacionados ao desânimo e por que é importante ficar atento à sua insistência? De que forma a experiência do apóstolo Paulo (mencionada no texto) se relaciona com a ideia de desânimo diante dos desafios da vida?
No entanto, mesmo diante de tudo isso, Paulo não desanimava. Por quê? Essa é a grande pergunta que a Palavra de Deus nos ajuda a responder hoje, a partir de 2 Coríntios 4:16-18. Vamos juntos descobrir dois pontos que nos darão uma nova perspectiva e nos encherão de fé e esperança para o nosso dia a dia.
📖 16 Por isso (devido ao que foi ensinado dos versos 1 ao 15) nunca ficamos desanimados. Mesmo que o nosso corpo vá se gastando, o nosso espírito [a alma, o homem interior] vai se renovando dia a dia. 17 E essa pequena e passageira aflição que sofremos vai nos trazer uma glória enorme e eterna, muito maior do que o sofrimento. 18 Porque nós não prestamos atenção nas coisas que se veem, mas nas que não se veem. Pois o que pode ser visto dura apenas um pouco, mas o que não pode ser visto dura para sempre. (2 Co.4:16-18 NTLH)
Reflita: mesmo com o corpo se desgastando, o que acontecia com o espírito (a alma) de Paulo e como isso o ajudava a não desanimar? De acordo com o texto, por que não devemos prestar atenção apenas nas coisas que se veem e como isso pode nos dar esperança diante das aflições? NOTA: em suma, o espírito humano é onde reside a nossa consciência religiosa, nossos valores morais, e é onde o Espírito Santo habita. A alma é onde reside todo o nosso psicológico – emoções, sentimentos, mente (pensamentos) e desejos (vontades). O corpo é o subserviente da alma, pois ele cumpre as ordens da alma, após passarem pelo nosso intelecto ou cérebro. Portanto, o ser humano é uma tricotomia, isto é, Deus o formou em três partes: espírito, alma e corpo.
1. A renovação divina acontece no coração (na alma) e não no exterior
Nossa meditação começa com uma verdade poderosa:
📖 Por isso nunca ficamos desanimados. Mesmo que o nosso corpo vá se gastando, o nosso espírito vai se renovando dia a dia. (2 Co. 4:16 NTLH)
Paulo reconhecia a realidade do envelhecimento, do desgaste físico e, por isso, não vivia em negação. Ele comparou o corpo a uma “tenda”, na qual habitamos. Ele sabia que essa “casa” está se deteriorando e precisa de reparos. No entanto, mais que o reparo e a beleza externa da casa, os que nela vivem são mais importantes (cf. Mt.23:27,28).
As palavras de Paulo nos ensinam que o nosso foco primário não deve estar nas coisas exteriores, mas em nosso interior, na nossa disposição de alma para agirmos conforme a Palavra de Deus. O trabalho divino em nosso interior não impede que o nosso corpo se desgaste, mas que a nossa alma se renove dia após dia quando confiamos, nos rendemos e cooperamos com Ele. (cf. Rm.12:2; Ef.4:22-24; Cl.3:10; Is.40:31)
Reflita: mesmo reconhecendo o desgaste do corpo, o que acontece com o nosso espírito (alma) “dia a dia”? De acordo com Paulo, qual deve ser o nosso foco principal e como a renovação da nossa alma acontece?
À semelhança de Paulo, o apóstolo Pedro nos ensina o seguinte:
📖 24 Como dizem as Escrituras Sagradas (cf. Sl.103:15-18): “Todos os seres humanos são como a erva do campo, e a grandeza deles é como a flor da erva. A erva seca, e a flor cai, 25 mas a palavra do Senhor dura para sempre.” Esta é a palavra que o evangelho trouxe para vocês. (1 Pe.1:24,25 NTLH)
Pense nisso: o que realmente importa para nós não é o que o tempo e as circunstâncias podem estragar. Não é a beleza, a força física, a força dos músculos, a juventude ou a agilidade da mente, que são passageiras. O que realmente importa é a nossa essência interior que, pela graça de Deus, renova-se ao mantermos a nossa comunhão com Ele.
Como essa renovação acontece? Ela se processa por meio da nossa comunhão (unidade), amizade (paz) e submissão (fé / confiança e obediência) a Ele. Nós somos como uma planta, que precisa de água e luz para crescer, ser podada e nutrida pelo hábil jardineiro. Do mesmo modo, assim somos sob as mãos e de Deus e Sua Palavra. Observemos as palavras do salmista:
📖 1 Felizes [bem-aventurados, abençoados] são aqueles que não se deixam levar pelos conselhos dos maus, que não seguem o exemplo dos que não querem saber de Deus e que não se juntam [não habitam, não permanecem] com os que zombam de tudo o que é sagrado! 2 Pelo contrário, o prazer [o deleite, o desejo, o anseio] deles está na lei do SENHOR, e nessa lei eles meditam dia e noite. 3 “Essas pessoas são como árvores que crescem na beira de um riacho; elas dão frutas no tempo certo, e as suas folhas não murcham. Assim também tudo o que essas pessoas fazem [produz, realiza] dá certo [traz prosperidade e bênçãos divinas].” (Sl.1:1-3 NTLH)
Esses três versos nos transmitem a seguinte mensagem: a pessoa abençoada por Deus é aquela que fecha a porta de seu interior àqueles que se opõem à vontade divina. O descanso de sua alma está na presença de Deus e na Sua Palavra. Essa pessoa a toma como o fundamento sólido para uma vida abençoada ou próspera, pois, em todas as suas ações, ela conecta o Reino dos Céus à Terra.
Quando nos dedicamos a essa verdade, mesmo que o mundo esteja em crise, mesmo que o corpo sinta o peso dos anos, nossa alma é revigorada, nossa fé se fortalece e a nossa esperança no Todo-Poderoso se renova.
Reflita: o que as Escrituras, citadas por Pedro, nos ensinam sobre a duração da vida humana e a permanência da Palavra do Senhor? Considerando que a beleza e a força são passageiras, o que o texto destaca como realmente importante para nós e como isso se renova? De que forma a nossa comunhão, amizade e submissão a Deus contribuem para a nossa renovação interior? Como a meditação na Palavra do Senhor, conforme descrito no Salmo 1, impacta a vida da pessoa, tornando-a abençoada e próspera?
Imagine um rio que, apesar de enfrentar pedras e obstáculos em seu caminho, continua fluindo e, a cada dia, renova e purifica suas águas. Da mesma forma, o nosso espírito pode ser como esse rio: mesmo com as dificuldades da vida, Deus nos renova, purifica e nos capacita a seguir em frente por meio do volume de Seus poderosos recursos, os quais são provenientes da Sua graça ou bondade.
2. Fixando os olhos no invisível, no Eterno, o Deus Único
Paulo nos leva a um segundo ponto, o qual nos transmite uma verdade ainda mais profunda:
📖 “17 E essa pequena e passageira aflição que sofremos vai nos trazer uma glória enorme e eterna, muito maior do que o sofrimento. 18 Porque nós não prestamos atenção nas coisas que se veem, mas nas que não se veem. Pois o que pode ser visto dura apenas um pouco, mas o que não pode ser visto dura para sempre.” (2 Co. 4:17-18 NTLH)
Para que não desanimemos, Paulo nos orienta a “focar no que os olhos naturais não conseguem ver. Isso pode parecer estranho à primeira vista. Como podemos olhar para algo invisível?
Paulo explica em 2 Coríntios 5:7: “Porque vivemos pela fé e não pelo que vemos. “ Viver por fé não é um salto no escuro. Significa que as realidades mais preciosas e importantes do mundo, por enquanto, estão além dos nossos sentidos físicos. Elas são espirituais e eternas.
Reflita: de acordo com Paulo, como as aflições passageiras podem nos levar a uma glória enorme e eterna? Por que o texto nos orienta a focar nas coisas que não se veem e qual é a diferença de duração entre o visível e o invisível? O que significa viver pela fé em vez de pelo que se vê e como isso se relaciona com as realidades espirituais e eternas?
O Evangelho é a “LUZ DIVINA” (Cristo) que ilumina nossa alma. É pela “LUZ” do Evangelho que vemos a glória (a grandeza e o esplendor) de Deus na face de Jesus Cristo (cf. 2 Co.4:6). Quando focamos nossa atenção sobre a vida de Jesus, Sua morte, ressurreição e Sua promessa de retorno, nossos olhos espirituais se abrem para uma realidade que transcende a vida natural – o tempo e o espaço.
Essa realidade invisível inclui:
- A presença de Deus conosco em meio às dificuldades: mesmo quando tudo parece desabar, Ele está conosco ( Is.41:10, Hb.13:5).
- A promessa de vida eterna: nossas lutas aqui são passageiras, mas a vida com Cristo é eterna ( Jo.3:16; 14:1-3).
- A recompensa presente e futura: nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo uma glória eterna ( Rm.8:18). É como um atleta que treina exaustivamente, sabendo que a recompensa da vitória valerá todo o esforço.
Metáfora: imagine-se em um túnel escuro e longo. Se você olhar apenas para as paredes escuras e o chão lamacento, o desânimo virá. Mas se você levantar os olhos e focar na pequena luz no fim do túnel, essa luz se tornará sua esperança e sua motivação para continuar caminhando. A “Luz” que ilumina nossa alma e que nos é dada por Jesus é a glória e da natureza de Deus, que nos enche da esperança eterna que nos aguarda. (cf. Jo.8:12; 17:22)
Reflita: o que o texto descreve como a “Luz Divina” que ilumina a nossa alma e como ela nos permite ver a glória de Deus? Quais são as três realidades invisíveis que o Evangelho revela e que transcendem o tempo e o espaço? Pensando na metáfora do túnel, como a “Luz” de Jesus se torna a nossa esperança e motivação, mesmo em meio às dificuldades?
Conclusão: viva pela fé, fixando os olhos no Eterno
Paulo nos mostra os meios para não desanimarmos: a renovação do nosso homem interior e a capacidade de fixarmos nossos olhos no invisível, no Eterno.
No dia a dia, isso significa:
- Não se deixe levar pelas aparências: o mundo valoriza o que se vê, mas Deus valoriza o que está no coração. Invista no seu crescimento espiritual.
- Lembre-se da brevidade da vida e da eternidade que nos aguarda: comparadas à glória que nos espera, nossas lutas atuais são pequenas e passageiras.
- Fortaleça-se na Palavra de Deus e na oração: é ali que a luz da glória de Deus brilha em nossos corações e nos dá a perspectiva eterna.
Conforme o ensinamento apostólico, “Por que não desanimamos?” Porque “olhamos sempre para o que não se vê”. Que a visão da glória eterna de Deus em Cristo Jesus renove a nossa fé, fortaleça a nossa confiança, encha-nos de encorajamento e nos dê esperança em cada aspecto prático do nosso cotidiano. Pois, com os olhos fixos no Eterno Jesus e nas Suas promessas, nós não desanimaremos!
Reflita: quais são os dois principais meios que Paulo nos apresenta para não desanimarmos? No nosso dia a dia, como podemos evitar nos deixar levar pelas aparências e investir no nosso crescimento espiritual? Diante das lutas atuais, por que é importante lembrar da brevidade da vida e da eternidade que nos aguarda? Como a Palavra de Deus e a oração nos ajudam a ter uma perspectiva eterna e a não desanimar?
Que Deus nos abençoe!