12

O combate invisível – Quando a alma luta contra os gigantes

Crônica escrita por Walter de Lima Filho – 07/09/2025

Na vida, todos nós carregamos os nossos gigantes. Às vezes, eles se manifestam como medos, dúvidas ou ansiedades que parecem nos esmagar. São aqueles dias em que a alma pesa, a gente acorda e o mundo lá fora parece um Golias, gigante, ameaçador, com sua armadura pesada de aço. É nessa hora que a gente se sente pequeno, como um menino imaturo e sem a força necessária, diante de uma batalha que parece impossível.

Talvez, o seu gigante seja a solidão que insiste em bater na porta, a sensação de que você não é bom o bastante ou até mesmo, a pressão para ser quem não é. O mundo nos oferece uma infinidade de armaduras (pensamentos e filosofias): a couraça do sucesso a qualquer custo, o capacete do “ter que ser feliz o tempo todo” e a espada da ostentação, ou arrogância. E a gente, na tentativa desesperada de se proteger, veste esses trajes pesados, que nos fazem caminhar sem jeito, atrapalham nossos passos e nos impedem de ser nós mesmos.

A história de Davi e Golias não é apenas um conto de superação. É um espelho. Um convite para olharmos para dentro e entendermos que a nossa batalha, no fundo, não é contra seres humanos, mas contra as influências invisíveis que tentam nos roubar a paz e a esperança em Deus. Davi sabia disso. Ele recusou a armadura de Saul, uma vestimenta cara e pesada, a qual representava uma forma de lutar que não era dele. Em vez disso, ele se vestiu com algo muito mais forte e leve: a armadura de Deus.

Ele tinha o cinturão da verdade, que não era um cinto de couro, mas a certeza inabalável de sua identidade. Davi sabia quem era e, mais importante, sabia de quem ele era. Ele era servo de Deus, um homem que confiava que a sua história estava nas mãos de um poder maior.

Quando nos lembramos de Quem somos—filhos amados de Deus e frutos de Suas Instruções, por meio de Cristo—as mentiras do inimigo e as nossas próprias dúvidas perdem a força.

Pensemos, por um instante, nas atitudes que Davi tomou, em relação à armadura de Deus:

Sua couraça era a justiça. Não a justiça dos homens, mas a retidão que vem de um coração puro, submisso a Deus. O que motivou Davi não foi a glória pessoal, mas a indignação por ver o nome de Deus ser profanado. Ele lutava pelo que era certo. A verdadeira proteção para nossa alma não é a couraça de ser “bonzinho” ou “perfeito”, mas o compromisso de agir com integridade, sabendo que somos aprovados por desejarmos amar a Deus e abençoar o próximo.

As suas sandálias eram a paz. Davi caminhou em direção ao gigante, não com pressa ou desespero, mas com a paz de quem sabe que o resultado não depende dele. Em um mundo que vive na correria e na ansiedade, a paz de Deus nos permite caminhar com passos firmes, mesmo em terrenos incertos. Essa paz nos lembra que, não importa o quão assustador o gigante pareça, a vitória já foi conquistada.

O escudo de Davi era a fé. Quando Golias zombou dele, Davi não recuou. Ele ergueu seu escudo e declarou em voz alta: “Você vem contra mim com espada e lança, mas eu vou contra você em nome do SENHOR, o Todo-Poderoso.” A fé é a nossa proteção contra os dardos de desânimo, medo e desespero. Ela, a fé genuína, não nega o problema, mas nos faz crer que Deus é maior que qualquer um deles.

E, finalmente, o capacete da salvação protegeu sua mente. Davi não deixou que o pensamento de fracasso, ou seja, que a armadura de Saul, que não servia para ele, o dominasse. Ele sabia que pertencia a Deus, e essa certeza guardou sua mente de toda a confusão. O verdadeiro capacete é ter a mente protegida pela certeza de que você não está sozinho nessa luta.

Assim como Davi, a gente é convidado a largar as armaduras que o mundo nos oferece e a vestir a armadura que Deus nos dá. Ela não é pesada, nem feita de aço. É leve, invisível e fortalece a nossa alma. No final, a batalha contra nossos gigantes se vence não com força física, mas com a coragem da fé, a certeza da identidade e a persistência de um coração que confia e é obediente a Deus. E, no fim das contas, a nossa maior vitória já foi conquistada. Só precisamos ter a coragem de lutar, com a armadura certa, sabendo que o Senhor dos Exércitos está ao nosso lado.

Vamos orar:

Senhor Deus, Pai de toda a graça,

Chegamos à Tua presença com o coração aberto, reconhecendo a batalha diária da alma contra os gigantes que nos cercam. Agradecemos pela Tua graça que nos alcançou, uma dádiva oferecida a todos, e pela Tua misericórdia que se renova a cada manhã.

Capacita-nos a despojar de toda armadura pesada que o mundo nos oferece: a couraça da autossuficiência, o capacete do orgulho e a espada da prepotência. Que, pela nossa livre escolha, possamos aceitar e vestir a armadura que Tu mesmo nos preparaste.

Ajuda-nos a apertar o cinturão da verdade em nossa vida, a verdade da Tua Palavra, que nos protege das mentiras e nos mantém firmes no caminho que nos oferece. Ensina-nos a vestir a couraça da justiça, para que as nossas ações e motivações reflitam a Tua santidade e nos mantenham íntegros diante de Ti.

Concede-nos a prontidão para calçar as sandálias da paz, para que possamos caminhar em confiança, sabendo que a Tua presença nos dá a paz necessária para enfrentar qualquer adversidade. Fortalece as nossas mãos para que seguremos firmemente o escudo da fé, apagando toda seta de desânimo, dúvida e incredulidade que o inimigo lança contra nós.

Pedimos que nos ajudes a manter o capacete da salvação em nossas mentes, para que a certeza da Tua obra em Cristo proteja os nossos pensamentos. Que possamos, dia após dia, escolher e perseverar na caminhada de fé, resistindo ao mal e nos apegando à Tua graça.

Capacita-nos a usar a espada do Espírito, que é a Tua Palavra, para que possamos combater o engano e a escuridão. Não por nossas próprias forças, mas pela capacitação que vem do Teu Espírito Santo, que nos fortalece a cada momento em que o buscamos.

Obrigado, Pai, por nos dares a liberdade de escolher o Teu caminho e por nos dares a força para permanecermos nele. Que a nossa vida seja um testemunho da Tua graça que nos capacita a lutar e a vencer.

Em nome de Jesus, amém.

Walter de Lima Filho