Texto base:
Romanos 12:1,2
📖 1 Portanto, meus irmãos, por causa da grande misericórdia divina, peço que vocês se ofereçam completamente a Deus como um sacrifício vivo, dedicado ao seu serviço e agradável a ele. Esta é a verdadeira adoração que vocês devem oferecer a Deus. 2 Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom [útil], perfeito [que atinge o objetivo divino e eterno] e agradável [aceitável] a ele. (Rm.12:1,2 NTLH)
Introdução: o aspecto histórico e a razão da carta de Paulo aos cristãos de Roma
Neste mundo, Deus nos dá a opção de escolhermos entre vivermos para nos moldar ao ritmo acelerado e passageiro do mundo ou sermos dedicados ao Seu profundo processo, que revela o Seu propósito eterno por meio de Sua graça e misericórdia. Permanecendo na graça divina, recebemos a Sua misericórdia e ela é o molde que nos transforma. É nela que somos moldados para nos tornarmos ofertas vivas a serviço de Deus. Nesse processo, nossa mente e vida são constantemente transformadas, para que, em diferentes situações, possamos pensar e agir de acordo com os ensinamentos de Cristo.
Local de escrita: da cidade grega de Corinto. Portadora da carta: a epístola foi entregue em Roma por Febe, uma diaconisa da igreja de Cencreia. Contexto da viagem: Paulo se preparava para ir a Jerusalém, a fim de entregar uma oferta coletada entre os cristãos gentios (não judeus), antes de seguir para a Espanha.
Antes de seguir para a Espanha, Paulo decide passar por Roma, a fim de eliminar certas tensões religiosas e culturais dentro daquela igreja local. Na sua carta, Paulo explica como a salvação eterna se processa e o objetivo da fé (confiança e fidelidade) em Cristo, na vida daquele que se propôs a ser um seguidor e discípulo (aluno) de Jesus.
A comunidade cristã em Roma era uma mistura de judeus cristãos e não judeus (gentios). A composição da igreja de Roma e o relacionamento entre esses dois grupos são aspectos importantes abordados na sua carta, na qual ele ressalta que a salvação eterna e a misericórdia são oferecidas sem distinção a todos, desde que se mantenham sob os ensinamentos de Cristo.
Por meio dessa carta, Paulo se apresenta e, de antemão, explica sobre como o cristão pode ser aceito e aprovado por Deus – pela fé e não pelos respectivos pensamentos religiosos e culturais. A partir do capítulo 12, Paulo aborda os aspectos práticos da vida cristã, incentivando a unidade, o uso dos dons espirituais e a prática do amor ao próximo para o fortalecimento da “família” de Deus.
O que você pode aprender sobre Paulo? Ele era um líder estratégico e responsável (cf. Mt 5:6), pacificador (cf. Mt.5:9) e um mediador de conflitos (vd. Mt.5:13, Hb.12:14). Paulo sempre enfatizava a confiança em Cristo e a vida de fidelidade aos Seus objetivos, incentivando o amor a Deus, ao próximo e um espírito de generosidade (cf. Mt.5:7).
Reflita. [1] Antes de ir para a Espanha, qual era um dos principais motivos de Paulo querer visitar os cristãos de Roma? [2] Pensando na sua própria vida, como a atitude de buscar a paz (amizade e harmonia com Deus) e a união, em vez de reforçar as diferenças, pode melhorar seus relacionamentos, bem como de terceiros? [3] Conforme a importância enfatizada por Paulo à “confiança em Cristo e uma vida de fidelidade”, ao “amor ao próximo e a generosidade,” o que podemos concluir sobre como a fé verdadeira, no nosso cotidiano, deve ser colocada em prática nos mais variados ambientes em que estivermos?
Em Romanos 12:1-2, Paulo ensina que, em vez de se preocupar em cumprir rituais religiosos ineficazes, o que agrada a Deus é uma vida dedicada a Ele e ao Seu serviço. Isso se dá pela vigilância bíblica que damos de nossa alma (a sede dos pensamentos, desejos e intenções) – às nossas decisões ou escolhas, à convivência com pessoas, ao dormirmos, ao nos alimentarmos, à leitura, estudos, trabalho, passeios, lazer e outras atividades.
No entanto, para que sejamos eficazes nesse processo, é essencial que nós nos disponhamos a uma transformação interior, a qual deve ocorrer de dentro para fora, a fim de resistirmos às ideias e pensamentos mundanos. Concentrando-se em Deus, que a nossa mente (alma) seja renovada e passemos a pensar como Ele pensa para compreendermos e vivermos conforme a Sua vontade, a qual é útil (boa), atinge Seus objetivos (perfeita) e é aceitável a Ele (agradável a Ele). Essa é a verdadeira vida de adoração do cristão verdadeiro.
Reflita. [1] O que agrada a Deus mais do que seguir rituais religiosos ineficazes, ou sem sentido à vida de fé em Cristo? [2] Se a nossa vida inteira (o que pensamos, fazemos, comemos etc.) deve ser dedicada a Deus, o que isso muda no modo como você toma suas decisões diárias? [3] Já que compreendemos que uma “transformação interior” é necessária, a fim de resistirmos às ideias mundanas e pensarmos como Deus pensa, qual passo prático e importante você daria para começar a viver essa “verdadeira vida de adoração”, conforme as características e os objetivos da Sua vontade?
1. A base para essa transformação é a “misericórdia” de Deus
📖 1 Portanto, meus irmãos, por causa da grande misericórdia divina, peço que vocês se ofereçam completamente a Deus como um sacrifício vivo, dedicado ao seu serviço e agradável a ele. Esta é a verdadeira adoração que vocês devem oferecer a Deus.
O sentido e o propósito espiritual deste verso é que:
- Onde estivermos, reconheçamos que necessitamos dos recursos divinos, provenientes da misericórdia – compaixão, bondade ou da graça divina – devido à nossa pobreza espiritual e moral. ( Mt.5:3)
- Que procuremos estar constantemente na presença de Deus, a fim de obtermos Seus recursos, torná-Lo conhecido e compartilhá-los com os que deles carecem. ( Mt.5:7)
- Portanto, essa é a nossa verdadeira “adoração” que devemos oferecer a Deus, por meio de Cristo.
O fato de sermos dedicados a Deus e ao Seu serviço não é um “jogo” ou “escambo”. Isso não significa que, ao agirmos de tal modo, Deus precisa nos favorecer, em detrimento de outras pessoas. O que buscamos é a Sua aprovação e viver sob a Sua mão poderosa. O nosso serviço espiritual é uma resposta de gratidão à graça e misericórdia que do Eterno recebemos, para que, por meio de Jesus Cristo, abençoemos outras pessoas.
A misericórdia divina é como um rio caudaloso, que desse do “Alto” até você. Em Cristo, você se torna como uma usina hidrelétrica, que armazena toda essa água para transformá-la em energia de força, a qual possibilita iluminação e um maior conforto às pessoas de várias cidades. O rio (Misericórdia) é a base de tudo. A usina (Serviço) é apenas a nossa resposta de gratidão, um meio de canalizar e compartilhar a força que já nos foi dada. (cf. 2 Co.1:3,4)
Reflita. [1] Por quais motivos nós nos dedicamos ao serviço para Deus, já que não o realizamos para “ganharmos favores divinos”? [2] Pensando na metáfora da usina, se a misericórdia de Deus é o rio inesgotável, o que você tem feito para garantir que a sua “usina” (seu serviço) esteja realmente transformando essa força em bênçãos para as outras pessoas? [3] Qual é, então, a conclusão que podemos tirar sobre o propósito real do nosso serviço? Ele existe mais para beneficiar a Deus ou para ser um canal do que já recebemos para abençoar o próximo?
2. A adoração verdadeira é a entrega total da vida
O apóstolo nos exorta a oferecermos nossos corpos “em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”. Diferente dos sacrifícios do Antigo Testamento, que eram de animais mortos, o nosso sacrifício é a nossa própria vida, dedicada inteiramente ao serviço de Deus. Essa entrega diária e constante é o nosso “culto racional” (uma alma ou mente que respeita os pensamentos de Deus) ou a “verdadeira adoração”. (cf. Rm.6:13; 1 Pe.2:5; Ap.1:6)
Reflita. [1] O que é o sacrifício que somos exortados a oferecer a Deus, diferente dos sacrifícios de animais mortos do Antigo Testamento? [2] Nossa entrega diária ao SENHOR é o nosso “culto racional”, conforme a Palavra de Deus. No seu dia a dia, o que significa na prática viver sua rotina como um sacrifício vivo e uma verdadeira adoração? [3] Tanto a nossa mente como o nosso corpo (sacrifício vivo) devem se submeter aos pensamentos de Deus (culto racional). Qual é a principal conclusão que podemos tirar sobre como a adoração a Deus se manifesta em nossa vida, indo além de rituais ou momentos específicos?
3. Rejeitemos os padrões de pensamentos e comportamentos deste mundo
📖 2 Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom [útil], perfeito [que atinge o objetivo divino e eterno] e agradável [aceitável] a ele.
A adoração verdadeira exige que não nos moldemos aos padrões ou comportamentos deste “mundo” (sistema de ideias e filosofias que se contrapõem à Palavra de Deus). A mentalidade do mundo — com seus valores, prioridades e desejos — deve ser resistida e abandonada pelos que amam a Deus e seguem a Cristo como Seus discípulos (alunos). (cf. Sl.19:14; Hb.13:15)
A mentalidade do mundo é como uma fábrica de moldes de vasos, que visa lucros e força toda a massa do barro (você) a ter sempre o mesmo formato: superficial, temporário e feito para uso rápido. Portanto, rejeitar o padrão do mundo é o ato de dizer “não” ao molde padronizado da fábrica, para que você possa se submeter ao processo individual e profundo do “Oleiro”, tornando-se uma peça única e duradoura, que reflete o propósito divino.
Reflita. [1] O que a adoração verdadeira exige que a gente não faça em relação aos padrões e comportamentos deste “mundo”? [2] O que é mais valioso na sua vida hoje: ser uma “massa” que se encaixa no molde rápido da fábrica (o padrão do mundo) ou passar pelo processo individual do “Oleiro”, para se tornar uma peça única? [3] Se a mentalidade do mundo é descrita como algo superficial, temporário e de consumo rápido, qual é a conclusão que você deve tirar sobre o valor e a importância de rejeitar esse padrão?
📖 A transformação ocorre pela renovação da mente
O cristão verdadeiro é uma nova criação de Deus (cf. 2 Co.5:17) e a prova disso é a “renovação de sua mente” (alma). Por essa razão, ele não segue os padrões deste mundo, pois mantém seus sentimentos, palavras e ações sob vigilância. Em vez de uma mudança externa, ele expressa sua mudança profunda e interna, à qual se sujeitou e mudou seu modo de pensar, porque ama pensar como Deus pensa.
No entanto, essa renovação é um processo contínuo que acontece quando nos dedicamos à Palavra de Deus e guardamos Suas instruções (cf. Jo.14:21) até Jesus retornar para buscar a Sua Igreja. (cf. Mt.1-:22; 24:12,13; Ap.2:7)
Pense na sua mente como um sistema operacional de um computador. Ao nascer, recebemos uma versão básica, mas, ao longo da vida, ela é contaminada e corrompida pelo padrão do mundo, agindo como um vírus que altera as configurações, trava o sistema e dita comportamentos prejudiciais (o velho “eu”). A transformação é a “Renovação da Mente”, que funciona como um download e instalação contínua de um patch de atualização e um antivírus poderoso, fornecido pela Palavra de Deus.
Esse processo não é apenas uma mudança na tela (o comportamento externo), mas uma reprogramação profunda e interna do código. Isso permite que a mente abandone as falhas do sistema antigo e comece a operar com a velocidade, a clareza e a funcionalidade para a qual foi originalmente criada por Deus.
Reflita. [1] O que é o processo contínuo que acontece quando nos dedicamos à Palavra de Deus e guardamos Suas instruções? [2] Pensando na comparação com o computador, a “Renovação da Mente” não é apenas mudar o comportamento externo. Na sua opinião, por que essa mudança interna, na maneira como pensamos, é o ponto mais importante para a nossa transformação? [3] O texto compara a mentalidade do mundo a um “vírus que altera as configurações”, e a Palavra de Deus a um “antivírus poderoso”. Qual é a principal conclusão que podemos tirar sobre o poder e a necessidade da Palavra de Deus em nossa vida diária, tendo essa analogia como base?
5. O resultado da transformação é a capacidade de discernir a vontade de Deus
A renovação da mente nos capacita a “experimentar e comprovar” a vontade de Deus, que é descrita como “boa, agradável e perfeita”. À medida que a nossa mente se alinha com a de Deus, tornamo-nos capazes de reconhecê-Lo e seguirmos Sua direção ou orientações. (vd. Pv.3:1-12) Essa referência em Provérbios nos ensina o modo para nos mantermos unidos e abençoados por Deus.
Então, devemos perguntar:
- É útil para tornar Deus conhecido e me manter harmonizado com Ele? ( 1 Pe.3:15-17)
- É aceitável e aprovado por Deus? Dá prazer e alegria a Deus? ( Mt.3:17; 17:5)
- Atinge os objetivos momentâneos e eternos de Deus? ( Mt.6:33; 2 Co.4:18)
A vontade de Deus (boa, agradável e perfeita) e é como uma estação de rádio de altíssima frequência (FM), que só pode ser ouvida com perfeição em um aparelho específico. No entanto, a mente não-renovada é como um rádio antigo e analógico desregulado, cheio de estática, ruído e sintonizado nas interferências do mundo. O volume pode estar alto, mas o som é distorcido e a frequência correta não é captada com clareza.
A Renovação da Mente é como o ato de girar o botão de sintonia do nosso rádio interno, lentamente e com precisão, até que ele se alinhe perfeitamente com a frequência divina. Quando a sintonia é alcançada, o som (a vontade de Deus) se torna cristalino, permitindo que você “experimente e comprove” (ouça e verifique) a direção perfeita para a sua vida.
Portanto, não basta saber que a estação existe, mas é preciso se ajustar continuamente a ela. A clareza da direção de Deus em sua vida depende diretamente da precisão com que você sintoniza sua mente à Sua frequência – a Palavra de Deus.
Reflita. [1] O que a renovação da mente nos capacita a fazer em relação à vontade de Deus, que é descrita como “boa, agradável e perfeita”? [2] A vontade de Deus é comparada a uma estação de rádio de altíssima frequência e a mente não-renovada a um rádio desregulado e cheio de ruído. Pensando nisso, o que você acha que é a coisa mais importante que você precisa fazer hoje para conseguir “girar o botão de sintonia” e ouvir a direção de Deus com mais clareza na sua vida? [3] Compreendemos que “não basta saber que a estação existe, mas é preciso ajustar-se continuamente a ela“. Então, qual é a conclusão prática que você precisa tirar sobre o seu esforço e dedicação na busca pela direção de Deus?
Concluindo
A verdadeira adoração não está em rituais vazios, mas na entrega completa da nossa vida diária — cada pensamento, decisão e ação — como uma resposta grata à misericórdia que você já recebeu. Isso exige que digamos “não” ao padrão superficial do mundo, permitindo que a Palavra de Deus funcione como um poderoso antivírus, renovando nossa mente de dentro para fora.
Ao nos dedicarmos a essa transformação contínua, sintonizamos nosso “rádio interno” na frequência de Deus e, finalmente, conseguimos discernir Sua voz e fazermos a Sua vontade, a qual é boa, agradável e perfeita, tornando-nos em canais de força e bênção para o nosso bem e do próximo.
Reflita. [1] Em que a verdadeira adoração se manifesta, já que ela não está em rituais vazios? [2] Se a nossa vida diária (pensamentos, decisões e ações) é a nossa adoração, o que nós precisamos “deletar” ou “mudar” hoje para que a nossa adoração seja mais completa, sincera e eficaz? [3] Compreendemos que ao nos dedicarmos à transformação de nossa mente, conseguimos discernir a vontade de Deus. Qual é a consequência final e prática dessa transformação na sua vida e nas dos que estão ao seu redor?
Que Deus nos abençoe!