Texto base:
Gênesis 32:26
Então o homem [i.e. o ANJO DO SENHOR, Jesus, no Velho Testamento] disse: — Solte-me, pois já está amanhecendo. — Não solto enquanto o senhor não me abençoar—respondeu Jacó. (Gn.32:26 NTLH)
A maioria de nós conhece a história da luta de Jacó com Deus, no vale do rio Jaboque, a qual durou a noite inteira e foi uma batalha espiritual entre o Criador e a criatura. Eu gostaria de compartilhar com você sobre o significado dessa luta, isto é, a de Jacó com Deus. Por que ela aconteceu?
Para responder a essa pergunta, seria bom que lembrássemos que a vida de Jacó foi caracterizada por hostilidades familiares profundas. Ele era um homem determinado, todavia, era um vigarista, um mentiroso e um manipulador. Na verdade, o nome Jacó não significa apenas “enganador”, mas, literalmente, significa “agarrador de calcanhar”, pois ele nasceu agarrando o calcanhar do seu irmão Esaú.
O segundo nasceu agarrando o calcanhar de Esaú com uma das mãos, e por isso lhe deram o nome de Jacó. Isaque tinha sessenta anos quando Rebeca teve os gêmeos. (Gn.25:26 NTLH)
A vida de Jacó foi de lutas sem fim. Embora Deus tenha falado a Rebeca que do seu ventre, nasceriam dois filhos, e que o mais novo (Jacó) dominaria o mais velho (Esaú), mesmo tendo a promessa divina, Jacó foi um homem cheio de medos e ansiedades.
1. Quando a sua crença em Deus é frágil, você sempre tentará controlar do seu destino
Em um ponto crucial em sua vida, Jacó estava prestes a encontrar seu irmão, Esaú, que havia jurado matá-lo, pelo fato de ter sido enganado pelo seu irmão e perdido a primogenitura. Todas as lutas e medos de Jacó estavam prestes a se realizar.
Jacó recebeu uma ordem de Deus para voltar à sua terra (Gn.31:3), mas em vez de confiar no SENHOR, ele preferiu enganar seu sogro Labão para não sair das suas terras de mãos vazias. Entretanto, Jacó estava diante de outro dilema: encontrar-se com Esaú, o seu irmão amargurado.
Ansioso por sua própria vida, Jacó “idealizou um suborno” e enviou uma caravana de presentes junto com suas mulheres e filhos para o outro lado do rio Jaboque, na esperança de apaziguar a raiva do seu irmão. (Gn.32:3-21) Jacó continuava sendo um manipulador, vigarista, mentiroso e trapaceiro. Na verdade, ele sempre procurou controlar o seu destino.
Agora, ele tinha Esaú adiante dele! Jacó estava muito cansado para lutar. Fugir da história de sua família e das terras do seu sogro já tinha sido ruim o suficiente. No entanto, os seus caminhos se afunilaram e um confronto contra o seu irmão seria inevitável.
Jacó mal sabia que, certa noite, tanto a sua vida como o seu destino seriam completamente alterados e transformados. Um estranho “Ser” de aparência angelical visitou Jacó. Eles lutaram durante a noite toda até o amanhecer do dia e, então, “o Estranho” aleijou Jacó com um golpe em seu quadril, que o deixou manco pelo resto da sua vida. (Gn.32:23-25)
No entanto, uma ação divina ocorreu no final dessa luta, pois lemos que Deus “o abençoou ali”. Foi, então, que Jacó percebeu o que havia acontecido: & “Eu vi Deus face a face, mas ainda estou vivo”. (Gn.32:30 NTLH)
2. Cuidado com o otimismo e o sucesso, pois eles podem produzir o descontentamento
Na cultura ocidental e até mesmo em nossas igrejas, celebramos a riqueza, poder, força, confiança, prestígio e vitória. Desprezamos e tememos a fraqueza, o fracasso e a dúvida.
Embora saibamos que certa medida de vulnerabilidade, medo, desânimo e depressão vêm com a vida normal, tendemos a ver isso como um sinal de fracasso e falta de fé em Deus.
No entanto, nós sabemos que na vida real, o otimismo ingênuo, os elogios glamorosos e até o próprio sucesso são uma receita para o descontentamento e o desespero. Mais cedo ou mais tarde, o realismo frio e duro da vida alcançará a maioria de nós. A história de Jacó deve abrir nossas mentes para essa realidade.
Jacó sempre venceu seus conflitos usando o engano e a mentira para controlar o seu destino, mas quando teve que lutar contra “Aquele que é a Verdade”, foi derrotado! A história de Jacó nos ensina a reconhecermos os elementos que aparecem em nossas lutas, como: medo, escuridão, solidão, vulnerabilidade, sentimentos vazios de impotência, exaustão e dor implacável.
3. A nossa fé em Deus não impede que tenhamos sentimentos de impotência e desencorajamento
Até mesmo o apóstolo Paulo experimentou desencorajamentos e medos semelhantes:
Mesmo depois de termos chegado à província da Macedônia, não descansamos nada. Em todos os lugares houve problemas, lutas com os de fora e medo no nosso coração. (2 Co.7:5 NTLH)
Porém, Deus não nos abandona em nossas provações, medos e batalhas na vida. O que aprendemos em nossos conflitos da vida é que Deus nos oferece um o poder divino correspondente. É por meio Dele que recebemos o poder da conversão e da transformação, da entrega, da liberdade, perseverança, fé e coragem.
No final, Jacó faz o que todos nós devemos fazer. Ele confronta suas falhas, suas fraquezas, seus pecados, todas as coisas que o estão machucando e enfrenta Deus. Jacó lutou com Deus a noite toda. Foi uma luta exaustiva que o deixou aleijado.
É muito raro que, após recebermos a disciplina divina, não fiquemos marcados. Carregamos marcas que nos fazem lembrar o nosso passado pecaminoso e, além do mais, muitos irmãos, ao perceberem essas marcas, nos julgam mal e nos sentenciam a ficarmos fora de suas vidas.
Entretanto, para estes, essas marcas representam a vergonha que carregamos, mas essas marcas divinas impostas a nós significam a manifestação do poder e da glória divina pela transformação do nosso caráter. Nós nos arrependemos e mudamos para a alegria de Deus!
Foi só depois que Jacó se “agarrou” com Deus que ele percebeu que não poderia continuar sem Ele e que precisava da bênção do SENHOR. A partir daquele momento, Jacó não seria mais o suplantador, ou aquele que agarrava o calcanhar de quem gostaria de enganar para usufruir de vantagens pessoais. Agora, ele seria reconhecido como alguém que se “agarrou” com Deus e foi transformado.
A luz do dia havia chegado e dissipou a escuridão, tanto da noite como da alma e da mente de um trapaceiro. Jacó recebeu um novo nome – Israel. O significado desse nome é “DEUS PREVALECE”.
27 Aí o homem [i.e. o ANJO DO SENHOR, Jesus, no VT] perguntou: — Como você se chama? — Jacó [i.e. aquele que agarra o calcanhar, suplantador] — respondeu ele. 28 “Então o homem disse: — O seu nome não será mais Jacó. Você lutou com Deus e com os homens e venceu; por isso o seu nome será Israel [i.e. Deus Prevalece].” 29 — Agora diga-me o seu nome — pediu Jacó. O homem respondeu: — Por que você quer saber o meu nome? E ali ele [i.e. o ANJO DO SENHOR, Jesus, no VT] abençoou Jacó. 30 Então Jacó disse: — Eu vi Deus face a face, mas ainda estou vivo. Por isso ele pôs naquele lugar o nome de Peniel [i.e. frente a Deus ou perante Deus]. (Gn.32:29 NTLH)
4. Aprenda lições com a vida de Jacó
A vida de Jacó nos ensina que a vida não foi feita para ser fácil e se tornará cada vez mais difícil, caso continuemos a controlar o nosso próprio destino. Isso é especialmente verdadeiro quando desejamos ser abençoados por Ele.
A vida de Jacó nos ensina que, como cristãos, apesar de nossas provações e tribulações, nunca estaremos desprovidos da presença e da graça de Deus.
A vida de Jacó nos ensina que a bênção de Deus recai sobre aquele que se rende a Ele e essa batalha, às vezes, pode nos parecer confusa e caótica, mas as experiências reais do nosso crescimento no SENHOR sempre envolvem muita luta e dor e, invariavelmente, deixam marcas.
A luta de Jacó com Deus no Jaboque, naquela noite escura, nos ensina que se nos agarrarmos com Deus e com a Sua vontade com honestidade, a Sua bênção virá pela manhã! (Sl.30:5)
A vida de Jacó nos ensina que Deus permite uma crise em nossas vidas e Ele não as resolve imediatamente. Se Deus respondesse a todas as orações prontamente, trataríamos de pensar ser Ele uma máquina de inserir fichas: faça uma oração e retire tudo o que precisa. Contudo, Deus nos ajudará em nossas crises, mas, no processo, Ele deseja trabalhar no nosso caráter.
Que Deus nos abençoe!