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Lucas 23:44-46
Texto bíblico base:
& 44 Mais ou menos ao meio-dia o sol parou de brilhar, e uma escuridão cobriu toda a terra até as três horas da tarde. 45 E a cortina do Templo se rasgou pelo meio. 46 Aí Jesus gritou bem alto: — Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito! Depois de dizer isso, ele morreu. (Lc.23:44-46 NTLH)
Nós temos meditado sobre as palavras proferidas por Jesus na cruz do Calvário, ao longo de seis semanas. Hoje, nós veremos a Sua última declaração, a qual é de conquista, pois, após três horas de abandono divino e dizer sobre a Sua sede de Deus, Jesus volta a ter comunhão com o Pai Eterno. Esta última palavra é precedida por dois fatos importantes: a escuridão que cobriu toda a terra e a cortina do Templo que se rasgou de cima para baixo.
Três das Suas declarações foram oferecimentos ao homem, ou seja, o perdão, a salvação e a vida de comunhão ou fortalecimento mútuo. Depois, Jesus expressou todo o Seu sofrimento e solidão. Por último, as duas últimas declarações foram para Deus, quando disse ter sede e a entrega do Seu espírito a Deus.
Qual é a importância desses acontecimentos e da Sua última declaração na cruz para todos os seres humanos e os cristãos?
1. A escuridão que durou do meio-dia às três horas da tarde e a cortina que se rasgou pelo meio.
& 44 Mais ou menos ao meio-dia o sol parou de brilhar, e uma escuridão cobriu toda a terra até as três horas da tarde. 45 E a cortina do Templo se rasgou (foi rasgada ou dividida de cima para baixo sem a ação humana) pelo meio. (NTLH)
Era meio-dia e o Sol perdeu o seu brilho; uma escuridão intensa tomou conta de toda a terra e ela perdurou até as três horas da tarde! Não é interessante essa escuridão intensa antes da morte de Jesus? Por que era necessário que essa escuridão acontecesse?
Para a entendermos, nós precisamos voltar ao passado, ao período do Tabernáculo (o lugar da habitação de Deus entre o povo). Deus sempre quis estar entre o Seu povo, mas Ele nunca esteve de maneira visível ou corpórea (a não ser na Pessoa de Jesus). Porém, Ele pediu que fosse construído o Tabernáculo, o qual expressava a Sua graça, bondade, misericórdia e justiça.
Deus habitou de forma corpórea entre os Seus filhos na Pessoa de Jesus. Assim como o povo seguia a nuvem (a glória de Deus) que ficava sobre o Tabernáculo, nós devemos seguir a glória de Deus que está sobre Cristo. Não é Ele que nos segue, mas somos nós que O seguimos.
Tudo no Tabernáculo era uma representação de Jesus (Aquele que seria no futuro o Tabernáculo vivo entre o povo de Deus).
Você entra nele por meio de “uma porta” (chamada de “a porta do Caminho”). Jesus disse “Eu sou a porta” (cf. Jo.10:9) e “Eu sou o caminho” (cf. Jo.14:6). Então, você entraria no “átrio exterior” (pátio). Lá, estava o altar do holocausto e a bacia de bronze com água. Quando o soldado feriu Jesus com a lança, do Seu corpo fluiu sangue e água (cf. Jo.19:34). O sangue derramado é o sangue do “Inocente”, através do qual, Deus faz uma aliança de paz (de amizade) com o homem. A água é a “Verdade” (a Palavra de Deus). Então, todo aquele que quer cultivar uma amizade e seguir em comunhão com Deus, deve aceitar a aliança que Deus oferece e ser lavado ou purificado pela Palavra de Deus. Uma vez que você aceita o pacto divino e ser purificado pela Palavra de Deus, Ele o conduz ao “átrio interior” (ao Lugar Santo), onde estava o candelabro (Jesus, a Luz do mundo – cf. Jo.8:12), a mesa dos pães sem fermento (Jesus é o Pão da Vida – cf. Jo.6:48) e o altar de incenso (Jesus está constantemente intercedendo a Deus por aqueles que Nele creem – cf. 1 Tm.2:5; Hb.7:24,25; 1 Jo.2:1; Rm.8:34). Todo aquele que deseja se manter em Deus deve buscar a luz do conhecimento da verdade, do conhecimento e da pureza divina, através de Jesus. Deus não é conhecido por qualquer um, pois Ele não pode ser acessado pela vontade humana, a não ser que a pessoa seja conduzida por Jesus a Ele.
Entre o “Lugar Santo” e o “Santo dos Santos” (Lugar Santíssimo) havia uma cortina, a fim de manter a arca da aliança na mais profunda escuridão. Ninguém podia entrar ali, a não ser o sumo sacerdote, uma vez por ano, a fim de levar o sangue do holocausto e espargi-lo sobre a arca. Nenhuma luz é mais forte e mais poderosa do que a Luz do SENHOR. Lá, estava a “arca do concerto” (a arca da aliança), e dentro dela estavam as tábuas da Lei (Palavra de Deus), o cajado de Arão que floresceu (o cajado vivo do pastor) e o maná (o pão que caiu do céu. Jesus é a Palavra de Deus (cf. Jo.1:1-11), Ele é o Bom Pastor (cf. Jo.10:10) e o Pão que desceu do Céu (cf. Jo.6:31-35,38). O “maná” foi dado aos filhos de Israel, a fim de que fizessem a vontade Deus, e Ele nos deu a Jesus pela mesma razão. Portanto, todo aquele que medita e guarda a Palavra de Deus, será dirigido pelo Bom Pastor, se alimentará com a Sua Vida (o “Pão” que desceu do Céu) e fará a vontade Deus.
Vamos
entender a escuridão. Ao meio-dia, a terra se encheu de trevas, e o que isso significa? Significa que Deus é Luz e Nele não há treva alguma (cf. 1 Jo.1:5). Ele é a Luz da Verdade e nenhuma outra luz (natural ou a que é proveniente do raciocínio ou lógica humana – veja Jó 21:22; Is.40:13; Rm.11:34) pode iluminá-Lo. Naquele instante da crucificação, Deus está abrindo o “Lugar Santíssimo” para Jesus, onde nenhuma luz natural poderia entrar. O fim do abandono divino a Jesus (o qual durou três horas) está no fim e Ele está pronto para retomar à Sua comunhão com Deus. O caminho para a presença de Deus está se abrindo, por meio de Jesus, a todo aquele que crê. As trevas sobre a terra não representam os pecados do homem, mas o “Lugar Santíssimo” aberto para a humanidade, “em Cristo”. Sem Ele, ninguém tem acesso a esse lugar, ou seja, à presença íntima de Deus (a arca da aliança e dos elementos contidos dentro dela) e, portanto, não se alimentará do “Pão” vindo do Céu (maná), não terá interesse pela Palavra de Deus (tábuas da Lei) e nele não se manifestará a vida divina (o cajado de Arão que floresceu), pois continuará seco, sem a vida do Alto.
Quando Jesus morreu, a cortina que separava o “Lugar Santo” do “Santíssimo Lugar” rasgou-se de “cima para baixo”. Por causa do sacrifício de Jesus, Deus, que habitava na escuridão, podia agora ser visto claramente! O Céu (o lugar da habitação de Deus) se abriu àqueles que creem em Jesus! Essa escuridão era a “morte” (figura de linguagem que significa a separação entre Deus e os homens). Jesus veio para vencer a morte (essa separação) e abrir o caminho à presença do Todo-Poderoso a todos que Nele creem e que se comprometem com Ele.
Jesus disse:
& 46 Aí Jesus gritou bem alto: — Pai, nas tuas mãos entrego (Eu mesmo estou enviando, trazendo, colocando nas Tuas mãos) o meu espírito! Depois de dizer isso, ele morreu. (NTLH)
Ele mesmo entrou na escuridão, Ele mesmo enviou o Seu espírito ao Pai. Nenhum sacerdote humano está levando o Seu sangue à presença mais íntima de Deus (segundo o ritual mosaico – veja Lv.16; Hb.9:1-10), mas é o próprio SENHOR Jesus que se apresenta diante do Pai, sendo Ele mesmo a oferta pelos pecados da humanidade. Jesus é o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo! (cf. Jo.1:29,36; Is.53:5-7; 1 Co.5:7)
Outro aspecto importante que nós devemos notar da mensagem da cruz no Calvário é que não há como entrar na presença de Deus sem morrer (cf. Êx.33:20). No Velho Testamento, um cordeiro era morto e o seu sangue era levado até a arca da aliança. Jesus é o “Cordeiro de Deus”, que foi morto, mas Ele mesmo Se conduziu até a presença mais íntima do SENHOR, o Pai Eterno. Ninguém entra na presença de Deus sem passar pela morte.
Naturalmente, eu não estou falando de morte física, mas da morte do “EU” ou negação do ego (de acordo com os ensinamentos do Evangelho e dos apóstolos no Novo Testamento). Você se nega a fim de submeter-se à soberania divina e viver sob a Sua vontade ou direção.
2. Não existe Evangelho nem o Cristianismo sem a morte do “EU”!
O conceito de “morrer para si mesmo” é encontrado em todo o Novo Testamento. Ele expressa a verdadeira essência da vida cristã, na qual tomamos a nossa cruz e seguimos a Cristo. Morrer para si é parte de nascer de novo. O velho “eu” morre e o novo “eu” vem à vida (cf. Jo. 3:3-7).
Morrer para si mesmo nunca é retratado nas Escrituras como algo opcional na vida cristã. É a realidade do novo nascimento. Ninguém pode ir a Deus, por meio de Jesus, a menos que esteja disposto a estar crucificado com Cristo e a viver a nova vida em obediência a Ele. Jesus descreve os seguidores mornos (cf. Ap. 3:15-16) que tentam viver em parte na vida antiga e em parte na nova como aqueles a quem Ele não suporta e que está a ponto de rejeitá-los, caso não se arrependam (de acordo com o Evangelho ensinado por Cristo).
Jesus disse o seguinte:
& Não serve para ser meu seguidor (juntar-se a Ele como discípulo, aluno) quem não estiver pronto para morrer (não colocar os interesses próprios em primeiro lugar – veja Mt.6:33) como eu vou morrer e me acompanhar. (Mt.10:38 NTLH)
Em outro trecho das Escrituras, Jesus diz a mesma coisa, mas de modo mais claro:
& E Jesus disse aos discípulos: — Se alguém quer ser meu seguidor, esqueça os seus próprios interesses (negue-se a si mesmo, morra para si mesmo, não aja pelo impulso dos seus interesses), esteja pronto para morrer como eu vou morrer e me acompanhe. (Mt.16:24 NTLH)
Esquecer os próprios interesses não é viver uma vida de fanatismo religioso e repelir todas as responsabilidades que nos cercam, nas diferentes áreas de nossas vidas (como igreja, família, trabalho e lazer). O sentido é que antes de fazermos o que desejamos, devemos observar os nossos desejos e intenções pela aprovação divina. (cf. Mt.6:33; Jo.5:19; Pv.3:1-9)
Antes de dizermos ou fazermos qualquer coisa, que nós procuremos saber se a Palavra de Deus aprova as nossas atitudes, a fim de que não instalemos o mal sobre o mal que já existe. Todo aquele que está em Cristo procurará fazer a vontade Deus, tanto em silêncio, palavras e ações.
O meio ou as situações que vivemos podem influenciar nossas ações, mas, tanto uma quanto a outra, não têm o poder para “determinar” que as nossas ações sejam contrárias à vontade de Deus.
3. As palavras de Jesus na cruz mostram a bondade divina e a perversidade humana.
As “sete palavras de Jesus na cruz” representam, na verdade, o trabalho divino em cada um de nós, a fim de que possamos crer que Jesus fez tudo o que não poderíamos fazer, para que pudéssemos desfrutar da presença íntima de Deus e da sua Graça inesgotável.
Além do mais, essas “palavras” mostram todo o caminho que o cristão deve percorrer, a fim de no término da sua vida aqui, desfrutar da companhia do Pai na eternidade. Elas são a essência do Evangelho e do Ministério de Jesus Cristo, tanto quando esteve entre os homens como pelo trabalho da Igreja em nossos dias. O meu desejo é que você as aceite e não as rejeite.
O perverso. Ele reluta em aceitar o perdão divino, a Sua salvação e a vida de fortalecimento mútuo, por meio da vida da Igreja (criada por Jesus). Ele ignora as razões do sofrimento de Jesus, Seu exemplo de amor pela presença de Deus e o dia em que terá que se apresentar diante do Pai para ser julgado. Ele não aceita o Cristianismo, pois o entende como uma ameaça à sua vida de prazeres carnais ou pessoais.
O filho de Deus. Ele aceita o perdão, se arrepende de uma vida afastada de Deus e aceita a proposta divina de salvação. Ele ingressa na vida da Igreja e busca uma vida de fortalecimento mútuo. Ainda que passe por muitos sofrimentos, ele encontra em Cristo o exemplo de obediência e desejo pela comunhão com Deus, ainda que Ele pareça estar ausente. O seu desejo é se entregar ao Pai em cada momento da sua vida.
O ministro cristão. Ele prega o oferecimento do perdão divino, pois sabe que se não houver um verdadeiro arrependimento, não haverá nenhuma possibilidade de desfrutar da graça de Deus. Ele prega uma igreja viva, onde todos (a exemplo da Igreja em Atos 2) se esforçam para viver em comunidade e fortalecimento mútuo, tanto na Palavra de Deus como na vida com o SENHOR. Ele sabe que haverá sofrimentos, mas também sabe que Jesus já sofreu a ausência divina para que ele não a sofra. Ele permanece obediente aos preceitos do Evangelho, não acrescenta e não retira uma “vírgula” sequer dos ensinamentos de Jesus, pois está ciente de que deverá se apresentar como alguém aprovado diante do SENHOR.
A vida cristã. Ela tem seu início ao aceitarmos o perdão divino pelos nossos erros e pecados (por uma vida desconectada com o Criador) e, então, ela desfruta da salvação divina (a proposta divina para libertar a pessoa do poder do mal, mas não da presença dele). A seguir, a vida cristã se desenvolve por meio da vida de comunhão na Igreja, pois essa vida é mais do que frequentar uma igreja local, mas ela faz com que o cristão seja útil tanto aos membros da Igreja como aos que não pertencem a ela. A vida cristã não está livre de sofrimentos, mas é resistente às tentações e decide pela obediência a Deus, pois o seu alvo é se entregar a Ele no final da carreira e viver com o SENHOR eternamente.
A “mensagem da cruz”, ou as palavras proferidas por Jesus no madeiro cruento, revelam a trajetória da verdadeira vida cristã, desde o início até fim da mesma neste mundo. Meu irmão, eu conheço pessoas que sentiram que o tempo de deixar esta vida estava próximo, mas nunca souberam a data e a hora da morte. Somente Jesus conheceu esses fatos. Portanto, que nós estejamos preparados para deixar este mundo e entregar nossos espíritos a Deus, após o nosso último fôlego!
Que nós concluamos a nossa missão cristã com dignidade, desde a aceitação do perdão divino até a nossa saída deste mundo e ingresso na eternidade.
No livro do Apocalipse de João está escrito:
& 11 Quem é mau, que continue a fazer o mal, e quem é imundo, que continue a ser imundo. Quem é bom, que continue a fazer o bem, e quem é dedicado a Deus, que continue a ser dedicado a Deus. 12 — Escutem! — diz Jesus. — Eu venho logo! Vou trazer comigo as minhas recompensas, para dá-las a cada um de acordo com o que tem feito. 13 Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim. (Ap.22:11-13 NTLH)
Que Deus nos abençoe!