Marcos 1:4-8
Texto Bíblico:
& 4 E foi assim que João Batista apareceu no deserto, batizando o povo e anunciando esta mensagem: – Arrependam-se dos seus pecados e sejam batizados, que Deus perdoará vocês. 5 Muitos moradores da região da Judéia e da cidade de Jerusalém iam ouvir João. Eles confessavam os seus pecados, e João os batizava no rio Jordão. 6 Ele usava uma roupa feita de pêlos de camelo e um cinto de couro e comia gafanhotos e mel do mato. 7 Ele dizia ao povo: – Depois de mim vem alguém que é mais importante do que eu, e eu não mereço a honra de me abaixar e desamarrar as correias das sandálias dele. 8 Eu batizo vocês com água, mas ele os batizará com o Espírito Santo. (Mc.1:4-8 NTLH)
Ao longo de duas semanas, nós temos meditado sobre declarações verdadeiras acerca do Evangelho de Jesus Cristo. Nós vimos a declaração de Marcos (cf. Mc.1:1) e a declaração dos profetas (cf. Mc.1:2,3).
Com a declaração de Marcos nós aprendemos que o Evangelho que fala a respeito de Jesus, O apresenta como “Filho de Deus”. (v.1) Portanto, todo aquele que aceita viver sob a graça e a misericórdia de Deus, pelos princípios do Evangelho, deve ter a seguinte declaração:
“Jesus é o Filho de Deus, o Messias, o Cristo e o Senhor da minha vida, ou seja, o Dono, Aquele que deve governar meus pensamentos e atitudes!”
Com a declaração verdadeira dos profetas (vs.2,3), nós aprendemos sobre a ênfase que o Evangelho dá, para abrirmos e prepararmos nossas mentes, a fim de que demos passagem à vida poderosa de Cristo Jesus.
O sentido de tudo isso é que nós fomos chamados por Deus, a fim de vivermos à semelhança tanto dos pensamentos como das ações de nosso Senhor Jesus, nas diferentes situações da vida. Nós devemos preparar e dar passagem à Sua vida através de nós, segundo a experiência do apóstolo Paulo:
& Assim já não sou eu quem vive, mas Cristo é quem vive em mim. E esta vida que vivo agora, eu a vivo pela fé [obediência e submissão] no Filho de Deus, que me amou e se deu a si mesmo por mim. (Gl.2:20 NTLH)
Portanto, quem aceita viver sob os princípios do Evangelho deve declarar:
“Jesus é o Senhor da minha vida, e, portanto, que eu permita que Ele me capacite a viver à Sua semelhança, tanto em pensamentos, palavras e ações, como nas diferentes situações que se apresentarem a mim.”
Vamos dar sequência a esta série de mediações sobre “Declarações Verdadeiras”.
3. A declaração de João Batista. (vs. 4-8)
Eu gostaria de observar três coisas neste texto bíblico:
- A preparação para receber Jesus, o Messias ou Cristo. (vs. 4,5)
- Quem era João Batista. (v. 6)
- A sua declaração verdadeira acerca do Evangelho e da Pessoa de Jesus. (vs. 7,8)
3.1. A preparação para receber Jesus, o Messias ou o Cristo. (vs.4,5)
Essa preparação revela a condição moral e espiritual do povo de Deus sobre a Terra. Vamos ler os versos 4 e 5 de Marcos 1.
& 4 E foi assim que João Batista apareceu no deserto, batizando o povo e anunciando esta mensagem: – Arrependam-se dos seus pecados e sejam batizados, que Deus perdoará vocês. 5 Muitos moradores da região da Judéia e da cidade de Jerusalém iam ouvir João. Eles confessavam os seus pecados, e João os batizava no rio Jordão. (NTLH)
Primeiro, que nós notemos o lugar onde João estava pregando: ele pregava no deserto e o que isso pode significar? O termo “deserto”, na Bíblia, tem o sentido de:
- Uma região solitária e desolada.
- Uma região não cultivada e abandonada.
- Uma região privada do cuidado e da proteção de outros.
Fazendo uma analogia, o deserto pode significar momentos difíceis de nossas vidas como áreas dentro de nós que abandonamos, que precisam receber a visitação Divina, a fim de serem cultivadas com os valores eternos.
Porém, voltando ao nosso texto, foi no deserto que João apareceu pregando, e por quê? Para entendermos o lugar da sua pregação, nós precisamos compreender a importância do Rio Jordão, pois ele é um marco significativo na história do povo hebreu.
O Jordão não era apenas um rio, mas uma fronteira entre a Terra Prometida e o deserto. Aí está a sua importância: No passado, o povo hebreu (judeu) precisou cruzá-lo para entrar na terra prometida e possuí-la, em obediência às promessas de Deus. O Senhor havia dado ao Seu povo promessas sobre a Terra Prometida e o dia chegou, no qual os filhos de Deus deveriam entrar nela pela fé, através do Rio Jordão. Aquela travessia significava o batismo nas águas para a experiência de uma nova vida na “nova terra”.
Então, por meio de João, Deus estava chamando o Seu povo para ir até o deserto onde ele pregava, a fim de passar novamente pelo Jordão, ou seja, as pessoas deveriam reconhecer que mesmo vivendo com a crença em Deus, viviam exilados ou longe Dele! O povo de Deus precisava de um novo começo, um “novo êxodo” que o levasse à Sua mais “rica promessa”: Cristo, o Messias Jesus, o Esperado o Filho de Deus!
No Velho Testamento, o povo hebreu veio do deserto para a Terra Prometida, mas no tempo de João, Deus pede que ele saia da Terra Prometida e que retorne ao deserto, a fim de ouvir a pregação de João Batista, acerca do que viria da parte do Senhor. A razão disso é que o povo de Deus precisaria reconhecer e confessar a sua péssima condição espiritual e moral. Além do mais, ele precisaria aceitar um novo começo de vida com Deus!
Portanto, Israel era uma nação que precisava morrer para si mesma, renascer para uma nova vida espiritual e moral, através do Evangelho, ou seja, por meio de Cristo Jesus, o Soberano “Filho de Deus”.
Então, é nos nossos desertos que Deus trata conosco de modo profundo, onde nos ensina a confiarmos Nele e nos conduz pelos Seus caminhos poderosos. É no “deserto” que aprendemos a observar as provisões Divinas e o Seu constante cuidado por nós.
3.2. Quem era João Batista. (v.6)
& 6 Ele usava uma roupa feita de pêlos de camelo e um cinto de couro e comia gafanhotos e mel do mato. (NTLH)
João se vestia à semelhança do profeta Elias no passado (cf. 2 Reis 1:8), o qual chamou o povo de Israel ao arrependimento. Então, o profeta João não se vestia com vestes religiosas, luxuosas, como os elegantes líderes religiosos da sua época, os quais apenas buscavam o conforto, enquanto os filhos de Deus viviam uma vida afastada do Criador.
Portanto, tanto a vestimenta de João Batista como a sua alimentação eram próprias do deserto e representavam a sua revolta, o seu desprezo àquela comodidade religiosa que era insensível à voz de Deus.
A mensagem desse homem demonstrava que é possível viver para Deus em qualquer situação e receber Dele o sustento, Sua direção e revelações em relação aos Seus planos futuros.
3.3. A declaração verdadeira acerca do Evangelho e da Pessoa de Jesus. (vs.7,8)
& 7 Ele dizia ao povo: – Depois de mim vem alguém que é mais importante do que eu, e eu não mereço a honra de me abaixar e desamarrar as correias das sandálias dele. 8 Eu batizo vocês com água, mas ele os batizará com o Espírito Santo. (NTLH)
João era um profeta e esse ofício espiritual era de alguém que anunciava e interpretava a vontade e os propósitos de Deus ao Seu povo e, “ocasionalmente”, predizia o futuro por inspiração Divina. Um profeta nada mais é do que um pregador que não dilui a mensagem Divina, a fim de oferecer um falso consolo aos que o ouvem.
O profeta transmite a mensagem de Deus por horas ou por alguns minutos e, por isso, nós não devemos confundir a pregação com a oratória e suas técnicas, as quais visam impressionar e entreter as pessoas.
Um pregador é um “arauto”, o qual está sempre em tempo de guerra! Ele entra em terreno inimigo à frente de um exército, a fim de alertar sobre certa destruição, a menos que aceitem as condições para a paz.
É justamente isso o que João está fazendo: João diz que o Soberano Eterno está prestes a fazer a Sua aparição e que Ele está vindo! Então, ele avisa que não se rebelem contra o Seu governo e que confessem publicamente, através do arrependimento e do batismo no Rio Jordão, que não estão vivendo num espírito de fidelidade ao Todo-Poderoso. A sua mensagem envolve uma atitude de conversão, ou seja, que o povo volte a pertencer ao Criador e que obedeçam a Sua Palavra.
O conteúdo da sua pregação salienta a diferença que existe entre ele e “Aquele” (Jesus, o Filho de Deus) que há de vir. A sua mensagem está de acordo com o que o profeta Isaías profetizou ou pregou no passado:
& 9 “Você, mensageiro de boas notícias para Jerusalém, suba um alto monte; você, mensageiro de boas notícias para Sião, entregue a sua mensagem em voz alta. Fale sem medo com as cidades de Judá e anuncie bem alto: “O seu Deus está chegando!”” 10 “O SENHOR Deus vem vindo cheio de força; com o seu braço poderoso, ele conseguiu a vitória. E ele traz consigo o povo que ele salvou.” (Is.40:9,10 NTLH)
João Batista diz que “Depois de mim vem alguém que é mais importante do que eu, e eu não mereço a honra de me abaixar e desamarrar as correias das sandálias dele.” O que isso significa?
Desamarrar as sandálias de alguém era a ação mais baixa que poderia ser tomada por um judeu, e por isso, ela era atribuída a um escravo gentio. As instruções judaicas diziam que um discípulo deveria fazer tudo pelo seu mestre, exceto desamarrar suas sandálias antes do seu banho; então, um não judeu (gentio) era chamado para esse serviço.
Em suas palavras, João se coloca numa posição de extrema humildade e disposto a fazer tudo, mas tudo mesmo pelo Seu Senhor!
João declara sobre a diferença do seu ministério e o de Jesus: “Eu batizo vocês com água, mas ele os batizará com o Espírito Santo.” Nestas palavras, nós encontramos algo sobre a Pessoa de Jesus muito pouco comentada.
No Velho Testamento, somente Deus poderia conferir o Espírito Santo às pessoas que Ele escolhesse e, então, como Jesus poderia “imergir” alguém na Pessoa de Deus ou do Espírito Santo, se Ele (Jesus) não fosse o próprio Deus?
Há muitos que falam em “línguas estranhas”, mas não manifestam através de suas vidas uma experiência de imersão na Pessoa de Deus. Muitos dos que falam em línguas estranhas condenam os que não as falam e dizem que a falta dessa experiência é que os tornam fracos na fé. Porém, muitos deles são prisioneiros do medo, da ignorância bíblica e do verdadeiro sentido do batismo no Espírito Santo. Vivem assustados e amarrados em campanhas, tentando forçar a Deus para que realize os seus desejos pessoais, e isso, por não conhecerem o Seu caráter, Seu poder e Seus planos.
Uma pessoa que desce às águas está testemunhando publicamente que morreu para si mesma e que ressuscitou para uma nova vida, e o que ela vem a ser? Essa nova vida é a que é cheia do Espírito Santo, da “Vida do Alto”!
Essa “Vida do Alto” vai além de uma declaração, pois ela conduz a pessoa a andar nos passos, nos pensamentos e nas ações de Jesus! O Espírito Santo é o “selo de propriedade” ou a marca de que uma pessoa que anda segundo o Evangelho de Jesus pertence a Deus e que faz as Suas obras, segundo as palavras do apóstolo Paulo:
& “Pois foi Deus quem nos fez o que somos agora; em nossa união com Cristo Jesus, ele nos criou para que fizéssemos as boas obras que ele já havia preparado para nós.” (Ef.2:10 NTLH)
Receber o Espírito Santo de Jesus é mais do que simplesmente falar em línguas, pois significa envolver-se em Seus planos eternos. Significa tornar-se uma testemunha viva, um anunciador Daquele que nem a morte pode deter! Significa tornar-se um escravo que é desprezado pelo seu próprio povo, mas que é capaz de se humilhar para fazer o que outros não fazem, como: “desamarrar as sandálias do Mestre”!
Ser cheio do Espírito Santo significa não escolher mais o seu próprio caminho, mas confiar inteiramente na direção de Deus nesta vida, seja na alegria ou na tristeza, na riqueza ou na pobreza, na saúde ou na enfermidade, na vida e na morte!
Ser cheio do Espírito Santo significa uma luta constante entre os desejos carnais e o desejo do Próprio Espírito. Significa uma vida de perseverança e a produção de frutos espirituais, os quais fazem com o Reino de Deus se propague e cresça sobre a Terra.
Ser cheio do Espírito Santo significa viver e contemplar com prazer a eternidade antes que ela chegue! Ser cheio do Espírito Santo é viver uma vida dedicada a Deus, em todos os ambientes e situações. Significa ser melhor esposo, esposa, pai, mãe, filho ou filha, patrão ou empregado. Significa refletir a luz tanto do Evangelho como do Próprio Jesus Cristo a este mundo sombrio e perdido, tanto de valores espirituais como morais.
Infelizmente, o “evangelho” dos nossos dias em nada se parece ao “Evangelho” que foi dado por Deus, em Cristo, pois ele só fala de ganância, riquezas terrenas e prosperidade financeira. Ele só fala de “soluções mágicas” e que aos poucos vem se demonstrando numa falácia, ou seja, num discurso enganador que se passa por verdadeiro.
A minha esperança é que:
- Aceitemos o chamado de Deus para reconhecermos os nossos desertos.
- Reconheçamos que Jesus é mais importante do que nós e do que a nossa vida neste mundo.
- Sejamos humildes para fazermos pelo Mestre o que muitos que se dizem cristãos não estão fazendo.
- Tenhamos o desejo por uma nova vida em Deus, por meio de Jesus.
- Busquemos uma vida cheia do Espírito e que entendamos o verdadeiro sentido dessa experiência.