Jó 36:15
Texto Base:
Mas Deus nos ensina por meio do sofrimento e usa a aflição para abrir os nossos olhos. (Jó 36:15 NTLH)
Nós professamos a fé em Cristo e isto quer dizer que, por meio Dele, aprendemos a confiar nossas vidas a Deus. Todavia, quando nos vemos em meio às adversidades, tendemos a confiar em nossas habilidades ou na nossa autossuficiência. Por quê? Porque entendemos ser este o melhor caminho para nos livrarmos das nossas aflições. Contudo, sem que percebamos, agimos como os que não são cristãos, independentes de Deus e, por isso, nós também nos mostramos excessivamente impacientes!
Nós precisamos confiar nos planos que Deus tem para as nossas vidas, mesmo quando temos de enfrentar adversidades!
“Deus não quer que Seus filhos sofram! Não aceite o sofrimento!” Muitos líderes e pregadores cristãos, em rádios e revistas, fazem essa declaração como sendo uma verdade absoluta. Outra afirmação que eu ouço muito é a seguinte: “O sofrimento é uma ação do Diabo! Deus não criou o homem para sofrer, então, não aceite a dor na sua vida!”.
Entretanto, quando você recorre às Escrituras, notará que muitos problemas que enfrentamos não são causados pelo Diabo, mas por nós mesmos, devido a escolhas erradas, ganância, orgulho e interesses egoístas, os quais, sem qualquer dúvida, nos levam a sofrer de ansiedade.
Na aflição, podemos nos tornar conscientes de um pecado, o qual nós sempre mantemos submerso e que precisa ser trazido à tona, ou seja, a autossuficiência. Quando estamos satisfeitos e autossuficientes pelos nossos procedimentos, não observamos o orgulho oculto, pois ele se esconde nas nossas próprias habilidades. Mas, quando a vida desmorona e não se pode mais depender da capacidade humana, muitos buscam a Deus, tendo-O somente como “uma tábua de salvação”!
O único interesse de muitos é buscar, esporadicamente, o Criador para solucionar problemas, e nunca com o fim de pertencer a Ele e tê-Lo como o Único Dirigente de suas vidas. Muitos buscam a Deus, mas, de fato, não se entregam a Ele. Esse é o modo mundano de se buscar a Deus, mas o cristão tem uma concepção diferente, pois ele entende que sua vida está nas mãos soberanas do Todo-Poderoso.
1. A sua vida está nas mãos de Deus e pertence a Ele – o exemplo de Paulo, o apóstolo
8 Irmãos, queremos que saibam das aflições pelas quais passamos na província da Ásia. Os sofrimentos que suportamos foram tão grandes e tão duros, que já não tínhamos mais esperança de escapar de lá com vida. 9 Nós nos sentíamos como condenados à morte. Mas isso aconteceu para que aprendêssemos a confiar não em nós mesmos e sim em Deus, que ressuscita os mortos. (2 Co.1:8,9 NTLH)
Quando o desespero se instala e nos sentimos sobrecarregados, a confiança em Deus pode assumir um novo significado. Nós nos lembramos do quanto Ele já agiu a nosso favor, livrando-nos de situações horríveis e sentimos que precisamos confiar mais Nele.
O nosso Deus, que trouxe o mundo à sua existência e que ressuscita os mortos, é capaz de nos livrar de qualquer situação! Então, o nosso foco muda e passamos a não confiar em nós mesmos, nas nossas habilidades, mas a depender de Deus!
2. Confie em Deus e aprenda a depender Dele no seu sofrimento
Nós gostamos de ser autossuficientes e orgulhosos em relação à nossa tendência de cuidarmos de nós mesmos, desprezando a ajuda de terceiros. Todos nós precisamos aprender a depender de Deus durante o sofrimento.
Quando percebemos a nossa fragilidade ao enfrentarmos uma situação angustiante, a aflição invade nossas mentes, e isso é natural. Reconhecemos que todo o nosso esforço próprio deu em nada e precisamos de “Alguém” com maior capacidade para nos socorrer e, então, pedimos a Deus que nos livre da dor.
Não é errado pedirmos que Deus nos livre do sofrimento e nem seremos castigados por Lhe fazer este pedido. Ninguém quer sofrer! No entanto, nós precisamos nos lembrar de que, às vezes, Ele nos livra, e noutras, Ele demonstra o Seu poder, aperfeiçoando-nos em nossa fraqueza. Por não entendermos, de imediato, os Seus propósitos na nossa dor, nós ficamos tristes (vd. 1 Pe.1:6), mas sempre seremos sustentados pelos recursos da Sua graça.
Um exemplo muito conhecido por nós, cristãos, está nas palavras de Paulo, por ocasião em que Jesus não o livrou do seu sofrimento – “o espinho na carne”. Como Paulo reagiu à resposta de Jesus? Vejamos:
Mas ele (Jesus) me respondeu: “A minha graça [i.e. a ajuda que dá alegria, quando se é dirigido por Deus] é tudo o que você precisa, pois o meu poder é mais forte [i.e. torna-se completo, acrescenta à sua vida o que ainda está faltando] quando você está fraco.” Portanto, eu me sinto muito feliz em me gabar das minhas fraquezas, para que assim a proteção do poder [i.e. a habilidade, influência, virtude, as boas normas ou o modelo dos valores morais] de Cristo esteja comigo. (2 Co.12:9 NTLH)
Repare que Jesus não abandonou Paulo, mas está aperfeiçoando a sua vida, a fim de que ela não se inclinasse a comportamentos errados. Deus estava refinando ou purificando o seu caráter.
3. Deus, em várias ocasiões, o refinará na fornalha da aflição
Em muitos momentos, sem o fogo da aflição, nós não descobriremos as nossas impurezas (vd. 1 Pe.1:7) e, no caso de Paulo, Deus usou uma doença para combater o seu orgulho, devido às visões maravilhosas que ele havia recebido do SENHOR. (2 Co.12:7)
Em dias difíceis, nós temos a tendência de sermos independentes, egocêntricos, exigentes e impacientes, mas Deus, ao permitir que permaneçamos um tempo na aflição, está nos ensinando a termos paciência (sermos perseverantemente fiéis a Ele) e uma confiança diária, momento a momento Nele.
Quanto ao que eu acabei de mencionar, atentemos ao ensinamento apostólico:
2 Foi Cristo quem nos deu, por meio da nossa fé, esta vida na graça de Deus. E agora continuamos firmes nessa graça e nos alegramos na esperança de participar da glória de Deus. 3 E também nos alegramos nos sofrimentos, pois sabemos que os sofrimentos produzem a paciência [i.e. a fé leal, perseverante, que persiste com fidelidade], 4 a paciência traz a aprovação de Deus, e essa aprovação cria a esperança. 5 Essa esperança não nos deixa decepcionados, pois Deus derramou o seu amor no nosso coração, por meio do Espírito Santo, que ele nos deu. (Rm.5:2-5 NTLH)
O sofrimento, assim como a disciplina, nunca é agradável em determinados momentos, mas ele produz o fruto pacífico, o qual traz a aprovação de Deus, de amizade e harmonia com Ele no nosso interior.
Todo trabalho de Deus tem por objetivo conduzir-nos à Vida Eterna e, portanto, tanto o nosso caráter como a nossa conduta sobre a Terra, devem ser regrados pelo nosso desejo pela vida na Eternidade.
Tendo o princípio de viver para a Eternidade em mente, de acordo com a Palavra de Deus, o nosso sofrimento não será em vão ou desperdiçado, pois nele, Deus aperfeiçoará o caráter, produzirá perseverança e nos dará a esperança eterna.
Que Deus abra os nossos olhos para sermos pacientes e dependermos Dele em qualquer situação. Que nós celebremos os Seus grandes livramentos, mas que, de igual modo, alegremo-nos pelo Seu trabalho constante em aperfeiçoar o nosso caráter em meio às aflições, pois temos em nós o derramar do Seu Espírito, que nos alegra e nos dá a convicção de que Ele é por nós em todo o tempo!
Que Deus nos abençoe!