LUCAS 10: 30-37
Esta passagem bíblica que iremos ler e meditar nesta noite, é considerada como uma das ilustrações mais sublimes de bondade humana em toda a literatura universal. É uma das narrativas de maior sentimento de humanidade e compaixão pelo próximo e um dos contos mais conhecidos e interessantes de Jesus, eu me refiro a “parábola do bom samaritano”.
A lição do bom samaritano não nos exorta apenas a ajudar os necessitados. É uma abordagem demasiadamente simplista, superficial, afirmar que a mensagem principal de Jesus é demonstrar bondade para um estranho. Portanto,
Jesus contou essa história para ilustrar o quanto nós ficamos aquém, abaixo, daquilo que a Lei de Deus realmente exige de cada um de nós. Era essa a pretensão que levou o Senhor a contar essa parábola.
Jesus explica por que todas as nossas boas obras e méritos religiosos não são suficientes para conquistar o favor de Deus.
Então o Senhor mostra o que a Lei exige de nós, e assim destrói as esperanças das pessoas meramente religiosas que acreditam poder merecer a vida eterna cumprindo uma tradição ou um costume religioso, se apegando a detalhes da Lei de Deus e inventando formas de evitar todos os princípios realmente importantes e difíceis das Escrituras Sagradas.
A mensagem verdadeira da parábola se torna evidente quando prestamos atenção ao contexto imediato em Lucas 10. Jesus está contando essa parábola a um mestre da Lei, um jurista, um legalista religioso, arrogante, presunçoso, orgulhoso de si mesmo, que tentou diminuir a força da Lei de Deus com uma análise exagerada da palavra, “próximo”. E nós vamos entender isso melhor mais a frente. Mas vamos agora entender o contexto.
Em Lucas 10, Jesus envia setenta de Seus discípulos em uma última missão para levar o Evangelho às cidades da Galileia. Ele sabia que Seus discípulos também enfrentariam muita oposição, por isso, Ele os instruiu:
“Porém, quando entrarem numa cidade e não forem bem recebidos, vão pelas ruas, dizendo:” Até a poeira desta cidade que grudou nos nossos pés nós sacudimos contra vocês! Mas lembrem disto: o Reino de Deus chegou até vocês”. E Jesus disse mais isto: _Eu afirmo a vocês que, no Dia do Juízo, Deus terá mais pena de Sodoma do que daquela cidade!” (Lucas 10: 10- 12 NTLH).
O sacudir dos pés o pó das cidades era um gesto que tinha implicações culturais profundas. Os judeus religiosos agiram assim após saírem de cidades gentias, para mostrar que não concordavam com as práticas pagãs.
Ao sacudir o pó dos pés ao saírem de uma cidade judaica, os discípulos de Jesus indicavam sua separação dos judeus que rejeitaram o Messias. Esta ação também significava que os discípulos de Jesus não eram responsáveis pelo modo como as pessoas respondiam às Boas Novas.
E Jesus continua então com algumas palavras duras de condenação dirigidas contra três cidades específicas, onde Ele já havia passado bastante tempo no início de Seu ministério na Galileia: que era Corazim, Betsaida e a mais importante, Cafarnaum, a Cidade natal de muitos de Seus discípulos.
Mas por que estou dizendo tudo isso?
Porque estas palavras de Jesus irritou ainda mais os líderes religiosos, que já haviam se voltado contra Ele. A essa altura, um mestre da Lei, deu um passo a frente e fez uma pergunta a Jesus sobre a vida eterna.
A intenção deste fariseu, segundo alguns comentaristas bíblicos, era colocar Jesus à prova, para testar sua habilidade como Mestre, e com isso, talvez, fazer com que o Senhor tropeçasse ao responder, e então, ele pudesse se voltar à multidão e ressaltar que era muito melhor deixar questões desse tipo para os peritos e competentes expositores da Lei.
Lucas relata o diálogo:
“Um mestre da Lei se levantou e, querendo encontrar alguma prova contra Jesus, perguntou: _ Mestre, o que devo fazer para conseguir a vida eterna?” (Lucas 10: 25 NTLH).
Muito embora a motivação da pergunta feita por aquele mestre da Lei tenha sido desonesta, na verdade, é a melhor pergunta já feita ou respondida, e que mantinha ocupada a mente daqueles que se aproximavam de Jesus para aprender Dele.
A maioria dos judeus aprendeu de seus líderes religiosos que sua linhagem, sua circuncisão, suas cerimônias e suas tradições lhes garantiam a entrada para o Reino eterno. Mas era evidente que havia uma incerteza em muitos corações, por isso, as pessoas levantavam essa questão constantemente quando conversavam com Jesus.
Mas, dessa vez, Jesus respondeu à pergunta do mestre da Lei, com outra pergunta:
“_ O que é que as Escrituras Sagradas dizem a respeito disso? E como é que você entende o que elas dizem?” (Lucas 10: 26 NTLH).
Jesus estava se referindo à confissão de fé judaica, recitada em voz alta, duas vezes ao dia, da passagem do Livro de Deuteronômio 6: 4, 5:
“Escute, povo de Israel! O Senhor, e somente o Senhor é o nosso Deus. Portanto, amem o Senhor, nosso Deus, com todo o coração, com toda alma e com todas as forças” (Dt. 6: 4, 5 NTLH).
Ao responder, o mestre da Lei citou a mesma passagem de Deuteronômio 6, acrescentando a segunda metade de Levítico 19: 18:
“_ Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma, com todas as forças e com toda a mente. E ame o seu próximo como você ama a você mesmo” (Lucas 10: 27 NTLH).
Assim, Jesus disse ao perito da Lei:
“_A sua resposta está certa!_ disse Jesus_ Faça isso e você viverá” (Lucas 10: 28 NTLH).
O que Jesus quis dizer foi: Você quer a vida eterna? Obedeça à Lei.
Isso nos lembra a resposta que Jesus deu ao jovem rico em Mateus 19, quando ele disse: “O que devo fazer de bom para conseguir a vida eterna?” Então Jesus respondeu: “Guarde os Mandamentos, a Lei”.
Espera aí, não é o Evangelho, é a Lei? Mas Escrituras dizem no Livro de Romanos que:
“Pois ninguém é aceito por Deus por fazer o que a Lei manda, porque a Lei faz com que as pessoas saibam que são pecadoras” (Romanos 3: 20 NTLH).
E agora?
Na verdade, a resposta de Jesus parece, à primeira vista, contradizer a própria essência da verdade do Evangelho. Pois no Livro de Gálatas 2: 16, o Espírito de Deus nos ensina:
“Mas sabemos que todos são aceitos por Deus somente pela fé em Jesus Cristo e não por fazerem o que a Lei manda”. (Gálatas 2: 16a,).
Então, o que está acontecendo aqui? Por que Jesus pregou a Lei e não o Evangelho a esse homem? Alguém se arrisca responder?
Na verdade, Jesus estava simplesmente mostrando o espelho da Lei a esse “mestre” fariseu para demonstrar a ele como a Lei o condenava. Se esse perito na lei fosse um homem honesto, teria reconhecido que não amava Deus como devia; ele nem mesmo amava o próximo como devia. Esse homem, imerso no estudo da Lei de Deus, deveria ter se abalado com a mensagem da Lei. Ele deveria ter sentido uma profunda convicção.
Deveria estar arrependido, quebrantado, entristecido, e sua próxima pergunta deveria ter sido algo como: “Se eu não consigo cumprir nem mesmo os mandamentos mais básicos da Lei, onde posso encontrar a redenção, ou o perdão dos meus pecados?
E nós? Cumprimos o Mandamento mais básico da Lei, de amar a Deus com todo o coração, com toda a alma, com todas as forças e com toda a mente? E amamos o nosso próximo como a nós mesmos?
Sabem o que quer dizer isso? Vejamos:
O que Deus espera de nós é nada menos do que um amor total, pleno. O maior Mandamento determina que não só o amemos, mas que façamos isso com toda a intensidade possível! E o mesmo é verdadeiro em relação à nossa busca: de todo o coração. Essa é a única forma de busca aceitável por Deus: com todo o nosso ser, com tudo o que há em nós (coração, alma e entendimento), com toda a nossa força (dedicação, empenho, determinação, energia e entrega).
Então eu pergunto: nós amamos e buscamos a Deus com toda a intensidade possível? Com tudo o que há em nós? Com todas as nossas forças (dedicação, empenho, determinação, energia e entrega)? Buscamos a Deus com 100% da nossa intensidade?
Mas voltando ao mestre da lei, em vez dele lutar contra o seu orgulho e sua justiça própria, e se arrepender dos seus pecados, e reconhecer sua incapacidade de cumprir a Lei, ele procura se justificar perguntando a Jesus:
“_Mas quem é o meu próximo?” (Lucas 10: 29 NTLH).
Percebam que aquele mestre da Lei pulou a parte que diz que ele deve amar a Deus com todo seu coração, alma, mente e força. Em vez disso, prefere discutir um detalhe técnico sobre a identidade de seu próximo.
Jesus, certa vez, explicou que a tradição rabínica da época e a interpretação popular de Levítico 19: 18 (Ame os outros como você ama a você mesmo), para eles era: “Ame os seus amigos e odeie os seus inimigos” ( Mateus 5: 43 NTLH).
Essa interpretação errônea tira toda a força do Mandamento, pois, se você tem a liberdade de odiar seu inimigo, então você está livre também de sua obrigação de amar qualquer pessoa que considerar um inimigo. Segundo essa interpretação, você não tem qualquer obrigação moral ou legal de amar qualquer pessoa que você não queira amar.
Aquele mestre da Lei, ao fazer a pergunta: “Mas quem é o meu próximo?”, queria envolver Jesus em um debate mesquinho dentro desta interpretação religiosa errada.
A essa altura, Jesus poderia ter deixado aquele homem bem ali com seu orgulho e sua justiça própria. Mas, do contrário, Jesus demonstra uma compaixão terna com esse homem teimoso e orgulhoso, pois desejava que ele reconhecesse o quanto estava perdido, e então lhe conta uma história.
Um homem que estava viajando sozinho nessa estrada é assaltado por um bando de ladrões violentos. Eles não se contentaram em roubá-lo; deixaram-no praticamente nu.
Não levaram somente seu dinheiro, levaram tudo que ele tinha. Então, eles o espancaram e, tendo-o como morto, o largaram na estrada.
Nesse ponto dramático da história, Jesus introduz um pouco de esperança:
“Acontece que um sacerdote estava descendo por aquele mesmo caminho”. (Lucas 10: 31 NTLH).
À primeira vista, isso parece ser uma ótima notícia. Aqui vem um servo de Deus, que oferece sacrifícios para o povo no Templo, um homem espiritual que deveria ser um exemplo de compaixão. Um conhecedor da Lei de Moisés e portanto de Levítico 19:18, que diz: “Ame o seu próximo como a si mesmo”.
No entanto, aquele raio de esperança não teve vida longa. Quando o sacerdote viu o homem ferido,
“tratou de passar pelo outro lado da estrada”. (Lucas 10: 31NTLH)
Aquele sacerdote deliberadamente desviou para o lado oposto da estrada, evitando o viajante machucado. É claro que aquele sacerdote não tinha nenhuma compaixão por pessoas em necessidade aguda. Jesus está mostrando àquele mestre da Lei que sua pergunta era incabível, pois para a compaixão justa não existe limites e nem definição de quem merece ou não receber ajuda.
Esse sacerdote representa qualquer um que possua conhecimento das Escrituras e que conheça os Mandamentos da Lei, que sabe que deve ajudar, mas não faz.
Muitas vezes nos deparamos com situações que sabemos que devemos ajudar a pessoa, porém nos omitimos.
O próximo verso apresenta um levita. O termo levita se referia aos descendentes de Levi. Eles exerciam funções secundárias no Templo. Alguns eram assistentes dos sacerdotes, outros trabalhavam nos bastidores e mantinham e cuidavam do Templo. Esperava-se que eles, como os sacerdotes, tivessem bons conhecimentos da Bíblia.
No entanto, quando esse levita se aproximou do lugar em que se encontrava o homem ferido, ele agiu como agira o sacerdote antes dele. Assim que viu a vítima deitada na estrada, ele desviou para o outro lado. Aqui estava outro homem sem compaixão e sem amor ao próximo.
Algum tempo após o sacerdote e o levita terem passado, o samaritano aparece em cena. Diferentemente dos dois religiosos, o samaritano teve compaixão quando viu o corpo daquele homem largado no chão. ( Lucas 10: 33).
A vítima do assalto era um homem judeu. Na mente daquelas pessoas que ouviam Jesus, um samaritano seria a fonte de ajuda menos provável para um viajante judeu na estrada de Jericó, pois, os samaritanos evitavam a todo custo viajar por aquela estrada. Os judeus desprezavam os samaritanos, e os consideravam ética e religiosamente impuros, e os samaritanos também desprezavam e desdenhavam seus primos judeus. Os samaritanos eram descendentes dos israelitas que haviam se casado com pagãos quando os assírios levaram a maior parte da população do reino do norte para o exílio em 722 a.C.
Aqui, então, temos um homem samaritano, que, na opinião do líder religioso judeu, certamente seria o inimigo de sangue do viajante ferido. Se o sacerdote e o levita haviam ignorado a vítima, o que esse samaritano faria ao ver o judeu ferido na estrada? Mataria e roubaria seus últimos pertences?
Nada disso:
“Quando viu o homem, ficou com muita pena dele”. (Lucas 10: 33 NTLH).
O que Jesus estava tentando dizer? Que o status de líder religioso não havia contribuído em nada para preparar o sacerdote e o levita para o Reino de Deus. Para Deus, a religião pura e verdadeira não tem a ver com direitos de nascença e linhagem de sangue, nem com rituais e confissões de fé rotineiras, como acreditavam os fariseus.
Como o samaritano amou o seu próximo?
Agora, o samaritano passa a ocupar o centro do palco, e agora vem a mensagem principal: observe como esse homem ama o seu próximo, “Quando viu” (Lucas 10: 33). Nada de especial aqui. O sacerdote e o levita também viram , mas não demonstraram amor. Porém esse homem, um herege banido, teve piedade, compaixão. Ele viu e reconheceu a necessidade urgente de resgatar o homem ferido.
“Então chegou perto dele” (Lucas 10: 34). Vejam, foi o oposto que o sacerdote e o levita fizeram, eles passaram para o outro lado da estrada.
O samaritano aproximou-se e “limpou os ferimentos com azeite e vinho e em seguida os enfaixou.” (Lucas 10: 34).
Então Jesus disse: “Depois disso, o samaritano colocou-o no seu próprio animal”. (Lucas 10: 34). Observem que ele foi a pé, enquanto o homem ferido foi montado no seu animal. O que Jesus pretente ressaltar é que isso não era um cuidado mínimo, o samaritano estava fazendo um sacrifício extraordinário por alguém que nem conhecia.
“e o levou para uma pensão, onde cuidou dele”. (Lucas 10: 34). Não o largou ali, o samaritano permaneceu ao lado do viajante ferido. Alugou um quarto para o homem e ficou com ele para cuidar dele até que ele recuperasse a saúde.
Ficou com ele durante a noite, pois o versículo 35 diz:
“No dia seguinte, entregou duas moedas de prata ao dono da pensão, dizendo: _Tome conta dele. Quando eu passar por aqui na volta, pagarei o que você gastar a mais com ele” (Lucas 10: 35 NTLH).
Isso foi um gesto de amor notável, especialmente se levarmos em conta que eles não se conheciam e que, normalmente, seriam considerados inimigos. O samaritano, porém, abriu mão de suas próprias roupas, de suas provisões, de seu sono e de uma quantia considerável de dinheiro. Ele até prometeu pagar mais caso fosse necessário.
O samaritano nunca havia encontrado o outro homem ferido. Ele nem sabia o que havia acontecido com o viajante, e ele não parou para investigar ou submeter o homem a qualquer tipo de interrogatório. Seu coração estava cheio de amor e queria ajudá-lo a qualquer preço. Portanto, ele jamais questionou ou hesitou.
Em outras palavras: O samaritano nunca parou para perguntar o que o mestre da Lei perguntara: “Mas quem é o meu próximo?”
A pergunta muito mais importante é: “E eu sou próximo de quem?” A resposta é: De qualquer pessoa necessitada.
Mas sejamos sinceros com nós mesmos. Se nos deparássemos com um cenário como este na vida real, a maioria de nós consideraria a generosidade do samaritano exagerada. Alguma vez você já abriu mão de tudo para ajudar a um estranho numa situação desesperada? Ou, melhor ainda: alguma vez você fez algo assim para um inimigo seu? Você forneceu tudo que ele precisava: faixas para as suas feridas, alimento, companhia durante a noite de dor, dinheiro, um lugar pra ficar, assistência médica, e por fim um cheque em branco caso ele precisasse de mais alguma coisa?
Não?
Na verdade, existe alguém por quem você fez todas as coisas: você mesmo. É exatamente assim que procuramos satisfazer as nossas próprias necessidades, não é?
Talvez nos aproximemos um pouco do auto-sacrifício quando a pessoa necessitada é um membro da família ou algum amigo íntimo. Mas quem faria tudo isso por um estranho, ou até mesmo por um inimigo?
Jesus contou a parábola do bom samaritano para mostrar como o padrão estabelecido pela Lei é inalcançável. E é uma repreensão dirigida não só ao perito na lei, mas a todos nós. Se realmente sempre amássemos nosso próximo da mesma forma como amamos e cuidamos de nós mesmos, a generosidade do samaritano não nos pareceria tão notável.
Qualquer que tenha sido a armadilha que o perito na lei pretendia armar para Jesus, ele foi derrotado pela parábola. No fim da história, Jesus devolveu a pergunta ao perito na lei:
“_ Na sua opinião, qual desses três foi o próximo do homem assaltado?” (Lucas 10:36 NTLH).
A lição desta parábola ainda pairava no ar, e o perito na Lei só podia dar uma resposta:
“_ Aquele que o socorreu! _ respondeu o mestre da lei”. (Lucas 10: 37 NTLH).
A próxima resposta de Jesus deveria ter provocado uma convicção profunda e uma confissão humilde da própria incapacidade do homem:
“_ Pois vá e faça a mesma coisa”. (Lucas 10: 37 NTLH).
A questão é esta: a lei exige que você faça isso o tempo todo. Como um perito na lei, o homem deveria saber que não era capaz de executar um único ato de abnegação extravagante e mesmo assim acreditar que ele cumpria as exigências da lei o tempo todo. A Lei exige perfeição o tempo todo.
“Maldito seja aquele que não obedecer a essas leis de Deus!” (Dt. 27: 26 NTLH).
“Porque quem quebra um só mandamento da lei é culpado de quebrar todos”. (Tiago 2:10 NTLH).
Assim, a resposta final de Jesus ao homem foi:“_ Pois vá e faça a mesma coisa” (Lucas 10: 37 NTLH), deveria tê-lo levado a cair de joelhos e a implorar por Graça e perdão. Se é a isso que a lei se refere quando promete vida àqueles que obedecem, é o que diz o Livro de Levítico 18:5, não temos qualquer esperança sob a lei.
A única coisa que a Lei pode fazer por nós é nos condenar.
“E o próprio mandamento que me devia trazer a vida me trouxe a morte” (Romanos 7: 10 NTLH).
Visto que a lei exige perfeição absoluta e divina, ninguém que pecou alguma vez na vida está preparado para a vida eterna sob os termos da lei. O perito na lei deveria ter entendido isso. E nós também. A verdade plena é que, até mesmo os cristãos, em cujos corações “Deus derramou seu amor”, não amam como exige a lei.
Mas há uma lição ainda mais profunda aqui. A maneira como o bom samaritano cuidou do viajante é a maneira como Deus ama os pecadores. Na verdade, o amor de Deus é infinitamente mais profundo e mais maravilhoso do que isso. O samaritano sacrificou seu tempo e seu dinheiro para cuidar do inimigo ferido. Deus deu seu próprio Filho eterno para que Ele morresse pelos pecadores que merecem nada mais do que a condenação eterna.
“De fato, quando não tínhamos força espiritual, Cristo morreu pelos maus, no tempo escolhido por Deus. Dificilmente alguém aceitaria morrer por uma pessoa que obedece às leis. Pode ser que alguém tenha coragem para morrer por uma pessoa boa. Mas Deus nos mostrou o quanto nos ama: Cristo morreu por nós quando ainda vivíamos no pecado”. (Romanos 5: 6- 8 NTLH).
O que Cristo fez para resgatar e perdoar o Seu povo excede em muito o ato generoso de benevolência ilustrado na parábola. Cristo é a encarnação viva do amor divino em toda sua perfeição. Ele é sem mácula, sem manchas, sem pecado, “santo, inculpável, puro separado dos pecadores”.
Durante sua vida na terra, Ele cumpriu literalmente cada risco e ponto da lei em absoluta perfeição. E na morte Ele até tomou sobre si a penalidade dos pecados dos outros.
Se aquele perito da lei tivesse confessado sua culpa e reconhecido sua incapacidade de fazer o que a lei exigia, Jesus teria lhe oferecido uma eternidade de misericórdia, graça, perdão e amor verdadeiro.
Se ele simplesmente tivesse percebido suas necessidades, a resposta direta, simples à sua pergunta já estava nos lábios de Jesus, que repetiu em diversas ocasiões:
“Quem crê no Filho tem a vida eterna”. (João 3: 36 NTLH).
“As minhas ovelhas escutam a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna, e por isso elas nunca morrerão.” (João 10: 27,28 NTLH).
Jesus nunca fez esse tipo de promessas a almas orgulhosas e presunçosas. O mestre da lei e também o jovem rico lhe fizeram perguntas específicas sobre como herdar a vida eterna, e Ele respondeu confrontando-os com as exigências da Lei. Mas àqueles que tinham ouvidos para ouvir, Ele deixou sempre claro que a vida eterna não pode ser ganha por meio de méritos legais.
Por fim, não há mal nenhum em ser motivado por esta parábola para aperfeiçoar seu amor ao próximo. Espero que ela tenha motivado você também nesse sentido.
Mas se essa for sua única reação à parábola do bom samaritano, ela seria praticamente a pior resposta que você poderia dar à lição que Jesus esta nos ensinando nesta noite.
Essa parábola pretende incentivar-nos a confessar nossa fraqueza pecaminosa, que se revela em nossa falta de amor compassivo e sacrificial, e a buscar a Graça e a misericórdia voltando-nos para Jesus Cristo: o único que real e verdadeiramente cumpriu o que a lei exige de nós. Por isso, apenas Ele “é capaz de salvar definitivamente aqueles que, por meio Dele, aproximam-se de Deus” (Hb 7: 25). Ele é a única fonte verdadeira da vida eterna.
Se aquele mestre da lei tivesse realmente estudado a lei de Deus, e não só recitado os mandamentos, e se ele tivesse reconhecido seu pecado, em vez de afastar-se, ele teria encontrado um Salvador cujo jugo é suave e cujo fardo é leve. Mas, como vimos, a história termina sem qualquer sinal de seu arrependimento.
Essa não pode ser a nossa reação a essa parábola.
Que Deus nos abençoe!