Texto Base:
Gênesis 3:1-13
Nas últimas semanas, Deus tem nos trazido mensagens que falam abertamente sobre o erro, o pecado e os maus comportamentos. De alguma forma, todos conhecem o que Deus pensa sobre as coisas que o mundo oferece. No entanto, muitos continuam praticando os mesmos erros e, mesmo que se arrependam, reincidem nas práticas erradas.
Isso acontece porque deixamos de observar certas coisas, evitar outras e de agir de acordo com o que Deus espera, em caso de queda. Portanto, vamos utilizar o exemplo da queda da humanidade no Éden para compreender o que devemos evitar e o que devemos fazer de diferente, como também entender que o modo operante de Satanás permanece o mesmo nos dias atuais.
1. NÓS É QUE DAMOS A OPORTUNIDADE PARA SATANÁS AGIR
Não deem ao Diabo oportunidade (i.e. apoio, lugar) para tentar (i.e. estimular, induzir) vocês. (Efésios 4:27 NTLH)
Esse verso deixa bem claro que o Diabo age a partir das oportunidades que damos para ele. Portanto, a nossa luta não é propriamente contra o Diabo, mas contra nós mesmos, pois os nossos pensamentos, escolhas e ações são oportunidades para ele agir em nós e através de nós.
Todas as vezes que pensamos em coisas fora da vontade de Deus, todas as pessoas com quem nos relacionamos fora da vontade de Deus, todos os lugares aos quais vamos fora da vontade de Deus e todo conteúdo que consumimos fora da vontade de Deus são oportunidades para que Satanás atue em nossas vidas e através delas, afastando-nos de Deus e atrapalhando as pessoas ao nosso redor de conhecerem ao Senhor.
e evitem todo tipo de mal. (I Tessalonicenses 5:22 NTLH)
Muitas vezes, temos a tendência de fazer uma superavaliação de nós mesmos, acreditando que podemos fazer qualquer coisa, que não cairemos, que sabemos evitar e que não seremos envolvidos. Porém, quando olhamos para a história de Adão e Eva, podemos questionar: se eles eram tão fortes, o que estavam fazendo diante da árvore do fruto proibido?
Vigiem (i.e. observem, analisem, fiquem alerta, antecipem) e orem para que não sejam tentados. É fácil querer resistir à tentação; o difícil mesmo é conseguir. (Mateus 26:41 NTLH)
Neste verso, o Senhor Jesus deixa bem claro que lidar com a tentação não é uma questão de força de vontade, mas uma questão de prudência, quando Ele usa os termos “vigiem” e “orem”. Esse é um dos casos onde a ordem faz muita diferença: o meu comportamento de vigia tem de vir antes da oração, pois eu oro de acordo com o que observo enquanto estou vigiando.
2. SATANÁS CONDUZ A PESSOA POR MEIO DE UM PROCESSO DE QUEDA
2.1. Satanás testa o conhecimento
Satanás é bem paciente! Ele não tem a necessidade de resolver a questão no primeiro dia nem no primeiro momento. Na verdade, ele gosta muito de trabalhar com a reincidência, pois a repetição faz a pessoa se acostumar, abaixar a guarda e afrouxar seus critérios.
1A cobra era o animal mais esperto que o Senhor Deus havia feito. Ela perguntou à mulher: — É verdade que Deus mandou que vocês não comessem as frutas de nenhuma árvore do jardim? 2A mulher respondeu: — Podemos comer as frutas de qualquer árvore, 3menos a fruta da árvore que fica no meio do jardim. Deus nos disse que não devemos comer dessa fruta, nem tocar nela. Se fizermos isso, morreremos. (Gênesis 3:1-3 NTLH)
Quando Satanás nos questiona, é claro que ele já sabe a resposta, como também sabe que nós também a conhecemos, mas ele avalia o nível de convicção que temos sobre a questão, baseado na forma como respondemos, para que ele tenha condições de definir uma estratégia de ataque.
2.2. Satanás coloca dúvida sobre o conhecimento
Depois que nos acostumamos, abaixamos a guarda e flexibilizamos o nosso julgamento, como também depois de termos sido testados por Satanás para saber se estamos no estágio que ele quer, chega a hora de ele gerar dúvida em nós.
4Mas a cobra afirmou: — Vocês não morrerão coisa nenhuma! 5Deus disse isso porque sabe que, quando vocês comerem a fruta dessa árvore, os seus olhos se abrirão, e vocês serão como Deus, conhecendo o bem e o mal. (Gênesis 3:4-5 NTLH)
Podemos observar o mesmo modo operante de Satanás quando ele apareceu diante de Jesus para tentá-Lo no deserto. Das três vezes em que tentou Jesus, em duas delas, ele usou a dúvida, por meio da expressão: “Se você é o Filho de Deus…” (Mt 4:1-11). Se ele for bem-sucedido e permitirmos que a dúvida entre em nosso coração, ela destrói os alicerces que sustentam as nossas crenças.
2.3. A dúvida fortalece as vontades, e aí, vem a queda
A mulher viu que a árvore era bonita e que as suas frutas eram boas de se comer. E ela pensou como seria bom ter entendimento. Aí apanhou uma fruta e comeu; e deu ao seu marido, e ele também comeu. (Gênesis 3:6 NTLH)
A dúvida gerada por Satanás foi exatamente na linha que Eva estava pensando, fazendo com que seus pensamentos ganhassem força, criassem planos para executá-los e concluíssem a ação. De igual forma, sempre que Satanás consegue colocar uma dúvida sobre nossas crenças, elas são destruídas e os nossos desejos ganham força. Logo em seguida, surgem planos para satisfazê-los e executá-los com sucesso.
2.4. A queda produz a vergonha e o medo de ser descoberto
Nesse momento os olhos dos dois se abriram, e eles perceberam que estavam nus. Então costuraram umas folhas de figueira para usar como tangas. (Gênesis 3:7 NTLH)
A exemplo do que lemos sobre o comportamento de Adão e Eva, quando uma pessoa comete um erro e tem consciência disso, a primeira reação é fugir e se esconder das pessoas que ela sabe que não vão aprovar o que foi feito, com medo de que seja descoberta (sente-se nua), mudando sua postura e o comportamento social.
2.5. O sentimento de culpa produz a fuga de Deus
8Naquele dia, quando soprava o vento suave da tarde, o homem e a sua mulher ouviram a voz do Senhor Deus, que estava passeando pelo jardim. Então se esconderam dele, no meio das árvores. 9Mas o Senhor Deus chamou o homem e perguntou: — Onde é que você está? 10O homem respondeu: — Eu ouvi a tua voz, quando estavas passeando pelo jardim, e fiquei com medo porque estava nu. Por isso me escondi. (Gênesis 3:8-10 NTLH)
Mesmo sabendo que Deus conhece bem o que fazemos e como estamos vivendo, nós adotamos o mesmo comportamento que Adão e Eva tiveram, ou seja, tentamos nos esconder de Deus. Normalmente, fazemos isso deixando de frequentar os cultos, afastando-nos do grupo pequeno ou evitando falar sobre as coisas de Deus, pois elas nos confrontam, acusam-nos e nos condenam.
No entanto, em Sua misericórdia e quando menos esperamos, Deus sempre vem ao nosso encontro e faz a última pergunta que gostaríamos de ouvir. Não porque Ele não saiba a resposta, mas para que nós a descubramos!
— Vá chamar o seu marido e volte aqui! — ordenou Jesus. (João 4:16 NTLH)
2.6. Para suportar a culpa, escolhe-se um culpado
Lidar com a culpa e a vergonha é muito difícil. Por isso, para minimizar essa pressão, a tendência natural é envolver outras pessoas ou transferir a responsabilidade para terceiros, atitude esta que a Psicologia chama de “negação”.
11Aí Deus perguntou: — E quem foi que lhe disse que você estava nu? Por acaso você comeu a fruta da árvore que eu o proibi de comer? 12O homem disse: — A mulher que me deste para ser a minha companheira me deu a fruta, e eu comi. 13Então o Senhor Deus perguntou à mulher: — Por que você fez isso? A mulher respondeu: — A cobra me enganou, e eu comi. (Gênesis 3:11-13 NTLH)
3. O QUE DEVEMOS FAZER QUANDO PECAMOS?
Quando somos confrontados por Deus, o que Ele espera de nós é que tenhamos um comportamento completamente oposto do que Adão e Eva tiveram, sendo corajosos para reconhecermos a nossa responsabilidade e a nossa culpa.
— Eu não tenho marido! — respondeu a mulher. Então Jesus disse: — Você está certa ao dizer que não tem marido (João 4:18 NTLH)
Então Davi disse: — Eu pequei contra Deus, o Senhor. Natã respondeu: — O Senhor perdoou o seu pecado; você não morrerá. (II Samuel 12:13 NTLH)
A postura da mulher samaritana e a de Davi foram completamente diferentes das de Adão e Eva. Ousadamente, eles reconhecem seus erros e se arrependem de tê-los cometido; por outro lado, prontamente, Deus os perdoa e os livra da sentença, como no caso de Davi, e a validação positiva dada por Jesus no caso da mulher samaritana. Vale lembrar que o tipo de arrependimento que Davi e a mulher samaritana tiveram os conduziu a um caminho onde não cometeram o erro novamente, e por isso receberam a aprovação de Deus.
4. ABANDONE QUEM VOCÊ É E NÃO SOMENTE AS PRÁTICAS
— Você está certa ao dizer que não tem marido, pois já teve cinco, e este que você tem agora não é, de fato, seu marido. Sim, você falou a verdade. (João 4:17b-18 NTLH)
— Ai de mim! Estou perdido! Pois os meus lábios são impuros… (Isaías 6:5a NTLH)
Observe que Isaías e a mulher samaritana reconheceram muito mais que os erros praticados: eles reconheceram e se arrependeram de suas falhas de caráter. Esse é o ponto-chave para o arrependimento verdadeiro, pois a transformação só ocorre quando reconhecemos quem somos, desistimos de ser quem somos e pedimos a ajuda de Deus para que Ele nos transforme.
Portanto, que nós não demos oportunidade para Satanás nos tentar, adotando uma postura de vigia e oração sobre as coisas que nos tornam vulneráveis. Caso caiamos, que sejamos corajosos para reconhecer as nossas falhas de caráter que nos conduzem ao erro, para que as abandonemos e permitamos que Deus nos conduza para uma nova vida.
Que Deus nos abençoe!