Josué 1:6,7,9
Texto Base:
6 Seja forte e corajoso porque você vai comandar este povo quando eles tomarem posse da terra que prometi aos antepassados deles. 7 Seja forte e muito corajoso. Tome cuidado e viva de acordo com toda a Lei que o meu servo Moisés lhe deu. Não se desvie dela em nada e você terá sucesso em qualquer lugar para onde for. 9 Lembre da minha ordem: “Seja forte e corajoso! Não fique desanimado, nem tenha medo, porque eu, o SENHOR, seu Deus, estarei com você em qualquer lugar para onde você for!” (Js.1:6,7,9 NTLH)
Em dias difíceis, quem não precisa ser forte e corajoso? Quem não precisa ser encorajado? Às vezes, encorajamos pessoas, e em outras, somos encorajados por elas. No entanto, o bom encorajamento conduz a pessoa a Deus e, quando falso, ao espírito de orgulho, ou à autopiedade. A Bíblia sempre nos auxilia a discernirmos sobre o que é bom e o que é mau, entre o bom ânimo e a bajulação (elogiar alguém, procurando obter vantagens dessa pessoa).
Qual foi a última vez em que você foi encorajado por alguém? Você pode se lembrar do que a pessoa lhe disse? Como você se sentiu? Alguns podem se lembrar rapidamente desse momento, enquanto outros terão dificuldades para trazerem à memória tudo o que lhes foi falado.
Neste mundo, às vezes nos encontramos como encorajadores, e em outras ocasiões, como pessoas que precisam ser encorajadas. Nós nos acostumamos com a ideia de encorajarmos a alguém como um “conforto à autopiedade”, ou como “uma afirmação ao orgulho”. Dois exemplos:
- “O seu filho está criando problemas? Ele está se portando de modo estranho? Como isso é possível, pois vocês são ótimos pais! Vocês dão o que é de melhor para ele! Eu nunca vi pais como vocês! Confiem em Deus! Vocês não merecem isso, mas, com o tempo, ele enxergará quem vocês são e Deus dará um jeito em toda essa situação!”
- “Como isso pode estar acontecendo, sendo que você é uma pessoa tão boa e que só deseja o bem aos outros? Como é difícil encontrar uma pessoa como você neste mundo! Coragem, tudo vai ficar bem e logo tudo isso irá passar, pois sem luta, não há vitória! Você é filho do Rei e Deus está com você!“
O encorajamento bíblico oferece algo muito mais forte e revigorante, em vez de passividade e orgulho próprio. O falso encorajamento pode inflamar o orgulho ou mimar a autopiedade, mas o ânimo bíblico cultiva uma vida de humildade, coragem e esperança em Deus. O verdadeiro encorajamento inspira vigilância e fidelidade a Deus.
O verdadeiro encorajamento não é fazer com que os outros se sintam bem ou melhor sobre si mesmos, mas prepará-los para conhecer, obedecer e desfrutar mais de Deus. Então, nós precisamos definir se, ao encorajarmos alguém, animaremos ou bajularemos (mimaremos, acarinharemos).
1. A bajulação envenena, enquanto o verdadeiro encorajamento dá força e coragem em Deus
Dar a alguém uma afirmação positiva não é por si só encorajamento, mas, na verdade, pode ser apenas um “lobo em pele de cordeiro”. Pode ser algo que pode matar, roubar e destruir a verdade divina. Como eu já disse, repito: o verdadeiro encorajamento cultiva a humildade, a coragem e a esperança em Deus na mente ou no coração da pessoa a quem encorajamos.
A sabedoria divina nos diz:
Quem bajula os seus amigos está armando uma armadilha [i.e. uma rede, um esquema para capturá-los] para si mesmo. (Pv.29:5 NTLH)
Ainda:
“Quem odeia fere os outros com mentiras; as palavras bajuladoras causam desgraças [i.e. meios de tropeços e afastamento de princípios e verdades divinas].” (Pv.26:28 NTLH)
A lisonja ou a bajulação (o ânimo pobre) não é doce nem inofensiva, pois arruína almas. É uma maquiagem agradável para quem precisa sentir-se orgulhoso ou confortado na passividade, e o efeito disso será a ruína.
Muitas pessoas se afastaram de Deus por serem excessivamente lisonjeadas ou bajuladas e, portanto, a atitude de animar ou receber ânimo das pessoas é algo que precisa ser levado muito a sério diante de Deus. Atentemos ao conselho do apóstolo Paulo aos cristãos na cidade de Roma:
17 Meus irmãos, peço que tomem cuidado com as pessoas que provocam divisões, que atrapalham os outros na fé e que vão contra o ensinamento que vocês receberam. Afastem-se dessas pessoas 18 porque os que fazem essas coisas não estão servindo a Cristo, o nosso Senhor, mas a si mesmos. Por meio de conversa macia e com bajulação, eles enganam o coração das pessoas simples [i.e. incautas, que não percebem o mal]. (Rm.16:17-18 NTLH)
O adulador usa da insegurança das pessoas para satisfazer aos seus próprios anseios, seja por aprovação, aceitação, poder e influência e, em alguns casos, para ganho financeiro e até para obter o sexo ilícito, devido à fragilidade emocional da pessoa.
2. Entenda a diferença entre o bom encorajamento e a bajulação
O nosso texto base (Js.1:6,7,9) mostra o encorajamento divino a Josué, o sucessor de Moisés. O grande líder hebreu estava morto e Josué teria de comandar o povo de Deus a entrar na Terra Prometida. Os hebreus teriam de enfrentar exércitos poderosos e temíveis. Josué teria de ser forte e corajoso, mas sob os princípios da Palavra de Deus.
Josué teria de crer na promessa divina, mas deveria ser obediente e não se desviar nem à direita nem à esquerda da Palavra de Deus. Ele deveria meditar e falar dela dia e noite, pois nela, ele encontraria o alimento para se manter forte e corajoso, a fim de não perder a sua esperança em Deus.
Deus o conduziu à Sua Palavra e não veio a ele com palavras doces e cheias de lisonjas. Deus não estimulou o seu orgulho, mas lhe disse como ele, naquele momento, deveria se portar. Quando Deus nos encoraja, Ele nos diz a verdade, requer obediência e espera que não percamos a nossa esperança Nele.
- O verdadeiro encorajamento diz a verdade
O bajulador tem o hábito de esconder a verdade, pois teme ser rejeitado pelo fato de ela provocar alguma dor. Então, o adulador sempre exagera um aspecto da verdade e procura soprar para dentro da pessoa o orgulho ou motivos egoístas.
O adulador sempre gratificará o orgulho e a vaidade na vida da sua vítima. Ele escolhe qualidades admiráveis e as exagera. Ele faz com que um trabalho aceitável seja tido como excelente, faz com que pequenos sacrifícios se pareçam grandes, pequenos frutos parecerem um jardim cheio de vida e recusa-se a identificar ou confrontar algum pecado ou erro.
Muitas vezes, o bajulador pega qualidades que são feias e as faz parecer admiráveis, fazendo com que o egoísmo soe como zelo; o orgulho, como autoconfiança; a raiva, como uma paixão justa; a ganância, como ambição; e a desonestidade, como amor.
Porém, o bom encorajador fala a verdade em amor (Ef.4:15), pois ele conhece o perigo espiritual do orgulho e elogia o que deve ser elogiado, mas sem exageros. Ele não esconde da pessoa as atitudes que Deus espera dela em uma determinada situação de pressão. Ele diz à pessoa onde está o erro, pecados e a confronta com a Palavra de Deus. Ele, em amor, a incentiva a corrigir o que deve ser corrigido à luz da Bíblia e a persistir com humildade e obediência a Deus.
- O verdadeiro encorajamento conduz a pessoa à obediência
O encorajador piedoso visa sempre a obediência, pois ele segue os princípios divinos como os que foram ditos a Josué: “Seja forte e corajoso, tome cuidado e viva conforme a Palavra de Deus, não se desvie dela, não fique desanimado, não tenha medo e confie na presença de Deus onde estiver.”
A bajulação não conduz a pessoa a Deus nem à Sua Palavra, pois ela inspira amor-próprio. Ela não conduz a pessoa a morrer para si mesma (a tomar a sua cruz), a confiar em Deus e a aprender com a situação, mas, muitas vezes, à autopiedade. A pessoa não é desafiada a superar suas tentações e fraquezas, mas a permanecer na passividade.
- O verdadeiro encorajamento fortalece a esperança em Deus
O encorajador piedoso fortalece a pessoa a ter esperança em Deus, não em si mesma ou no tempo. Já o bajulador faz com que Deus pareça bom, mas desnecessário, distante e que pode ser substituído por outros procedimentos. Ele transforma o SENHOR Soberano e Sustentador de todas as coisas em um torcedor da nossa autossuficiência.
O bajulador sempre acentuará o que você já fez, em vez de confiar nas promessas divinas e a uma vida de obediência a Deus. O bajulador não coloca o Reino de Deus em primeiro lugar (Mt.6:33), mas as preocupações e, esperando que a sua vítima passe a depender sempre dele, em vez de Deus.
Eu (Walter) estou agora em uma condição de encorajador, enquanto prego a Palavra de Deus. Existe um modo de você me julgar, perguntando a si mesmo: “Ele está me conduzindo a Deus? Ele confronta a minha vida (espiritual e moral) com a Verdade? Ele me inspira a uma vida de obediência perseverante, a fim de eu dar prazer a Deus? Ele me inspira a ter confiança em Deus e não em outros procedimentos?”
3. O exemplo de Jesus ao encorajar os Seus discípulos em dias difíceis
32 “Pois chegou a hora de vocês todos serem espalhados, cada um para a sua casa; e assim vão me deixar sozinho. Mas eu não estou só, pois o Pai está comigo.” 33 “Eu digo isso para que, por estarem unidos comigo, vocês tenham paz. No mundo vocês vão sofrer; mas tenham coragem. Eu venci o mundo [i.e. “Eu superei, saio do mundo vitorioso, plantei os propósitos de Deus no mundo”].” (Jo.16:32,33 NTLH)
Jesus foi verdadeiro e não escondeu a Sua morte nem as situações desoladoras pelas quais os Seus discípulos teriam de passar. Ele os incentivou a serem obedientes, a fazerem a vontade divina, a fim de Lhe darem prazer. Repare que o encorajamento de Jesus tem um tom de treinamento e é isso do que precisamos. Todo encorajamento é, por si, um treinamento na Verdade.
Em dias difíceis, nós precisamos de incentivo honesto, esperançoso e voltado para Deus, semana após semana, enquanto seguimos a Jesus em obediência. (Hb.3:13; 10:24,25) Isso significa que quando encorajarmos alguém, devemos ser sérios quanto ao assunto, a fim de conduzir a pessoa a Deus e nunca alimentarmos o seu orgulho e a sua autopiedade.
Como cristãos, que nós aprendamos a dar o bom ânimo às pessoas ao invés de bajulação. Além do mais, que nós, nos dias difíceis, tomemos cuidado com os bajuladores, a fim de nos mantermos em Deus, por meio de Jesus Cristo.
Que Deus nos abençoe!