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Nunca se afaste das verdades divinas

 

Texto base:

Mateus 4:1-4

Todos nós conseguimos identificar a imagem de um deserto porque já a vimos em filmes, revistas, livros, internet, enfim. Mas, você já esteve em um deserto?

Quem viajou para Israel e passou pelo deserto da Judeia, próximo ao Mar Morto, com certeza percebeu que o deserto é realmente um lugar muito quente, onde as temperaturas podem alcançar de 45º a 50º ainda na parte da manhã. Imagine no restante do dia…

Além de areia quente e um sol escaldante, no deserto encontramos animais venenosos, como cobras, escorpiões, aranhas e muitos outros, como raposas, lagartos e até leões, como nos desertos africanos.

Outra característica de um deserto é que à noite ele é muito frio e a temperatura cai bruscamente, podendo chegar entre 10º 15º graus. Você pode imaginar a amplitude térmica, a variação de temperatura em um mesmo dia? E por se tratar de um lugar aberto, não tem onde você se abrigar ou se proteger, então você fica exposto ao sol o tempo todo. Todo o calor que faz durante o dia e todo o frio que faz à noite o atingem diretamente.

Além do mais, outro fator que o atinge no deserto é a sede. Além do calor extremo, do frio e dos animais venenosos e selvagens, sofremos a desidratação, por conta da perda de água do corpo. Devido o clima árido e seco, toda hora precisamos beber água, até mesmo quando achamos que não estamos com sede, porque o corpo está perdendo líquido o tempo todo, a cada passo que damos ele está se desidratando.

Então, resumidamente, podemos definir a palavra deserto como um lugar árido, seco e ermo, ou seja, desabitado, de solo arenoso, muito quente de dia e muito frio à noite, onde encontramos muitos animais selvagens e venenosos e onde sentimos muita sede devido à perda de água do nosso corpo.

Eu acredito que essas são as principais características e sensações quando descrevemos o deserto, mas e quando vamos além do sentido literal da palavra “deserto”, dando um sentido figurado e conotativo ao termo, como podemos entender?

Quando alguém chega até você e diz: “Eu estou passando por um deserto tão grande em minha vida que você nem imagina!” De modo geral, como você interpreta o que ela está dizendo?

Que essa pessoa está passando por algum tipo de sofrimento, luta ou um momento difícil em sua vida e que possivelmente não está encontrando forças, caminhos e recursos para superar suas dificuldades.

Portanto, se levarmos para o lado espiritual, muitas características se assemelham ao que descrevemos sobre o deserto físico, pois quando estamos passando pelos nossos desertos e sentimos o calor das aflições e a escassez dos recursos, temos a sensação de estarmos sozinhos, desprotegidos e sem ninguém para nos ajudar.

Quando você está passando por um deserto, geralmente você passa por ele sozinho, ainda que você esteja rodeado de pessoas, pois ninguém vai sentir a sua sede, a sua fome e a sua necessidade, e é nesse lugar, onde você está sozinho com a sua consciência, que você tem o poder de escolher a quem você ouvirá. Somente duas vozes, além da sua, falam neste lugar tão solitário: a de Deus ou a do Diabo.

Tudo isso faz muito sentido quando buscamos entender o significado da palavra “deserto” na língua original das Escrituras Sagradas, que é o hebraico.

Deserto, no hebraico, se diz “Midbar”, e cada palavra no hebraico tem uma raiz que indica a sua origem e o seu significado, e a raiz de “Midbar” são três letras que dão origem à palavra “Davar”, que em hebraico significa uma palavra que sai da boca de alguém. Não é uma palavra que foi escrita, mas uma palavra dita ou falada.

Essa palavra dita ou falada é o que está por trás da palavra deserto. O deserto que você e eu passamos é exatamente isso, um lugar onde escutamos a palavra falada ou dita pela boca de alguém.

Todos nós passamos por momentos difíceis ao longo de nossa jornada nesta vida e são os nossos desertos que temos que atravessar. Nesta caminhada, passamos por muitas lutas e perigos, decepções, fraquezas, doenças, injúrias, perdas, traições, injustiças e uma infinidade de situações que geram sentimentos, que se não soubermos lidar com eles, o nosso relacionamento com Deus fatalmente se enfraquecerá.

São nestes momentos que devemos confiar que a Palavra de Deus é a única voz que precisamos ouvir para nos orientar, saciar a nossa sede, suprir as nossas necessidades e nos mostrar o caminho correto e seguro por onde devemos andar.

Portanto, quando estamos sozinhos em nossos desertos, ouviremos a “Davar”, que é a Palavra dita pela boca de Deus, ou a “Davar” que sai da boca do próprio Diabo.

Todos nós sabemos que as palavras ditas pela boca do Diabo são palavras de derrota, de que você nunca vai sair desta situação, que agora é o seu fim, de que as coisas só vão piorar em sua vida, que você é um fracassado, ou então palavras que alimentam o seu orgulho e egoísmo, e com certeza estas não são as palavras ditas pela boca de Deus, que são como água para saciar a sede de alguém que está passando por uma necessidade.

Não é a toa que na Bíblia a Palavra de Deus é comparada com a água, e o que mais necessitamos para sobrevivermos fisicamente e espiritualmente, estando ou não em um deserto físico ou espiritual, senão da água?

Então, é no deserto, é no “Midbar” que nós escutamos a palavra de alguém, é no deserto que nós escutamos a “Davar” de alguém.

A palavra “Davar” é usada na Bíblia em Deuteronômio, que significa o Livro de Palavras ditas, pois nele estão todos os discursos que Moisés fez quando o povo de Israel estava no deserto de Moabe, pronto para entrar na Terra Prometida, depois de uma longa caminhada de 40 anos pelo deserto. Não é interessante?

Então, quando você estiver atravessando o seu deserto, pense que esse momento não é o seu fim, mas uma oportunidade divina de ouvir uma Palavra que sai da boca de Deus para te ensinar a andar à semelhança de Jesus Cristo e ser aprovado por Ele.

Vamos entrar em nosso texto base e retirarmos algumas lições com o exemplo de Jesus quando foi levado pelo Espírito Santo ao deserto para ser tentado pelo Diabo.

1 Então o Espírito Santo levou Jesus ao deserto para ser tentado pelo Diabo. 2 E, depois de passar quarenta dias e quarenta noites sem comer, Jesus estava com fome. 3 Então o Diabo chegou perto dele e disse: —Se você é o Filho de Deus, mande que estas pedras virem pão. 4 Jesus respondeu: — As Escrituras Sagradas afirmam: “O ser humano não vive só de pão, mas vive de tudo o que Deus diz.” (Mateus 4:1-4 NTLH)

Eu quero me ater somente a esses primeiros versículos para fundamentar biblicamente o que aprendemos até agora e acrescentar algumas lições para colocarmos em prática.

1. A vida cristã não é um mar de rosas, mas um campo de batalhas

1 Então o Espírito Santo levou Jesus ao deserto para ser tentado pelo Diabo. (4:1 NTLH)

Esta expressão “Então”, que no evangelho de Marcos está “Logo depois”, indica que não houve nenhum intervalo entre aquele momento maravilhoso do batismo de Jesus e a dureza da sua tentação. Jesus é levado subitamente da aprovação de Deus no seu batismo para as armadilhas do Diabo no deserto.

O propósito dessa batalha espiritual era que Jesus fosse não apenas o nosso modelo a ser seguido, mas também o nosso refúgio e proteção quando passarmos pelos desertos de nossa vida.

No livro de Hebreus, o autor deixa bem claro essa Verdade:

17 Isso quer dizer que foi preciso que Jesus se tornasse em tudo igual aos seus irmãos a fim de ser o Grande Sacerdote deles, bondoso e fiel no seu serviço a Deus, para que os pecados do povo fossem perdoados. 18 E agora Jesus pode ajudar os que são tentados, pois ele mesmo foi tentado e sofreu. (Hebreus 2:17,18 NTLH)

Isso quer dizer que Deus muitas vezes não nos isenta das lutas e provas que temos que passar, mas Ele mesmo nos leva para o centro delas e nos coloca frente a frente com o próprio Satanás.

A iniciativa da tentação de Jesus no deserto foi do próprio Espírito Santo, ou seja, do próprio Deus, e não foi planejada por Satanás, portanto, não é propriamente o Diabo quem está atacando Jesus, e sim Jesus Quem está invadindo o seu território e o confrontando.

Devemos deixar claro que a tentação de Jesus no deserto não procedia de dentro Dele, da sua mente, mas totalmente de fora, da sugestão de Satanás. Jesus em tudo foi semelhante a nós, exceto no pecado. Nós somos tentados por nossa cobiça, como diz Tiago:

14 Mas as pessoas são tentadas quando são atraídas e enganadas pelos seus próprios maus desejos. (Tiago 1:14 NTLH)

Quando Satanás sussurra em nossos ouvidos uma tentação, um desejo interior nos aguça a darmos ouvidos a essa tentação. A cobiça nos atrai e seduz e nos leva a cair na tentação.

Com Jesus não aconteceu assim, pois o incentivo interior ao mal, ou o desejo para cooperar com a voz tentadora de Satanás, não existia. A tentação de Jesus não procedia de Deus, porque Ele a ninguém tenta, nem procedia de dentro Dele porque Nele não existia pecado.

2. Quais são os propósitos da tentação de Jesus?

Em primeiro lugar, Jesus foi tentado para provar sua perfeita humanidade. Porque Jesus era perfeitamente homem, Ele foi realmente tentado.

O livro de Hebreus novamente nos esclarece:

15 O nosso Grande Sacerdote não é como aqueles que não são capazes de compreender as nossas fraquezas. Pelo contrário, temos um Grande Sacerdote que foi tentado do mesmo modo que nós, mas não pecou. (Hebreus 4:15 NTLH)

Jesus não foi tentado para nos revelar a possibilidade de pecar, mas para provar-nos Sua vitória sobre o Diabo e o pecado.

Em segundo lugar, Jesus foi tentado para ser o nosso exemplo. Jesus nos socorre em nossas fraquezas porque conhece o que passamos e também porque venceu as mesmas tentações que nos assediam. Assim Ele pode compadecer-se de nós.

Voltando ao texto base, na primeira tentação, Satanás apelou para as necessidades físicas. Jesus estava jejuando havia 40 dias e Seu corpo ficou debilitado devido à fome. Então Satanás propõe a Jesus usar Seu próprio poder para satisfazer Sua necessidade, ou seja, fazer uma coisa boa a Si mesmo, mas de modo errado e matar a Sua fome, atendendo a voz do Diabo.

Satanás estava colocando em dúvida a bondade e a providência de Deus, oferecendo- lhe outro caminho para atender as suas necessidades imediatas. Ele tentou a Jesus no ponto fraco, a fome, e no ponto forte, a consciência de Sua filiação divina.

Porém, Jesus triunfa sobre Satanás citando as Escrituras Sagradas (Deuteronômio 8:3) dizendo que não só de pão vive o homem, mas de toda a Palavra que procede da boca de Deus. É exatamente isso que devemos fazer quando passarmos pelos nossos desertos, resistir ao Diabo e responder aos seus ataques com o que temos ouvido falar acerca da Palavra de Deus.

Concluindo, podemos tirar algumas lições práticas:

Em primeiro lugar, todo cristão deve esperar tempos de prova. Deus nos prova e Satanás nos tenta. Satanás busca nos destruir e Deus nos edificar.

Em segundo lugar, todo cristão deve estar atento aos diversos métodos de Satanás. Satanás usou diversas armadilhas para tentar Jesus. Devemos ficar atentos às ciladas do Diabo. Ele conhece os nossos pontos fracos e vulneráveis, bem como os nossos pontos fortes, e explora a ambos.

Em terceiro lugar, todo cristão deve acautelar-se acerca da perseverança de Satanás. Ele tentou Jesus, e mesmo depois de derrotado em todas as investidas, voltou com outras armas em outras ocasiões.

Em quarto lugar, todo cristão precisa estar preparado para os dias de prova. Jesus havia acabado de ser batizado e estava cheio do Espírito Santo, mas Deus não O isentou da tentação.

Em quinto lugar, todo cristão deve buscar em Jesus exemplo e socorro na hora das tentações. Jesus foi tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, e por isso Ele pode nos entender e socorrer.

Em sexto lugar, todo cristão precisa compreender que Deus não nos permite sermos provados além das nossas forças.

Em 1 Coríntios diz assim:

13 As tentações que vocês têm de enfrentar são as mesmas que os outros enfrentam; mas Deus cumpre a sua promessa e não deixará que vocês sofram tentações que vocês não têm forças para suportar. Quando uma tentação vier, Deus dará forças a vocês para suportá-las, e assim vocês poderão sair dela. (1 Coríntios 10:13 NTLH)

Em sétimo lugar, todo cristão precisa resistir ao Diabo. Devemos também seguir a orientação de Jesus: “Vigiem e orem para que não sejam tentados. É fácil querer resistir à tentação; o difícil mesmo é conseguir”.

De semelhante modo, Tiago nos exorta:

7 Portanto, obedeçam a Deus e enfrentem o Diabo, que ele fugirá de vocês. (Tiago 4:7 NTLH)

Que Deus nos abençoe!

 

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