Texto base:
Tiago 2:23
Assim aconteceu o que as Escrituras Sagradas dizem: “Abraão creu em Deus, e por isso Deus o aceitou [o qualificou, avaliou, nomeou].” E Abraão foi chamado de “amigo de Deus”. (Tg.2:23 NTLH)
Nas duas últimas semanas, eu tenho compartilhado sobre o cuidado que nós devemos ter com as nossas amizades, tanto dentro como fora da igreja. Por quê? Porque elas podem tanto nos aproximar quanto nos afastar de Deus. Nós, em Cristo, existimos para Deus, a fim de sermos amigos Dele. Deus, na Pessoa de Cristo, é o nosso “Verdadeiro Amigo” em todas as situações.
Sobre o nosso texto base, ao fazermos uma leitura descuidada do mesmo, poderemos “deduzir” que Deus aceitou Abraão como Seu amigo, apenas pelo simples fato de ter crido Nele. Todavia, esta dedução não expressa a verdade do texto, pois Abraão “fez ou praticou algo” que deu mostras de confiar e ser confiável a Deus, ou seja, ele, de fato, creu no Eterno e agiu com fidelidade à ordem que Dele recebeu.
Observe a expressão adverbial que aparece no início do texto: “Assim aconteceu…”. Ela indica uma ação em um tempo anterior. Observe o verso anterior (Tg.2:21):
Como é que o nosso antepassado Abraão foi aceito por Deus? Foi pelo que fez quando ofereceu o seu filho Isaque sobre o altar. (Tg.2:21 NTLH – cp. Gênesis 22:1-12; Tiago 2:19,20,22)
1. Os seus sacrifícios pessoais revelam a profundidade da sua amizade com Deus
Você é amigo de Deus pelo fato de crer Nele, no sentido de ser fiel ao que ouve Dele, de obedecê-Lo e de oferecer sacrifícios pessoais. Na Bíblia, a palavra “sacrifício” tem o significado de se aproximar e de se manter em Deus. Quando você é capaz de sacrificar a Deus o que ama (que lhe é imprescindível ou indispensável), o Eterno avalia a sua confiança e a sua confiabilidade ao ter recebido o Seu chamado, tanto à Sua amizade como aos Seus propósitos. (vd. Hebreus 13:15,16;1 Pedro 2:5)
Leia o que Deus disse a Abraão, quando este estava pronto a sacrificar seu filho Isaque, o seu único filho:
O Anjo [“Jesus”, na Antiga Aliança] disse: — Não machuque o menino e não lhe faça nenhum mal. Agora sei que você teme a Deus [a sua intenção e ação, por serem verdadeiras, demonstraram o respeito que você tem pelo meu NOME, assim como o confiante desejo de se aproximar e de se manter em Mim], pois não me negou o seu filho, o seu único filho. (Gn.22:12 NTLH)
O sacrifício de Isaque era uma imagem do propósito futuro de Deus na Antiga Aliança acerca da vinda de Seu Filho, Seu Único Filho Jesus, o Messias (o Cordeiro de Deus), que, em vez de ser poupado, seria sacrificado em favor dos que “cressem” Nele. (vd. Isaías 53:7; João 1:29)
Por confiar e amar a Deus, Abraão negou-se a si mesmo e se dispôs a entregar nas mãos do Santíssimo a sua esperança de uma geração futura, pois reconhecia que o “Todo-Poderoso” (Bendito seja) tinha o poder para ressuscitar Isaque. (vd. Hebreus 11:17-19) Abraão demonstrou confiança em Deus e um homem possuidor de notável confiabilidade a Ele.
2. É Deus Quem nos abençoa e não os homens
As bênçãos que tanto ansiamos não nos vêm de homens, mas de Deus. É Ele Quem faz existir o que é bom aos que Nele confiam. Deixar de confiar em Deus para depositarmos confiança em homens é uma grande tolice ou maldição. (vd. Jeremias 17:5,7) Portanto, diante dos que você tem nominado como sendo seus amigos, demonstre ser um amigo de Deus, a fim de não ser persuadido e enganado por falsas amizades. Este é o seu sacrifício.
Procure demonstrar ser um amigo de Deus em todos os momentos, nos quais você deve incluir a família, igreja, trabalho, finanças, lazer ou prazeres e amizades. Traga os interesses de Deus (o Seu Reino, Seu Governo) às diferentes áreas da sua vida e aprenda a ser paciente com as pessoas para que, através do seu exemplo, consiga aproximá-las do Eterno.
Certa vez, Jesus ensinou aos Seus alunos (discípulos) a orar. (vd. Mateus 6:9-13) Esse modelo de oração que nós nominamos como “o Pai Nosso” nos ensina a recebermos do “Coroado Pai” tudo o que necessitamos para que, com misericórdia (oferecendo o que é bom e justo), vivamos à Sua imagem e semelhança em todas as situações (circunstancial e interpessoal).
O alvo desse modelo de oração é experimentarmos e expressarmos o esplendor de Deus (Sehekinah, a Glória divina) através de nossos pensamentos, palavras e ações. (vd. Mateus 5:13-16; 1 Coríntios 15:31-33), para que, tanto nós como outras pessoas, conheçam e permaneçam no NOME e nos propósitos misericordiosos do nosso Pai Eterno.
Em suma, esse modelo de oração (o Pai Nosso) apresentado por Jesus nos motiva a aprender que devemos trazer a Eternidade a este mundo físico e procurar conectá-lo com ela. É para esta razão pela qual o amigo de Deus se sacrifica, agindo com misericórdia e justiça. Desse modo, nós não apenas cremos, mas provamos que cremos, pois a fé sem obras é morta.
3. Entenda o significado de crer, conforme a Mente de Deus
Segundo os estudiosos, a palavra “crer”, no grego, é pisteuo e o seu sentido é o de “persuasão, crença, convicção moral sobre a verdade religiosa ou a sinceridade de Deus, confiança em Cristo para a salvação, constância na profissão religiosa ou no sistema religioso”. No entanto, a palavra crer, no Hebraico, (אָמן – aman) diz mais que isso, pelas letras que a compõem.
- ﬡ – Deus, início, força, poder, mestre, maravilhoso, chefe, general, um (único), mas, no sentido negativo, alguém soberbo, orgulhoso, egoísta ou interesseiro;
- מ – água, a Palavra de Deus e o útero da Sua criação, mas, no sentido negativo, pode ser entendido como caos, sob uma condição caótica;
- ן – semente, propagação, reinado, milagre, mas, no sentido negativo, pode ser entendido como engano, miragem, erro.
Talvez, você me pergunte: “O que isso tudo tem a ver com a minha amizade com Deus e acerca das minhas amizades?” Essas letras nos contam uma história, a nossa história e acerca de permanecermos como amigos de Deus.
A palavra hebraica “aman” não é proveniente do esforço humano em dar nome a uma ação ou a alguma coisa. Ela, através da sequência de cada letra que a compõe, conta a história da nossa salvação e da importância do nosso serviço para Deus e para o bem da humanidade:
- (אָמן) Deus (ﬡ), por meio Sua eterna misericórdia, veio a nós na Pessoa de Cristo para nos resgatar do caos (מ – das águas de baixo), do abismo espiritual e moral em que vivíamos. Nós cremos na Sua mensagem (na Sua “Luz”, que é Cristo) e nos arrependemos de nossos pecados. Assim como Ele levantou Jesus da morte, nós também fomos levantados para vivermos conectados e em harmonia com Ele (às águas puras de cima), a fim de trazermos a este mundo (às águas impuras de baixo) a revelação e a verdadeira vida que só pode ser obtida em Cristo Jesus, a “Luz para o mundo” ou Aquele que veio e vem de “Cima” (ן).
Pela fé (pela verdadeira fidelidade, lealdade, submissão e obediência), o amigo de Deus vive para esta finalidade: trazer ao mundo, tanto nas circunstâncias como nos relacionamentos, o Rei e o Seu Reino, o poder e a presença esplendorosa do Pai Eterno.
Portanto, aquele que tem o desejo de se manter como “amigo de Deus”, afasta-se do mal e vive para cumprir as ordens e as Instruções do Pai Eterno. Ele é cuidadoso quanto às suas decisões e procura agir pela ótica da sabedoria divina, a fim de que suas ações expressem a misericórdia e a justiça divina (i.e. graça, bondade, integridade, honestidade e verdade) em todas as circunstâncias, bem como nos seus relacionamentos interpessoais (família e amizades).
Ao invés de ser obscurecido pelas más influências, “o amigo de Deus” se preocupa em viver sob a Sua “Luz” (Cristo Jesus, a Palavra Viva de Deus), e assim, trazer a iluminação da sabedoria divina a tudo que o envolve, em um espírito de misericórdia e justiça.
O seu desejo é que, por meio de seus pensamentos, palavras e ações, as pessoas reconheçam “o Rei” que as dirige, “o poder” que as levantou, que as mantém de pé e o esplendor ou a glória do Deus Único e Eterno, a Quem elas se submeteram e com Quem elas desejam viver na Eternidade.
A minha esperança é que Deus (Bendito seja o Seu NOME, eternamente!) nos ajude, para que, por meio de Cristo, O tenhamos como o nosso Verdadeiro Amigo e nos mantenhamos como “amigos Dele”, unidos com Cristo.
Que Deus nos abençoe!
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PARA VOCÊ ESTUDAR E REFLETIR
“O AMIGO DE DEUS”
Tiago 2:23
Leia e recite o texto base algumas vezes. O que este texto bíblico está dizendo? Então, de modo geral, assim como Abraão, o que o ser humano precisa fazer para ser chamado de amigo de Deus? Portanto,
Introdução:
- Ao lermos o texto com mais atenção, o que compreendemos e descobrimos?
- Leia Tiago 2:21. Como é que Abraão foi aceito por Deus? Quando e como? (Leia Gênesis 22:1-12)
- Leia Tiago 2:19,20,23. Acreditar em Deus é uma boa coisa, mas isso nos torna homens de fé e amigos Dele? Qual é o argumento de Tiago quanto a isso? (v.19) Como Tiago chama aquele que diz ser amigo de Deus, pelo simples fato de acreditar Nele? E o que Tiago fala sobre a fé verdadeira? (v.20,23)
- Os seus sacrifícios pessoais revelam a profundidade da sua amizade com Deus
- Quando crer em Deus demonstra o seu verdadeiro sentido ou significado? O que o termo “sacrifício” significa na Bíblia? Deus faz uma avaliação acerca dos seus sacrifícios pessoais a Ele?
- Leia Hebreus 13:15,16. Quais os três tipos de sacrifícios, apresentados pelo autor de Hebreus, que agradam a Deus?
- Leia 1 Pedro 2:5. Por meio de quem, ou, seguindo o exemplo de quem nós devemos apresentar nossos sacrifícios a Deus? Segundo o apóstolo Pedro, indicam quem nós somos. Então, que tipo de pessoas nós somos?
- Leia Gênesis 22:12. Como Deus avaliou a fé de Abraão? O que você compreendeu do texto e como o aplicaria à sua vida? Então, você crê que Deus avalia a nossa fé?
- O que o sacrifício de Isaque representava na Antiga Aliança? (Leia Isaías 53:7; João 1:29)
- Leia Hebreus 11:17-19. O que Deus havia prometido a Abraão por meio de Isaque, o seu único filho? (vs.17,18) Qual era a profundidade da confiança de Abraão em Deus quando ofereceu Isaque em sacrifício? (v.19)
- É Deus Quem nos abençoa e não os homens
- Leia Jeremias 17:5,7. A quem Deus amaldiçoa e a quem Ele abençoa? O que você pôde compreender dessa verdade e como ela pode impactar sua vida?
- Você não precisa se afastar de todas as pessoas, mas o que precisa demonstrar diante delas? Quando, onde e por quê?
- Leia Mateus 6:9-13. Estas palavras de Jesus não são uma oração em si, mas um modelo ou o roteiro que deve reger nossas orações. Em resumo, o que este roteiro de oração nos ensina? Procure descobrir onde as referências de Mateus 6:13-16 e 1 Coríntios 15:31-33 se encaixam no modelo de oração ensinado por Jesus. Então, qual é o alvo divino do ensinamento de Jesus, equivocadamente ensinado por muitos como o “Pai nosso”?
- Entenda o significado de crer, conforme a Mente de Deus
- Leia as definições da palavra “crer”, tanto no grego como no hebraico. Você consegue explicar o que compreendeu com as duas definições? Qual delas o faz enxergar melhor sobre a sua amizade e compromisso com Deus?
- O amigo de Deus vive pela fé, a fim de trazer ao mundo o quê? E o que ele procura fazer?
- Ao invés de ser obscurecido pelas más influências, o amigo de Deus se preocupa com o quê? Qual é o seu desejo?
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Espero que esta meditação tenha sido uma bênção à sua vida, fortalecendo-a de fidelidade ao SENHOR, a fim de resistir às armadilhas de Satanás. Deus o abençoe!