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1 Samuel 1:1-18
Eu acredito que em nosso meio há pessoas que estão vivendo em grande tribulação, tristeza e sob grandes pressões. É bem possível que esse sofrimento esteja roubando a esperança, a fé e se transformando em amargura em seus corações.
Uma voz qualquer, seja ela do seu interior ou de terceiros, pode estar sussurrando aos seus ouvidos de que você está sob algum castigo de Deus e que essa é a razão de muitas coisas estarem emperradas na sua vida. Eu tento imaginar o seu tormento e tribulação!
Nosso texto bíblico:
& 1 Havia um homem da tribo de Efraim, chamado Elcana, que vivia na cidade de Ramá, na região montanhosa de Efraim. Ele era filho de Jeroão, neto de Eliú, bisneto de Toú e trineto de Zufe. 2 Elcana tinha duas mulheres, Ana e Penina. Penina tinha filhos, porém Ana não tinha.
3 Todos os anos Elcana saía da sua cidade e ia a Siló a fim de adorar e oferecer sacrifícios ao SENHOR Todo-Poderoso. Hofni e Finéias, os filhos de Eli, eram sacerdotes do SENHOR Deus, em Siló. 4 Cada vez que Elcana oferecia o seu sacrifício, ele dava uma parte para Penina e outra para todos os seus filhos e filhas. 5 Mas para Ana ele dava duas vezes mais. Elcana a amava muito, embora o SENHOR não permitisse que ela tivesse filhos. 6 Penina, sua rival, provocava e humilhava Ana porque o SENHOR não permitia que ela tivesse filhos. 7 Isso acontecia ano após ano. Sempre que iam ao santuário do SENHOR, Penina irritava tanto Ana, que ela ficava só chorando e não comia nada.
8 Um dia o seu marido Elcana lhe perguntou: —Ana, por que você está chorando? Por que não come? Por que está sempre triste? Por acaso, eu não sou melhor para você do que dez filhos?
9 Certa vez eles estavam em Siló e tinham acabado de comer. Eli, o sacerdote, estava sentado na sua cadeira, na porta da Tenda Sagrada. 10 Aí Ana se levantou aflita e, chorando muito, orou a Deus, o SENHOR. 11 E fez esta promessa solene: —Ó SENHOR Todo-Poderoso, olha para mim, tua serva! Vê a minha aflição e lembra de mim! Não esqueças a tua serva! Se tu me deres um filho, prometo que o dedicarei a ti por toda a vida e que nunca ele cortará o cabelo.
12 Ana continuou orando ao SENHOR durante tanto tempo, que Eli começou a prestar atenção nela 13 e notou que os seus lábios se mexiam, porém não saía nenhum som. Ana estava orando em silêncio, mas Eli pensou que ela estava bêbada 14 e disse: —Até quando você vai ficar embriagada? Veja se pára de beber!
15 —Senhor, —respondeu ela—, eu não estou bêbada. Não bebi nem vinho nem cerveja. Estou desesperada e estava orando, contando a minha aflição ao SENHOR. 16 Não pense que sou uma mulher sem moral. Eu estava orando daquele jeito porque sou muito infeliz e sofredora.
17 Então Eli disse: —Vá em paz. Que o Deus de Israel lhe dê o que você pediu!
18 —Que o senhor sempre pense bem de mim! —respondeu ela. E saiu. Então comeu alguma coisa e já não estava tão triste
Ana e o período do nosso texto:
Eu gostaria de compartilhar sobre a experiência de Ana, a mãe de Samuel. A Bíblia fala quase nada sobre essa mulher, mas a sua experiência de fé pode nos ensinar muito.
O texto nos diz que Ana era estéril. Na cultura daqueles dias, ela era considerada uma mulher desgraçada ou amaldiçoada, pois no livro de Gênesis está escrito que Deus deu uma ordem à humanidade, a fim de que crescesse e se multiplicasse.
O nosso texto bíblico se encontra em uma época de grande declínio espiritual, no qual a Palavra de Deus era desprezada, inclusive, pela própria liderança religiosa. Aquele período não difere do tempo que estamos vivendo.
Sempre que nos afastamos da Palavra de Deus, distorções bíblicas surgem, e elas, ainda que tentem trazer respostas ao nosso sofrimento, mais tristezas acrescentarão às nossas vidas. Saiba que as respostas simplistas nunca se preocupam com os planos de Deus, mas apenas em soluções terrenas.
Quando nós não confiamos na soberania de Deus, os nossos pensamentos e emoções entram em alvoroço, pois achamos que andar com Ele significa ter uma vida sem problemas e sem sofrimentos. Mas isso não é verdade! Basta você discorrer seus olhos sobre as páginas da Bíblia que notará que os grandes homens de Deus passaram por grandes tribulações.
Deus permitiu que Ana passasse por essa tribulação, a fim de aprendermos que Ele sempre está no controle de todas as coisas. Outro exemplo do que estou falando, aconteceu com José, filho de Jacó, que chegou ao Egito, injustamente. Ele foi vendido pelos seus próprios irmãos, os quais, desejando se livrar dele, o venderam a uma caravana que passava pelas terras de Jacó. Depois, José foi vendido aos egípcios para ser um escravo naquelas terras.
Essa grande injustiça poderia levar alguém a pensar que tudo estava fora do controle de Deus. Porém, nós sabemos que o Senhor estava dirigindo a vida de José e de toda a sua família. Foi por meio daquela injustiça que o povo de Deus (Israel) cresceu e se multiplicou nas terras egípcias até a chegada do êxodo.
Deus permitiu que Samuel nascesse sob uma grande tribulação vivenciada pela sua mãe, pois através dele, a Sua mensagem seria ouvida pelo Seu povo. Então, Deus mostraria a todos que sempre esteve no controle da situação.
Eu não estou tentando dizer que é errado orar a Deus pedindo soluções, porém, o erro de muitos é tentar ensiná-Lo sobre como as coisas devem ser feitas. Ele é o Senhor e o que nós precisamos fazer é colocar as nossas ansiedades e amarguras em Suas mãos. Feito isso, devemos descansar no Senhor e confiar tanto na Sua providência como no seu poder.
Elcana, o pai de Samuel:
Nós temos uma pequena biografia de Elcana, mas nada temos sobre Ana. Elcana era um homem temente a Deus, mas ele tinha duas mulheres, o que gerou grande instabilidade dentro da sua casa. Penina tinha “filhos” com ele, mas Ana não. Como um homem temente a Deus poderia ter duas mulheres?
Quanto a isso, nós podemos recorrer a algumas teorias:
- Ana, por ser estéril, aconselhou Elcana a ter outra mulher, como no caso de Abraão e Sara;
- Naquela época, essas coisas eram comuns, mas isso não era aprovado por Deus.
Entretanto, o amor dado em dobro por Elcana a Ana, gerava ciúmes em Penina. (vs.4-8)
Repare que nos versos 6 e 7 é dito que Penina irritava Ana, e essa atitude gerava em seu coração grande tristeza, apesar de receber tudo em dobro de Elcana. É dessa situação de conflito que nasce o desejo em Ana, de se colocar na presença do Senhor.
No entanto, o seu desejo por um filho não era egoísta, pois ela não queria provar nada a Penina, mas fez um voto a Deus. (v.11) A promessa feita por Ana em colocar seu filho nas mãos de Deus, envolvia confiá-lo a um sacerdote desleixado com as coisas de Deus. Além do mais, nós sabemos que Eli foi um péssimo pai, ao educar seus filhos. Ela confiava na soberania e poder de Deus.
Detalhes da oração de Ana:
Ela se coloca na presença do Senhor com amargura de alma. (vs.10,11,18b)
O problema da amargura é quando ela permanece em nós e nós a lançamos sobre outras pessoas.
& 14 Procurem ter paz com todos e se esforcem para viver uma vida completamente dedicada ao Senhor, pois sem isso ninguém o verá. 15 Tomem cuidado para que ninguém abandone a graça de Deus. Cuidado, para que ninguém se torne como uma planta amarga que cresce e prejudica muita gente com o seu veneno. (Hb.12:14,15 NTLH)
O verso 14 nos ensina que devemos conviver com as pessoas sob os termos de Deus, e que junto a elas, devemos manifestar uma vida dedicada aos princípios divinos. Então, o verso 15 nos diz que devemos tomar cuidado para não abandonarmos a graça de Deus e nós precisamos entender a razão desse conselho.
Nós somos chamados para sermos instrumentos da bondade, do poder e da misericórdia de Deus entre as pessoas. No entanto, devido aos sofrimentos que passamos, nós podemos nos tornar pessoas desagradáveis, amarguradas e disseminar um espírito errado aos que nos cercam, a fim de que eles se transformem em pessoas amarguradas e afastadas da graça Divina.
Ana não despejou a sua amargura sobre outras pessoas, mas ela se dirigiu a Deus e colocou a sua tristeza em Suas mãos. Dessa forma, ela não se transformou em uma pedra de tropeço para ninguém, mas buscou se fortalecer no amor e na bondade de Deus.
O verso 18, na sua segunda parte, nos diz que, ao sair da presença de Deus, Ana se alimentou e o seu semblante já não era de profunda tristeza. Ela aceitou o trabalho de Deus na sua vida! Ao sair da presença de Deus, Ana estava transformada!
O texto não diz que Ana recebera da parte de Deus qualquer promessa e, portanto, o seu problema ainda não estava resolvido. Eu acredito que Penina continuava a provocá-la. Por um tempo, Ana viveu sob grande pressão, porém, ela se encontrava mais forte, espiritualmente falando.
Nem sempre Deus muda as coisas num abrir e fechar de olhos. É necessário que confiemos no Seu amor, tenhamos prazer Nele e, sempre que estivermos na Sua presença, aceitemos o Seu trabalho transformador em nossas vidas.
Ana não era uma pessoa que se ressentia com facilidade. (vs.12-17)
Ela não respondeu a Eli com rancor, quando este a julgou mal.
A oração de Ana não se caracterizou como uma barganha com Deus. (v.11)
O verso 11 diz que, de pronto, Ana faz uma promessa a Deus. Ela não inicia sua oração barganhando com Deus, dizendo que se Ele satisfizesse o seu desejo, então, ela faria isso ou aquilo. Ela se compromete com Deus desde o início da sua oração.
Que lições nós podemos aprender com Ana?
- Mesmo em meio a grandes adversidades, busque a Deus com todo o seu coração.
- Comprometa-se com Deus e confie Nele, mesmo que a sua aflição seja intensa.
- Faça o que é correto ao
s olhos de Deus, mesmo diante de grandes injustiças. - Preocupe-se com a sua alma diante do Senhor e não fixe o seu olhar sobre os seus inimigos e soluções.
- Aprenda a descansar em Deus, sabendo que Ele fará o melhor para a sua vida.
Quando Jesus estava na cruz, Ele fixou Sua atenção em Deus e não nos Seus adversários que debochavam Dele o tempo todo. Assim como Ana, Jesus não pediu a Deus que tirasse os inimigos do seu caminho, mas no jardim da Sua grande aflição, disse: “Seja feita a tua vontade e não a minha“.
Somente aqueles que aprendem a se derramar na presença do Senhor é que compreendem o trabalho de Deus em suas vidas e confiam Nele, a fim de serem transformados. A minha esperança é que aprendamos a confiar em Deus, na Sua graça e poder, derramando-nos na Sua presença.