Romanos 1:17
Texto base:
Pois o evangelho mostra como é que Deus nos aceita: é por meio da fé, do começo ao fim. Como dizem as Escrituras Sagradas: “Viverá aquele que, por meio da fé, é aceito por Deus.” (Rm.1:17 NTLH)
Na semana passada, eu compartilhei com você que devemos sentir orgulho pelo Evangelho e, caso você queira relembrar, acesse as minhas notas de 12/04/2021. Nós vimos que o Evangelho É O PODER DE DEUS para salvar (resgatar ou libertar dos poderes satânicos, mundanos e das paixões carnais) todos os que creem (que depositam a sua confiança Nele, a fim de desenvolverem uma relação religiosa e moral com Ele).
Hoje, eu pretendo compartilhar que DEUS NOS ACEITA POR MEIO DA FÉ. O Evangelho nos ensina o modo sobre como devemos nos preparar para a Eternidade e, nesse processo, a “fé” é necessária. Portanto, a fé é uma disposição mais elevada do que simplesmente acreditar (crer) em algo.
Nas versões mais antigas da Bíblia, o nosso texto base é apresentado do seguinte modo (eu acrescento a ele breves comentários):
Porque nele [i.e. por meio do Evangelho] se descobre [i.e. torna-se claro, conhecido, vem à luz] a justiça de Deus [i.e. a condição aprovada para que alguém seja aceito por Deus] de fé em fé [i.e. de dentro da fé para dentro da fé, entre fé e fé], como está escrito: Mas o justo [i.e. aquele que é aceito por Deus, segundo as condições que Ele estabelece] viverá [i.e. viverá a vida verdadeira] pela fé [i.e. pela convicção de que Deus é Verdadeiro, que existe, submisso fielmente ou com fidelidade, obediente a Ele]. (Rm.1:17 ACF)
Tomo a liberdade de fazer uma paráfrase do texto bíblico, para que você, em outras palavras, o entenda de modo ainda mais claro:
“Por meio do Evangelho é que somos preparados para a Eternidade, pois é por meio dele que descobrimos a condição divina para sermos aceitos por Deus, ou seja, pelo processo contínuo de crescimento da fé para a fé. Como disse o profeta Habacuque (Hc.2:4): aquele que é aprovado e aceito por Deus vive a vida com confiança Nele e com a convicção plena que Ele existe. Quem é aceito por Deus é fiel, submisso e obediente ao Governo Dele.” (Paráfrase – WLF)
Uma vez que já possuímos o entendimento das palavras de Paulo, sobre o que o Evangelho (a notícia ou a mensagem de Deus acerca de Jesus) é e o que ele revela àqueles que creem e desejam ser aceitos por Deus, torna-se necessário meditarmos sobre a fé.
Aquele que deseja crescer na fé, precisa entender que se colocará dentro de um processo: o desenvolvimento “da fé para dentro da fé”, e não de dentro da fé para fora dela. Por que eu estou dizendo isso?
1. A fé nos é dada como um presente de Deus, quando ouvimos e cremos no Evangelho
Paulo nos ensina o seguinte:
Portanto, a fé vem [i.e. de fora para dentro da mente] por ouvir a mensagem [i.e. pela instrução do Evangelho], e a mensagem vem por meio da pregação a respeito de Cristo [i.e. da Sua divindade, conselhos e obrigações para com Jesus]. (Rm.10:17 NTLH)
Você ouve a mensagem de Deus e, por meio das explicações divinas acerca da divindade de Cristo, crê e aceita tanto os Seus conselhos como as suas obrigações para com Jesus. Entretanto, você não consegue crer em Jesus por si mesmo. Você não consegue forçar a sua mente a crer Nele e, por isso, essa é uma ação inicial e de convencimento realizada pelo Espírito Santo em nossa mente.
Quanto a isso, observemos o que nos é dito pelo próprio Paulo:
8 Pois pela graça [i.e. pela amável bondade] de Deus vocês são salvos [i.e. resgatados, recebem o livramento] por meio da fé [i.e. pela confiança e submissão à orientação divina]. Isso não vem de vocês [i.e. não surge de dentro das suas mentes], mas é um presente [i.e. uma oferta como expressão de honra] dado por Deus. 9 “A salvação não é o resultado dos esforços de vocês [i.e. uma negociata, uma barganha]; portanto, ninguém pode se orgulhar de tê-la [i.e. tê-la conquistado por esforço próprio].” (Ef.2:8,9 NTLH)
Paulo está falando sobre a salvação, o início da vida com Cristo, quando nós nos tornamos Seus discípulos, alunos ou seguidores. Tanto a graça como a fé inicial, foram ações divinas para nos resgatar dos poderes satânicos, mundanos e das nossas paixões carnais; foram presentes de honra da parte de Deus. Porém, tanto a fé como a graça precisam crescer. (2 Pe.3:18)
Como já vimos, a fé inicial precisa ser desenvolvida de si para dentro de si mesma. Ela precisa ser fortalecida, mas isso não acontece sem que trabalhemos duramente com a ajuda da Palavra de Deus e do Espírito Santo, para que ela cresça e se desenvolva.
2. A fé precisa ser compreendida
- O que a fé não é?
Ela não é um esforço mental de positivismo para que as coisas deem certo. Ela não é um exercício mental e emocional que é feito para surpreender a Deus e forçá-Lo a nos conceder tudo o que queremos. Ela não é um pulo no escuro, por alguém que usa a seguinte expressão, com os punhos cerrados: “Eu creio, eu creio, eu creio que…”
A fé, segundo a Bíblia, não é uma atitude irracional, simplista (ingênua) ou tola (boboca, ignorante, presunçosa ou absurda). Ela não é um sentimento próprio, desejado pelo indivíduo, que o leva a se comprometer com os absurdos das suas próprias paixões. A fé não o leva a escolher uma pessoa qualquer para pilotar o seu avião, ou para lhe prescrever medicamentos. Esse tipo de fé é tolice ou estupidez!
- O que é a fé?
A fé é a crença em alguma coisa e, portanto, ela precisa ter conteúdo intelectual. A fé não é algo vazio, mas se fundamenta sobre o conhecimento adquirido de verdades indispensáveis. A fé começa a se desenvolver ou crescer à medida que você passa a compreender as propostas e razões divinas para ações por Ele especificadas e que precisam ser executadas com fidelidade e confiança. A fé é a certeza de se estar agindo sob o comando de Deus.
A “fé” significa fidelidade, confiança, submissão e obediência à Palavra de Deus. A pessoa fiel às suas obrigações ou compromisso com Cristo é alguém que expressa a fé.
Eu me lembro de que quando era menino e me vi cercado por outros que queriam me agredir, eu escutei o meu pai gritar: “O que está acontecendo? Venha já para cá!” Eu ouvi e reconheci a sua voz e sabia que nele encontraria socorro e proteção. Os outros meninos não o conheciam, mas, pela autoridade da voz, eles ficaram estáticos, enquanto eu corri para os braços do meu pai. O reconhecimento que eu possuía da voz do meu pai se devia ao fato do meu convívio com ele e, por isso, eu não hesitei! Eu tive fé no seu chamado, na sua proteção e a minha atitude não foi um ato tolo, mas procedente de um conhecimento. O mesmo se dá com Deus.
3. A fé pode e precisa ser visível
Quando corri para os braços do meu pai, eu demonstrei publicamente a minha fé nele. Eu exerci uma ação, quando ele me ordenou: “Venha já para cá!” Ele não precisou ficar me explicando as razões para que eu fosse ao seu encontro, mas simplesmente confiei na sua voz de proteção e socorro. Obedecer ao meu pai foi uma forma de honrá-lo, de respeito à sua autoridade sobre a minha vida.
Eu aprendi a confiar em meu pai antes de qualquer momento de apuro. Eu aprendi a confiar nele desde os tempos em que ele me pegava no colo e, mais tarde, quando segurava minha mão para me ensinar a andar. Ele me ensinou a confiar na sua proteção e, na medida em que fui crescendo, aprendi a confiar na importância dos seus conselhos e ensinamentos.
A minha fé na pessoa de meu pai não se devia a “acreditar ou simplesmente crer” que, de fato, ele era o meu pai. Ter esse tipo de crença nada significaria se eu não o respeitasse, não o ouvisse e não o obedecesse. Muitos dizem acreditar em Deus, mas não O respeitam nem O ouvem, e sequer se preocupam com os Seus propósitos; então, eles creem, mas não têm fé e, por isso, não podem ser aceitos por Deus.
É lógico que eu desobedeci a meu pai por inúmeras vezes e a cada desobediência, ele me chamava ao lado e me dava lições de moral, acerca dos perigos que me ocorreram e que ocorreriam, caso eu persistisse nos mesmos erros. As suas orientações foram me ensinando a respeitá-lo como meu pai e, abaixo de Deus, tê-lo como autoridade sobre a minha vida.
Deus não rejeita aqueles que O desobedecem, mas os sucessivos atos de desobediência nos afastam Dele. Deus está sempre nos chamando: “Venham já para cá!” Mas, quando ficamos tempo demais distantes Dele, não reconhecemos mais a Sua voz. Cremos no Pai Eterno, mas não O escutamos, não O obedecemos e, então, a fé que tínhamos Nele está morta!
Tiago ensinou:
14 Meus irmãos, que adianta alguém dizer que tem fé se ela não vier acompanhada de ações? Será que essa fé pode salvá-lo? 17 Portanto, a fé é assim: se não vier acompanhada de ações, é coisa morta. 18 Mas alguém poderá dizer: “Você tem fé, e eu tenho ações.” E eu respondo: “Então me mostre como é possível ter fé sem que ela seja acompanhada de ações. Eu vou lhe mostrar a minha fé por meio das minhas ações.” 19 Você crê que há somente um Deus? Ótimo! Os demônios também creem e tremem de medo. (Tg.2:14,17-19 NTLH)
O próprio Tiago nos dá o exemplo de Abraão (o nosso pai na fé – o nosso exemplo de fé). Abraão não conhecia Deus, até que o próprio SENHOR Se apresentou a ele e disse para que saísse de onde estava e fosse para uma terra que lhe seria mostrada.
Abraão creu, obedeceu a Deus e a sua vida de obediência e fidelidade Àquele que o chamou, demonstrou a sua fé de forma visível. Abraão foi salvo pela fé (sem ter feito algo para merecê-la) e desenvolveu a sua fidelidade (fé) por meio da sua obediência (obras) a Deus. Foi por meio de suas ações que a fé de Abraão se tornou completa. (Tg.2:22)
Você não fez nada para merecer o chamado de Deus, a fim de ser resgatado do mundo, mas, se pretende chegar à Eternidade, terá de provar que a quer, por meio das suas obras. (Ef.2:8-10; 2 Tm.3:17; Tt.2:14) Então, existe na vida do discípulo de Cristo o que muitos odeiam até em pensar: o merecimento.
Para que possamos realizar as obras de Deus, Dele recebemos ajuda por meio dos dons espirituais que nos concede (1 Co.12:4-11) e, entre eles, está o Dom da Fé, a fim de que, por meio do poder do Espírito de Cristo, realizemos as mesmas obras que o nosso SENHOR realizou enquanto esteve sobre a Terra.
4. A importância da consciência limpa para o fortalecimento da fé
Sem fé é impossível que vivamos uma vida que agrade a Deus. (Hb.11:6) A fé nos dá o conhecimento vivo da existência ou da realidade de Deus, bem como exige que O conheçamos melhor, e isso, por meio da fidelidade e obediência (boas obras).
Quero terminar esta breve e resumida exposição sobre como somos aceitos por Deus pela fé, somando a ela a importância da nossa consciência (a capacidade que temos de discernir a nossa realidade de momento, isto é, que tipo de pessoas estamos sendo, tanto espiritual como moralmente falando).
O Espírito Santo sempre usará a nossa consciência, ora para nos acusar e noutros momentos para nos defender, segundo os princípios da Palavra de Deus. (Rm.2:15)
A fim de que possamos continuar combatendo o nosso bom e útil combate da fé em Cristo Jesus, o apóstolo Paulo disse ao Seu discípulo Timóteo:
Conserve a sua fé e mantenha a sua consciência limpa [i.e. julgue a sua fé como verdadeira, examinando a realidade da sua vida, o modo como está vivendo, agradando ou não a Deus]. Algumas pessoas não têm escutado a sua própria consciência, e isso tem causado a destruição da sua fé. (1 Tm.1:19 NTLH)
A fé inicial, como todo o seu desenvolvimento e fortalecimento, pode ser destruída, arruinada ou perdida, caso deixemos de lado a responsabilidade de avaliarmos nossas próprias vidas, pela voz da nossa própria consciência em relação às nossas obrigações com Deus.
Sim, nós somos aceitos por Deus por meio da fé. A implicação desta verdade é que somos aceitos por Deus quando vamos a Cristo e cumprimos as nossas obrigações para com Ele e o Seu Evangelho, que é o poder de Deus, por meio da fé!
Portanto, quem pela fé foi a Cristo é porque foi aceito por Deus. Porém, essa aceitação deve ser contínua e, por isso, é necessário que entendamos a nossa utilidade para o Reino de Deus e o nosso trabalho para a sua expansão, pois quem foi aceito por Deus é porque está unido a Jesus, e essa pessoa viverá pela fé, do início ao fim, para expressar a glória de Deus!
Que Deus nos abençoe!