Texto base:
João 13:4,5
“Então [Jesus] se levantou, tirou a sua capa, pegou uma toalha e amarrou na cintura. Em seguida pôs água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha”. (João 13: 4,5 NTLH).
Primeiramente, devemos observar o seu contexto e alguns aspectos culturais e religiosos para compreendermos melhor o que Deus quer nos ensinar.
A passagem se dá com os discípulos reunidos entorno da mesa para comer a refeição da Páscoa, que seria a última refeição de Jesus com os Seus discípulos antes de ser crucificado. Porém, segundo os costumes dos judeus, ninguém poderia estar à mesa sem antes lavar os pés.
Isto pode parecer estranho e até mesmo engraçado para nós hoje, mas lavar os pés era um costume necessário naquele tempo. Os calçados que eles usavam geralmente eram sandálias, e estas não protegiam contra a sujeira, o pó e o odor, e no final do dia, os pés se encontravam imundos. Uma vez que não havia chuveiros ou banheiros individuais, seria preciso procurar os banhos coletivos da aldeia para se limpar antes do jantar.
Mas, se pensarmos bem, eles ainda precisariam caminhar da casa de banho para aquele cenáculo ou sala onde fariam a ceia, e seus pés estariam sujos novamente.
Como esse problema era normalmente resolvido?
Na maioria das casas, o ofício de lavar os pés era reservado a um servo ou escravo, considerado como o mais rejeitado e sem valor, e que ficava à entrada da porta com um balde de água e uma toalha. Entretanto, aquele local onde teria a Ceia havia sido emprestado aos discípulos e não havia um escravo ou um anfitrião para lhes lavar os pés.
Então, porque um dos discípulos não se dispôs a fazer isso?
Provavelmente porque eles acharam que esse trabalho estava abaixo de seu nível. Os discípulos estavam cientes de que alguém precisaria se dispor a lavar os pés dos demais. Eles simplesmente não queriam fazer isso um pelo outro e tudo indica que não queriam sequer lavar os próprios pés.
Em vez de se oferecerem para servir e lavar os pés uns dos outros, os discípulos tiveram uma forte discussão entre si sobre qual deles era o maior e mais importante.
“Os apóstolos tiveram uma forte discussão sobre qual deles deveria ser considerado o mais importante” (Lucas 22:24 NTLH).
É incrível, mas aqueles apóstolos estavam à mesa discutindo qual deles era o mais importante e isso na frente de Jesus, que deixou o Seu Reino e toda a Sua Glória para estar com eles. Foi nesse contexto que Jesus ensinou-lhes, na prática, o que é ser um escravo de Deus.
Vejamos novamente os verso 4 e 5 de João 13:
“Então [Jesus] se levantou, tirou a sua capa, pegou uma toalha e amarrou na cintura. Em seguida pôs água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha” (João 13:4 NTLH).
Jesus ao tirar sua capa ou vestimenta, Ele estava assumindo a função de um escravo pronto a servir. E como um escravo, Jesus desceu ao chão para alcançar os seus pés.
Fazer o que Jesus fez era considerado um ato tão baixo, que era até mesmo ilícito a um servo judeu realizá-lo, por isso foi absolutamente chocante que Jesus o tenha realizado. Ele deixou de lado a Sua Glória e tomou a forma de servo para limpar os pés dos homens que Ele mesmo criou.
Este é o Deus que transforma as trevas em luz. Ele é Aquele que falou e tudo veio a existir. E este mesmo Deus se ajoelha para lavar os pés de João, Tiago e André, e até mesmo de Judas, que estava pronto a entregá-Lo às autoridades naquela mesma noite.
O ato de levar os pés nos aponta para o maior ato de humildade e serviço na história do mundo. Naquele cenáculo, temos o vislumbre do que Jesus fez na cruz. Mas, aquele acontecimento chocante não parou por aí. Depois disso, Jesus lhes disse:
“Depois de lavar os pés dos seus discípulos, Jesus vestiu de novo a capa, sentou-se outra vez à mesa e perguntou: _ Vocês entenderam o que eu fiz? Vocês me chamam de “Mestre” e de “SENHOR” e tem razão, pois eu sou mesmo. Se eu, o SENHOR e o Mestre, lavei os pés de vocês, então vocês devem lavar os pés uns dos outros. Pois eu dei o exemplo para que vocês façam o que eu fiz” (João 13: 12-15 NTLH).
Se nós partirmos de uma Verdade bíblica de que “Ele [Deus] nos criou para que fizéssemos as boas obras que Ele já havia preparado para nós” (cf. Ef. 2:10b), então como podemos extrair os princípios contidos neste exemplo que Jesus deu aos Seus discípulos?
1. Sirva a Deus humildemente e em qualquer tempo
Jesus estava prestes a morrer e a enfrentar a ira de Deus por nossos pecados e ainda assim, Ele passou a noite lavando os pés dos seus discípulos.
“… pregue a mensagem e insista em anunciá-la, seja no tempo certo ou não”. (2 Timóteo 4:2ª NTLH)
2. Sirva a Deus e ao seu próximo, mesmo que seja seu inimigo
Jesus lavou os pés de Judas mesmo sabendo que o mesmo o trairia naquela mesma noite.
“Vocês ouviram o que foi dito: “Amem os seus amigos e odeie os seus inimigos”. Mas eu lhes digo: amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês”… (Mateus 5:43,44 NTLH).
3. Sirva a Deus e ao seu próximo, mesmo sabendo que não será reconhecido
Jesus lavou os pés dos Seus discípulos mesmo sabendo que eles estavam prestes a abandoná-Lo. O amor e o serviço cristão devem ser praticados sem esperar reconhecimento ou gratidão.
“No entanto, muitos líderes judeus creram em Jesus, mas não falavam publicamente a favor dele para que os fariseus não os expulsassem da sinagoga. Eles gostavam mais de ser elogiados pelas pessoas do que ser elogiado por Deus” (João 12: 42,43 NTLH).
Se tudo o que você sempre tenta fazer é obter resultados e reconhecimento, por meio da sua própria capacidade, como o Fausto nos ensinou na terça feira passada, então você falhará, porque com a sua própria força é impossível produzir frutos espirituais, pois você não está unido a Cristo.
Vou dar um exemplo. Se eu colocar um pedaço de madeira fincado no chão e plantar uma muda de uma árvore ao lado, tanto um quanto o outro ficam em uma posição física semelhante, e se você olhar a certa distância, você até dirá: “são duas mudas de árvore plantadas”, porém as condições das duas são completamente diferentes.
A árvore, através de sua raiz, aprofunda-se no solo em que vive e extrai dele os nutrientes vitais que sustentam sua vida.
Quando aquele que está plantado drena daquele que dá o alimento, sua vida é sustentada. O mesmo acontece quando a sua força para amar o próximo vem diretamente de Cristo. Não há esperança para você ajudar o próximo se estiver desconectado de Cristo, a videira. Deve haver uma conexão viva entre o ramo e a fonte da vida, que é Jesus.
Além de estarmos conectados com Cristo, também precisamos preencher nossos corações e mentes com a meditação na Palavra de Deus de dia e de noite. É por meio da meditação bíblica que enchemos nossas mentes com as Verdades de Deus.
O Livro de Deuteronômio 17:18-20 nos dá uma boa idéia sobre isso. Nós aprendemos que a primeira tarefa para um novo rei era escrever em um rolo, palavra por palavra, a sua própria cópia das leis de Deus. Portanto, devemos saturar-nos com a Palavra de Deus. Essa é a principal maneira que Deus fala e se revela a nós hoje.
Além de estarmos conectados com Cristo e em harmonia com Sua Palavra, obedecendo-a em qualquer circunstância, devemos servir como Jesus servia.
“Por estarem unidos com Cristo, vocês são fortes, o amor dele os anima, e vocês participam do Espírito de Deus. E também são bondosos e misericordiosos uns com os outros. Então peço que me deem a grande satisfação de viverem em harmonia, tendo um tendo um mesmo amor e sendo unidos de alma e mente. Não façam nada por interesse pessoal ou por desejos tolos de receber elogios; mas sejam humildes e considerem os outros superiores a vocês mesmos. Que ninguém procure somente os seus próprios interesses, mas também os dos outros. Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar que Cristo Jesus tinha” (Filipenses 2: 1-5 NTLH)
E é com este espírito que devemos servir a Deus e ao nosso próximo, com humildade, obediência ao Evangelho e amor a Deus e ao próximo, pois só assim alcançaremos a aprovação de Deus e os frutos espirituais que nos mostram que somos verdadeiros discípulos e escravos de Cristo Jesus.
Que Deus nos abençoe!