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Tempos de solidão – Parte 1

 

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(Jó 23:8-11)

Na semana passada, eu falei muito sobre maldições, punições e castigos que Deus envia aos desobedientes e rebeldes. Falei sobre a disciplina Divina, cuja finalidade é o verdadeiro arrependimento. Porém, nem sempre que enfrentamos uma situação adversa significa que estamos sendo punidos, mas em muitos casos, trata-se de um trabalho de aperfeiçoamento Divino no nosso caráter e fé.

Eu chamo esses momentos de “desertos” ou “tempos de solidão”. Eles são momentos em que devemos aprender a confiar unicamente no trabalho de Deus em nossas vidas, a fim de nos preparar para um compromisso maior com Ele, para que, com coragem, estejamos envolvidos nos Seus planos e sejamos participantes das Suas bênçãos, tanto nesta Terra como na Eternidade.

Nós lemos nos versículos 8 e 9, que Jó procura a Deus e não O vê! Estes dois versículos revelam o sentimento que existe dentro de muitos de nós, nas diferentes situações da vida. Às vezes, nós perguntamos: “Onde Deus está?” Oramos e parece que a nossa oração não passa do teto! Ficamos um tanto frustrados, pois nos lembramos das vezes em que apenas mencionávamos o nome de Deus e sentíamos a Sua presença se derramando sobre nós.

Em nossa experiência espiritual nos acostumamos a chamar esses momentos de “desertos”. Deserto é um lugar ermo e nos passa a ideia de um local solitário, sem companhia. Ele representa os momentos em que nos sentimos como que abandonados!

Entretanto, o grande consolo é que vários homens de Deus também já o experimentaram, e vamos citar alguns:

  • Moisés. Ele foi criado como um príncipe na corte egípcia até o momento em que adquiriu a visão Divina de ser o libertador do povo de Israel da escravidão do Egito. O que aconteceu a ele? Foi para o deserto e lá pastoreou ovelhas do seu sogro, Jetro. Que solidão!
  • José. Ele era o filho preferido de Jacó. Tinha sonhos de liderança e conquistas, mas o que lhe aconteceu? Foi jogado dentro de um poço por seus irmãos invejosos, vendido a uma caravana e depois negociado como escravo no Egito. Lá, trabalhou na corte e depois foi lançado numa prisão fétida. Que solidão!
  • Jó. Ele é descrito nas Escrituras como o homem mais rico do Oriente. () O que aconteceu a ele? Jó perdeu tudo: bens, filhos, saúde e até o apoio da esposa. Que solidão!
  • Depois do batismo maravilhoso no rio Jordão, onde ouviu a voz do Pai dizendo que Ele Lhe dava muito prazer, para onde o Espírito de Deus O levou? Para o deserto da Judeia, a fim de enfrentar as tentações e o próprio Satanás. Que solidão!

Caso eu mencionasse todos os que passaram pela solidão dos desertos, a lista seria muito longa. No entanto, eu afirmo que do “deserto” nenhum cristão escapa! Como seria bom se pudéssemos evitá-lo, mas sem ele, a Terra Prometida não teria sido conquistada; sem ele, não seríamos preparados no caráter para servirmos a Deus, e sem ele, não chegaríamos à eternidade.

O nosso grande problema é que somos persuadidos por inúmeras “vozes”, que nos influenciam a pensar que somos pessoas muito boas e que não merecemos sofrer por nada neste mundo. É nos dito de que somos filhos de Deus e que não é da sua vontade que passemos por qualquer escassez. Então, deixamos de observar que existem áreas em nossas vidas que precisam ser restauradas. Porém, o Senhor que vê todas as coisas, nos conhece no íntimo e nos conduz a “tempos de solidão”, a fim de sermos tratados por Ele.

Em “tempos de solidão” nós precisamos confiar plenamente em Deus, pois Ele é a única Pessoa para Quem devemos entregar as nossas vidas e todo o nosso futuro.

1. Seja corajoso e temente a Deus em “tempos de solidão”.

Deus pode usar os “desertos”, tanto para nos disciplinar (punição) como nos preparar para participarmos dos Seus grandes planos, terrenos e eternos. Então, é preciso que prestemos atenção ao que Jó disse nos versículos 10 e 11.

&10 Mas Deus conhece cada um dos meus passos; se ele me puser à prova, verá que sairei puro como o ouro. 11 Eu sigo o caminho que ele me mostra e nunca me desvio para lado nenhum. (Jó 23:10,11 NTLH)

O que Jó disse sobre Deus? Que nada estava oculto na sua vida para o Pai e que a sua fé estava sendo testada. Então, ao fazer essa declaração, Jó está se baseando sobre duas verdades sobre Deus:

  • Nada pode estar escondido para Deus, pois
    Ele é Onisciente.
  • Deus é Soberano e prova o caráter de Seus filhos, aperfeiçoando-os de maneira adequada a cada um deles.

Portanto, há momentos na vida em que precisamos ser corajosos para encarar os desafios estabelecidos pelo Todo-Poderoso, mas que essa coragem esteja baseada no respeito que temos por Ele e que esse respeito esteja firmado sobre o no conhecimento do Seu caráter.

Conhecer o caráter de Deus é muito importante para não cairmos nas nossas próprias suposições ou de terceiros.

2. Cuidado com “amigos” em “tempos de solidão”!

Nós já sabemos o que Jó falou sobre Deus, mas o que ele declarou acerca de si mesmo?

  • Que ele aceita a prova Divina, a fim de ser refinado, e que Deus veria isso!
  • Ele diz ainda que estava disposto a seguir o caminho que Deus Lhe estava mostrando e que não se desviaria para lado nenhum.

O que tudo isso quer dizer? Quer dizer que Jó entendia o seu momento, o seu tempo. Ele tinha noção de que era tempo de ser tratado e aperfeiçoado por Deus. Era o seu tempo de solidão!

Jó não estava ausente da companhia de pessoas, mas essas pessoas que a Bíblia denomina como seus “amigos”, eram como emissários de Satanás para tentar confundir sua mente, acerca dos planos de Deus para a sua vida.

Nós vimos o que Jó disse sobre Deus, o que ele disse acerca de si mesmo e o que Deus disse sobre o Seu servo. Agora veremos o que os “amigos” de Jó disseram dele. Os amigos de Jó foram mais acusadores, emissários de Satanás, do que bons conselheiros. Eis alguns exemplos de suas falas a Jó:

  • () Elifaz lança a Jó a ideia de que ele era um homem sem ânimo, pelo fato de se opor a Deus.
  • () Bildade diz que Jó poderia estar sendo punido pela sua impiedade ou pecado.
  • () Zofar procura dizer que Jó está naquela situação por sua tolice, opressão aos pobres, dominador, cobiçoso e pecador.
  • Eliú. () Eliú diz que Jó estava naquela situação por ser um zombador de Deus, andando com gente que não prestava, desobediente ao Senhor, um homem com sentimento de culpa, mau, tolo e, portanto, um pecador.

Porém, o que Deus, o SENHOR Criador dos céus e da Terra, falou a Satanás sobre Jó?

&Aí o SENHOR disse: – Você notou o meu servo Jó? No mundo inteiro não há ninguém tão bom e honesto como ele. Ele me teme e procura não fazer nada que seja errado. (Jó 1:1:8 NTLH)

Deus não disse que Jó tinha medo, que era descrente, cobiçoso, dominador, que desprezava o Criador e que merecia ser punido. A declaração de Deus é muito clara e tudo o que se disser além das Suas palavras são distorções pelas suposições humanas. Deus resolveu colocá-lo sob teste e pronto! A vida de Jó seria um grande exemplo para futuras gerações, inclusive a nossa.

Agora, comparando a opinião Divina sobre Jó com as daqueles “amigos” ignorantes da sabedoria e tempo de Deus, entendemos que eles não sabiam nada acerca do que estava acontecendo. Eles fizeram suas deduções, e estas eram completamente contrárias às de Deus.

O livro de Jó é muito importante, pois este mundo está tão afastado de Deus, que até aqueles que dizem possuir uma fé genuína Nele, O abandonam quando as coisas não andam como desejam. O livro de Jó é a história de um homem que tem a sua fé provada por Deus, que luta para se manter fiel e que no final é abençoado por Deus, pela sua firmeza e fidelidade ao Seu Criador!

Satanás sempre procura distorcer a Palavra de Deus e ele poderá usar até mesmo as pessoas mais próximas, as quais você chama de amigos, para distorcer os propósitos Divinos para a sua vida. Portanto, é de suma importância que você saiba discernir as deduções de terceiros, pois elas podem ser verdadeiras distorções das palavras e dos atos de Deus.

3. Cuidado com os seus pensamentos e sentimentos em “tempos de solidão”.

O propósito Divino para os “tempos de solidão” é preparar Seus filhos para coisas importantes que estão por vir. O livro de Jó é o mais antigo de toda a Escritura Sagrada, portanto, o primeiro a ser escrito. Ele é um livro de sabedoria e fé. Deus sabia que Seu povo precisaria conhecer a história desse homem valoroso e temente a Ele, quando estivesse diante de pessoas descrentes e situações adversas.

A razão desse pensamento é para que observemos o exemplo do povo de Israel, que após ter saído do Egito foi conduzido pelo próprio Deus ao “deserto”. Deus queria provar as pessoas de Israel, prepará-las e treiná-las no deserto, mas elas não entenderam dessa maneira, pois pensavam que Deus estava sendo injusto.

Por não entenderem o trabalho de Deus, os israelitas fizeram muitas coisas erradas e queriam até mesmo voltar para o Egito, a fim de continuarem como escravos do Faraó. Eles murmuraram, reclamaram incessantemente e pecaram contra Deus com tanta frequência, que precisaram ser punidos.

Eles não entendiam as razões de estarem ali. Não entendiam que Deus estava mudando o caráter daquele povo, isto é, de escravos para guerreiros conquistadores! Entretanto, em vez de ouvirem a Deus, eles preferiram ouvir as vozes mentirosas, que lhes diziam ser impossível conquistarem a terra que o próprio Deus lhes havia prometido. O resultado é que aquela geração não herdou a promessa da Terra Prometida, a terra rica que manava leite e mel. Andar por quarenta anos no deserto e morrer nele foi a punição Divina a um povo rebelde e descrente.

O apóstolo Paulo fala sobre a rebeldia daquele povo, dentre o qual muitos foram mortos e seus corpos ficaram espalhados pelo deserto. Paulo cita esse povo como um exemplo negativo e que, portanto, não deve ser seguido por aqueles que têm fé em Deus, por meio de Jesus Cristo. Ele diz assim:

&10 Vocês não devem se queixar, como fizeram alguns deles, e por isso foram destruídos pelo Anjo da Morte. 11 Tudo isso aconteceu com os nossos antepassados a fim de servir de exemplo para os outros, e aquelas coisas foram escritas a fim de servirem de aviso para nós. Pois estamos vivendo no fim dos tempos. 12 Portanto, aquele que pensa que está de pé é melhor ter cuidado para não cair. (1 Co.10:10-12 NTLH)

Quando lemos estes versos paulinos, nós devemos prestar bem atenção à sua advertência final: “aquele que pensa que está de pé é melhor ter cuidado para não cair.” O verbo pensar, usado por Paulo, se refere a deduções pessoais, a um tipo de cristianismo que nos agrada.

O grande perigo de seguirmos o que nos agrada, ou seja, o que deduzimos ser bom ou que esteja dentro dos padrões religiosos que estabelecemos, pode não ser o que agrada a Deus e, portanto, o resultado será a queda ou o afastamento de Deus e de todas as Suas bênçãos.

Por isso, é importante que vigiemos os nossos pensamentos, para que eles não nos enganem e gerem emoções que contrariem a vontade e os planos de Deus. Quando vigiamos os nossos pensamentos estamos mostrando que amamos a Deus!

4. Entenda que, para os que amam a Deus, os “tempos de solidão” não são momentos de derrota.

Depois de ser batizado nas águas por João Batista, Jesus foi conduzido ao deserto pelo Espírito Santo, a exemplo do povo de Israel e de tantas outras pessoas. O que Jesus ouviu do Pai no dia do Seu batismo?

&21 Depois do batismo de todo aquele povo, Jesus também foi batizado. E, quando Jesus estava orando, o céu se abriu, 22 e o Espírito Santo desceu na forma de uma pomba sobre ele. E do céu veio uma voz, que disse: – Tu és o meu Filho querido e me dás muita alegria. (Lc.3:21,22 NTLH)

O contexto desses versículos não nos diz que todo o povo ouviu o que Deus disse sobre Jesus, mas nos diz que Ele ouviu claramente o que o Todo-Poderoso disse a Seu respeito. O Pai fez questão de Lhe anunciar que tinha grande alegria ou prazer Nele!

No entanto, veja o que vem a seguir:

&Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do rio Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto. (Lc.4:1 NTLH)

Como Jó, Jesus foi elogiado por Deus, e por que deveria ser levado ao deserto? Acontece que tanto Jó como Jesus não foram levados a um “tempo de solidão” por punição, mas para fortalecimento e preparo. No entanto, faço mais uma pergunta: “Para que esse preparo e fortalecimento?” Porque Deus traria grandes coisas à vida de ambos!

Eu não estou querendo enganar você, dizendo que depois do seu “tempo de solidão” receberá sucesso financeiro, bem-estar e vitórias sobre vitórias só nesta Terra. Jó se tornou o homem mais poderoso sobre a Terra, porque viveu com os olhos na eternidade. Jesus teria que enfrentar muito sofrimento, humilhações, deserções, rejeição, a cruz e a morte. Mas Ele ressuscitou e Deus o fez SENHOR de todas as coisas, tanto nos Céus como na Terra!

Em nossos “tempos de solidão” nunca estamos sozinhos. Sempre temos a companhia de Deus e também de Satanás. Nós devemos escolher entre a Verdade Divina e as distorções Satânicas. Tanto Jó como Jesus, escolheram a Verdade, e em meio a muito sofrimento, foram fiéis, cumpriram o processo estabelecido por Deus e foram honrados pelo Todo-Poderoso.

Deus quer transformar você de uma pessoa tímida em alguém que cheio de coragem. De uma pessoa insegura em alguém cheio de fé. Portanto, eu não sei o que você está enfrentando neste momento, mas não cultive na sua mente a ideia de que você é uma pessoa desaprovada por Deus.

Busque a face do Pai, ore, leia a Sua Palavra, ouça mensagens verdadeiras, reconheça suas fraquezas, ideias e conceitos errados. Seja obediente e comprometido com os valores e princípios do Reino dos Céus e enfrente esse momento com toda a confiança em Deus.

Lembre-se ainda de que você não está sozinho e que a única “Pessoa” à Qual você deve confiar e entregar a sua vida é Jesus. Pois Ele não somente venceu o deserto, mas venceu a morte, a fim de que todos os que vivem pela fé no Seu Nome, tenham a “Vida que vem do Alto”. É por meio dessa a vida que podemos vencer o desânimo, a insegurança e o medo. É por meio dessa vida que nós podemos enfrentar e vencer nossos “tempos de solidão”, e além do mais, sairmos deles mais corajosos e preparados para cooperarmos com Deus nos Seus grandes planos e experimentarmos de verdade as Suas maravilhosas bênçãos em Cristo Jesus!

Quero terminar esta meditação na esperança de que vocês creiam nas palavras do apóstolo Pedro:

&3 Louvemos ao Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo! Por causa da sua grande misericórdia, ele nos deu uma nova vida pela ressurreição de Jesus Cristo. Por isso o nosso coração está cheio de uma esperança viva. 4 Assim esperamos possuir as ricas bênçãos que Deus guarda para o seu povo. Ele as guarda no céu, onde elas não perdem o valor e não podem se estragar, nem ser destruídas. 5 Essas bênçãos são para vocês que, por meio da fé, são guardados pelo poder de Deus para a salvação que está pronta para ser revelada no fim dos tempos. 6 Alegrem-se por isso, se bem que agora é possível que vocês fiquem tristes por algum tempo, por causa dos muitos tipos de provações que vocês estão sofrendo. 7 Essas provações são para mostrar que a fé que vocês têm é verdadeira. Pois até o ouro, que pode ser destruído, é provado pelo fogo. Da mesma maneira, a fé que vocês têm, que vale muito mais do que o ouro, precisa ser provada para que continue firme. E assim vocês receberão aprovação, glória e honra, no dia em que Jesus Cristo for revelado. (1 Pe.1:3-7 NTLH)

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