Texto base:
Mateus 14:14
Quando Jesus saiu do barco e viu aquela grande multidão, ficou com muita pena deles e curou os doentes que estavam ali. (Mt.14:14 NTLH)
A compaixão é uma característica marcante, tanto do cristão como da Igreja. Porém, ela só expressa a bondade e a grandeza de Deus quando é acompanhada de atos de misericórdia.
O texto se dá após Jesus ter tido o conhecimento da morte de João Batista (cf. Mt.14:1-12). Jesus deixa a região onde estava e entra em um barco, a fim de procurar uma região deserta. As pessoas (a multidão) souberam onde Jesus estava e O seguiram por terra. (cf. Mt.14:12)
1. Seja qual for o estado emocional do cristão, ele não deve interferir no seu trabalho para Deus
Ao sair do barco, Jesus observa com muita atenção a grande multidão à Sua frente. Ele poderia alegar cansaço emocional, devido ao modo como Seu primo João Batista havia sido assassinado e ter pedido ao barqueiro que O conduzisse para outro lugar.
Em vez disso, Jesus Se dispôs a cumprir a missão para a qual havia sido enviado pelo Pai a este mundo. Vamos ler novamente o nosso texto base:
Quando Jesus saiu do barco e viu [i.e. determinou a Si mesmo sobre o que deveria ver; viu as pessoas com o critério de Deus] aquela grande multidão, ficou com muita pena [i.e. foi motivado em Seu íntimo a sentir grande tristeza pela tragédia alheia; sentiu compaixão] deles e curou os doentes que estavam ali. (Mt.14:14 NTLH)
Então, quando Jesus saiu do barco, observou as pessoas à Sua frente e o Espírito de Deus O levou a discernir o sofrimento, a dor, as aflições, a vergonha e os pecados nas vidas ali presentes.
Quando lemos que Jesus sentiu pena, a palavra grega é splagchnizomai e, talvez, não seja de grande importância para você conhecê-la, mas àqueles que trabalham na área da saúde conhecem a palavra esplancolonogia, que é o estudo das vísceras ou intestinos.
Os antigos acreditavam que a área das emoções se encontrava na região abdominal e, entre nós, ouvimos, com certa frequência, alguém dizendo que “sentiu um frio na barriga”, referindo-se a uma forte emoção.
2. A compaixão é um sentimento que vai além da pena repentina e que clama por ações de misericórdia
Quem já não ouviu alguém dizer que sente profunda pena pelo sofrimento alheio? Porém, sentir pena e não se dispor a ajudar o próximo é uma ação inacabada! Jesus sentiu a dor das pessoas nos “Seus intestinos”. Jesus viu a angústia, o sofrimento, os pecados, a vergonha de todos e fez algo pelos que ali estavam presentes.
Jesus foi movido à compaixão e decidiu curá-los. Ele não ficou só observando, mas a Sua compaixão O fez agir para expressar a Glória de Deus, fazendo a Sua vontade. Depois disso, Jesus alimentou cinco mil homens, sem contar as mulheres e crianças. Jesus realizou o milagre dos pães e dos peixes e deu de comer à multidão, a fim de explicar-lhes sobre o verdadeiro sentido do “Pão da vida”. (Mt.14:15-21)
Vale lembrar que a vontade de agir com misericórdia é decorrente da visão espiritual concedida a nós pelo Espírito Santo e, então, damos ao outro o que ele realmente precisa da parte de Deus. Os atos de misericórdia abrangem os que estão afastados de Deus, os que estão perto Dele e ao Próprio Jesus, segundo as Escrituras. (Mt.5:6,7; 15:31-46 – As Ovelhas e as Cabras, as quais representam os que Deus amaldiçoa, por não serem generosos tanto para com as Suas ovelhas como para Ele mesmo).
O que Jesus expõe em Mateus 25:31-46 é tão sério, que Ele chega a afirmar que a falta de generosidade para com os Seus O atinge e, por causa disso, Deus amaldiçoa essa classe de pessoas e que as lançará no Inferno! Vejamos:
40 Aí o Rei responderá: “Eu afirmo a vocês que isto é verdade: quando vocês fizeram isso ao mais humilde dos meus irmãos [i.e. quando se preocuparam e cuidaram das suas necessidades reais – veja os versos 31-37], foi a mim que fizeram.” 41 Depois ele dirá aos que estiverem à sua esquerda: “Afastem-se de mim, vocês que estão debaixo da maldição de Deus! Vão para o fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos! 42 “Pois eu estava com fome, e vocês não me deram comida; estava com sede, e não me deram água.” 43 “Era estrangeiro, e não me receberam na sua casa; estava sem roupa, e não me vestiram. Estava doente e na cadeia, e vocês não cuidaram de mim.”” (Mt.25:40-43 NTLH)
3. Deus espera que seu povo tenha compaixão pelo sofrimento alheio, mas com atos de misericórdia
Certa vez, Jesus foi censurado pelos líderes religiosos da Sua época, pelo fato de comer com os cobradores de impostos (conhecidos como Publicanos), os quais extorquiam o povo e tiravam para si boa parte do que arrecadavam dos impostos romanos. Eles eram corruptos e ladrões!
Então, a esses líderes, Jesus disse:
Vão e procurem entender [i.e. aprender, conhecer] o que quer dizer este trecho das Escrituras Sagradas (1 Sm.15:22; Pv.21:3; Os.6:6; Mq.6:8): “Eu quero que as pessoas sejam bondosas [i.e. corretas, obedientes, cheias de compaixão e misericordiosas] e não que me ofereçam sacrifícios de animais.” Porque eu vim para chamar os pecadores e não os bons. (Mt.9:13 NTLH)
Jesus não disse que Se assentava para comer com eles, dando a entender que não concordava com o que faziam, mas que cumpria a vontade de Deus, oferecendo-lhes o perdão divino e a entrada para o Reino dos Céus, caso se arrependessem e mudassem de atitude. Todos nós sabemos que Mateus e Zaqueu eram cobradores de impostos. Eles se converteram e mudaram de vida.
Do mesmo modo, Jesus disse aos religiosos que Deus não aprovava o comportamento deles, pois exigiam do povo sacrifícios de animais que só poderiam ser comprados no Templo por um alto custo, sendo que boa parte desse dinheiro ficava para eles. Eles também eram corruptos e ladrões!
Esses religiosos possuíam a revelação de Quem era Deus, mas o seu comportamento fazia com que estivessem longe da aprovação divina e, portanto, fora do Reino dos Céus, pois não eram generosos nem com as pessoas nem para com a Casa de Deus.
Muitos procuram a Jesus em uma igreja local, a fim de obterem o que querem. Entretanto, nem sempre Deus responderá aos seus pedidos, mas lhes dará o que de fato precisam. Nem sempre Jesus deu comida ou bebida às pessoas. Ele tampouco curou a todos nos diferentes momentos do Seu ministério, mas fez o bem, isto é, o que era útil àqueles que O procuraram – Ele os libertou do poder do Diabo.
O apóstolo Pedro disse:
[…] Jesus andou por toda parte fazendo o bem e curando todos os que eram dominados pelo Diabo, porque Deus estava com ele. (At.10:38 NTLH)
Que nós sejamos compassivos ou cheios de compaixão, mas que expressemos a bondade e a grandeza de Deus por meio de atos de misericórdia. No entanto, ninguém será realmente misericordioso sem uma vida correta, obediente, submissa a Deus, pois Ele exige de Seus filhos essas atitudes para que a misericórdia seja verdadeira.
Que nós entendamos que é mais fácil sentir raiva e até mesmo ódio, quando somos perseguidos e injuriados. Entretanto, as pessoas agem assim por estarem longe de Deus e precisam ter uma oportunidade de encontrá-Lo. Tenhamos compaixão delas e sejamos generosos e misericordiosos, segundo a Palavra de Deus.
Que aprendamos a suportar e a perdoar os que nos ofendem como abençoar com o que é bom, perfeito e agradável a Deus. (cf. Rm.12:2)
Na esperança de glorificarmos a Deus por meio de nossas ações, que Ele nos ajude a sermos pacientes e perseverantes na prática dos princípios da Verdade que Jesus, o nosso Eterno Mestre, nos ensina. Que tenhamos compaixão, mas com atos de misericórdia!
Que Deus nos abençoe!