Texto base:
Romanos 12:17-21
No último domingo (08/09/24), por meio da vida do Pr. Fausto, o Senhor nos ensinou sobre o perigo de sermos ágeis em olhar e discernir os defeitos e falhas dos outros, sem antes considerarmos a possibilidade de olharmos e avaliarmos a nós mesmos para discernir os nossos próprios defeitos e falhas.
Esse tipo de julgamento que Deus condena, onde eu julgo o meu próximo pelos seus erros e pecados sem antes usar o mesmo critério para avaliar e julgar a mim mesmo pelos meus próprios pecados, é muito comum no meio cristão, e constantemente devemos nos avaliar para não incorrermos no erro de nos comportarmos como verdadeiros hipócritas.
Certamente, Deus está nos alertando quanto a essa atitude e chamando a nossa atenção para que mudemos a maneira como nos comportamos diante de uma pessoa, a fim de que o SENHOR não use conosco a mesma medida que utilizamos para julgar os outros.
Portanto, eu quero compartilhar algo que creio que Deus direcionou o meu coração para falar com vocês e me levou a estudar sobre a carta de Paulo aos Romanos a partir do capítulo 12, onde o apóstolo mostra qual o impacto que o Evangelho causa na vida de uma pessoa, transformando completamente a maneira de ela pensar e agir.
Por isso, considerem honestamente se os seus pensamentos e ações não têm sofrido a transformação do Evangelho e permitam que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês, a fim de serem úteis e agradáveis a Ele.
Não é possível que “irmãos”, com tantos anos de igreja, depois de ouvirem centenas de pregações, continuem com os mesmos pensamentos e atitudes, principalmente quando são contrariados e agem como pessoas mundanas, que buscam a todo custo valer os seus interesses em prejuízo do próximo.
Então, Paulo nos aconselha logo no versículo 3 para que não nos achemos melhores do que realmente somos, mas que pensemos com humildade e julguemos a nós mesmos conforme a medida de fé que temos em Deus.
Nós sempre temos a tendência de nos acharmos melhores do que realmente somos, e o apóstolo Paulo está nos dizendo: “Agora que vocês foram alcançados pelo Evangelho, que ninguém pense de si mesmo além do que convém”, ou seja, “tenham uma visão equilibrada a respeito de quem vocês são e julguem corretamente a si mesmos”.
Será que nós temos feito isso de forma equilibrada e corretamente?
A partir do verso 9 do capítulo 12, Paulo diz que, uma vez que vocês foram transformados pela Palavra de Deus, não apenas a relação de vocês consigo mesmos devem mudar, mas que o relacionamento de vocês com o próximo também deve mudar. Então ele declara:
9 Que o amor de vocês não seja fingido [hipócrita]. (Romanos 12:9 NTLH)
Aprendemos a sermos gentis e educados com os outros, a não ofender os sentimentos alheios e parecer interessados com o sofrimento do próximo.
Podemos até ser muito habilidosos e fingirmos compaixão ao ouvir as necessidades alheias, ou indignação, quando sabemos de alguma injustiça, mas Deus nos chama a um amor sincero e real que vai muito além da hipocrisia e de um comportamento meramente educado.
O amor verdadeiro exige conhecimento, dedicação e esforço, com a intenção de torná-la uma pessoa consciente dos valores e princípios eternos do Evangelho. Isso demanda tempo, dinheiro e muito envolvimento pessoal.
Isso não tem um pouco a ver com o que aprendemos no domingo?
Vamos entrar em nosso texto base para entendermos melhor a minha proposta:
17 Não paguem a ninguém o mal com o mal. Procurem agir de tal maneira que vocês recebam a aprovação dos outros. 18 No que depender de vocês, façam todo o possível para viver em paz com todas as pessoas. 19 Meus queridos irmãos, nunca se vinguem de ninguém; pelo contrário, deixem que seja Deus quem dê o castigo. Pois as Escrituras Sagradas dizem: “Eu me vingarei, eu acertarei as contas com eles, diz o SENHOR.” 20 Mas façam como dizem as Escrituras: “Se o seu inimigo estiver com fome, dê comida a ele; se estiver com sede, dê água. Porque assim você o fará queimar de remorso e vergonha.”
21 Não deixem que o mal vença vocês, mas vençam o mal com o bem. (Romanos 12:17-21 NTLH)
Essa passagem resume a essência de uma vida cristã verdadeira, onde a sua vida, com todos os seus “direitos” e interesses, foram entregues a Cristo e agora é Ele quem a governa, muito diferente do “amor” fingido que às vezes expressamos.
Então, tudo passa a fazer sentido. Se verdadeiramente amamos alguém da maneira como Cristo nos ama, estaremos dispostos a perdoar. Se a Graça divina é o nosso bem maior, então desejaremos transmiti-la ao nosso próximo. Se conservarmos a amizade com Deus, certamente faremos o possível para viver em paz com todas as pessoas.
Se Deus é o Dono da minha vida, não precisarei me vingar de ninguém, pelo contrário, Ele mesmo acertará as contas com os meus inimigos. Cabe a mim fazer o que for necessário para mantê-los vivos, matando a fome e a sede deles, para que tenham a oportunidade de se arrependerem do mal que fizeram e decidam viver para Cristo.
Paulo, a partir do nosso texto base, vai mostrar que não apenas a nossa autocompreensão e os relacionamentos com os nossos irmãos e amigos, mas também os relacionamentos com os nossos inimigos devem ser alterados pela Verdade do Evangelho.
Por meio deste texto, vamos procurar apontar três diferentes lições que podemos aprender com o apóstolo Paulo nesta passagem.
1. A nova vida em Cristo não exclui inimizades
Eu acredito que no meio cristão muitos alimentam uma expectativa meio romântica e até ingênua em relação à vida, achando que uma vez que passamos a andar com Cristo e nos esforçamos para conviver em conformidade com a vontade de Deus, então iremos nos dar bem com todas as pessoas.
É bem verdade que o Evangelho traz sabedoria para as nossas relações interpessoais e o resultado disto costuma ser visto em relacionamentos mais harmoniosos e confortáveis. No entanto, as orientações de Paulo deixam muito claro que o compromisso com Jesus não exclui a existência de inimizades. Muito pelo contrário, a verdade é que o nosso relacionamento com Jesus pode, em alguns contextos e ocasiões, ampliar o número de inimizades durante a nossa caminhada.
O próprio Senhor nunca nos enganou quanto a isso e isto está registrado no Evangelho de João:
18 Jesus continuou: — Se o mundo odeia vocês, lembrem que ele me odiou primeiro. 19 Se vocês fossem do mundo, o mundo os amaria por vocês serem dele. Mas eu os escolhi entre as pessoas do mundo, e vocês não são mais dele. Por isso o mundo odeia vocês. (João 15:18,19 NTLH)
A segunda lição que Paulo nos ensina muito claramente em nosso texto base é:
2. Viva em paz com todas as pessoas
Se por um lado é verdade que a vida com Cristo não exclui as inimizades, por outro lado as inimizades que experimentamos por causa do Evangelho não devem ser criadas nem cultivadas intencionalmente. Portanto, um cristão verdadeiro não faz inimigos, mas tem inimigos. Jesus e o próprio apóstolo Paulo tiveram inimigos.
Então vejamos o que diz o verso 18 do nosso texto base:
18 No que depender de vocês, façam todo o possível para viver em paz com todas as pessoas. (Romanos 12:18 NTLH)
Esse deve ser o estilo de vida de todo cristão autêntico, ou seja, viver e promover a paz com todas as pessoas, porque antes de tudo temos paz com Deus, e uma vez que entendemos que quando éramos inimigos de Deus o próprio SENHOR veio até nós amorosamente para oferecer a Sua paz, como eu posso provocar ou acirrar a inimizade com o meu irmão? Não faz sentido!
Mas, e quando a inimizade existir não por nossa conta, mas por causa das pessoas, o que devemos fazer?
3. Ame os seus inimigos
Paulo já havia ensinado nos versos anteriores que o amor é a base de nossos relacionamentos com os nossos irmãos, e agora ele nos ensina que não apenas entre os irmãos, mas também o amor deve ser a base dos nossos relacionamentos com os nossos inimigos.
Mas, na prática, como devemos amar os nossos inimigos, segundo os ensinamentos de Paulo?
De duas maneiras:
3.1. Rejeitando a tendência à vingança
17 Não paguem a ninguém o mal com o mal. Procurem agir de tal maneira que vocês recebam a aprovação dos outros. 18 No que depender de vocês, façam todo o possível para viver em paz com todas as pessoas. 19 Meus queridos irmãos, nunca se vinguem de ninguém; pelo contrário, deixem que seja Deus quem dê o castigo. Pois as Escrituras Sagradas dizem: “Eu me vingarei, eu acertarei as contas com eles, diz o SENHOR.” (Romanos 12: 17-19 NTLH)
O que Paulo está dizendo aqui é que aquele que foi alcançado pelo Evangelho jamais pode lançar mão da vingança. Mas, o que é a vingança em si mesma? Ela não é algo ruim, pois não seria atribuída a Deus, como descrita no verso 19, porque a vingança é a vindicação, ou seja, a exigência ou a restituição da justiça.
Geralmente o que nos motiva à vingança é a percepção certa ou errada de que uma injustiça está prevalecendo e a única maneira de barrar a injustiça é exigindo a restauração da justiça.
- Descanse na justiça de Deus
Segundo os ensinos de Paulo, não cabe a nós a reparação da justiça ou a vingança, pois esta pertence a Deus, que irá julgar com o peso certo no Juízo Final a todos os que estarão diante Dele.
Quando nos vingamos de algum inimigo, estamos assumindo o lugar que pertence a Deus e quebrando o princípio já mencionado no próprio capítulo 12 de Romanos no verso 3, de que não devemos nos achar melhores do que somos.
E por fim, nós amamos nossos inimigos não somente abrindo mão da tendência à vingança, mas fazendo de maneira concreta e intencional o bem a eles.
Devemos dar o pão se ele estiver com fome e devemos dar-lhe água se ele estiver com sede. Devemos envergonhá-lo não com o nosso ódio, mas com a nossa bondade. Devemos vencê-lo não com nossas armas de destruição, mas com gestos de misericórdia.
Trate seu inimigo com bondade, pois isso poderá fazê-lo envergonhar-se e arrepender-se, pois assim você o fará queimar de remorso e vergonha. Possivelmente, Paulo estava se referindo a um ritual egípcio no qual um homem dava pública demonstração do seu arrependimento levando na cabeça uma bacia cheia de carvão em brasa, onde a sensação provocada pelo calor das brasas vivas figurava a dor do arrependimento, ardente como um fogo interior a queimar a consciência.
Confie em Deus, o SENHOR, e faça o bem e assim more com toda a segurança na Terra Prometida. (Salmos 37:3 NTLH)
4. Vençam o mal com o bem
Não deixem que o mal vençam vocês, mas vençam o mal com o bem. (Romanos 12:21 NTLH)
O verdadeiro cristão não é vencido pelo mal, mas vence o mal com o bem. O bem é tudo aquilo que é útil a Deus, é o amor ao próximo e, de modo geral, é a vontade de Deus.
José do Egito não revidou o mal com o mal, mas ofereceu aos seus irmãos o melhor. Jesus não revidou em nada a maldade e a vergonha que sofreu, mas orou por seus inimigos e ainda pediu ao Pai que atenuasse a culpa deles.
Eu quero terminar com as palavras do apóstolo Pedro.
9 Não paguem mal com mal, nem ofensa com ofensa. Pelo contrário, paguem a ofensa com uma benção porque, quando Deus os chamou, ele prometeu dar uma benção a vocês. 10 Como dizem as Escrituras Sagradas: “Quem quiser gozar a vida e ter dias felizes não fale coisas más e não conte mentiras. 11 Afaste-se do mal e faça o bem; procure a paz e faça tudo para alcançá-la. 12 Pois o SENHOR olha com atenção as pessoas honestas e ouve os seus pedidos, porém é contra os que fazem o mal. (1 Pedro 3: 9-12 NTLH)
Que Deus nos abençoe!