Atos 16:25
Mais ou menos à meia-noite, Paulo e Silas estavam orando e cantando hinos a Deus, e os outros presos escutavam. (At.16:25 NTLH)
Uma coisa é refletir uma atitude de arrependimento e submissa a Deus, quando trazemos problemas para nós mesmos. Outra questão bem diferente é quando provações inesperadas nos esmagam – problemas que não são de nossa própria autoria. Como reagimos a eles?
Vamos usar a nossa imaginação: um motorista bêbado cruza a faixa de pedestre e atropela uma pessoa. Um médico diagnostica um câncer estranho no seu corpo. Uma reavaliação municipal repentina coloca sua propriedade em uma faixa de imposto mais alta. Você recebe a notícia de que seu filho teve a perna fraturada em um jogo de futebol na escola. Um ladrão armado rouba a sua bolsa. Um amigo que lhe era chegado, sem nenhuma justificativa plausível, passa a difamá-lo e o seu nome é arrastado para a lama. Como você reagiria, caso estivesse em alguma dessas situações?
1. Você sempre terá dificuldades para lidar com as permissões de Deus
Para nós que cremos em Deus, é difícil entender tudo o que nos acontece. Quando passamos por alguma situação de infortúnio e a compartilhamos com outros cristãos, geralmente, ouvimos que Deus está nos punindo por algo que fizemos de errado. Mas nem sempre isso é a verdade, pois basta que nos lembremos dos amigos que acusavam Jó.
Compreendo e aceito a disciplina ou o castigo divino quando ultrapasso os limites que Ele estabelece, mas e quando eu não os ultrapasso? Será sempre um castigo?
Certa vez, eu estacionei o meu carro numa vaga sinalizada e demarcada pelo órgão de trânsito (Zona Azul). Realizei todos os procedimentos para estacionar, fechei o carro e fui orar por uma família que solicitou a minha presença. Eu saí muito feliz daquela casa, após todos nós presenciarmos um milagre de cura na vida de um de seus membros. Ao regressar para pegar o meu carro, vi que um cesto de lixo havia sido atirado sobre o teto do veículo. Ele ficou todo amassado!
Eu fiquei sem palavras! Olhando ao redor, eu vi pessoas sorrindo e perguntei sobre o que havia acontecido. A resposta foi de que um morador do prédio tinha o hábito de fazer isso, sempre que alguém estacionava um carro em frente à porta de entrada do seu edifício. Eu havia sido obediente à lei municipal de trânsito, preenchi o cartão, voltei antes de o tempo expirar e me deparei com aquela cena lamentável! O que dizer e fazer, diante do fato de ter o teto do meu carro amassado? Em meu íntimo havia um impulso para arrombar a porta do prédio, procurar e tirar satisfações com tal morador!
Respirei e procurei no íntimo a Deus. Percebi claramente que Ele me disse vá embora e deixe isso nas “Minhas mãos”. Obedeci! Contando o ocorrido a um grupo de irmãos na igreja, um funileiro se aproximou e me disse: “Walter, eu sou novo na fé e, sem querer, não pude deixar de ouvi-lo e sinto de Deus que você leve o seu carro à minha oficina, pois eu vou desamassá-lo para você. Eu tenho certeza de que esse meu desejo vem de Deus.”
Eu aprendi duas coisas daquele episódio: (1) Deus não controla as pessoas, a não ser que elas entreguem o controle de suas vidas a Ele. (2) Deus transforma o mal que sofremos em bem quando damos a Ele a liberdade de nos livrar do mal que cresce em nosso interior e que pretende agir através e por meio de nós. Lembremos das palavras de Jesus:
13 E não deixes que sejamos tentados [i.e. não permitas que sejamos conduzidos para dentro de desejos pecaminosos], mas livra-nos do mal [i.e. Mas resgata-nos de tudo o que possui uma natureza má]. Pois teu é o Reino, o poder e a glória, para sempre. Amém! (Mt.6:12 NTLH)
Deus transforma o mal em bem quando isso ocorre primeiramente dentro de nós. Então, o nosso testemunho cristão a outras pessoas se torna completo, pois elas veem e aprendem como Deus nos abençoa quando O obedecemos e damos a Ele o controle de nossas vidas.
2. Pratique o “bem” e o “mal” será exposto. Fale a Verdade e o Espírito de Deus exibirá a mentira
O nosso texto base diz que Paulo e Silas, no fundo de uma prisão, tendo seus pés amarrados e bem apertados em troncos de madeira (v.24), por volta da meia-noite, oravam e cantavam hinos a Deus. Eles desejavam estar ali, presos e amarrados? Claro que não! Todavia, qual a razão que os levaram a tal situação? A razão é de estarem fazendo a vontade de Deus na cidade de Filipos. Observemos o contexto (Atos 16:13-22):
- Paulo e Silas pregam o Evangelho a um grupo de mulheres em Filipos (v.13).
- Lídia se converte a Jesus ao “compreender” as palavras de Paulo. Ela e as pessoas da sua casa são batizadas. (vs.14-15)
- Uma moça, possuída por um demônio, adivinhava o futuro das pessoas e dava grande lucro aos seus donos, pois ela era escrava deles. (v.16)
- Paulo expulsa o demônio de sua vida, embora ela falasse a verdade acerca deles e da sua missão em Filipos. (v.17,18)
- NOTA: O demônio não se importava acerca dos que creriam na mensagem de Paulo, desde que não fosse incomodado e continuasse usando a escrava para propósitos satânicos e mundanos (para os interesses pessoais de seus donos).
- Os donos da moça, vendo que não obteriam mais lucros através dela, acusaram Paulo e Silas de provocarem desordem na cidade e agirem contra as leis romanas. (vs.19-21)
- Paulo e Silas foram surrados pelas autoridades locais e jogados na prisão. (vs.22-24)
Deus “permitiu” que “mentes endurecidas à Verdade divina” agissem contra eles. Deus desejava salvá-los do poder de Satanás, do pecado e do mundo, mas, “impedindo” que a graça de Deus alcançasse suas vidas para Cristo, eles “optaram” pelos seus próprios interesses (Mateus 10:38,39).
3. Mantenha-se firme em Deus e, diante do que você não entende, Ele transformará o mal em “bem”
Paulo e Silas, como servos de Deus, agiram segundo a Sua vontade e, portanto, não eram os responsáveis pela exposição de tantas maldades, mas eles foram responsáveis pelo que aconteceria a seguir, devido ao modo como reagiram à circunstância. Em vez de desanimarem e se amargurarem, “optaram” pela presença de Deus e pela Sua ajuda.
Os versos posteriores também fazem parte do contexto, quando Deus transformou o mal em “bem”, a salvação do carcereiro e de toda a sua família (vs. 26-34). Além do mais, Paulo e Silas receberam uma ordem de soltura, mas eles permaneceram na cidade por terem sido injustiçados e serem cidadãos romanos. Antes de irem embora, eles foram à casa de Lídia, a fim de encorajar os irmãos na fé em Cristo (vs.35-40).
Por que eles voltaram à casa de Lídia em vez de aproveitarem a oportunidade para saírem da cidade com tranquilidade? Eles precisavam fortalecer os irmãos que, diante dos acontecimentos, poderiam desanimar da fé em Cristo. Eles precisavam saber que a prática do “bem divino” (as boas obras) expõe a maldade; que a exposição da Verdade exibe a mentira de Satanás, bem como a do mundanismo; e que Deus sempre transforma o mal em bem.
Você não entenderá tudo o que lhe acontece. Não fuja antecipadamente das adversidades, mas acredite na ajuda divina e no Seu trabalho e bênçãos na vida dos que O obedecem.
Tome cuidado para não se deixar influenciar pelos que falam a Verdade, mas que têm como objetivos os seus próprios interesses e não os de Deus. Pratique o “bem”, isto é, a vontade Deus e se mantenha firme no que a Palavra de Deus diz.
Lembre-se sempre que Deus deseja usá-lo para que, através da sua vida, muitos sejam alcançados pela graça divina em Cristo, pois este é o “bem” que devemos desejar. Por outro lado, nunca duvide de que Deus sempre suprirá as necessidades dos que são fiéis a Ele (Mateus 6:33).
Que Deus nos abençoe!